segunda-feira, agosto 30, 2010

Fernando Pessoa na BD... e não só (XV) - Autores: Filipe Frade e Lúcio Ferro




 
Fernando Pessoa serviu de inspiração à banda desenhada Flagrante Delitro (sic), com desenhos de Filipe Frade ("Ninja") e argumento de Lúcio Ferro.

Pelo trocadilho do título (baseado na legenda "Em pleno delitro"(*), que o poeta escreveu numa foto em que se vê ele próprio a beber um copo numa tasca, e que enviou a Ofélia, sua namorada), percebe-se de imediato que o humor é o tempero principal do episódio, sendo esse evidente registo humorístico reforçado pelo traço caricatural das personagens, uma das quais pertence à intrigante e supostamente fictícia "Polícia da Criatividade". 
Quanto ao principal intérprete, o próprio Fernando Pessoa, é apanhado em flagrante delito (ou "delitro", faça-se a vontade ao poeta e ao título da bd), visto que acaba de escrever o poema (**):

O Poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

"O poeta é um fingidor", escreveu Pessoa. Uma forte razão, ao que parece, para enfurecer o representante da "Ordem" e o levar a apreender toda a produção do poeta, acusando-o de violar o artigo 17 do "Código Positivo da Criatividade", ao usar estimulantes químicos proibidos para aumentar a inspiração poética.


Um argumento prenhe de subentendidos e ironias, demonstrando imaginação e cultura da parte do argumentista, bem coadjuvado pelo grafismo caricatural do banda-desenhista, também responsável por uma "mise-en-page" dinâmica e funcional.
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(*) "Em pleno delitro", dedicatória que Fernando Pessoa escreveu na fotografia que enviou à sua namorada (platónica, digo eu, GL) Ofélia.
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(**) Autopsicografia
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O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
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1 de Abril de 1931
Fernando Pessoa
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Poema publicado na revista Presença, nº 36 - Novembro 1932
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BD publicada em A Peste (nº3, 2003), que se apresenta, em subtítulo, como "A revista de menor circulação em Portugal e arredores", fanzine editado por Eduardo d'Orey.
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Índice de autores participantes neste tema:
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(XIV) Jun. 13 - Rui Pimentel
2010 - Daqui para cima

(XIII) Jun. 20 - Luís Manuel Gaspar
(XII) Maio 8 - Rui Pimentel
(XI) Abril 22 - Mariana Capela
2009 - Daqui para cima

(X) Nov. 27 - Alvoeiro e C. Martins
(IX) Nov. 22 - Jorge Colombo
(VIII) Ag.8 - Miguel Moreira e Catarina Verdier
(VII) Jul. 27 - Derradé
(VI) " 20 - Nuno Frias, Ricardo Reis, João Vasco Leal (desenhos), Cristiano Baptista (cor), André Oliveira (argumento)
(V) Julho 12 - Ana Filomena Pacheco
(IV) Julho 6 - Laerte
(III) Junho 22 - João Chambel
(II) " 15 - Rafa Infantes
(I) Junho 13 - José Abrantes
2008 - Daqui para cima
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Os interessados em ver as postagens anteriores deste tema poderão fazê-lo, para o que basta clicar no item "Fernando Pessoa na Banda Desenhada" mostrado no rodapé

sábado, agosto 14, 2010

Curtas de BD (Autores portugueses - IV) Raul Gardunha






Os fogos alastram na floresta e chegam à banda desenhada. Isto porque denunciar e atacar problemas sociais faz parte da BD de cariz interventivo, eminentemente adulta, contrariando preconceitos e ideias erróneas de quem, por ignorância contumaz, continua a olhar para esta arte como simples entretenimento infanto-juvenil, ou apenas destinada a adultos com a síndrome de Peter Pan.
Na banda desenhada A Ferro e Fogo (*), da autoria (desenho e argumento) de Raul Gardunha, está implícita uma acusação directa aos interesses económicos que se dissimulam por detrás de alguns dos incêndios de origem criminosa, uma calamidade que vai destruindo parte substancial das nossas florestas (cito: "de 23 de Julho a 10 de Agosto foram contados sete mil fogos, em mato e floresta (...) O pior dia do ano [deste 2010] foi no passado domingo, dia 8, com 501 ocorrências").
A Ferro e Fogo é, pela forma como ataca o problema, uma obra adulta, de crítica directa e assertiva, plasmada em estilo realista, através de desenho figurativo ligeiramente caricatural, num traço rápido e expressivo.


