terça-feira, fevereiro 27, 2007

Autor de BD como personagem da sua banda desenhada (IX) - C.Zngr (Carlos "Zíngaro")



 
C. Zngr (ou Corujo Zíngaro, como assinava há uns anos), desenhando-se a si próprio, como personagem de BD, na série "Carne Viva"

 in revista Jazz.pt, nº 10, de Jan./Fev. 07



Um detalhe da primeira vinheta, com caricatura do próprio autor da banda desenhada "Carne Viva", que aqui assina simplesmente como C. Zngr

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Deste mesmo tema, abrangido pela rubrica "Autor de BD como personagem da sua banda desenhada", podem ser vistos mais exemplos nos "posts" a seguir mencionados (datas e autores):

(VIII)-Set. 11 - Art Spiegelman
(VII) - Ag. 29 - Nuno Markl
(VI) - Ag. 20 - Pedro Morais (desenhador), Luís Almeida Martins (argumentista)
(V) - Jul. 7 - Augusto Trigo
(IV) - Jun. 26 - Nuno Saraiva
(III) - Maio, 5 - Robert Crumb
2006 (daqui para cima)
(II) - Nov. 16 - João Maio Pinto (desenhador), Esgar Acelerado (argumentista)
(I) - Out. 25 - Uderzo (desenhador), Goscinny (argumentista)
2005 (daqui para cima)

BD portuguesa em revistas não especializadas (LIII) - Jazz.pt - Autor: C. Zingr

A preto e branco, a banda desenhada autoconclusiva componente da série "Carne Viva", cuja segunda prancha, assinada por C. Zngr, aparece reproduzida na revista bimestral Jazz.pt #10, de Jan./Fev. 07

Claro que a quem lhe conhece o estilo, tanto faz que assine C. Zngr, como também tanto faz que no topo da página tenha desaparecido o C., porque detectamos de imediato o autor-artista da banda desenhada, Carlos Corujo "Zíngaro", obviamente.
Os editores chamam-lhe "cartoon", dá mais sainete esta palavra estrangeira, digo eu, do que banda desenhada. Mas claro que, tendo as imagens sequencialidade, estamos em presença de BD, e estamos em presença do regresso de Corujo Zíngaro, visto que a sua colaboração nesta área já se tinha iniciado no número anterior da citada revista.Primeira prancha da série criada por C.Zngr sob o título "Carne Viva", publicada na revista Jazz.pt #9, de Nov./Dez.06

Para quem conhecer Carlos "Zíngaro" apenas enquanto músico, e ficar com interesse em o conhecer nas suas outras facetas de ilustrador (banda-desenhista e cartunista), tem neste blogue uma entrevista, num "post" publicado em 15 de Junho de 2006. Essa entrevista englobou-se numa série que realizei, durante o ano de 2006, a nove autores (*) que se notabilizaram na revista Visão (doze números apenas, dedicada à moderna BD portuguesa, publicada entre Abril de 1975 e Maio de 1976.

(*) Victor Mesquita (Maio, 30), Pedro Massano (Maio, 31), Isabel Lobinho (Junho, 13), Corujo Zíngaro (Junho, 15), Zé Paulo (Junho, 30), Carlos Barradas (Julho, 9), J.L.Duarte (Set. 12), Nuno Amorim (Nov. 26) e Zepe (Dez. 31).

Também falei da própria revista em dois 2 "posts", datados de 10 e 11 Dez. 06

domingo, fevereiro 25, 2007

Estética e Convenções Gráficas da BD - Picado e Contrapicado (IX) - Autor: Kája Saudek

Prancha da banda desenhada, com data de 1969, intitulada Muriel a andelé (Muriel e os anjos), da autoria de Kája Saudek.

