sexta-feira, outubro 28, 2005

Tertúlia BD de Lisboa - 251º Encontro - 1 de Novembro


Sim, o dia 1 de Novembro é feriado. Mas, por estranho que possa parecer (em especial àqueles que pensam que o Parque Mayer já fechou), a Tertúlia BD de Lisboa realiza na mesma o seu encontro mensal.

É que o local (um restaurante, obviamente)onde se reunem os cerca de quarenta bedéfilos, dentro do ainda funcional (insisto) Parque Mayer, abre as suas portas de propósito, mesmo em dias feriados.

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ONOFRE VARELLA

Síntese biográfica

Como já aqui foi dito, a finalidade principal desta Tertúlia é a de homenagear, mensalmente, alguém que, desde longa data, tenha tido acção criativa na Banda Desenhada. É o que se pode dizer do autor/artista homenageado deste mês, que vem propositadamente do Porto, de nome artístico Onofre Varella, e que nasceu naquela cidade,na freguesia de Miragaia (como faz questão de divulgar), em 1944.

Fez BD para o "Pica-Pau", suplemento da revista "Notícia" entre 1966 e 1968. Esta revista teve edição conjunta nas cidades de Luanda e Lisboa, com o mesmo conteúdo, mas impressa em Lisboa.

Onofre Varella fez também tiras de bd nos diários "Jornal de Notícias", "Notícias da Tarde", "O Primeiro de Janeiro" e "O Comércio do Porto", desde 1970 até agora (nos jornais que continuam a publicar-se, obviamente).

Como cartunista que se preza, Varella mantém relações bem dispostas com os seus pares e gente do meio. Mas, numa rápida selecção, destaca os nomes de Rui (Pimentel), Laranjeira, Ricardo Galvão e Osvaldo de Sousa como sendo aqueles que gostaria de encontrar na tertúlia. Será que eles lêem este blogue?

Para algum bedéfilo interessado em estrear-se como "tertuliano", pode contactar-me pelo tlm 919137027

Mais uma festa no Blogue: a das 4000 visitas!


Cada vez que o contador mostra uma conta redonda - desta vez as 4000 visitas (começadas a contar apenas a partir de 22 de Julho) - cá o "blogger" resolve registar o momento.

Vocês já sabem do que a casa gasta: se há motivos para isso, vamos festejar, associando à festa todos os que para ela contribuem.

Por isso, ergamos o copo e saudemos:
Aos bloguistas visitantes! Ao Gastão Travado! (que trata da inserção das imagens). À amizade! À BD! À Blogosfera! À Banda Desenhada!

Jornais com Banda Desenhada - Mundo Universitário - nº 24 de 24 Out. - Uma b.d. de Fritz


Mais uma edição do quinzenário gratuito "Mundo Universitário" que está distribuído pelas Universidades do país, nas bonitas eatantes metálicas concebidas espcialmente para o efeito.

Para além de vários temas bem dissecados, apoiando-se os jornalistas-repórteres em depoimentos de conhecedores, como é o caso, por exemplo, do artigo "Moda de uma geração".

Mas o essencial que interessa para este blogue e respectivo bloguista, é o facto de haver no jornal uma página dedicada à publicação de BD.

Desta vez o espaço mostra um episódio simultaneamente cómico e intrigante. Através de um traço rápido, num estilo desenvolto e simples, assiste-se a uma cena de um par que dança. De repente, ela pisa um "punaise" e rapidamente começa a perder volume até ficar reduzida a uma vaga forma humana vazia. Mas também ele tem algo de estranho: na extremidade da cauda que lhe pende do corpo há uma ficha, como se ambas as personagens fossem, afinal, dois seres artificiais.

FRITZ

Síntese biográfica

O criador desta bd é um autor/artista espanhol que assina com o pseudónimo de "Fritz", mas cujo nome é Ricardo Olivera Almozara.
Conhecemo-nos no 1º Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, onde estava visionável uma mostra de ilustrações e bandas desenhadas de sua autoria. Admirei o seu estilo, e convidei-o para futuras colaborações.

Fritz, nascido em Cádiz, tem já um currículo valioso, somando ilustrações para livros, desenhos publicitários, e a edição do fanzine "Radio Ethiopia". Foi nele que, em 1997 criou a série "Las criaturas de la tierra incierta", sob a forma de bandas desenhadas curtas, no estilo da que acaba de ser reproduzida no corpo do jornal "Mundo Universitário".

Nota: Este texto constitui colaboração gratuita para o jornal Mundo Universitário.

quinta-feira, outubro 27, 2005

Língua Portuguesa em mau estado: na BD, no "Cartoon" e na Internet (I) - "vê-mo-nos" (??)

Erros, Gralhas e Distracções

Erros - palavras erradas ortograficamente

Gralhas - Troca de letras e coisas do género, perfeitamente compreensíveis e irrelevantes.

O Pequeno Nemo no Reino dos Sonhos (Little Nemo in Slumberland) - 1º volume - Editora: Livros Horizonte - 1990
Tradução de Cláudia Moura - Letragem (eu prefiro legendagem, mas não está mal, balonagem é que é foleiro) de Paulo Rodrigues.

Por ordem de gravidade dos erros ortográficos/gramaticais:

Pág. 34 - 8ª vinheta
Cupido diz para Nemo:



"Até logo, Nemo, depois vê-mo-nos (...)

"Vê-mo-nos"? Que erro! E não me venham cá com desculpas tipo "foi feito em cima da hora, à pressa". Logicamente, deveria estar escrito "vemo-nos"

Pág. 17 - 7ª vinheta
Está escrito na legenda:

"Porem, mal se apercebeu (...)"

Deveria estar escrito "Porém".
Assim como está, é do verbo "pôr" que se trata, erradamente.