Nota de rodapé (pergunta minha que, com certeza, irá provocar controvérsia nas traseiras do blogue - leia-se "caixa de comentários"):

Quando é que os incendiários serão castigados com penas pesadas de prisão efectiva, sujeitos a tratamento psiquiátrico, sempre que se prove serem pirómanos?
E já agora, no caso de reincidentes, será exigir demasiado que lhes seja aplicada pena máxima?
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"A posteriori"
Até hoje, 21 de Agosto, com grande espanto meu, não houve qualquer comentário a esta banda desenhada que actua como denúncia de um flagelo dos tempos actuais.
E no entanto,
"o norte e o centro do país continuam a arder e a Madeira perdeu a sua floresta milenar",
diz Catalina Pestana, na sua rubrica "Quem não tem cão caça com gato".
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(in semanário Sol, 20 Agosto 2010),
no artigo intitulado "Lidar com o fogo".
Diz também ela, nesse artigo:
"(...) Os bombeiros e os populares, algures perto do Soajo, assistiram impotentes à visão de quatro energúmenos que ateavam fogo exactamente por detrás do que eles apagavam. O país assistiu em directo ao desespero de homens e mulheres ao verem passar um motociclista que, um quilómetro atrás, lançara um rolo incandescente para o mato. Ninguém o apanhou."
"Se o tivessem apanhado, seria presente a um meritíssimo juiz que lhe aplicaria o termo de identidade e residência, para poder atear mais fogos antes do fim da época."
"(...) Muitos dos ateadores de fogos, mandantes, ou débeis mentais comprados por 20 euros (para darem forma a vinganças mesquinhas ou a interesses imobiliários) devem rapidamente ser objecto de uma forma lesta e criativa de dissuasão (...)"
Faço minhas as palavras da articulista.
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Continuo com comentários incluídos "a posteriori", extraídos de jornais
in jornal Público, de 22 de Agosto:
"Em Portugal só se discute a floresta quando ela arde"
(título de artigo assinado por Manuel Carvalho, de que em seguida reproduzo um excerto)
.
"Um final de Julho e duas semanas do início de Agosto especialmente quentes e secas foram o suficiente para que o fogo voltasse a devorar importantes áreas da floresta portuguesa e para que o debate sobre o velho drama do Verão se incendiasse.
Como habitualmente, as responsabilidades pela destruição de mais de 70 mil hectares de povoamentos florestais e de matos até 15 de Agosto foram atribuídas aos suspeitos do costume: aos madeireiros, aos proprietários absentistas, aos criminosos de delito comum (..)"
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Mais um excerto de artigo de imprensa:
in quinzenário JL. Jornal de Letras, Artes e Ideias
nº 1041 - de 25 Agosto 2010
Rubrica "Ecologia"
Título do artigo: Três teses sobre Portugal a arder
Autor: Viriato Soromenho Marques
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"(...) Num país onde o Estado existisse, há muito que se teria accionado o dispositivo da coacção e da repressão.
Quem não consegue perceber as responsabilidades da cidadania tem de ser tratado com a força repressiva da lei.
Quem não compreende a nobreza dos conceitos tem de perceber o significado do medo da justiça e da sanção.(...)"
(...) Quantos incendiários foram levados a tribunal? Quantos foram condenados? Qual a duração efectiva das penas?
Como muitos dos incendiários são gente tão perigosa quanto frágil, analfabetos reais ou funcionais, com graves problemas de alcoolismo, muitas vezes com visível deficiência mental, deveremos perguntar quais as medidas de acompanhamento que foram tomadas para tentar a sua eventual (e difícil) reintegração social, ou, pelo menos, a sua neutralização como perigo público durante a época estival? (...)"
"(...) Portugal arde e vai continuar a arder enquanto só tivermos metade da coragem necessária para enfrentar o problema."
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Continuo a citar excertos de notícias, já muito depois de ter escrito o texto no blogue.
Desta vez trata-se de artigo escrito por Amadeu Araújo, de Viseu, publicado no jornal Diário de Notícias hoje, 31 de Agosto:
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"(...) Os dados recentemente disponibilizados pelo EFFIS (Sistema Europeu de Fogos Florestais) confirmam o que para muitos já era claro: o ano de 2010 é dos piores na última década em termos de incêndios florestais. Segundo o EFFIS, em Agosto arderam 94016ha, ultrapassando todos os anos desta década, com excepção de 2003 e 2005. (...)
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"(...) Os incêndios florestais deste ano têm tido também grande incidência nas áreas protegidas, proporcionalmente mais atingidas do que zonas que não têm especial interesse em termos ecológicos.
Só nos parques naturais da Peneda-Gerês e da serra da Estrela arderam neste mês de Agosto mais de 13.000 hectares, valor que já supera os registados em 2009.
Os dados do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) revelam que em Agosto quase 12% da área do Parque Natural da Peneda-Gerês, num total de 8162 hectares, ardeu.
Na Estrela são cinco mil hectares que correspondem a 5.52 por cento da área total. (...)"
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(*) Esta bd foi publicada originalmente no fanzine Gambuzine (nº1 - 2ª série - 2008), editado por Teresa Câmara Pestana.
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A legendagem nas páginas do fanzine está suficientemente legível, e aqui também se poderá ler razoavelmente bem se os visitantes clicarem em cima das imagens, como é do conhecimento geral.
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Caros amigos visitantes: caso estejam interessados em ver as postagens anteriores deste tema, bastar-lhes-á um simples clique na etiqueta indicada em rodapé "Curtas de BD (Autores portugueses)"