A prancha acima reproduzida está visível na exposição "Ceský Komiks", e inclui-se no catálogo bilingue (idiomas checo e inglês) que foi distribuido na Bedeteca de Lisboa (e de que restam lá ainda exemplares).
O motivo de ter separado esta imagem do "post" relativo àquela exposição tem a ver com o facto de ser bom exemplo da estética do "picado". Ainda um pormenor curioso: o artista-autor coloca-se, como observador, no mesmo plano das personagens, Muriel e o anjo. Cujo, aparentemente, demonstra um carinho bastante terreno por Muriel...
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"Post" remissivo
Textos anteriores dedicados ao tema Picado e Contrapicado (datas e autores), visíveis no "Arquivo":

(VII) Jun.11 - Autor: Joe Sacco
(VI) Maio 13 - Autor: Victor Mesquita
(V) Maio 9 - Autor: Moebius
(IV) Maio 7 - Autor: Rui Lacas
(III) Abr.11 - Autor: Gibrat
(II) Abr.11 - Autor: Gibrat
(I) Março 17 - Autores: Phil Gimenez e Andy Lanning
2006 (daqui para cima)

sábado, fevereiro 24, 2007

Ceský Komiks, banda desenhada checa na Bedeteca de Lisboa

Capa do catálogo bilingue (em checo e inglês), com exemplos da BD Checa, distribuído na Bedeteca de Lisboa (ainda lá há alguns exemplares)

Inaugurou-se hoje, 24 de Fevereiro, pelas 16h, uma exposição que nos traz uma amostra, bastante representativa, da Banda Desenhada Checa. Estará patente ao público na Bedeteca de Lisboa (Bairro dos Olivais), com entrada gratuita, até 15 de Abril. Horário daquele equipamento cultural da Câmara Municipal de Lisboa: de segunda a sexta, das 10h00 às 19h00.
Uma das pranchas em exposição

O comissário da exposição, Petr Stepán, que veio expressamente de Praga - com o apoio da Embaixada da República Checa - fez uma conferência sobre Banda Desenhada Checa, tendo-a complementado com projecção de imagens em powerpoint.
A imagem que aqui fica, escolhi-a, não por interesse especial meu, mas apenas por querer mostrar alguma das que estão expostas. Isso foi possível graças ao catálogo que Petr Stepán me ofereceu, apenas escrito em checo (diferente do outro, mais pequeno, bilingue checo e inglês, que foi distribuído aos visitantes da inauguração da expo).
Mas há outra prancha, também patente na exposição - além de reproduzida no tal pequeno catálogo bilingue, que vou mostrar no "post" seguinte, por se incluir na rubrica "Estética e Convenções Gráficas da BD - Picado e Contrapicado", que tenho desenvolvido aqui no blogue.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Concurso de BD para todas as idades - Moura 2007

