sexta-feira, junho 30, 2006

Visão, revista de Banda Desenhada Portuguesa (VII) - Falando hoje com... Zé Paulo

Capa (excelente) da revista Visão (nº 10, de Fevereiro de 1976), da autoria de Zé Paulo, referente à sua própria bd intituladaA Família Slacqç

Continuando a relembrar a memorável revista de banda desenhada Visão (1975-76), estão publicados neste blogue dois textos com ela relacionados.

A fim de completar esta breve homenagem, há nove autores-artistas que considero mais importantes, e cujas palavras e respectivas fotografias actuais aqui ficarão registadas.
De Victor Mesquita, Pedro Massano, Isabel Lobinho e Corujo Zíngaro, já estão publicadas as entrevistas. Hoje é a vez de Zé Paulo. Faltam ainda Carlos Barradas, Duarte, Nuno Amorim e Zepe.

Foto recente (Junho 2006) de Zé Paulo
------------------------------------------------------------------------------------------------
ZÉ PAULO (José Paulo Abrantes Simões, Lisboa, Novembro de 1937)

- Zé Paulo: o que significou para ti a Visão?

ZP - Já fazia banda desenhada antes da Visão, no jornal A Capital.
A Visão foi a oportunidade de fazer banda desenhada de outro teor, se bem que, n'A Capital, eu tinha liberdade para fazer o que quisesse, mas estava limitado ao desenho cómico, que era aquilo que eles queriam no jornal. Eu nessa altura era grande admirador do Jacovitti, que era o que respondia melhor à minha faceta anarquista. E o que eu fazia para A Capital era Jacovitti puro.
A primeira história que desenhei na Visão, Os Loucos da Banda, ainda tinha muitas influências de Jacovitti, mas já me estava a libertar.
De certa maneira, na Visão eu podia desenhar cómico e sério, que era o que eu queria. E pode notar-se que eu desenhei muito mais sério que cómico. Ao fim e ao cabo foi isso: proporcionou-me desenhar as histórias que inventava.
N'A Capital, eu tive algumas histórias proibidas pela Censura, o que não acontecia na Visão. Também já era outro tempo.

-Em Abril de 1975, onde é que trabalhavas?
ZP - Era visualizador de uma Agência de Publicidade.



Prancha com o episódio intitulado O tio Hipólito ('tadinho), da bd Histórias que minha avó contava para eu comer a sopinha toda, in Visão nº 7, de 10 de Outubro de 1975


- Que fizeste em BD depois de 1976, após o fim da Visão?
ZP - Após o fim da Visão fiz banda desenhada na revista Mulheres, da Maria Teresa Horta. No jornal Diário de Lisboa, fiz a bd Memórias do último eléctrico do Carmo, e, esporadicamente, mais uma ou outra bd que me era solicitada para vários fins.
Noutro jornal, O Diário, criei Os Direitinhas - uma prancha todas as semanas, durante anos, de que, posteriormente, uma parte diminuta foi publicada em álbum.

-Em vez de BD, o que é que tens feito para ganhar a vida?
ZP - Eu ganhei a vida sempre a desenhar, só não desenhei quando estive na tropa, quando era soldado. Fui sempre desenhador.
Quando deixei a Publicidade, já no ano 2000, passei a pintar quadros, mas que são à mesma desenhos e as minhas histórias, sempre.
E com eles continuo a ganhar dinheiro que me dá para viajar até ao Brasil, Cuba, Holanda - onde tenho um amigo, no Brasil também tenho -, só em Cuba é que não, nem o Fidel.

Prancha inicial do 1º episódio da bd A Família Slacqç, obra de referência assinada por Zé Paulo, publicada no nº 9 (datado de 20 de Janeiro de 1976) da revista Visão


- Há algum projecto de BD que gostasses de concretizar, num futuro mais ou menos próximo?
ZP - Há. Gostaria de fazer uma banda desenhada sobre o cinema de Campolide, que se chamava Campolide Cinema, e que já não existe.
Dele tenho recordações e histórias que me dizem muito. Eu fiz um álbum com desenhos de recordações da minha infância no bairro de Campolide. Obviamente, o Campolide Cinema tem ali lugar de destaque.
-----------------------------------------------------------------
"Posts" remissivos sobre a revista VISÃO de Banda Desenhada:
1ª Parte - Textos generalistas acerca da revista: 2005-(I) Dezembro, 10; (II) Dezembro, 11
2ª Parte - Entrevistas a autores-artistas da revista: 2006- (III) Maio, 30-Victor Mesquita; (IV) Maio, 31- Pedro Massano; (V) Junho, 13 - Isabel Lobinho; (VI) Junho, 15 - Corujo Zíngaro

Há ainda outro "post" (data: Junho 19), este dedicado ao tema "Lisboa na Banda Desenhada", em que se podem observar duas imagens (óptimas, vale a pena vê-las) da autoria de Zé Paulo, ambas extraídas da revista Visão

quarta-feira, junho 28, 2006

Mangá "made in" Portugal (I) - Autores: Ana Freitas (desenho), Nuno Duarte (argumento)

Prancha relativa ao episódio nº 33 da mangá Meia Noite e Três, da autoria de Ana Freitas (desenho) e Nuno Duarte (argumento)

Meia Noite e Três, é o título da mangá (como sabe qualquer bedéfilo, é como os japoneses chamam à banda desenhada, e por extensão para a língua portuguesa pode dizer-se que mangá é a bd feita ao estilo japonês) realizada por dois autores portugueses, Ana Freitas, desenhadora, e Nuno Duarte, argumentista, que vai ficar com a publicação truncada.