Notícias do estrangeiro - Brasil - Jornada de estudos sobre BD na Universidade de Brasília






Romances gráficos será uma forma sofisticada, mas pertinente, de se falar de banda desenhada (estou a lembrar-me do estudo apresentado por Rui Zink para o seu doutoramento, intitulado "Literatura Gráfica", uma outra forma de dizer, mas muito semelhante).
Esta introdução vem a propósito de pedido de divulgação de um evento ligado à BD, que me chegou do Brasil, mais concretamente da Universidade de Brasília, de maneira bastante informal (na caixa de comentários do "post" acerca da Exposição de Banda Desenhada da FecoPortugal em Moura).
Desse pedido consta a seguinte notícia:

Jornada de estudos sobre Romances Gráficos


que ocorrerá na UnB (Universidade de Brasília)

Programação:

dia 2 de Setembro de 2010

9h às 12h

O passado no futuro: opressão de género e resistência em Persépolis, de Marjane Satrapi e Aya de Yopoung, de Marguerite Abouet e Clément Oubrerie.
Vania M. F. Vasconcelos
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Para além do diagnóstico: traçados de subversão em Epiléptico, de David B.
Ludimila Moreira Menezes
...........................................................
O discurso autobiográfico nos romances gráficos Retalhos, de Craig Thompson, e Epiléptico, de David B.
Maria Clara Dunck Santos
............................................................
A poética do detalhe: retratos da resistência em Maus e Persépolis.
Larissa Silva Nascimento
...........................................................
Valsa com Bashir: experiência, memória e guerra
Pablo Gonçalo Pires de Campos Martins
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14h às 15h45


O silêncio dos imigrantes: de Rawet a Shaun Tan
Gabriel Antunes
................................................

A construção de um país em Crónicas Birmanesas
(Crónicas birmanesas - Guy Delisle)
Humberto Brauler Rodrigues Pereira

.....................................................

Identidade e migração: uma leitura de O chinês americano, de Gene Yang
Stella Montalvão

......................................................

16h às 18h

O que realmente importa? Memória e subjetivação da arte em Le combat ordinaire
Laetícia Jensen Eble
...........................................................

A identidade em quadrinhos: a construção de si em Persépolis, de Marjane Satrapi,
e Fun Home, de Alison Bechdel
Lígia Diniz
.............................................................

Memórias fraturadas: passado, identidade e imaginação, em Borges e Mutarelli
Pedro Galas Araújo
.............................................................

Brasília, 2 de Setembro de 2010

Local: Auditório Agostinho da Silva
Departamento de Teoria Literária e Literaturas
Universidade de Brasília

Inscrições até 31/8/2010 pelo e-mail:


Vagas: 30 (neste momento, 15 de Agosto 2010

Mais informações:


Notas finais
1) A UnB, Universidade de Brasília é uma instituição pública federal. Foi fundada em 21 de Abril de 1962.

Durante o regime militar foi invadida por tropas repressivas em 1968, por ter sido considerada foco de sublevação.

É deste estabelecimento brasileiro de ensino superior que me chegou o apelo (afixado na caixa de comentários, no "post" dedicado à exposição de BD de Moura) para a divulgação de um evento a realizar na UnB.