Na página 2 (prancha ao lado do frontispício), está escrito, nas legendas das vinhetas nºs 6 e 7,

patéticamente (errado)
frenéticamente (errado)

O correcto é "pateticamente" e "freneticamente", respectivamente.

Os advérbios de modo, desde 1973 que deixaram de ser acentuados.
Note-se que isto é uma pequena amostra do que encontrei, sem estar à procura.
...................................................................................

De repente sinto uma estranha sensação de estar no papel de "advogado do diabo", ou seja, ao fazer estas críticas de índole ortográfica à BD, parece que decidi atacar apenas um tema (que, ainda por cima, me é caro), a Banda Desenhada, como se a BD fosse o "mau da fita" das incorrecções ortográficas...

Que fique claro: Tenho bem a noção da frequência de erros na literatura, nos jornais, nas legendas da televisão (ui!!) e dos filmes.

Mas como o meu blogue tem a ver com BD, é apenas nela que bato (e daí, talvez que para variar um pouco, venha a atirar para outros alvos, esporadicamente).

Seja como for, voltarei a este assunto do "Língua Portuguesa em mau estado", em especial na Banda Desenhada, no Cartoon, nos Fanzines e na Internet.

terça-feira, outubro 25, 2005

O Autor de BD como personagem da sua banda desenhada (I) - Goscinny e Uderzo

Universo Paralelo - O Autor dentro da BD

Inicio aqui um tema que acompanho há bastantes anos com muita curiosidade: a frequência com que os autores se auto-incluem como personagens nas suas próprias bandas desenhadas.

Exemplo que seleccionei para arranque do que classifico como universo paralelo: Vamos encontrar a imagem do já falecido argumentista René Goscinny, ao lado do desenhador seu amigo, Alberto Uderzo, como personagens, a contracenar com um sujeito desconhecido, de nome Obélisc'h, estranhamente parecido - aliás, dir-se-ia um clone - com o famoso Obélix, bem conhecido, muito bem conhecido mesmo, dos dois amigos.


A cena foi publicada em 7 de Fevereiro de 1963, na revista Pilote, do nº 172 a 186
.
Em imagem real, antiga, Goscinny (à esquerda) e Uderzo (à direita)

Este episódio, engraçadíssimo, aparece pela primeira vez em Portugal no álbum Astérix e o regresso dos gauleses (editado em Novembro de 2004), criado pela imaginação fértil de Goscinny. 

Claro que para concretizar visualmente a ideia, lá estava o talento de Uderzo, ambos a brincar com a incrível hipótese de encontrarem, numa época muito posterior (nos carismáticos anos sessenta) um descendente de Obélix, agora marinheiro, fumador de cachimbo, senhor de uma força hercúlea tal como o seu antepassado, e com quem acabam por falar (outro momento altamente original: os autores em diálogo com a sua personagem!).

No mesmo volume acima mencionado há um "gag" também a jogar com esta mesma ideia de colocar os próprios autores dentro da sua obra.



A cena passa-se numa esplanada, onde Goscinny e Uderzo, com uma "bejeca" cada um, puxam pela cabeça, sem que lhes ocorra qualquer ideia, como se pode ver na imagem que ilustra este "post".

Muitas "bejecas" depois (duas pilhas de copos...) Goscinny, como argumentista privilegiado, acaba por ter uma ideia luminosa (lá aparece, sobre a cabeça dele, a lâmpada acesa, imagem recorrente nas convenções visuais da BD, a chamada "metáfora visualizada"), que transmite em segredo a Uderzo, e ambos se partem a rir, vendo-se as respectivas onomatopeias, a darem ideia de gargalhadas estridentes.

O dono do café, desconfiado, agarra no telefone.

Na última vinheta vê-se uma ambulância a partir e, pelas gargalhadas que dela saem, percebe-se que os dois amigos vão lá dentro, muito contentes com o novo "gag" em que vão trabalhar, e tão absorvidos nele que nem se apercebem do que lhes está a acontecer.

E nós, leitores/visionadores, ficámos sem saber qual o "gag" que tanto os divertiu... Genial!

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Devo dizer que, a partir do momento em que comecei a reparar nestes pormenores (e não foi este, que hoje descrevo, o primeiro) ocorreu-me estudar o tema, reunir bastantes exemplos, e utilizá-los como base para a edição de um fanzine sub-temático dentro da temática genérica da Banda Desenhada.

Só que, por vezes - cheguei a essa triste conclusão - as mesmas ideias surgem a pessoas diferentes, desconhecidas entre si, e separadas por grandes distâncias. Foi o que aconteceu.

Imagine-se a sensação desagradável que tive ao deparar-se-me um artigo a focar exactamente este tema num dos últimos números da 1ª série da revista Vécu!

Mas, pronto, o desgosto já passou. E como me têm surgido outras ideias para fanzines, e agora até tenho este blogue, vou a pouco e pouco desenvolver aqui a citada ideia que, para mim, tem algo de fascinante.

sexta-feira, outubro 21, 2005

Teatro na BD (I) ­- O Mistério da Camioneta Fantasma – peça adaptada à BD por Pedro Massano

Uma vinheta da obra de BD em execução

Acaba de estrear em Lisboa, no Teatro "A Barraca" (teve duas representações com a categoria de estreia), em 18 e 19 de Outubro, a peça O Mistério da Camioneta Fantasma, com texto e encenação de Helder Costa.

No programa elaborado para acompanhamento da peça insere-se o enquadramento histórico da trama, que se inicia no dia 19 de Outubro de 1921, data em que "desabou sobre Portugal uma horrível tragédia", conforme se pode ler no programa.

É sobre a série de acontecimentos de cariz dramático que gira a peça, valorizada por um conjunto de actores que conseguem transmitir de forma impressiva as emoções criadas pelos acontecimentos.

Mas o que tem a ver a BD com isto?