Cartaz-anúncio, em adaptação gráfica de Carlos Rico, para o 14º Concurso de Banda Desenhada e "Cartoon", organizado em complementaridade com o 16º Salão BD de Moura
Os desenhadores/autores de BD que ultrapassam a idade considerada juventude, são geralmente discriminados nos concursos de banda desenhada: pura e simplesmente, é-lhes vedada a participação.
Mas, para todas as regras - mesmo as inexplicavelmente injustas, logo, estúpidas - há excepções. E são os organizadores do Salão de BD de Moura que, honrosamente, criam essa excepção: para o Concurso de Banda Desenhada de Moura (já na sua 14ª edição), todos os que fazem BD (ou Cartune) podem concorrer, sem limites de idade.
Parabéns à inteligência e realismo dos alentejanos de Moura!
Vejamos, em resumo, algumas das alíneas do Regulamento deste mourense 14º Concurso de Banda Desenhada e "Cartoon" (*)
(*) Para quando a coragem ortográfica de aportuguesar a palavra "Cartoon" para "Cartune"? Alguém escreve ainda "Foot-Ball", termo original de Futebol?
Exigência especial do concurso : Há tema obrigatório, que é "O Gato"
1º ponto importante: os concorrentes têm de enviar pranchas originais, com obras (bedês ou cartunes) inéditas, identificadas no verso com nome, morada, e-mail e contacto telefónico.
2º aspecto a ter em conta: Bedês ou Cartunes tanto podem ser feitos a cores, como a preto e branco, no formato máximo de 50x50cm (um quadrado? que disparate!), mas os organizadores aconselham , logicamente, para facilitar posterior publicação, os formatos A3 (29,7x42cm de altura) ou A4 (21x29,7cm de altura).
Mínimo e máximo de pranchas ou tiras: entre duas e seis.
3ª chamada de atenção: Tudo o que for executado através de computador terá de ser enviado em CD ou DVD, no programa onde o trabalho foi concebido (photoshop, por exemplo), e em formato TIFF ou JPEG (numa resolução mínima de 300 dpi), acompanhados por impressão digital (a organização prefere escrever "print") de boa qualidade, em papel fotográfico.
4ª exigência, quase desnecessária: Os textos têm de ser apresentados em português. E (chamada de atenção pertinente) fica estipulado que os erros ortográficos (naturalmente, aqueles que se percebe serem devidos a ignorância, e não a mera distracção) serão considerados com peso negativo na apreciação global do júri.
5ª exigência, a cumprir com rigor - Prazo limite de entrega: 20 de Abril (quando as pranchas forem enviadas por correio, faz fé a data do carimbo).
Idades dos concorrentes - No que concerne a este assunto, haverá dois escalões:
A - Para quem tenha 13 e 25 anos (inclusive) à data limite de entrega;
B - Dos 26 anos em diante, sem limite (uma abertura democrática, sim senhor!).
6º aspecto, exactamente um que muito interessa aos concorrentes (ninguém gosta de trabalhar para aquecer), os prémios:
- Melhor Banda Desenhada: €750.00 (+ Colecção de BD + Diploma)
-Melhor Tira: €350.00 (mais o resto já indicado)
-Melhor Cartune: €350.00 (mais idem,idem)
- Melhor obra de autor do Concelho de Moura: €200.00 (mais tal e coisa)
- Prémio Juventude (para distinguir o vencedor entre os que, à data de entrega, tenham entre 13 e 17anos, inclusive):€200 (e mais a colecção de BD, e mais o Diploma; um diploma, para um jovem, é bom incentivo, sim senhor).
Nota animadora: Poderá haver Menções Honrosas (€150.00 + o resto), caso o júri assim o entenda.
Exposição: Ainda a cargo do júri (já lá estive, deu trabalho...) ficará a selecção das obras para serem expostas num dos espaços dedicados à 16ª edição do Salão de Banda Desenhada, de Moura, que terá lugar entre 26 de Maio e 3 de Junho.
Para onde enviar? Todas as obras participantes (BD em pranchas ou tiras, e Cartunes) têm de ser acompanhadas por curto currículo, fotocópia do BI, nº de contribuinte, e enviadas para:
Câmara Municipal de Moura
Gabinete de Informação, Imagem e relações Públicas
14º Concurso de BD e "Cartoon" - Moura 2007
Praça Sacadura cabral
7860-207 Moura
Quaisquer dúvidas podem ser esclarecidas pelos telef. 285 250 493 ou 285 250 400 (ext.5606), ou para o e-mail: mourabd@iol.pt
Para terminar: Há, entre os que gostam de fazer BD, quem já tenha concorrido ao concurso anual do Festival da Amadora, e não entenda os critérios daqueles júris (de que também fiz parte nos primeiros cinco, seis anos). Para esses, aqui fica uma ideia: para júris diferentes, critérios diferentes. Por que não tentar a experiência de mudar da Amadora para Moura?

sábado, fevereiro 17, 2007

Fernando Pessoa em exposição de BD na Faculdade de Belas Artes de Lisboa

 
Uma das pranchas da BD Anunciação, dedicada a Fernando Pessoa. Esta, a segunda, é da autoria de Ricardo Reis (desenho), Cristiano Baptista (cor), e André Oliveira (argumento). 

Continuação (3ª prancha) da obra em BD Anunciação, com fulcro no poeta Fernando Pessoa, desta vez com desenho e cor de Miguel Gabriel, sob argumento genérico de André Oliveira.
Imaginarte é o Núcleo de Ilustração, BD e Argumento da FBAUL-Faculdade de Belas Artes de Lisboa que, com início no ano lectivo do ano passado, tem estado a dinamizar, cultural e artisticamente, aquele estabelecimento de ensino superior.