Isto porque o episódio nº 38 surgiu no último número (o 56) da revista Kulto, editada até agora como suplemento dominical do jornal Público.

Como dizem os editores, os interessados em continuar a ler/ver a revista, podem fazê-lo no blogue http://kulto.blogspot.com

Capa do número final (56, de 25 de Junho de 2006) da revista semanal Kulto

Com o desaparecimento desta revista/suplemento do jornal Público, editada e distribuída pela última vez em 25 de Junho, acaba-se a oportunidade de publicação semanal de uma página de mangá de manufactura portuguesa.

Mas, como se pode ler em rodapé inserido sob a prancha publicada neste derradeiro nº 56 da revista Kulto,

"Por esta é que pouca gente esperava! O que reservará o futuro para Rafa, DD e Erika? Qual deles esconde o poder do 'Demónio do Sol Nascente'? Não percas brevemente nas bancas a compilação e o final de todas as aventuras de 'Meia-Noite e Três', a primeira Manga Portuguesa"

Fico muitíssimo satisfeito com este projecto, em que estão envolvidas duas entidades: as Produções Fictícias e o Farol de Ideias. Espero que tudo se concretize o mais tardar lá para o princípio do ano 2007.

Só levanto uma pequena dúvida acerca da afirmação: "primeira mangá portuguesa". Isto porque, em fanzines, já foram publicadas mangás anteriormente.

Agora em revista propriamente dita, com distribuição a nível nacional e características comerciais/profissionais (com pagamento aos autores, pormenor fundamental), aí, sim, estamos de acordo de que terá sido a primeira vez, mas isso não a transforma em pioneira.

Com o devido respeito aos meus amigos Ana Freitas e Nuno Duarte, gente nova da BD portuguesa, pelo excepcional trabalho - em talento, muito, e esforço, invulgar - que desenvolveram durante 38 semanas.

Tertúlia Bloguística de Lisboa - Fundação: 6 de Julho de 2006

Atenção bloguistas de Lisboa!
O próximo dia 6 de Julho (primeira 5ª feira do mês), entre as 22h e as 23h, marcará o arranque (sem pompa nem circunstância, não há pachorra para isso) da

TERTÚLIA BLOGUÍSTICA DE LISBOA

que pretende apenas provocar o convívio (troca de impressões, de experiências técnicas, de informação e crítica bloguística) de todos os bloguistas - de todos os temas, e de todos os cantos do país! - que se mostrarem interessados nesta iniciativa que pretende ser abrangente, isto é, onde se espera a participação de todo o entusiasta da blogosfera que mantenha activo o seu blogue.

Portanto, todos os meses, na primeira 5ª feira de cada mês, lá estarei como ponto de referência da iniciativa, e acolher os interessados em participar. Como habitualmente, terei visível na mesa peças de BD, que podem ser fanzines de banda desenhada.

Aceitam-se, para a continuidade da iniciativa - julgo que inédita, pelo menos em Lisboa -, sugestões de todo o género e, em especial, hipóteses gráficas para o logótipo da TBL.

Pela minha parte, tenciono que esta Tertúlia Bloguística de Lisboa se caracterize pelo informalismo, como as outras duas que organizo (a Tertúlia BD de Lisboa, com 21 anos de existência, e a Tertúlia Lisboa dos Fanzines, com 4 anos), isto é, que seja apenas uma Associação informal, sem estatutos, nem corpos gerentes, nem sócios, nem pagamento de quotas.

Local (provisório, até ver), para a reunião dos bloguistas da Tertúlia Bloguística de Lisboa
Bar Estádio
Rua S. Pedro de Alcântara, nº 11
Lisboa
--------------------------------------------------------
Peço desde já as devidas desculpas pela mudança do dia do início da TBL a quem tenha tomado nota do dia inicialmente por mim indicado.

Texto introduzido "a posteriori"
Como em cada primeira 3º feira do mês organizo a já vetusta Tertúlia BD de Lisboa (21 anos ininterruptos), e, pensando melhor, para dar azo a que alguns bedéfilos-blogistas que nela participam, estarem disponíveis para participar nesta dos "blogs", decidi experimentar que os próximo encontros da Tertúlia Bloguística de Lisboa se realizem na segunda 5ª feira do mês.

terça-feira, junho 27, 2006

Fanzines, esses desconhecidos (XXXI) - 24h Volta a Portugal em BD


Prancha da banda desenhada Matosinhos, da autoria de Nuno Sarabando (desenho) e Hugo de Jesus (argumento). Sim, afirmativo, o argumento é desse bacano do portal "Central Comics", porquê a admiração? O universo da BD é assim, as surpresas irrompem a qualquer momento.

A bd que aqui se mostra - de prancha única, autoconclusiva - é apenas uma das vinte e oito (24 relativas a 24 horas, a ocupar uma página, mais 4 feitas em horas extra) que compõem o fanzine indicado no título do "post".
---------------------------------------------------
Mais pormenores sobre o fanzine (Autores, localidades que representam, a capa do zine. endereço do editor) podem ser vistos no blogue Fanzines de Banda Desenhada, localizável em:
http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com

segunda-feira, junho 26, 2006

O Autor de BD como personagem da sua banda desenhada (IV) Nuno Saraiva

Prancha inicial de Work in Progress, da autoria de Nuno Saraiva

Nuno Saraiva,  já um nome importante da moderna banda desenhada portuguesa, é um dos autores participantes na obra colectiva "Para Além dos Olivais", incluída na colecção "Visitas Guiadas", editada pela Bedeteca de Lisboa em Janeiro de 2000.