Bom, acontece que foi na Tertúlia BD de Lisboa que Pedro Massano e Hélder Costa se conheceram. E como fui eu a apresentá-los, fui tendo conhecimento do projecto que teve início naquele encontro.

A peça já está feita, Hélder Costa fez investigação histórica e escreveu o argumento. O cartaz e a animação gráfica são de Pedro Massano, que também ilustrou o programa, onde se incluem as caricaturas dos actores (Rita Fernandes, João d'Ávila e outros) e do próprio encenador.

E a BD, onde é que aparece? Para já, no "foyer" do teatro, numa vitrine existente logo à entrada, estão expostas quatro pranchas, desenhadas, legendadas e coloridas por Pedro Massano, as primeiras de um total previsto de 64, para um álbum que irá ter o mesmo título da peça.

"Mas olha que não se trata da transposição da peça para a Banda Desenhada" – esclarece Pedro Massano. "Isto é assim: o Helder Costa tinha um texto bastante extenso, mas adaptou-o para a peça que acaba de estrear, e que nós estivemos a ver".

"Como eu e o Helder Costa já tínhamos falado acerca do desafio que ele me tinha feito – por acaso até foi na tua tertúlia – há um ano e tal, mais ou menos".

"Eu entretanto fui mastigando, e quando peguei nisso, foi talvez em Maio, comecei a comparar o texto da peça com alguns dados históricos que há desse episódio, que tem a ver com um dos muitos golpes que houve na 1ª República."

"Mataram-se cinco pessoas nessa noite de 19 de Outubro, todas elas vultos importantes do nascimento da República. E o que eu faço é comparar o texto da peça com a descrição real do que aconteceu."

Pedro Massano acabou por aqui a sua explicação. Assim, por mero acaso, este blogue dá um passo que julgo não vulgar nos seus congéneres, ao registar uma mini-entrevista com um autor português. Em primeira mão, aqui fica a notícia destes primeiros passos na realização de uma banda desenhada, mais uma, de Pedro Massano, desta vez relacionada com uma peça teatral, experiência original na sua já longa carreira e categorizada carreira..

Nota: A vinheta reproduzida no início do "post", foi fotocopiada da prancha original (por amável deferência do autor) e tem ainda, como se verifica, a legendagem apenas feita a lápis.

quarta-feira, outubro 19, 2005

Festivais, Salões BD e afins - 16º Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora -2005



16º FESTIVAL INTERNACIONAL DE BANDA DESENHADA DA AMADORA - 2005
Datas: 21 de Outubro a 6 de Novembro.
Local: Estação de metro da Falagueira (Amadora Este)
Horário de funcionamento: Todos os dias entre as10h00 e as 22h00.

O tema-base do festival intitula-se "O Sonho na Banda Desenhada"

Trata-se, inquestionavelmente, do maior evento bedéfilo português. Para algum cidadão de qualquer país de língua portuguesa que leia este blogue, aqui fica um lamiré de coordenadas: a cidade da Amadora fica mesmo ao lado de Lisboa, vai-se até lá por metropolitano.

Aliás, aproveita-se já a embalagem para se dar uma dica fundamental para quem venha de fora de Lisboa: o bedéfilo interessado em deslocar-se ao festival, pode tomar Lisboa como ponto de referência, visto que daqui da capital, em qualquer ponto, pode apanhar o metro com destino à Estação do Metropolitano da Falagueira (Amadora-Este).

O local onde se encontra o espaço mais importante do evento é exactamente dentro dessa estação. A sério. Enquanto o Centro Comercial, que para lá está previsto, não for construído, o Festival ali vai sendo organizado visto que, por agora, não há outro local disponível com aquelas dimensões (não falemos da Fábrica da Cultura, parece que não há verbas suficientes para as obras de fundo, que seria necessário realizar, para a recuperação do decrépito mas bonito edifício onde houve tantas inesquecíveis edições do festival).
Devo dizer que, num país bem mais rico como é a Espanha, o Festival BD de Barcelona é realizado numa estação de caminhos de ferro. A única diferença é a de o festival barcelonês não ser subterrâneo...

Mas vamos lá espreitar o programa deste 16º Festival Internacional de BD - Amadora 2005, que é isso que interessa agora aos internautas que vierem até este blogue.

Para começar, olhe-se para o cartaz: a imagem, baseada na figura do Little Nemo, tem a assinatura de Ferrand (Ricardo Ferrand), aliás como todo o restante grafismo do Festival deste ano.

Há várias exposições, distribuídas por diversos locais.
O principal, onde podem ser visitadas várias, situa-se no já citado local dentro da estação do metro.
Outro dos pontos exposicionais mais importantes é o da Galeria Municipal Artur Bual, que se localiza no próprio edifício da Câmara da Amadora.

Miguel Rocha - Um autor já com grande prestígio, tem agora um momento de notoriedade, visto que o espaço atrás citado, ode está a exposição que lhe foi dedicada, é de visível dignidade e óptimas condições exposicionais.
Nascido em 1968, tem a seu crédito várias obras de excelente qualidade, tais como "Borda d'Água", "Dédalo", "As Pombinhas do Senhor Leitão", "Março", "Eduarda", "Beterraba" e outras.
Muito naturalmente, estarão expostas várias pranchas originais destas obras, o que representa sempre um prazer estético especial o seu visionamento.


A merecer destaque: a exposição dedicada à obra LITTLE NEMO IN SLUMBERLAND que serve de leit motif a todo o festival. Está localizada no núcleo principal do certame, ou seja, no espaço da estação de metro da Falagueira (Amadora Este).

Infelizmente,no que se refere à obra-chave do festival, a exposição inclui apenas três pranchas, mas há que sublinhar o facto notável de se tratar de pranchas originais, da obra-tema do festival (pertencentes ao coleccionador francês Bernard Mahé).

