sábado, dezembro 10, 2005
VISÃO, revista de Banda Desenhada, 1975-76 - (I)
Foi há trinta anos, contas redondas, que surgiu a revista "Visão". A capa apresentava o subtítulo: "Para uma nova Banda Desenhada Portuguesa", que constituia a finalidade programática dos seus mentores e colaboradores.
Lançada em 1 de Abril de 1975, prometia sair nos "dias 1 e 15 de cada mês", ou seja, a periodicidade previa-se quinzenal. Apresentava-se em formato tipo B4, em papel "couché" de elevada gramagem, com capa e contracapa a cores, enquanto o miolo, constituído por 36 páginas, alternava umas a cores com outras a preto-e-branco.
No conjunto dos apenas doze números publicados, a "Visão" constituiu uma "pedrada no charco", pelo estilo gráfico e conteúdo ficcional que nada tinha a ver com a banda desenhada a que se estava habituado nas revistas portuguesas.
O desenho da capa do nº1 - uma imagem relacionada com a bd Matei-o a 24 - estava identificado por Mesquita, nome (mais propriamente, apelido) que se repetia no cabeçalho da página três, ao lado do título Eternus 9 - Regresso do Nada, mas agora já se apresentando com o nome próprio: Victor.
Esta obra, que ficaria incompleta no conjunto dos doze números, apresentava-se em três pranchas sem palavras, suficientes para revelar um estilo que impressionava pela imaginação e beleza dos pormenores, além de se basear numa ficção com algo de esoterismo.
Victor Mesquita foi um dos autores importantes da "Visão", embora também já fosse conhecido dos leitores da revista "Mundo de Aventuras", onde debutara.
Entretanto, nesse número inicial da novel revista, apareciam os primeiros colaboradores sob nomes ou psedónimos que a maioria dos bedéfilos desconhecia: André, "Zepe", Zé Paulo, Carlos Barradas, e os argumentistas "Vícaro", Machado da Graça e Carlos Soares. Mas o traço e a ficção desses desconhecidos iriam gradualmente ganhando apreciadores, e vários entre eles iriam ter obras publicadas posteriormente.
André, por exemplo, tornar-se-ia conhecido a seguir pela personagem Tónius, o Lusitano, mas aqui iniciava-se com uma série humorística, a cores, que continuaria em números seguintes, intitulada Gemadinha, o herói de Pedras Baixas, sob argumento de "Vícaro" (pseudónimo de Victor Mesquita). Esta mesma dupla assinava outra bd, em apenas duas páginas, a preto-e-branco, sob o título Imundus, uma estranha alegoria.
Na página onze podia ler-se uma apresentação sob o título "Diálogo para uma nova Banda Desenhada", assinada pelas iniciais M.G. (Machado da Graça).
"Zepe" (pseudónimo ainda hoje usado por José Pedro Cavalheiro) criava um "gag" numa só prancha, a preto e branco.
Zé Paulo (José Paulo Simões) assinava Abril Águas Mil, episódio humorístico que deixava espaço para, em rodapé, apresentar a ficha técnica, onde aparecia o nome de Victor Mesquita como director, e os de Machado da Graça, José Maria André, Pedro, Nobre, Carlos Barradas, Artur Tomé, Mário António Martins e C. Soares, como colaboradores.
Clave sem Sol, banda desenhada a preto-e-branco, tinha autoria de Carlos Barradas e Carlos Soares. A qualidade dos desenhos de Barradas era absolutamente excepcional, apoiados por ficção invulgar de um ainda hoje desconhecido Carlos Soares.
Victor Mesquita, com diversificado talento e participação repetida, surge de novo no mesmo exemplar de estreia, a desenhar mais outra obra em entregas parciais, titulada Matei-o a 24, sob argumento de Machado da Graça, e em cujo conteúdo se basearia para criar uma ilustração para a capa, como já foi dito anteriormente.
As três primeiras pranchas apresentadas nesse número, a cores, mostravam o início do episódio passado em Lisboa, tendo como protagonista um homem novo, Eduardo, traumatizado por cenas ocorridas na guerra colonial. Trata-se, neste caso, de uma banda desenhada que se apresenta em estilo realista, bem conseguido.
Os Loucos da Banda, desopilante episódio em seis pranchas, a cores, escrito e desenhado por Zé Paulo, ecléctico e prolífico, e talvez também o mais "louco" entre todos os autores que se revelaram na "Visão".
Este número histórico iniciava uma fase totalmente diferente na banda desenhada portuguesa, revolucionando-a tanto ao nível temático como estilístico.
Nota para os bloguistas:
O presente trabalho sobre a "Visão" será continuado noutros "posts", incluindo notas biográficas dos autores mais representativos da revista. A partição do texto tem por finalidade evitar uma excessiva extensão).
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5 comentários:
Como o amigo Geraldes Lino muito bem diz a "Visão" foi uma pedrada no charco no panorama das revistas de então, infelizmente muito superior ao de hoje em dia.
Porém recordo que a revista não foi muito bem aceite pelo público em geral.
Recordo que o primeiro motivo era o seu preço - 20$00 numa altura em que a revista Tintim custava creio 10$00 e o Jornal do Cuto 7$50.
Depois em Portugal tudo era novidade e por isso havia tanta coisa nova que algumas foram ficando de lado como foi o caso desta revista.
Porém teve o previlégio de nos abrir os olhos para outros horizontes da BD, feito por autores portugueses.
Tem razão, amigo Labas, no que se refere à diferença de preços, bem mais penalizantes para a "Visão". Mas há a ter em conta que, por vezes, os produtos mais caros são os que se vendem melhor.
Desde sempre houve muita gente a comprar revistas estrangeiras, bem mais caras do que as nacionais.
E, como você diz, a "Visão" teve o privilégio de abrir horizontes na BD feita por autores portugueses.
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