A actual exposição organizada pelo Imaginarte, instalada no 2º andar do edifício, tem por título a que é considerada a última frase escrita pelo poeta antes da sua morte: Dá-me vinho que a vida é bela, e, como subtítulo, Um Olhar sobre Fernando Pessoa.
A banda desenhada em exposição é composta por cinco pranchas, cada uma delas criada graficamente por um autor diferente: Nuno Frias, Ricardo Reis, Miguel Gabriel, João Leal e de novo Nuno Frias, todos a trabalhar sob texto ficcional de um só argumentista, de seu nome André Oliveira. Era praticamente inexistente, na BD portuguesa, casos destes, de um único argumentista trabalhar com vários autores para uma determinada obra. Mas, de repente, as coisas mudaram: em 2006 surgiu a obra Virgin's Trip, em que colaboraram vários desenhadores (Pepedelrey, JCoelho, Rui Gamito e Rui Lacas) sob argumento de Pepedelrey e guião de Nuno Duarte. Já este ano esquema semelhante voltou a acontecer na banda desenhada colectiva Dias Eléctricos, em que houve um só argumentista, Luís Rainha, para alguns desenhadores.
Claro que este esquema também faz lembrar algo parecido - salvaguardando as devidas distâncias... -, realizado na BD francesa, mas de bem maior dimensão (como se costuma dizer: "à grande e à francesa"): a obra Decálogo, que, como é sabido, são dez tomos desenhados por artistas vários com um único argumentista, o categorizado Giroud).

Após estas considerações, voltemos à mostra da Imaginarte, que inclui igualmente pranchas de Ilustração de vários artistas. Um deles, Paulo Tomaz, desenhou sobre madeira queimada; os restantes, que usam como suporte o tradicional papel, chamam-se Ana Mota Ferreira, Sofia Helena Mota, Ricardo Correia, Sónia Carmo, Luís Duarte, Ana Maria Baptista, Roberto Miquelino, Marina Gonçalves e João Monteiro.

 
Um ângulo da exposição de Banda Desenhada e Ilustração (foto de André Oliveira), no bonito espaço exposicional que a Imaginarte tem estado a dinamizar, desde 2006.
A exposição estará disponível para os visitantes, quer alunos, quer para o público em geral (não há quaisquer problemas na entrada naquela Faculdade, o máximo que poderá acontecer é o visitante não aluno ter de informar o serviço de segurança da finalidade da visita), de 16 de Fevereiro a 2 de Março (entre as 10h e as 18h, de 2ª a 6ª feira)
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Nota: O texto deste "post" foi completado após dois pertinentes comentários do visitante "Enanenes", que podem ser lidos na rubrica "comments". Os meus agradecimentos ao dito cujo visitante (ele também bloguista), pelos seguintes motivos: ser visita assídua do meu blogue, leitor atento e activo, visto que se deu ao trabalho, por duas vezes, de me chamar a atenção para lacunas informativas.

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Príncipe Valente - 13 Fev. 1937/13 Fev. 2007 - Setenta anos de uma BD clássica

Vinheta-prancha da obra Príncipe Valente, de grande beleza, tanto pela perfeição do desenho das figuras, como pela sua dinâmica. Obra-prima da Banda Desenhada, da autoria de Harold Rudolf Foster, iniciada em 13 de Fevereiro de 1937, e ainda em publicação, embora já por diferente autor-artista.
"Não encontrei uma única conquista pela força que fosse duradoura. O que é que se mantém ainda das conquistas de Alexandre ou de César? Com as conquistas só se conseguem tristes inimizades. Só utilizarei a minha espada em defesa da liberdade e da justiça!".
Estas as belas palavras do Príncipe Valente, herói de gloriosas e fascinantes aventuras. Salpicadas também por episódios pitorescos, elas contribuiram para introduzir na Banda Desenhada o clima lendário dos grandes feitos da cavalaria medieval, e dos elevados princípios dos seus cavaleiros andantes.

Aguar, rei de uma antiga cidade nórdica de existência incerta, chamada Thule, vê-se obrigado a lutar contra os seus implacáveis inimigos, à frente dos quais está o usurpador Slígon. Mais fortes na circunstância, estes empurram-no para o mar. Como única saída, o rei, a rainha e um principezinho chamado Valente, embarcaram num veleiro, com um pequeno séquito de amigos fiéis, procurando refúgio seguro ao longo das falésias da Bretanha.

Assim começava o episódio inicial da saga do Príncipe Valente, em 13 de Fevereiro de 1937. Para as primeiras impressões, esta cena não era muito favorável, mas em breve elas seriam melhoradas, ao ver-se o pequeno grupo, depois dessa viagem marítima bastante acidentada, combater e vencer os semi-selvagens bretões que os haviam atacado.