Nesta prancha, a inicial do episódio "Work in Progress", vê-se o próprio Nuno Saraiva, com ar descontraído, o braço displicente por cima da cabeça, a falar com João Paulo Cotrim (de costas, com os cotovelos apoiados na secretária). 

E, numa concepção bastante livre (a banda desenhada permite todas estas liberdades), na mesma vinheta, no canto direito, vê-se Cotrim ao cimo das escadas, a despedir-se com a sua frase preferida "Porta-te mal" para o Nuno, e este, mais abaixo, com ar cúmplice, a acenar adeus com a mão.


Work in progress - 6ª prancha da banda desenhada realizada por Nuno Saraiva

Nesta penúltima prancha (a bd compõe-se de sete), vê-se Nuno Saraiva, meses depois, a subir a escadaria dentro do Palácio do Contador-Mor, edifício situado na freguesia de Olivais, onde funciona a Bedeteca de Lisboa (informação para os visitantes deste blogue que não sejam cá da capital do país) e em seguida a conversar com João Paulo Cotrim (que era na altura o director daquela bedeteca), a confessar que está bloqueado (desta vez já não com o braço descontraído em cima da cabeça, mas apenas a mão, gesto que denuncia alguma preocupação), e que hesita entre vários finais.

O que não o impede de, numa das vinhetas seguintes, se mostrar, de copo na mão, com ar perfeitamente descontraído, no Bairro Alto (presumo eu, porque sei que ele gosta do bairro, e porque já nos encontrámos por lá, na noite...) , a pressionar um outro autor (pela cabeça rapada, penso que seja o Jorge Mateus), um dos colaboradores da obra colectiva acima citada. 


Obra em que participaram, com bandas desenhadas, umas a cores, outras nem por isso (só com uma ligeira tonalidade) e várias a preto e branco, os seguintes autores (lista pela ordem de entrada em cena no álbum):

André Carrilho, Luísa Lázaro, Marta Anjos, Ana Cortesão, Pedro Cavalheiro, Pedro Burgos, Daniel Lima, João Lázaro, Cátia Serrão, Nuno Saraiva, Fernando Guerreiro, Jorge Mateus.

Uma peça de muita qualidade, quer no aspecto gráfico, quer no nível da maior parte das obras apresentadas.
--------------------------------------------------------
"Post" remissivo - "Posts" anteriores sobre este tema:

(I) Goscinny e Uderzo, em 2005, Out. 25; 
(II) Esgar Acelerado e João Maio Pinto, em Nov.16; 
(III) Robert Crumb, em 2006, Maio 5

sexta-feira, junho 23, 2006

Língua portuguesa em mau estado: na BD,no "Cartoon", nos fanzines e na Internet (XI) - Ter-mos(??)

 
Ter-mos??

Meus caros amigos tradutores e legendadores,
é preciso termos
mais atenção à Língua Portuguesa, a nossa!

Ilustração acima reproduzida: vinheta (com o citado erro gramatical) pertencente à 7ª prancha da obra Korrigans, da autoria de Civiello (desenho), Mosdi (argumento)

Nesta vinheta, reproduzida na página nº 9 do álbum, encontra-se a frase:

"Não podemos fazer nada, eles são demasiado numerosos!
Já foi muita sorte ter-mos podido tirar-te das garras deles...

relativa ao primeiro episódio, intitulado Os Filhos da Noite, editado pela VitaminaBD

Totalidade da prancha da banda desenhada Korrigans, de onde foi extraída a vinheta acima reproduzida.

------------------------------------------------------------------------

"Posts" anteriores sobre este tema de erros ortográficos na Banda Desenhada, no Cartoon, nos Fanzines e na Internet, podem ser vistos na rubrica "Archives", no ano e mês indicados.
2006 (X) Maio 29-A BD não "teve" representada; (IX)Abril 15-"Alcançar-mos";(VIII)Março 10-"se não poderem";(VII)Fev.22-"Univos";(VI)Jan.16-"Uma" fanzine;(V)Jan.07-"Inflacção";

2005 (IV) Dez.11-"Benvindos"; (III)Nov.28-"Gingeira"; (II)Nov.12"pareçe","esqueçendo";(I)Out.27-"vê-mo-nos"

quinta-feira, junho 22, 2006

Fanzines, esses desconhecidos (XXX) - Boletim do Clube Português de Banda Desenhada

Prancha da banda desenhada Lieutenant Daring and Jolly Roger, the bold sea rovers, da autoria de Roy Wilson, a servir de capa à revista inglesa Sparkler

Uma página do fanzine Boletim do Clube Português de Banda Desenhada, nº 115, relativo a Junho de 2006
-----------------------------------------------------
Aos interessados em ver mais pormenores acerca deste fanzine (por exemplo, a mesma prancha mas traduzida em português, a capa do fanzine, preços e endereço para contacto), basta visitar o blogue Fanzines de Banda Desenhada
http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com

segunda-feira, junho 19, 2006

Lisboa na Banda Desenhada (II) - Elevador de Santa Justa - Autor: Zé Paulo

Vinheta com perspectiva cheia de imaginação, dando imagem do elevador de Sta. Justa, concretizada de forma talentosa por Zé Paulo, na banda desenhada Fábula de um Passado Recente, que teve por argumentista Victor Mesquita.