Apesar do interesse bem evidente do programa, não acredito que, de Portugal, vá alguma pessoa propositadamente a Brasília para nele participar.

Mas decidi, mesmo assim, corresponder ao pedido que me é feito por um(a) anónimo(a) visitante que assina L. (pormenor menos simpático, este, de me ser feito um pedido por alguém que não se identifica. Hábito feio, vulgar na Internet).

Ultrapassando esse detalhe, espero que o(a) L. (?) tome conhecimento desta divulgação.

Gostaria de receber informações "a posteriori" sobre a forma como decorreu o evento, alguma fotografia, e o catálogo, caso seja editado.

2) Alterei a acentuação na variante do português do Brasil em algumas palavras. Por exemplo: "Crônicas" mudei para "Crónicas"


1ª imagem no topo do "post": uma versão do cartaz do evento
2ª imagem no topo do "post": outra versão do cartaz do evento
3ª imagem no topo do "post": Biblioteca Central da UnB

sexta-feira, agosto 13, 2010

Exposições BD avulsas (I) - Em Moura


"Uma Aventura no Alentejo" tem a ver com bandas desenhadas em exposição. Na planície, sim, mas onde? Em Moura, no Conservatório Regional do Baixo Alentejo (Rua da República, 31), onde, neste quente Agosto, estará patente a partir das 18h00 do dia 14, sábado.

O evento, após a abertura da exposição terá continuidade em local diferente: às 21h00, vários autores estarão no pátio da livraria "Ao Sabor da Leitura", a oferecer caricaturas e a mostrar como se faz desenho ao vivo.

Merece elogios pela iniciativa a entidade organizadora, a FecoPortugal - Associação de Cartoonistas, que abarca também banda-desenhistas. Aliás, grande parte deles são ambas as coisas, além de ilustradores e designers, porque só trabalhando nas quatro áreas gráficas é que os artistas do traço e das cores conseguem sobreviver...

Os interessados pela BD que andem pelas praias do sudoeste alentejano ou do sul algarvio, ficam a saber que têm até ao dia 29, último domingo de Agosto, para apreciarem a exposição, onde participam os seguintes autores/artistas:

Álvaro, Andreia Rechena, André Oliveira, Belisário, Carlos Rico, César Évora, Derradé, Eduardo Welsh, Hermínio Felizardo, João Vasco Leal, Luís Afonso, Mário Teixeira, Nuno Duarte, Pedro Alves, Pedro Ribeiro Ferreira, Petra Marcos, RoD!, Varella, Zé Oliveira.

terça-feira, agosto 10, 2010

21º Concurso de Banda Desenhada do Festival BD da Amadora (Regulamento)


Nos regulamentos dos concursos de banda desenhada, todos os pormenores são importantes, mas há uns mais importantes do que outros...
Vejamos então alguns dos itens que merecem especial destaque:

- Tema do concurso: A REPÚBLICA

- Passa a haver um escalão A+ para concorrentes com idade igual ou superior a 31 anos (*)

- 15 de Setembro de 2010, às 17hoo, eis os limites, data e hora, para a recepção das obras concorrentes pela entidade organizadora, a dupla CMA-CNBDI

- Prémios:
ESCALÃO A+ (o tal para Maiores de 31 anos) - Prémio Único:
€ 1.000.00

ESCALÃO A (dos 17 aos 30 anos)
1º Prémio - €1.000.00
2º ....."..... - € 750.00
3º .... "..... - € 600.00

ESCALÃO B (dos 12 aos 16 anos)
1º Prémio - € 750.00
2º ....."..... - € 600.00
3º ....."..... - € 500.00

- Cada banda desenhada tem de ser constituída por 4 pranchas originais e inéditas, a preto e branco ou a cores, em formato A4 ou A3 (atenção: as pranchas têm de ser numeradas, e identificadas com o pseudónimo e o escalão a que pertencem, no verso)

- Os autores têm de fazer duas fotocópias de cada prancha, ficando uma em seu poder e enviando a outra juntamente com o original.

- Os textos, nos casos em que as bandas desenhadas os tenham, devem ser apresentados em português (com excepção para eventuais onomatopeias) quer pelos concorrentes portugueses, quer pelos estrangeiros(*) (as bedês mudas não estão abrangidas, está claro).