Depois, um tanto a despropósito, o mesmo espaço inclui cinco cópias (impressões) de outra importante série de McCay (em que ele assina com o pseudónimo "Silas"), Dream of the Rarebit Fiend, mas que não se compreende lá muito bem, visto que não se está propriamente a homenagear Winsor McCay (embora isso aconteça implicitamente, claro) mas sim a obra Little Nemo in Slumberland.Ainda mais despropositado é o facto de haver, no mesmo local, duas pranchas tipo "pastiche", desenhadas por um autor chamado Frank Pe, engraçadas mas a usarem abusivamente um espaço nobre (até porque há um outro dedicado às homenagens/paródias ao Little Nemo).

Claro que só as três pranchas originais, a preto e branco (com riscos e esboços das legendas a azul, tal como o autor as deixou!) valem uma ida à Amadora.
Os especialistas babam-se de gozo especados em frente das pranchas (eu sei do que estou a falar :-).

Mas, tendo em conta que um festival é um momento propício para a divulgação aos não especialistas de obras de qualidade, e também uma boa ocasião para captar novos públicos, apetece perguntar se não teria valido a pena fazer ter seleccionado uma dúzia ou mais de páginas de alguns dos seis álbuns editados originalmente pela Fantagraphics, e expor boas cópias fotográficas, de forma a permitir uma ideia um pouco mais alargada da obra a essa faixa de público que, na sua maioria, a desconhece.

(Convém recordar que, em Portugal, apenas foram editados dois volumes do "Little Nemo in Slumberland", título traduzido/adaptado para "O Pequeno Nemo no Reino dos Sonhos", na década de oitenta do século passado, e que estão totalmente esgotados.
Se a editora "Livros Horizonte" tivesse sido contactada atempadamente, talvez lhe tivesse valido a pena a reedição desses dois tomos, já que não é possível a edição dos restantes, pelo facto de a editora americana ter falido, também lá pelos "States" estas coisas acontecem).

O Sonho na BD portuguesa. Mostra de imagens de bandas desenhadas publicadas no período que medeia entre 1990 e 2005, ou seja, os quinze anos de idade do festival amadorense.
As bedês (ou excertos) foram seleccionadas tendo em vista a relação dos seus protagonistas com o sonho, e tiveram por autores António Jorge Gonçalves, David Soares, Diniz Conefrey, Filipe Abranches, João Fazenda, José Carlos Fernandes, José Ruy, Luís Louro, Miguel Rocha, Rui Lacas e Rui Pimentel.

O Sonho na BD também inclui imagens de bedês de autores estrangeiros, como não poderia deixar de ser. Alguns exemplos: Sandman (obra criada ficcionalmente por Neil Gaiman, mas visível pelo traço de vários desenhadores), Olivier Rameau (desenhado por Dany, escrito por Greg), O Sonho Prolongado do Sr. T (do espanhol Max, que não deve saber que temos cá o Carlos Tê :-), Alice in Sunderland (de Brian Talbot), As Cidades Obscuras (de Schuiten, desenho, e Peeters, argumento), e outros.

Sonhos de Nemo no Século XXI é outro núcleo, idealizado exactamente pelo mesmo "blogger" que escreve estas linhas, e que se compõe de 18 pranchas com episódios autoconclusivos, parodiando e homenageando o Little Nemo, realizados por autores portugueses, novos e consagrados:
Álvaro, C. Moreno, Ferrand, J. Coelho, J. Mascarenhas, J. Morim, José Carlos Fernandes, Manuel João Ramos, M. Souto, Paulo Monteiro, Pedro Nogueira, Pepedelrey, Ricardo Cabrita, Rui Lacas, Susa M., Zé Manel.

As imagens expostas serão o miolo de um novo fanzine meu, o "Efeméride", que será lançado em pleno festival, no dia 30 (Domingo) pelas 19h00, com direito a música ao vivo, e a presença da maioria dos colaboradores.

Está também visível uma exposição inteiramente dedicada à personagem O Menino Triste, da autoria de J. Mascarenhas, co-responsável, com Gastão Travado, pela planificação da respectiva mostra de pranchas originais.

Outro núcleo exposicional de grande prestígio na cidade-berço do festival situa-se na Casa Roque Gameiro, onde estará patente a obra de Carlos Alberto (Santos), um Clássico da BD Portuguesa.
O comissário da exposição é Leonardo De Sá, garantia de trabalho exaustivo e rigoroso.

A citada exposição tem a ver com o facto de este ano ser Carlos Alberto o homenageado principal, pelo que lhe irá ser entregue o Troféu de Honra.

Autores Premiados e vencedores do Concurso de Banda Desenhada

Cerimónia de entrega dos troféus
Data e hora: 29 de Outubro (sábado)- 18h30
Local: Recreios da Amadora - Auditório

Troféu de Honra:
Em edições anteriores foram distinguidos com este troféu, o mais importante do evento, Augusto Trigo, Eduardo Teixeira Coelho, José Garcês, José Ruy, Vasco Granja, Jorge Magalhães, Maria Antónia Roque Gameiro Martins Barata (Bixa), Maria Alice Andrade Santos, e outros.

No que se refere às sessões de autógrafos (na prática, desenhos autografados), sempre tão apreciadas pelos bedéfilos (também disto sei muito bem do que estou a falar :-), estarão lá presentes, em "carne e osso", prontos a oferecerem desenhos autografados, alguns autores de nomeada. Veja-se o "cardápio":

Giardino (uma boa notícia para mim), Max, Rick Veitch, Jo-El Azara (atenção, bedéfilos mais crescidos, antigos leitores da revista "Tintin", edição portuguesa publicada entre 1968 e 1982, Taka Takata diz-lhes com certeza qualquer coisa), Thierry Smolderen e Claude Moliterni (ambos argumentistas e estudiosos), Al Davison, Bruno Marchand, Bryan Talbot, e vários portugueses, a saber: José Ruy, José Carlos Fernandes, Ferrand, José Abrantes, Pepedelrey, J. Coelho, Derradé, Rui Lacas, Paulo Monteiro, Susa, C. Moreno, M. Souto, Ricardo Cabrita, Pedro Nogueira, e outros.