Foi desta bd que Zé Paulo se inspirou a para traçar a ilustração que se pode ver na capa da revista Visão (abaixo reproduzida).


Capa da revista Visão (nº 7, de 15 de Maio de 1975) com ilustração da autoria de Zé Paulo sobre Lisboa, relativa à banda desenhada publicada naquele mesmo número de que no topo deste "post" se reproduz uma vinheta a preto e branco.
-------------------------------------------------------

"Post" remissivo
Deste mesmo tema Lisboa na Banda Desenhada há um "post" anterior

(I) Maio, 21 -Torre de Belém e Convento do Carmo vistos em picado - Autor: Victor Mesquita

domingo, junho 18, 2006

Fanzines, esses desconhecidos (XXIX) - Néscio


O futebol é lindo! O futebol liberta, título desta banda desenhada curta de José Feitor

Primeiras quatro vinhetas (dum total de oito, em duas pranchas) duma estupenda sequência de Banda Desenhada, com imagens a dar a sensação de "movimento ao retardador", expressão tradicional portuguesa, ou "movimento lento", expressão de uso mais recente, (ou "slow motion", expressão técnica original), reproduzida no fanzine Néscio.
------------------------------------------------------------
Elementos mais detalhados acerca deste fanzine podem ser vistos no blogue Fanzines de Banda Desenhada, no endereço
http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com

sábado, junho 17, 2006

Revistas com Banda Desenhada Portuguesa (XI) - Ripa na Rapaqueca - Autores: João Ferreira, Carlos Fernandes

Prancha da banda desenhada humorística Ripa & Rapa, da autoria de João Ferreira

Por mero acaso tinha encontrado, há uns meses, o nº 1 da revista gratuita Ripa na Rapaqueca, totalmente dedicada ao futebol. Mas perdi-a de vista.
Hoje, no Parque Mayer, onde - enquanto comia uma sardinhada na esplanada da Gina - assisti, em ecrã gigante, ao jogo Portugal-Irão, voltei a encontrar a dita revista.
Constato que se passaram entretanto 26 semanas, porque é esse o número impresso na capa. E lá dentro encontrei uma página dedicada à Banda Desenhada, com um cantinho para a Caricatura.

"Tenho de telefonar para os responsáveis da revista, para saber quem são os autores das bedês", pensei eu. Mas, entretanto, pensei que talvez o Blanco que assina a caricatura fosse o Ricardo Blanco, um "velho" amigo (apesar de ele ainda ser jovem, já o conheço há mais de dez anos). E ele confirmou-me que sim, o Blanco é ele mesmo (só podia, Blanco mais blanco não há). Então e o Carlos Fernandes, é aquele teu amigo, o Carlos? (É assim que, simplesmente, toda a gente o trata). O Ricardo confirmou que sim, exactamente esse, que também trabalha em Animação, e de quem eu nunca tinha visto nada em BD.
Depois da conversa, concluí que só não conheço o João Ferreira.

Resumindo: nem de propósito, para hoje, para a rubrica Revistas com Banda Desenhada Portuguesa, uma bd a falar de futebóis, de portugas, de golos e de bandeiras.

Prancha-gag de Acácio, o comentador, da autoria de Carlos Fernandes, acompanhada de uma caricatura, traçada por Blanco (Ricardo Blanco)

Este Comentador Acácio (não confundir com o homónimo comendador queirosiano) pertence ao género que classifico de "cartoon-bd", um cruzamento entre "cartoon" e banda desenhada. Cartune pelo espírito (uma piada tipo "one shot", sobre algo social, político, desportivo, do momento) e BD pela linguagem (um episódio curto em imagens sequenciais).
------------------------------------------------------------
"Post" remissivo
Textos anteriores dedicados a este tema - datas e autores :
(X)Maio 6 - Luís Pinto Coelho; (IX) Abr.23 - João Maio Pinto; (VIII) Abr.23 - Antunes; (VII) Abr.23 - Eduardo Teixeira Coelho; (VI) Abr.10 - Miguel Rocha (desenho), José Carlos Fernandes (argumento); (V) Abr.2 - Algarvio; (IV) Março 13 - Ana Freitas (desenho), Nuno Duarte (argumento); (III) Março 3 - Algarvio; (II) Fev.25 - Richard Câmara; (I) Fev.18 - Hugo Pena (desenho), Jorge Pedro Ferreira (argumento)

quinta-feira, junho 15, 2006

Visão, revista de Banda Desenhada 1975-76 (VI) - Falando hoje com... Corujo Zíngaro

2ª prancha (de um conjunto de quatro) da bd As Aventuras de Cabral Eanes, da autoria de Corujo Zíngaro, publicada na Visão nº 8, de 10 de Novembro de 1975

Continuando a levar avante o projecto de entrevistar alguns dos autores-artistas da revista Visão, (Victor Mesquita, Pedro Massano, Isabel Lobinho, Corujo Zíngaro, Zé Paulo, Carlos Barradas, Duarte, Nuno Amorim e Zepe, os mais importantes "visionários", na minha opinião), ou seja, um núcleo não de sete, mas de nove magníficos, núcleo esse que marcou indelevelmente o panorama da banda desenhada portuguesa na década de setenta do século passado - alguns deles mantiveram-se em actividade na BD em datas muito posteriores -, chega hoje a vez de reproduzir as respostas (e a foto recente) do autor-artista de banda desenhada Corujo Zíngaro.

Esta sequência de pequenas entrevistas (tipo inquérito) iniciaram-se com Victor Mesquita ("post" de Maio, 30), Pedro Massano ("post" de Maio, 31) e Isabel Lobinho ("post" de Junho,13).