- As obras concorrentes devem ser enviadas para (ou entregues directamente, nos dias úteis, entre as 10h00 e as 17h00) o seguinte endereço:

21º Concurso de BD - Tema: "A República"
Amadora BD - Festival Internacional de Banda Desenhada
CMA/CNBDI - Av.do Brasil, 52-A
2700-134 AMADORA
No mesmo envelope em que enviarem as 4 pranchas, acompanhadas de um conjunto de quatro fotocópias, os concorrentes têm de enviar:
- A ficha de inscrição devidamente preenchida;
- Fotocópia do Bilhete de Identidade;
- Fotocópia do Cartão de Número de Identificação Fiscal (NIF, vulgo Cartão de Contribuinte)

Estas oito alíneas (que escrevi por ordem aleatória), são as fundamentais para os concorrentes.

(*) O regulamento é omisso no que se refere à participação de concorrentes de outros países, mas aqui nesta alínea depreende-se que os estrangeiros podem concorrer.
Eu sei de talentosos autores estrangeiros, que vivem em Portugal, e têm algumas bandas desenhadas cá editadas. Estou a lembrar-me de dois: um deles, alemão, chama-se Axel Blotevogel, que vive na Lousã e tem colaborado no fanzine Gambuzine (Alô Axel!), o outro é o franco-brasileiro Alan Voss, que também vive cá e fez umas bandas desenhadas publicitárias (Alô Voss!). Ambos podem participar no escalão A+

Aposto que esta abertura vai proporcionar surpresas!

Ficha de Inscrição


Esta ficha de inscrição pode ser ampliada, copiada e usada para ser enviada em conjunto com as pranchas de BD a concurso
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Há mais uns tantos pormenores a ter em conta, mas que são conhecidos dos que já alguma vez participaram num qualquer concurso de BD.

Um exemplo, algo importante, tem a ver com aqueles concorrentes que formam equipa (um argumentista com um desenhador). Nesse caso, na questão da idade que conta para o escalão em que são inseridos é a do elemento mais velho,

(*) MENSAGEM PARA OS MENOS JOVENS

Pela primeira vez - honra lhes seja feita pela inovação! - os organizadores do concurso de BD integrado no Festival da Amadora resolveram alargar o âmbito etário, e, como já ficou descrito nos pontos que transcrevi do regulamento, criaram uma nova categoria que abrange todos os interessados a partir da idade de 31 anos: a do Escalão A+

Esta abertura aos maiores de 31 anos no Escalão A+ tem uma limitação, para a qual o meu amigo Álvaro me chama a atenção:

Só pode concorrer quem não tiver BD já publicada em álbum, bem como quem nunca tenha sido premiado em concurso do Festival da Amadora.

Anteriormente ("post" de Out. 15, 2009), em relação a um concurso organizado pelo jornal açoriano Avenida Marginal, avisei os veteranos - o argumentista Bongop, por exemplo - de que havia finalmente uma oportunidade criada por aquele jornal.

Aqui está agora nova oportunidade para uns tantos. Estou a lembrar-me dos seguintes nomes, ao acaso, que, todos eles, penso já terem mais de 31 anos (alguns bastantes mais, mas o regulamento não põe limites à idade, apenas a quem já tenha álbum publicado)

JCoelho, Pedro Alves, Mota, Gastão Travado, Pedro Nora, João Lam, Pedro Morais, Paulo Monteiro, Alex Esgaio, André Ruivo, Alex Gaspar, Antero Valério, Luís Alvoeiro, Penim Loureiro, Paulo Goulão, Filipe Goulão, Vasco Colombo, Derradé, Ana Cortesão, Falcato, Phermad, Luís Belerique, Miguel Montenegro, Potier, Irene Trigo, Agonia Sampaio, João Sequeira, Daniel Maia, José Lopes, Carlos Sêco, Ricardo Blanco, José Feitor, Pedro Pinto, José Manuel Saraiva, Marco Mendes, Nazaré Álvares, Daniel Lima, Paulo Pinto, Esgar Acelerado, João Maio Pinto, Machado-Dias, Ana Maria Baptista, André Oliveira, Pedro Castro, Zé Francisco, Luís Guerreiro, Maria João Careto, Pilar, Pedro Zamith, Carlos Zíngaro, Zepe, Pedro Manaças, Marc Figueiredo, Mariana Perry, Sónia Carmo... São tantos! Peço desculpa àqueles cujos nomes não estejam aqui (excepto aqueles que já têm obra editada em álbum) estou pronto a preencher qualquer lacuna que os interessados detectem...
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Quem estiver interessado em ver postagens anteriores, inclusive um artigo meu intitulado "Concursos de banda desenhada - Subsídios para um estudo", faça o favor de clicar no item "Concursos de Banda Desenhada" alojado no rodapé deste "post".