Após uma tantas peripécias relativamente breves, o pequeno príncipe de Thule cresce no espaço de apenas alguns episódios. Quando se despede do pai, deixando para trás o país pantanoso, Val é já um desenvolvido adolescente.

Esta transformação, que ocupou um curto período da série, verificou-se entre 13/2/1937 e 24/4/1937, no tempo real. Observando-se a última vinheta da décima-primeira prancha, vê-se que Val já adquiriu o aspecto que o iria tornar famoso ao longo dos anos. Sente-se uma certa pressa na transformação, como se o seu criador tivesse acedido, quase a contra-gosto, em debruçar-se sobre essas fases da infância e adolescência do herói.

Apesar de impaciente, Harold Foster, o criador - autor único de ambas as componentes, argumento e desenho -, não deixa de enriquecer as primeiras páginas com imaginosos episódios. O encontro do protagonista principal com Horrit, a feiticeira, mãe do monstruosos Thorg, é um deles:
"Não há para o homem maior infelicidade do que conhecer o seu futuro", diz-lhe ela. Mas a curiosidade de Val desobedece à lúcida advertência, e ouve o que Horrit lhe diz: "Aguarda-te já um grande desgosto. Irás ter muitas aventuras, travarás muitas lutas, e jamais encontrarás a felicidade".
Tais profecias não estão totalmente longe da realidade: quanto às grandes lutas, serão elas o leit motiv da saga do Príncipe Valente. Por outro lado, a sua vida tem tido realmente muitas coisas más, de que a mais marcante terá sido a precoce morte da mãe, que sucumbiu ao clima hostil do país onde se haviam refugiado. O seu exílio, que durou doze anos, e também a morte de Ilene (Helena em versão portuguesa), o seu primeiro amor, foram outros tantos espinhos envenenados de tristeza e revolta.
Mas a vida do príncipe teve, entretanto, momentos de felicidade, de que um dos mais importantes terá sido a participação numa pequena cerimónia que jamais esqueceu: o Rei Artur, tocando-lhe no ombro com a sua famosa espada, armou-o Cavaleiro da Távola Redonda, como reconhecimento da sua bravura e lealdade.

No que se refere às coisas do coração, que são sempre, se não agradáveis, pelo menos emocionantes, Sir Valente também já teve a sua conta. Não é que tenha qualquer semelhança com Sir Gawain, o insaciável conquistador. Mas entre desgostos, desenganos e amores exaltados, de tudo conheceu o coração do príncipe.

É sabido que Ilene, bela jovem de cabelos cor de mel, foi o saboroso primeiro amor de Valente. Todavia, ainda não tinha sido focado o facto de ela ter sido, simultaneamente, o grande amor de Arn. Mas Ilene morreu, como também já se sabe, e os dois príncipes, que apesar de rivais se haviam tornado amigos, construiram um monumento de pedra em sua memória.

Convém ainda referir a sua fugaz atracção amorosa pelas irmãs Sombelene e Melody. Mas Melody apaixonar-se-ia por Hector, e Sombelene por Angor Wrack, ex-captor de valente. Por acaso será com este casal que Valente celebrará os seus dezoito anos.

Na realidade, porém, no seu coração havia persistido sempre uma visão, quase irreal, de uma loura jovem que lhe dera água quando, morto de sede e exausto, fora ter a uma misteriosa ilha. A única prova de que não se tratara de uma visão fora o papel que ficara no barco, assinado por Aleta. O encontro seguinte seria bem real, completamente estragado por um mal-entendido. E, finalmente, após raptá-la da sua corte, levado por negras intenções, Valente acabaria por ceder à inteligência, meiguice e infinita paciência de Aleta que, durante a longa viagem imposta pelo príncipe, lhe suportou as injustas afrontas. Casaram por fim, como era de esperar, e desta feliz e inquebrável união nasceram quatro filhos, entre os quais duas gémeas.