Foto recente de Corujo Zíngaro (nome artístico do banda-desenhista), ou de Carlos Zíngaro (nome artístico do músico)
--------------------------------------------------------

CORUJO ZÍNGARO
(Carlos Alberto Corujo Magalhães Alves - Lisboa, 1948)

- Corujo Zíngaro, o que significou para ti a Visão?
C.Z. - A oportunidade de estar finalmente inserido numa equipa profissional, com alguns dos melhores desenhadores/autores existentes na altura.
Assinalo porém que não participei na aventura desde o seu início por alegada oposição de Victor Mesquita, que nem conhecia pessoalmente e que me consideraria um autor menor.
Foi apenas a partir do número dos "7 Magníficos" que passei a integrar o grupo.
Refiro também que a minha colaboração se resumiu a três únicos números, pelo que dificilmente me poderei considerar uma parte do núcleo "duro" da Visão.
Ficou-me porém o prazer de saborosas reuniões, de imaginações transbordantes, e a vontade de fazer algo único no nosso país. Infelizmente, a partir de muito cedo,com morte anunciada...
Era uma produção caríssima, teoricamente subsidiada por lucros flutuantes, com uma distribuição péssima, que não tinha a mínima ideia de como colocar um produto daqueles e o atirava para as bancas juntamente com a Moda e Bordados e a Capricho...

- Em Abril de 1975, estudavas ou trabalhavas?
C.Z. - Estudava e trabalhava... Estava a acabar o curso de cenografia da Escola Superior de Teatro, onde depois ficaria ainda mais um ano enquanto assistente da cadeira de desenho e membro da Comissão Directiva.
Continuava com o meu grupo Plexus em concertos pelo país. Tinha integrado a fundação do grupo de Teatro Os Cómicos um ano antes, do qual era director musical e que sobreviveria até 1980 - ano a partir do qual eu reciclaria o espaço (no Teatro do Bairro Alto) em galeria de arte com o mesmo nome.
É em 1975 também que se inicia a minha actividade no estrangeiro, com participações e colaborações em seminários e festivais internacionais.

- Que fizeste em BD depois de 1976, após o fim da Visão?
C.Z. - Uma militante colaboração num fanzine, o Ovo, dos ex-Visão Nuno Amorim e Pedro Massano.
A recusa de Júlio Isidro em me integrar com a mesma equipa da Visão na revista infantil de BD - Fungagá da Bicharada - alegadamente por eu não saber fazer BD infantil... Coisa que nunca sequer me foi perguntada.
Finalmente, uma prancha para uma publicação complementar ao Arroz Doce - justamente programa de TV do referido apresentador (teoricamente já não infantil).
E mais uma prancha para uma revista do Ministério da Educação. Recentemente, uma colaboração para o livro sobre Carlos Paredes - que dificilmente poderei considerar BD.
Um período relativamente fértil em 1980/90 de ilustração e cartoon para as revistas do TNS, Carlos, revista de Artes Plásticas, Bisnau, Pão com Manteiga, etc., todas de morte mais ou menos anunciada, mas que me permitiram ganhar diversos prémios em Salões de Humor - Porto de Mós e Oeiras - assim como o desaparecimento de vários originais e o não pagamento de alguns outros...
Há mais de dez anos que a minha actividade gráfica é quase inexistente em termos profissionais e públicos.
Mas continuarei teimosamente a desenhar...

-Em vez de BD, o que é que tens feito para ganhar a vida?C.Z. - Música. Concertos - essencialmente no estrangeiro.
Música para teatro, dança e cinema (muito pouco no último caso...)
Dei aulas - Forum Dança, Chapitô, CEM, Escola Superior de Música de Coimbra, etc..
Desde 2003 sou fundador - presidente de uma associação ligada aos experimentalismos artísticos - fundamentalmente musicais - que é a Granular. Que, claro, não me dá qualquer receita, antes pelo contrário, e que é o meu derradeiro investimento colectivista em Portugal - podemos aprender tarde mas aprendemos...

- Há algum projecto de BD que estejas a realizar, ou que gostasses de concretizar um dia?
C.Z. - Projectos há imensos!
Um livro com textos do Rui Eduardo Paes, livremente baseado num espectáculo que fiz em 2003 - Senso - que está pronto mas com imensas dificuldades de edição pois não é nem ilustrativo, nem BD nem novela gráfica!
Projectos de instalação e desenvolvimento intermédia; cada vez mais interessado pelas possibilidades informáticas na manipulação vídeo e na concretização de pequenas animações.
Seriamente a pensar na publicação NET de tiras críticas ou abstractas perante a cada vez maior imbecilidade instalada...
Algo que compreendi há muito em relação à minha abordagem BD foi que preferencialmente me atraía o lado nonsense, exploração gráfica extrema, a experimentação plástica/visual/conceptual. Comecei essas ideias antes de tempo, há trinta anos, algumas viram esporadicamente a luz sem sucessão...
Hoje que finalmente alguns autores exploram justamente essas áreas, eu serei considerado velho e ultrapassado - ou pura e simplesmente ignorado, pois esta é uma tendência bem lusitana = nunca se fazer a história recente, pelo menos enquanto os seus protagonistas ainda estão vivos.
Há um ostensivo ignorar de quem veio antes, e continua-se alegremente a voltar à estaca zero...
E como isto acontece também nas músicas, presumo ser um mal nacional, eventualmente endémico.
---------------------------------------------------------

"Posts" remissivos sobre a revista VISÃO de Banda Desenhada:
1ª Parte -
Textos generalistas acerca da revista: 2005-(I) Dezembro, 10; (II) Dezembro, 11
2ª Parte - Entrevistas a autores-artistas da revista: 2006- (III) Maio, 30-Victor Mesquita; (IV)Maio, 31- Pedro Massano; (V)Junho, 13- Isabel Lobinho

quarta-feira, junho 14, 2006

Fanzines, esses desconhecidos (XXVIII) - Era Uma Vez...