domingo, agosto 08, 2010

Fanzines, esses desconhecidos (XLI) - Gambuzine

Capa do fanzine Gambuzine em cartolina preta.
O grafismo resulta de manipulação por Axel Blotevogel sobre uma tela colorida de Teresa C. Pestana

"Ilha da Cura" - Autoria: Wittek (desenho), Sven Tauke (argumento)

"23 horas, compincha!" - Autoria: Wittek (desenho e argumento)

"A Life with Levin" - Autoria: Wittek (desenho e argumento)
Nota de admiração do bloguista: Três bandas desenhadas de Wittek, três estilos diferentes. Eclectismo será um dos adjectivos para classificar esta diversidade, mas também se poderá dizer deste autor alemão que possui um talento plurifacetado.

"Society of Dogs" - Autoria: Steffan Neville e Clayton Noone (desenho e argumento de ambos)

"Eu era uma vez" - Autoria: Fruzzi (desenho), Catarina Henriques (argumento)

"Confissão de um intlectual (sic) de esquerda" - Autoria: Plu! (desenho), António Vitorino (argumento)

"Uma história verdadeira" - Autoria: Axel Blotevogel (desenho e argumento)

"Vírus" - Autoria: Sónia Oliveira (desenho e argumento)

"A Utopia de P. e M.J." - Autoria: Pedro Rocha Nogueira (desenho e argumento)

"Schwarze Westen" (Coletes Pretos) - Autoria: Birgit Weyhe (desenho e argumento)

"Existência Zero!?" - Autoria: Schmico (desenho e argumento)

"The Hairdresser's" - Autoria: Anna Bas Backer (desenho e argumento)

"All those saunas with u" - Autoria: Johanna Lonka (desenho e argumento)

"Richie o desenrascado" - Autoria: Andreas Alt (desenho e argumento)

Sem título [Aula de Educação Sexual] -Autoria: Álvaro (desenho e argumento)

" Filhos de uma má estrela" - Autoria: Teresa C. Pestana (desenho e argumento)

" História de um pai e filho nascidos no mesmo ano de 1965" - Autoria: Teresa C. Pestana (desenho e argumento)


Sem título [Chapéus] - Autoria: Teresa C. Pestana (desenho), Vasco C. Pestana (argumento)


Gambuzine é um dos fanzines de banda desenhada mais importantes nos tempos recentes do fanzinato português, impondo-se pela constância na qualidade gráfica, bem como pelo elevado nível da maioria dos colaboradores, nacionais e estrangeiros.
Com o Gambuzine fica exemplificado, de forma concreta, que um fanzine não tem de ser, necessariamente, uma publicação modesta no que concerne ao nível de apresentação gráfica, ou à qualidade do material em que é executado.

Esta é uma ideia muito arreigada na generalidade das pessoas não pertencentes ao fanzinato, mas errónea. Porque, quem vai anualmente a Angoulême sabe, desde há muitos anos, que no espaço dedicado aos fanzines e restantes edições independentes do mais importante festival europeu de banda desenhada, se encontram magazines - feitos por amadores ou associações amadoras - impressos em offset e com o ISSN legal, o que não lhes altera o orgulhoso estatuto de fanzines, tão depreciado por alguns jovens editores amadores portugueses, que preferem chamar revistas (como se revista tivesse estatuto superior a fanzine, é apenas diferente!) às suas edições de publicação irregular e escassas tiragens, características bem marcantes dos fanzines. Em Angoulême, apenas nos casos em que a edição está a cargo de pequenas editoras independentes, é invocada a expressão "revista alternativa".