Ao fim de todos estes anos, o Príncipe Valente vai tranquilamente envelhecendo. Os seus filhos crescem; e Arn, o mais velho, é já o seu sucessor nas deambulações pelo mundo. As aventuras de Arn são o contraponto aos vários flashbacks provocados pelas recordações de Valente. Aventuras nunca vistas antes na juventude do príncipe, que vão assim permitindo mantê-lo no centro do interesse da série, tornando a sua vida num longo mas nunca fastidioso percurso.
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Este "post" insere-se num conjunto focando diferentes quadrantes relacionados com a obra Príncipe Valente ("Prince Valiant In the Days of King Arthur"), considerando a efeméride de 70 anos, número redondo, após o seu início, em Fevereiro de 1937
Ver, por exemplo, referência ao fanzine Nemo que dedicava aos 50 anos do Príncipe Valente no seu nº 4, datado de Fevereiro de 1987. isto no blogue Fanzines de Banda Desenhada, endereço:

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

BD portuguesa nos jornais (LII) - Mundo Universitário - Autor: Pedro Zamith

Prancha assinada por Pedro Zamith com o título A Ronda da Noite

in Mundo Universitário, nº 57 - 12 Fev. 07

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PEDRO ZAMITH

Síntese biográfica

Pedro Zamith nasceu em Lisboa, a 31 de Dezembro de 1971, e licenciou-se em pintura na Faculdade de Belas Artes de Lisboa.
Conheci-o à conta do seu fanzine Nova Gina. Um título que, lido rapidamente, soa cacofónico, cuja cacofonia brejeira correspondia ao estilo e conteúdo. O fanzine ficou para trás, ultrapassado pelas alterações de vida, profissionais e familiares: o Zamith passou a dar aulas, casou, já tem descendente, e, entretanto, dedica-se à pintura.
Mas o "vírus" da BD nunca o abandonou: em Setembro de 2000 foi-lhe publicada uma bd em álbum, no nº 7 da colecção "Lx Comics" editado pela Bedeteca de Lisboa, sob o extenso e desconcertante título "A Misteriosa Ligação de Três Habitantes de Brooklin: o Taxista, o Talhante e o Farmacêutico". Quase sete anos depois, correspondendo ao meu convite, Zamith aceitou colaborar, com a banda desenhada autoconclusiva A Ronda da Noite, na montra do Mundo Universitário.
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"Post" remissivo
Há mais imagens de bedês publicadas no jornal MU. Ver "posts" nas datas indicadas:

Fev. 7 - Nazaré Álvares (MU nº 56, 5 Fev.)
Fev. 7 - Marco Mendes (MU nº 55, 29 Jan.)
Jan. 23 - Ângela Gouveia (MU nº 54, 22 Jan.)
Jan. 16 - Filipe Goulão (MU nº 53, 15 Jan.)
2007 - daqui para cima

Dez.6-A.Rechena; Nov.28-José Lopes; Nov.21-Pedro Alves; Nov.14-Nuno Saraiva; Nov.8-Pedro Morais; Out.31-Ricardo Ferrand; Out.24-Algarvio; Out.17-Ricardo Cabral; Out.11-Álvaro; Out.5-Pedro Massano; Set.27-Derradé; Set.24-Nuno Saraiva
Ainda em 2006, mas após as "férias grandes" (entre 8Jun. e 24Set, lapso de tempo em que o MU não foi editado), a lista de colaboradores vê-se daqui para cima
Jun.8-Estrompa; Maio 31-António Valjean; Maio 24-Pedro Nogueira; Maio 20-Zé Manel; Maio 16-Ricardo Cabral e Jorge Cabral; Maio 12-Pepedelrey; Maio 4-J.Mascarenhas; Abril 5-Cheila; Março-29 -Pedro Morais; Março-20-Joana Figueiredo; Março-15-Pedro Nogueira; Fev.14-A.Rechena; Fev.8-Derradé; Jan.19-Pedro Alves
2006 (lista daqui para cima)

Dez.12-Álvaro; Nov.24-Luís Valente; Nov.15-Paulo Marques e Bruno Silva Out.28-Fritz; Out.13-Francisco Sousa Lobo
2005 (Neste ano houve mais autores publicados no MU, mas cujas pranchas não foram reproduzidas aqui no blogue).