Movimentada sequência, plena de dinamismo, de uma clássica banda desenhada. De resto, apenas um excerto do episódio Danger on the Line, da autoria de Vincent Daniel, que o estudioso A.J.Ferreira reproduziu no seu fanzine Era Uma Vez..., extraindo-o do jornal infantil inglês Puck, onde teve publicação original entre 3 de Outubro e 7 de Novembro de 1936. ------------------------------------------------------------
Mais pormenores do fanzine e da banda desenhada visíveis no blogue Fanzines de Banda Desenhada, que se pode encontrar no endereço
http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com

terça-feira, junho 13, 2006

Visão, revista de Banda Desenhada 1975-76 (V) - Falando hoje com... Isabel Lobinho

Prancha da banda desenhada Por entre os dedos..., da autoria de Isabel Lobinho, publicada na Visão (nº5, editada a 1 de Junho de 1975)

Depois das breves entrevistas-inquérito feitas a Victor Mesquita ("post" de Maio, 30) e Pedro Massano ("post" de Maio, 31), falei agora com Isabel Lobinho, essencialmente publicitária e pintora, mas que, enquanto autora de BD, representa um dos nomes de referência de uma revista emblemática entre as publicações de banda desenhada portuguesa.

Fotografia actual de Isabel Lobinho, feita em Maio no Salão BD da Sobreda
-------------------------------------------------------------

ISABEL LOBINHO
Vila Nova da Barquinha, Junho de 1947

- Isabel, o que significou para ti a Visão?
I.L.- Foi uma aventura muito interessante, porque deu resposta a uma série de coisas que a gente sentia, de emoções.
Eu tinha começado a fazer BD na revista Lorenti's, fiz a primeira banda desenhada em 1973.
Com o 25 de Abril aparece a Visão, em 1975, e dá resposta a vários desenhadores que gostavam de fazer BD, e que não tinham hipóteses de publicação.
A Visão foi um incentivo à criatividade, cada qual podia apresentar o tema que quisesse.

- Em Abril de 1975, estudavas ou trabalhavas?
I.L.- Trabalhava na Agência de Publicidade do Manuel Vinhas, a "Inforang" (que era de Angola).

- Que fizeste em BD depois de 1976, após o fim da Visão?
I.L.- Trabalhei para o jornal A Luta, onde estive dois anos, onde fazia a paginação. A seguir regressei à Publicidade. Mas, em 1986, ainda fiz a bd a cores Agora eu era a heroína, na revista dominical do Correio da Manhã, e colaborei no teu fanzine Eros.

- Em vez de BD, o que é que tens feito para ganhar a vida?
I.L.-Publicidade e Pintura, que é o que faço ainda.

- Há algum projecto de BD que estejas a realizar, ou que gostasses de concretizar, num futuro mais ou menos próximo?
I.L.-Não, não há, por razões de saúde. Faço Pintura, de vez em quando.
-----------------------------------------------------------
"Posts" remissivos:
1º "Post" - Entradas anteriores neste blogue sobre a revista VISÃO: 2005-(I) Dezembro, 10; (II) Dezembro, 11 2º "Post" - Entradas anteriores com entrevista/inquérito a autores-artistas da VISÃO: 2006-Victor Mesquita-Maio 30; Pedro Massano-Maio 31

segunda-feira, junho 12, 2006

Fanzines, esses desconhecidos (XXVII) - Cospe Aqui

Repare-se no piano, que já vem a cair desde a primeira prancha (não reproduzida aqui), justamente onde está o início do título da banda desenhada. Título esse que, só por si, é todo um "teaser". Como não se vê a prancha, digo o que lá está escrito: "A resposta que procuras está dentro de ti..."
Como se pode ver, o resto do título está nesta segunda prancha: "... Mas está errada".

Autor (do desenho e do argumento), ambos de se lhes tirar o chapéu: Miguel Carneiro
O piano continua a despenhar-se, mas o tempo na banda desenhada "demora o tempo" que os autores quiserem. E os leitores/visionadores aqui no blogue nem têm de virar a página
Última prancha da banda desenhada, em que, finalmente, o piano se abate sobre a personagem. Um "gag" visual de partir o côco
-------------------------------------------------------------------------
Aos interessados em ver mais material (de boa qualidade) deste fanzine, e coordenadas dos editores, recomenda-se que cliquem em
http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com

domingo, junho 11, 2006

Linguagem e Convenções Gráficas da Banda Desenhada - Picado e Contrapicado (VII) Autor: Joe Sacco

Vinheta extraída da 5ª prancha de uma banda desenhada On My Day Off (Berlin '91), desenhada por Joe Sacco, onde se pode admirar um muito bom picado

Para os visitantes deste blogue poderem visionar mais duas tomadas de vistas, uma em picado, outra em contrapicado, seleccionei duas vinhetas da banda desenhada On My Day Off (Berlin '91) mostrando imagens representativas desses conceitos visuais, realizadas pelo autor (desenhador/argumentista) Joe Sacco.