Auditório - Programa:

Haverá conferências sob a competente moderação (e serviço de intérprete) de Pedro Mota, onde será possível fazer perguntas aos participantes. Essas conferências irão decorrer no:

Auditório

Nos dias e horas:

22 de Outubro
17h00 - Dreamcomics I - Rick Veitch, Zograf e Al Davison
18h00 - Novos valores da BD Americana: Cameron Stewart

23 de Outubro
17h00 - Vittorio Giardino
18h00 - Claude Moliterni

29 de Outubro
16h00 - 40 Anos de Taka Takata - Jo-El Azara

30 de Outubro
15h00 - Apresentação da revista Sketchbook, editada pela AJCOI (uma Associação Juvenil de Pinhal Novo)
16h00 - Dreamcomics II: Jim Woodring
17h00 - McCay: Smolderen e Bramanti
18h00 - O Sonho Prolongado do Sr. T. Max

1 de Novembro
15h00 - Apresentação do livro Humberto Delgado, O General Sem Medo, de José Ruy
16h00 - Lançamento do livro O Menino Triste - Os Livros, de J. Mascarenhas
17h00 - O Autor por ele próprio, com Ricardo Ferrand
18h00 - "Quiz" pela livraria Kingpin of Comics (teste aos conhecimentos sobre BD)

5 de Novembro
15h00 - Lançamento do livro As Aventuras de Zé Leitão e Maria Cavalinho, de Pedro Leitão
17h00 - Gibrat
18hoo - Stassen
19h00 - Banda Desenhada na Universidade de Lisboa, Uma Nova Geração de Autores,
com Álvaro Áspera, Pedro Barros, Ricardo Cabral, Jorge Nesbitt e Ricardo Machado.
Lançamento de Blazt nº 01, revista internacional de Banda Desenhada

6 de Novembro
16h00 - O Sonho britânico: Gary Spencer Millidge e Liam Sharp
17h00 - O Sonho americano I: Carlos Pacheco
18h00 - O Sonho Americano II: Ed Brubaker e Sean Phillips

Praça Central - Programa

Esta praça central engloba uma esplanada, onde se pode beber um copo (pode ser só um café) e um palco, onde se apresentam bandas a dar música aos bedéfilos.

Também lá haverá alguns eventos. Para que conste, referem-se aqui apenas os que têm a ver com a BD (ficam de fora os que só constam de actuações de conjuntos musicais):

dia 30 Out. (Domingo)
19h00 - Lançamento do fanzine Efeméride, edição deste "blogger", com actuação do Trio Pedro Moreno.

dia 2 Nov.
19h00 - Apresentação do fanzine Jazzbanda, editado pelo mesmo acima citado. Para dar ambiente a condizer, haverá um concerto do trio de jazz "Tricotismo".

dia 5 Nov.
15h00 - Cosplay - BD Tornada Realidade
16h00 - Concurso Cosplay

Oficina de Arte com Cameron Stuart
dias 22,23,29 e 30 Outubro
Às 15h00

Oficina de Arte com Sean Philips
Dias 5 e 6 de Novembro
Às 15h00

Portanto, em algum destes sítios nos iremos encontrar. Até lá.

terça-feira, outubro 18, 2005

Fanzines, esses desconhecidos (VI) Tertúlia Lisboa dos Fanzines - 6º Aniversário

Hoje, terceira 3ª feira de Outubro, dia 18, terá lugar mais um encontro de fanzinistas na Tertúlia Lisboa dos Fanzines.
Local: Bar Estádio, Rua S. Pedro de Alcântara
Hora: 22h00
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O início desta tertúlia foi em 19 de Outubro de 1999, uma 3ª feira, a terceira daquele mês.
Já se passaram seis anos e, teimosamente, continuam a reunir-se alguns (umas vezes mais, outras nem tantos :-) alguns, repito, fanzinistas, quer faneditores (os que só editam), quer editautores (os autores que se auto-editam), quer autores colaboradores em fanzines editados por outros, os tais faneditores (completa-se assim o ciclo...).

A história, ainda curta, da Tertúlia Lisboa dos Fanzines foi contada no dia 19 de Agosto deste ano de 2005, num "post" que já só é visível indo ao Arquivo do blogue. Nele se registam as várias mudanças dos locais de encontro, e as suas características essenciais.

Aos visitantes de blogues, àqueles com mais pachorra, aconselhá-los-ia a procurarem esse "post", porque está lá descrita, com alguma minúcia, o percurso da tertúlia, quem lá esteve (os faneditores e respectivos títulos dos seus fanzines), as finalidades que se imaginaram, e por aí fora.

Se por acaso houver alguém que um dia tenha editado um fanzine, ou esteja agora a editar algum, e não me conheça, e queira contactar-me para saber pormenores da tertúlia e, eventualmente, decidir-se a aparecer por lá, tome nota do nº do meu telemóvel: 919137027

sábado, outubro 15, 2005

Winsor McCay, o criador da obra-prima "Little Nemo in Slumberland"

WINSOR McCAY

Biobibliografia

Entre os numerosos escoceses chegados ao Canadá, na primeira metade do século XIX, estava o casal Donald McKay e Christiana McKay (sim, com K, por estranho que pareça; qual a explicação para a intrigante mudança para McCay, lá chegaremos).
Instalados em Ontario, é aí que nascem os seus seis filhos, o terceiro dos quais, Roberto McKay, nascido em 1840, desposará a vizinha Janet, e com ela irá instalar-se nos Estados Unidos.