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Álbuns de BD imprevisíveis e difíceis de obter - (III) - Evereste - Autor: Ricardo Cabral

Imagem duma das pranchas (a 17ª) da obra Evereste, com desenho e argumento de Ricardo Cabral, dedicada ao alpinista João Garcia

Evereste, álbum de banda desenhada dedicado à ascensão de João Garcia, em 1999, ao chamado "tecto do mundo", vai ser hoje apresentado em Lisboa, pelas 21h, no Centro Comercial Vasco da Gama (na sala de cinema nº 5).

Esta apresentação integra-se no evento Um Mundo de Aventuras, dedicado a proezas similares.

Capa do álbum Evereste, que, tal como, as imagens do conteúdo, são da autoria de Miguel Cabral

Editado sob chancela da Junta de Freguesia de Santa Maria dos Olivais, com apoio do Pelouro do Desporto da Câmara Municipal de Lisboa, o álbum Evereste tem uma tiragem limitada a dois mil exemplares, mil e quinhentos dos quais serão oferecidos à população escolar daquela freguesia. Restarão quinhentos para outras ofertas. Uma delas será efectuada hoje na apresentação, que terá lugar numa sala de cinema do Centro Comercial Vasco da Gama, onde se estreará um documentário que foca outra proeza de João Garcia: a ascensão realizada o ano passado ao Kangchenjunga, terceira montanha mais alta do Mundo (8586 metros de altitude).

Uma curiosidade: tanto o alpinista João Garcia, como o artista-autor de BD Ricardo Cabral, são ambos moradores da populosa freguesia dos Olivais (aliás, Santa Maria dos Olivais).


Lisboa na Banda Desenhada (IV) - Bairro dos Olivais com espaços verdes à vista - Autor: Ricardo Cabral

L
Panorâmica dum recanto do populoso bairro lisboeta dos Olivais, visto por um dos seus habitantes chamado Ricardo Cabral.

Excerto da obra Evereste - que narra a escalada de João Garcia -, mas que, nesta imagem inicial, mostra um pormenor do bairro dos Olivais (Freguesia de Santa Maria dos Olivais), ambiente onde ele cresceu.
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"Post" remissivo
Deste mesmo tema podem ser vistas entradas nas datas seguintes:

Julho, 18 (III) - Autor: António Jorge Gonçalves
Junho, 19 (II) - Autor: Zé Paulo
Maio, 21 (I) - Autor: Victor Mesquita
2006 - Daqui para cima

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

BD portuguesa em jornais (LI) - Mundo Universitário - Autor(a): Nazaré Alvares

"Despedida", episódio concebido ficcionalmente e realizado por Nazaré Alvares

in semanário Mundo Universitário - nº56, 5 Fev 07

Conheci esta artista, natural de Montalegre (Set. 65), mas estudante e residente no Porto, há cerca de vinte anos, em Lisboa.
Aconteceu o encontro no momento da entrega do prémio, relativo a um dos vários concursos de BD organizados pelo, na época, bem activo CPBD - Clube Português de Banda Desenhada, de que eu tinha feito parte do júri.
Foi primeira classificada, no escalão principal, a então jovem desconhecida Nazaré Alvares, estudante de Pintura nas Belas Artes da cidade onde rsidia.
Voltou à capital, anos mais tarde, para ser a Convidada Especial da Tertúlia BD de Lisboa.
Sempre tendo na memória o seu talento, e sabendo que, além de professora, é também pintora, resolvi desafiá-la para voltar - nem que seja esporadicamente - à BD, tendo ela aceite o desafio.
O resultado aí está, feito com sensibilidade e elegância.

BD portuguesa em jornais (L) - Mundo Universitário - Autor: Marco Mendes


"Diário Rasgado" é o título desta banda desenhada, da autoria de Marco Mendes

in semanário Mundo Universitário, nº 55, 29 Jan. 07

Marco Mendes é um jovem portuense que conheci numa das Feiras Laicas que têm sido organizadas pelo José Feitor. Activo editor de fanzines, bem como orientador de "workshops" nessa especialidade - já dirigiu várias, direccionadas para crianças na Fundação de Serralves, cujos resultados (fanzines, claro) referenciei no meu blogue http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com.
O seu talneto, versátil, tanto lhe permite desenhar em registo realista, como optar por um desenho sujo e alternativo, a sua opção para a bd que aceitei para a rubrica BD do Mundo Universitário, um jornal de características totalmente inéditas no campo dos gratuitos.