Esta banda desenhada foi publicada na revista independente Drawn and Quarterly - nº 8, Abril 92, editada por Drawn & Quarterly Publications, Montreal, Quebec, Canada, sendo seu editor (neste caso, traduzível por responsável editorial) Chris Oliveros.
4ª prancha da banda desenhada On My Day Off (Berlin '91) , onde se observa um contrapicado
--------------------------------------------------------------------------------
"Post" remissivo
Textos anteriores dedicados ao tema Picado e Contrapicado (datas e autores), visíveis no "Arquivo":
2006
(I)Março 17-Autores:Phil Gimenez e Andy Lanning;
(II)Abr.11-Autor: Gibrat;
(III)Abr.11-Autor:Gibrat;
(IV)Maio 7-Autor:Rui Lacas;
(V)Maio 9-Autor:Moebius;
(VI)Maio 13-Autor:Victor Mesquita

sexta-feira, junho 09, 2006

Livros sobre Banda Desenhada - Os meus livros (II) - Dicionário Zinho-Companheiro do J.I.P.I., por A.J.Ferreira

Capa do livro Dicionário Zinho - Companheiro do J.I.P.I., da autoria de A.J.Ferreira

A.J.Ferreira é o nome literário de António Joaquim Ferreira, um dos raros estudiosos e investigadores portugueses (dos mais notáveis) na área da Banda Desenhada.

Após ter publicado a estupenda obra Jornal Infantil Português Ilustrado - J.I.P.I., apresenta agora este seu mais recente trabalho que intitulou Dicionário Zinho - Companheiro do J.I.P.I., a que acrescenta, na página de rosto, o saboroso comentário "Uma cabazada de informações".
Prancha de BD (impressa originalmente a cores), da autoria de V. S. Payo, uma entre numerosas outras observáveis neste dicionário

Dedicado a autores de banda desenhada e ilustradores, até a alguns que apenas tiveram, nessa área, fugaz participação (eu conheço um), A.J.Ferreira investigou todo o tipo de revistas e jornais publicados em Portugal.

Num trabalho meticuloso, que lhe tem ocupado anos, na tarefa de folhear todo o tipo de publicações, quer próprias, quer do acervo da Biblioteca Nacional, A.J.Ferreira indica em pormenor autores e publicações.

Por exemplo: a imagem acima reproduzida (ocupando totalmente a página 143 do livro) tem a seguinte anotação: Payo, V.S. - Camarada (60, 1949 - HQ). Esta anotação entre parêntesis significa: nº 60, da revista Camarada, em edição de 1960, que o estudioso classifica como HQ, isto é, História aos Quadradinhos.

(Permito-me completar, já agora, o nome daquele autor-artista, Vasco San Payo, que foi homenageado pela Tertúlia BD de Lisboa, ainda em actividade na área do "Cartoon").

Este dicionário é, pois, obra indispensável a todos quantos tenham curiosidade em saber quem fez o quê, quando e onde, isto é, nome do autor, data e título da publicação, chegando mesmo a descobrir o nome completo de desenhadores e ilustradores que se limitaram a assinar com uma única vogal. Como, por exemplo, aquela autora, praticamente desconhecida, que assinou escassa obra e com que se inicia o livro:

A., Beatriz (Beatriz Arnut)
Semana Infantil (20-III-1928 - HQ em 20-V
O Tiroliro (179, 1932)

Ou de outro, que assinava com pseudónimo, com que termina o dicionário:

Zuncha, Eduardo Rodrigues
Cantinho dos Miúdos (Notícias, Lº Marques) (135, 1946)

Exemplos suficientes para os visitantes deste blogue, curiosos em tudo o que concerne às Histórias aos Quadradinhos (respeitinho pela expressão preferida pelo meu querido amigo Sr. Ferreira, que me acusa - acusação que recebo com respeito - de ter sido eu a metê-lo nestas andanças).

Título: Dicionário Zinho
Subtítulo - Companheiro do J.I.P.I.
Autor: A.J.Ferreira
1ª edição: Março de 2006
Tiragem: 80 exemplares
Editor: José Manuel Vilela
Morada: Calçada do Duque, 19-a
1200-155 Lisboa
Telefone: 21 343 2828
------------------------------------------------------------------------------
"Post" remissivo - Texto anterior inserido neste tema:
Livros sobre BD - Os meus livros (I) - Roteiro Breve da BD em Portugal, por Carlos Pessoa - "post" de 2005, Set. 29

quinta-feira, junho 08, 2006

BD Portuguesa em jornais e revistas não especializadas (XVII) - Mundo Universitário - Autor: Estrompa

Prancha em que o anti-herói Tornado interpreta um novo episódio - pela primeira vez na sua vida, a cores - reproduzida no semanário Mundo Universitário nº 41, de 5 Junho 2006

Tornado 1989 foi criado pelo português Estrompa à imagem de Torpedo 1936, iniciado por Alex Toth, desenhador, e Sanchez Abulí, argumentista (posteriormente, Jordi Bernet, compatriota espanhol de Abulí, substituiu Toth).