Meses mais tarde, Janet regressa a Ontario, e aí dá à luz o seu primeiro filho, a 26 de Setembro de 1867. Em homenagem ao patrão de Donald, o industrial Zenas G. Winsor, o bebé recebe o nome de Zenas Winsor McKay.

No decurso da sua vida artística, o jovem porá de parte o invulgar nome próprio Zenas, que só por curiosidade - e para não deturpar a verdade biográfica - aqui é citado, e transformará McKay em McKay, justificando a mudança por iniciativa de seu pai que, na iminência de uma disputa entre o clã dos McKay, escocês, e o dos Magee, irlandês, se excusou a participar, com a matreira justificação de ele ser do clã McCay, e por isso nada ter a ver com o apelido McKay. "E foi assim - contava Winsor - que recebi o meu nome e o meu sentido de humor".

Em 1886, com dezanove anos, vamos encontrá-lo no Cleary’s Business College d’Ypsilanti, para fazer estudos comerciais. Assunto que não lhe merece qualquer interesse, visto que o desejo de ser desenhador era bem mais intenso. E é na cidade de Detroit que o jovem Winsor começa a fazer retratos para ganhar a vida.

A partir daí, ele sente que já tem o rumo traçado, mas procura local mais próprio, nada menos do que Chicago, onde chega em 1889.

Windsor Z. McCay é o nome (deturpado, claro) com que é recenseado na categoria de impressor, mas no ano seguinte já aparece como artista.

Dois anos mais tarde Winsor vai para Cincinati, onde pinta cartazes que lhe atraem alguma celebridade. Conhece Maude Leonor Dufour, que tem apenas catorze anos, com quem casa.

Em 1896, a 21 de Junho, nasce o seu filho Robert Winsor, que lhe serviria de modelo para o Nemo, em 1905, tinha Robert nove anos. Daí que Nemo, nos sonhos, tanto pareça umas vezes ter quatro, cinco anos, como oito ou nove, dependendo do episódio.

O passo seguinte será dado em New York, onde começa a trabalhar para dois jornais de James Gordon Bennet Jr., fazendo ilustração de reportagens e de ficções, entre as quais o Barão Munchäusen. Mas o seu sonho era fazer uma “comic strip” que fosse distribuída por uma boa agência (a que os americanos chamam “syndicate”, embora por cá haja muito boa gente responsável a traduzir erroneamente por “sindicato”, ignorando que a isso os americanos chamam “unions”).

Em 1903, ainda em Cincinati, ele tinha realizado a sua primeira banda desenhada, Tales of the Jungle Imps of Félix Fiddle.
Já em Nova Iorque, ele cria outras séries, entre as quais Little Sammy Sneeze, para o jornal “New York Herald”, para onde irá criar a obra-prima Little Nemo in Slumberland, a cores na totalidade, com a primeira prancha impressa na edição de 15 de Outubro de 1905.

Após o contrato expirado com o New York Herald, McCay continua a obra noutro jornal, o New York American, alterando o título para In the Land of Wonderful Dreams.

Em 1924, de regresso ao Herald Tribune (o novo nome do New York Herald), ele torna a desenhar o Little Nemo, sob o antigo título, mas já sem qualquer êxito, passando a fazer ilustrações a partir de 1927, para subsistir, até ao fim da sua vida, o que aconteceu em 26 de Julho de 1934.

(VER TEXTO ACERCA DE LITTLE NEMO NO "POST" ANTERIOR)

Little Nemo in Slumberland - Uma Obra-Prima da BD com 100 Anos



Little Nemo in Slumberland

Tal como acontece noutras formas de arte, há obras-primas na Banda Desenhada. Little Nemo in Slumberland é uma delas.

Apesar da sua extrema sofisticação estética, esta obra cumpriu a sua existência num suporte caracterizadamente popular: foi publicada em jornais, ao ritmo de uma página semanal, a cores, em suplementos dominicais.

Com início em 15 de Outubro de 1905 - cumprem-se hoje, precisamente, cem anos! -, não é difícil imaginar o deslumbramento causado aos leitores do jornal pelo virtuosismo gráfico de cada página, no enorme formato "broadsheet" (equivalente ao do semanário "Expresso") que valorizava as magníficas imagens criadas pelo autor/artista Winsor McCay.

A obra teve hiatos na publicação, mudou de jornal, dividindo-se por isso em três ciclos. O primeiro, de qualidade superlativa, publicou-se entre Outubro de 1905 e Julho de 1911; o segundo, com o título modificado para In the Land of Wonderful Dreams, foi divulgado de Setembro de 1911 a Julho de 1914; o terceiro, e último, entre Agosto de 1924 e Dezembro de 1926.

Se o título inicial da obra, e o mais famoso, Little Nemo in Slumberland, fosse traduzido literalmente, teríamos O Pequeno Ninguém na Terra da Sonolência. É curioso reparar-se que Nemo em latim significa “ninguém”. Isto talvez queira dizer que teve escassa existência física – o autor quase que apenas o põe a agir, fisicamente, raras vezes no início do episódio, quando se está a deitar, e sempre na última vinheta de cada episódio, no momento em que acorda do sonho – com frequência, pesadelo –, ou por cair da cama, ou ao ser acordado, umas vezes pelo pai, outras pela mãe.

Outro aspecto que chama a atenção aos leitores mais observadores: a idade de Nemo é dificilmente definível. Na única imagem real que dele se pode observar – a da sua recorrente queda da cama – ele não aparenta mais do que quatro anos. Mas há por vezes evidente desfasamento em relação a alguns sonhos, demonstrativos de outra idade, talvez seis anos, e mesmo assim precoces em algumas circunstâncias.

É o caso da cena em que Nemo aperta a rainha Cristalete nos braços, e beija na boca aquela personagem bem mais crescida do que ele, e a intensidade com que a beija faz com que ela se estilhace de imediato. Será que ele repete algo que também lhe fizeram? Será imagem para ser analisada por um pedopsiquiatra...

Há muitas, mas mesmo muitas outras cenas que valeria a pena escalpelisar, por serem bastante curiosas, por exemplo aquela publicada originalmente em 31 de Dezembro de 1905.
Nela, Winsor McCay desenha Nemo fazendo com que aparente várias idades ao longo da prancha, começando com seis anos e passando para nove, em seguida para quinze, depois para vinte e cinco, e acaba a mostrá-lo com noventa e nove anos – faltou apenas um para ter os cem que agora, em 2005, se festejam em termos cronológicos.

sexta-feira, outubro 14, 2005

Fanzines, esses desconhecidos (V) Juvebedê, fanzine com BD para a Juventude

F Capa assinada por Maia

Localiza-se em Lisboa a Associação Juvemedia, uma entidade sem intuitos lucrativos, cuja finalidade é, basicamente, a de organizar eventos e actividades para a juventude.

Uma dessas actividades, de contornos culturais, é a edição de uma publicação com o título "Juvebedê".

Classifico-a como fanzine por corresponder a vários dos requisitos desse tipo de publicações amadoras, sendo que dois deles são fundamentais:
1) Não é editada por nenhuma editora profissional (a Juvemédia é uma associação de finalidades não lucrativas, sobrevivendo à base de apoios diversos);
2) A publicação Juvebedê não é editada com finalidades lucrativas, visto ser distribuída gratuitamente.

Para alegria deste bloguista, por acaso é totalmente dedicada à banda desenhada, quer em textos críticos e/ou divulgatórios, quer em BD (embora escassa). Neste momento, a mais recente edição apresenta-se datada de Outubro 2005, e tem o nº 33.

Juvebedê
Formato A4, capa a cores, miolo a p/b, agrafada.
Director e Coordenador Editorial - Carlos Fernando Cunha.

Redacção: Alexandra Sousa, Carlos Fernando Cunha e Miguel Coelho (este está em Braga). Como colaboradores há ainda Pedro Cleto e Daniel Maia.
Lisboa 
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A propósito de Daniel Maia (eu ainda o conheci quando assinava Daniel Silva,depois passou para Dan e/ou Daniel Maia, agora na capa que se reproduz neste "post" assina apenas como Maia...), é ele o autor do argumento (pois, ele desenha bem, mas também faz o papel de argumentista quando lhe dá na bolha) da bd "Deus dos Tubos" - 1ª Parte, com Arte de Dinis Vale.
Não conhecem? Também eu não. O que posso dizer é que, pelo estilo, parece ter forte admiração pelo próprio Dan, perdão, pelo Daniel Maia, perdão, pelo Maia, o que não lhe fica mal.

A planificação da bd está boa, os contrastes claro-escuros equilibram-se em harmonia. Quanto à história, ainda é cedo para dizer algo de concreto. Publicam-se, para começar, seis pranchas nas páginas centrais. Continua (e conclui) no próximo número (onde é que eu já li isto?).

Quem estiver interessado em ver estas imagens iniciais, e quiser ver o desfecho da história, tem duas hipóteses: ou liga para o argumentista, Daniel Maia, ou pede ao Senhor Director (Olá Carlos Cunha), via email cunha@iol.pt, que o considere assinante, ele esclarecerá as condições que, para meu desespero, não consegui detectar na ficha técnica. Sei que, a sua tiragem de 400 exemplares, além de se destinar aos assinantes, é distribuida pelas Delegações Regionais do I.P.J. (Instituto Português da Juventude) e na Livraria Ler Devagar, onde costuma estar à disposição, gratuitamente, dos clientes. Esta livraria mudou da Rua de S. Boaventura (Bairro Alto), para o palácio que se situa no Alto de Santa Catarina, já na periferia do B.A.

Há muita informação disseminada pelo corpo do Juvebedê (na ficha técnica diz: "O Juvebedê é uma publicação (...)".
O pormenor de escreverem"o Juvebedê" deve vir do tempo em que admitiam a publicação como magazine amador, logo, um fanzine.

É habitual os editores de fanzines chamarem-lhes revistas, oque, em última análise, está certo: o magazine, publicação que deu origem ao neologismo fanzine. é sinónimo de revista.
Como escreveram os editores do Argon, pioneiro português, editado em Janeiro de 1972:
"Este fanzine é uma revista".

Mas, voltando à informação.
Aparece a rubrica "Os Álbuns Portugueses em Destaque" nos versos das capa e contracapa.
São referenciados criticamente: "Baby Blues 17 - Secos e Molhados", "Giuseppe Bergman" 9, "A Trilogia Nikopol", "Lucky Luke" 37, (Quer dizer: Os Álbuns de Autores Estrangeiros Editados em Portugal), "Cravo e Ferradura" (Ah, agora sim, Zé Bandeira, um português, viva!), "Red & Rover" 2, "Viagem Com Quino e Mafalda", "A última obra-prima de Aaron Slobodj" (mais um português, isto vai), "Sin City-A Cidade do Pecado" 1 - 2ª edição (O que é bom vende bem, ah grande Frank Miller, que eu conheci ainda jovem, no mais antigo evento bedéfilo que se realizava na italiana e linda Lucca, estava-se na gloriosa década de oitenta do século passado, ai, ai, o tempo passa), "Mutts" III, "Humberto Delgado, o General Sem Medo (de José Ruy, pois de quem houvera de ser, está em todas as frentes, o incansável), W.E.S.T. (Weird Enforcement Special Team), obra assinada por Rossi, Nury e Dorison, diz a ficha, além de dar um lamiré do que se passa na trama, localizada nos Estados Unidos, em Agosto de 1901.
Uma rubrica orientadora para a escolha entre o que se vai editando... e é muito, apesar de se estar sempre a dizer que a BD está em crise.