Embora seja evidente a influência gráfica, reconheça-se, por justiça, a este anti-herói de nome Tornado, nascido graficamente em Lisboa - embora o seu criador nunca defina de forma muito clara as suas origens -, que as suas piadas, matizadas por ordinarice que até condiz com o seu aspecto, e as "caldeiradas" em que se mete, o distanciam suficientemente do seu modelo, para se poder falar num herói marcante na Banda Desenhada Portuguesa, que tão parca é desse tipo de personagens.
De relevar que, apesar da sua já longa folha de serviços, as encrencas em que se meteu (ou em que o meteu o Estrompa) tiveram sempre uma atmosfera sombria, a preto e branco, salvo desta vez que - graças ao jornal que neste momento mais apoio dá à publicação de autores portugueses de BD, o Mundo Universitário - a história tem cenários coloridos e o próprio Tornado, mais "produzido", tem um ar menos sacana.
------------------------------------------------------
Estrompa - aliás, José João Amaral Estrompa nasceu em Lisboa, num dia de Fevereiro de 1942.
Frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio.
Tem colaborado em fanzines vários, entre os quais Almada BD Fanzine, Banda, Café no Park, Classe Média, Shock, Tertúlia BDzine, e revistas (Tintin, O Mosquito-5ª série, Selecções BD).
Tornado 1989 é a sua personagem de BD com maior projecção, mas a sua veia "sado-maso" teve momento de ebulição com a série Família Darling.
------------------------------------------------------
"Post" remissivo- Outras bandas desenhadas, de diferentes autores, publicadas no jornal Mundo Universitário, podem ser vistas clicando no mês abaixo indicado, na rubrica Archives.

2006 - Maio, 31 - António Valjean; Maio, 24 - Pedro Nogueira; Maio, 16 - Ricardo Cabral (desenho) e Jorge Cabral (Arg.); Maio, 12- Pepedelrey; Maio, 8 - Zé Manel; Maio, 4 -J.Mascarenhas; Abril, 5 - Cheila; Março, 29 - Pedro Manaças; Março, 20 - Joana Figueiredo; Fev. 14 - Andreia Rechena; Fev. 8 - Derradé; Jan. 19 - Pedro Alves; 2005 - Dez. 12 - Álvaro; Nov. 24 - Luís Valente; Nov. 15 - Paulo Marques e Bruno Silva; Out. 28 - Fritz; Out. 13 - Francisco Sousa Lobo

quarta-feira, junho 07, 2006

Fanzines, esses desconhecidos (XXVI) - "Banda Desenhada e Ficção Científica" - Melhor Fanzine BD 2005 (ex-aequo" com "Jazzbanda")

Imagem extraída da revista O Mosquito (1ª série) da autoria de Jayme Cortez, um clássico da Banda Desenhada Internacional, nascido em Portugal, emigrado para o Brasil (numa altura em que o sentido migratório era de cá para lá e ninguém estranhava...) e naturalizado brasileiro (com pena minha, como lhe disse uma vez que o entrevistei).

A imagem acima comentada é uma das numerosas escolhidas por Jorge Magalhães para ilustrar o estudo intitulado Banda Desenhada e Ficção Científica - As Madrugadas do Futuro, título que também identifica a publicação editada aquando do 15º Salão Internacional de Banda Desenhada - Moura BD 2005.
--------------------------------------------------------
Quem estiver interessado em ver/ler mais detalhadamente o magazine amador sob análise, pode consultar o blogue Fanzines de Banda Desenhada, no endereço:
http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com

sábado, junho 03, 2006

Tertúlia BD de Lisboa - 21º Aniversário

Associação informal (isto é, sem estatutos publicados), nem por isso a Tertúlia BD de Lisboa deixa de atingir os seus objectivos, que passam por aglutinar um número significativo de apreciadores e cultores da arte da Banda Desenhada.

As suas reuniões mensais decorrem, desde Junho de 1985, em restaurantes do Parque Mayer, com a presença de uma média de quarenta "tertulianos", de vários escalões etários, cumprindo o célebre "slogan" que afirma que "a Banda Desenhada é para todos entre os 7 e os 77".

Ao longo destas duas décadas, a TBDL tem desenvolvido diversas actividades: já promoveu exposições de BD e pequenos Salões de BD, além de manter despretenciosos projectos editoriais - os fanzines Tertúlia BDzine e Folha Volante - publicações gratuitas directamente ligadas à Tertúlia.

No próximo dia 6 deste soalheiro Junho - primeira terça feira do mês, como sempre acontece -comemorar-se-ão 21 anos de existência.

Como é da tradição, mantida pelo seu fundador e organizador - o bloguista que escrevinha estas linhas -, o aniversário festejar-se-á em local diferente.

Para quem estiver interessado em participar em futuros encontros da Tertúlia BD de Lisboa - desde que seja bedéfilo, condição sine qua non -, pode contactar:

Geraldes Lino
Apartado 50273
1707-001 Lisboa

Fanzines, esses desconhecidos (XXV) - Cadernos Sobreda BD - Carlos Alberto

Primeira página da banda desenhada Em busca de provas, uma das duas realizadas por Carlos Alberto reproduzidas no fanzine Cadernos Sobreda BD nº 20

Praticamente todos os anos, aquando da realização do evento denominado Salão Internacional de Banda Desenhada da Sobreda, ou, em forma simplificada, Sobreda BD (ambos os títulos completados com o ano de realização), a entidade organizadora, Grupo Bedéfilo Sobredense - GBS, edita um número deste fanzine, Cadernos Sobreda BD.

Geralmente dedicado a um autor português, foi desta vez escolhido Carlos Alberto.
---------------------------------------------------------
Os interessados em saber mais pormenores acerca do conteúdo deste fanzine, além de visionarem a imagem da capa, podem visitar o blogue Fanzines de Banda Desenhada, cujo endereço é o seguinte:
http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com