Há também espaço informativo em "JuveBreves".
Fala-se dos troféus Central Comics 2005, fiz parte do júri, puxei pelo Eduardo Teixeira Coelho para o Troféu Especial do Júri, mal sabia eu que, em 31 de Maio, o grande autor/artista português nos deixaria), fala-se de BDJazz no Diário de Notícias, regista-se o 3º Encontro de BD de Santo Tirso, Junho 17,18 e 19, haja Zeus que voltou a haver quem trabalhe para a BD no Norte, oh carago, está-se atento à publicação das pranchas diárias de José Carlos Fernandes que apareceram no matutino "Diário de Notícias", ao longo de dois meses a partir de 1 de Julho, faz-se saber que houve uma Tertúlia (este vocábulo não me é estranho) sobre BD em Braga, no dia 15 de Julho, organizado por "A Velha-a-Branca - Estaleiro Cultural" (que nome giro), com a presença de Arlindo Fagundes, Carlos Dias Tavares, Paulo Patrício, Pedro Costa (olá Arlindo Fagundes, olá Paulo Patrício, um abraço para vocês), e acontece que houve um ateliê de BD, entre Abril e Maio, e os alunos apresentaram os seus trabalhos sob a forma de um fanzine. Alto e pára o baile, isto tem a ver comigo, mais um fanzine, ora aí está uma boa notícia, obrigado Juvebedê!

Um pormenor relativo a este Juvebedê nº 33: faz parte dele uma separata, impressa apenas de um lado, com a indicação "Última Hora", com breves referências críticas a várias recentes edições, designadamente "1602" (volumes I e II), "Wolverine: Snikt", "Quarteto Fantástico - Imaginautas", "Cloudburst - Dilúvio Mortal", "Batman - Cidade Destroçada", "Hellblazer - Nas Ruas de Londres". Só que esta separata parece ter sido feita em menor quantidade, pelo que, na caixa cheia de exemplares que o Carlos Fernando Cunha (e sua mulher, Alexandra) levaram à Tertúlia BD de Lisboa, no dia 4 de Outubro, não havia nenhum exemplar que tivesse esta separata, só eu tive direito a uma, que me foi amavelmente oferecida pelo casal, com a indicação de que já não havia mais!

Enfim, além desta separata, há muito mais para ver e ler no fanzine Juvebedê.
A sério: há ali povo atento (Carlos Cunha, Miguel Coelho) ao contexto editorial, e a tudo quanto mexe na BD. Só lhes fica bem.

quinta-feira, outubro 13, 2005

3000 visitas! Festa no blogue pela terceira vez


É verdade, já houve três mil visitas, nada mau para um blogue dedicado apenas a um tema, a BD!

Se calhar, até terá acontecido que alguns visitantes, já conhecedores do blogue, tenham ficado decepcionados por não encontrarem "posts" recentes (quanto a diários, nem pensar...), e cá o bloguista (ou bloguer,ou "blogger" se preferirem) é o primeiro a lamentar.

Mas a aproximação do Festival BD da Amadora, que inaugura no próximo dia 21 (daqui a uns dias haverá aqui notícias sobre o evento), no qual estou a colaborar, além de um novo fanzine que editarei por estes dias, tem-me impedido de uma mais constante presença.

Saudações bedéfilas a todos os conhecidos e desconhecidos visitantes.

Um sentido agradecimento ao amigo Gastão Travado, apoio técnico imprescindível para a inserção de imagens nos "posts", o que, indiscutivelmente, valoriza esteticamente o blogue.

À saúde! À amizade! À Banda Desenhada! À Blogosfera! Até ao próximo glorioso milhar de visitas!

O bloguista Geraldes Lino.

BD portuguesa em jornais e revistas não especializadas - Mundo Universitário - Uma b.d. de Francisco Sousa Lobo

Está já em distribuição gratuita, na maioria das universidades, o nº 23 do jornal quinzenal Mundo Universitário, datado de 10 de Outubro (Uma dica amiga: procure-se, por exemplo, no átrio de entrada da Faculdade de Letras, logo à direita, um distribuidor metálico de cor azul. Há ainda lá muitos jornais :-).

A página de BD apresenta uma história simbólica idealizada por Francisco Sousa Lobo (*) sob o título "Relato de um sonho que me visitou em 2 de Abril de 2005".



Excerto (vinheta) da banda desenhada Relato de um sonho que me visitou em 2 de Abril de 2005, da autoria de Francisco Sousa Lobo

Assiste-se, através de uma narrativa gráfica em registo estético vanguardista, àquilo que o autor descreve como actual corrente da arte performativa do mundo ocidental. Características que a identificam neste episódio: a forma como os artistas se vestem, em modelos futuristas, e as suas tendências para se auto-filmarem enquanto se despenham aos pares de arranha-céus situados numa qualquer metrópole hodierna.
O público assiste pela televisão, abúlico. Aquela estranha "performance", que mais parece um suicídio colectivo, apenas suscita uma atitude psicológica indiferente, até talvez vagamente sado-masoquista. À vertiginosa queda nenhum artista sobrevive. Sobreviverá a Arte a esta auto-destruição colectiva?
Uma banda desenhada enigmática e depressiva, transmitida em jeito de parábola.

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FRANCISCO SOUSA LOBO

(*) Síntese biográfica do autor: Francisco Sousa Lobo nasceu em 1973 na cidade moçambicana que, nesse ano, ainda se chamava Lourenço Marques, posteriormente baptizada como Maputo.
É licenciado em Arquitectura, e tem exercido a respectiva função. Apesar disso trabalha também como ilustrador - área em que já obteve um prémio atribuído pela Society for News Design.
Na Banda Desenhada a sua actividade é ainda curta. Merece referência a sua novela gráfica Câmara Escura - Uma Única História em Seis Retratos, editada pela Bedeteca de Lisboa na colecção "Lx Comics", no nº 16, datado de Abril 2003.