Voltando ao Gambuzine: a editora e autora (editautora, neologismo de que julgo ter sido o criador) Teresa Câmara Pestana que realiza, como sempre, as diversas tarefas (editora do zine, autora de BD, tradutora e legendadora), acumula neste número ainda uma outra valência: a de entrevistadora.
Wittek, aliás Thomas Wittke, ecléctico autor alemão, é o entrevistado, que, nas respostas às bem achadas perguntas, discorre acerca das vanguardas bedéfilas e a escassa valorização relativamente à BD humorística, define banda desenhada elitista, e refere o fanzine Strapazin como paradigma daquilo a que chama "bd arte", que chegou também a ser conhecida por "bd strapazin" na cena bedéfila alemã. Diz ele também que a dimensão da BD alemã, comparativamente com as americana, francesa, holandesa e italiana, é relativamente pequena.
Para além da surpresa, para mim, por ver citado, entre os mais importantes na Europa, o panorama da BD na Holanda, considero que há pontos de contacto na dimensão e projecção da BD entre Portugal e a Alemanha. E até nos primórdios há semelhanças: no mesmo século XIX, houve em Portugal um precursor - Rafael Bordalo Pinheiro - e outro na Alemanha - Wilhelm Busch. Não sei se Wittek terá também constatado este pormenor.
Seja como for, tem mesmo muito interesse esta iniciativa, que vai ter continuidade, de a Teresa entrevistar os colaboradores do Gambuzine, o que mais diversifica o conteúdo do notável fanzine.

Outro factor que valoriza o Gambuzine é haver, como de costume, um espaço (duas páginas) destinado à apresentação dos colaboradores, sendo que vários deles se auto-apresentam em mini-autobiografias, como acontece com a própria editautora.

Um aspecto negativo: os textos, desde a entrevista às legendas dos balões, estão pejados de gralhas e até erros ortográficos, pormenor tanto mais de estranhar quanto é indiscutível o abrangente nível cultural da editautora.

Outro aspecto negativo é a ausência de ficha técnica, o que desagrada em especial aos estudiosos e coleccionadores, e que dificultará, no futuro, a realização de uma completa análise a quem se debruçar sobre o fenómeno fanzinístico em Portugal.
Todavia, para tentar suprir a lacuna, elaboro eu a


Ficha técnica

Gambuzine
Editora: Teresa Câmara Pestana
Periodicidade: Anual
Nº 2 (2ª série)
Data: Dezembro 2009


(
Nota do bloguista: apesar da data acima indicada constar no topo da página 2 do fanzine, este foi realmente finalizado em Julho 2010)
Tiragem: Não indicada
Formato A4
Capa e contracapa em cartolina preta
Miolo: 100 páginas em papel branco "couché"
Preço: 7€
Editora: Teresa Câmara Pestana
Endereço físico:
Apartado 67
3200-909 Lousã


Endereço electrónico:
gambuzine@hotmail.com

Endereço do site:
http://www.gambuzine.com/

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Aos interessados em ver mais postagens acerca de fanzines, recomendo:
1) Clicar na rubrica "Fanzines esses desconhecidos", no item "Etiquetas" indicado no rodapé
2) Encontrarão nos postes anteriores o endereço do meu outro blogue Fanzines de Banda Desenhada (http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com/), que, apesar de há muito tempo não mexer nele (tem escassas visitas, estou a usar mais este blogue, como fiz agora) há lá muita coisa que interessa a quem gosta de fanzines

quarta-feira, agosto 04, 2010

Comic Jam - 24ª prancha do "Cadáver Esquisito - No Dia Em Que..."


Cá está mais um comic jam, ou seja, um cadavre exquis, aliás, um cadáver esquisito de banda desenhada, iniciativa que decorre mês a mês com a participação de seis dos autores/ilustradores de BD entre os muitos sempre presentes na Tertúlia BD de Lisboa.
Desta vez convidei os seguintes:

1ª vinheta - João Sequeira (Convidado Especial)
2ª....."....... - Álvaro (a desenhar num registo mais realista do que o habitual...)
3ª....."....... - Nuno Duarte (o desenhador, homónimo do argumentista)
4ª ...."....... - Hugo Teixeira (nem só de mangá vive o homem-hugo :-)
5ª ...."....... - J. Mascarenhas (aquele não é o "Menino Triste"?)
6ª ...."....... - Nelson Martins - depois de ter um álbum a cores editado em França, o Nelson apareceu na tertúlia e colaborou com simplicidade e graça, na última vinheta.
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Os visitantes interessados em ver as anteriores postagens dedicadas a este "cadavre exquis", poderão fazê-lo clicando sobre a etiqueta "comic jam" visível no rodapé

domingo, agosto 01, 2010

João Sequeira - JAS, síntese biográfica do Convidado Especial da Tertúlia BD de Lisboa, no seu 313º Encontro (XXV Ano)


João Sequeira, ou JAS, como também assina, vai ser o Convidado Especial da Tertúlia BD de Lisboa (313º Encontro, Ano XXV), que se realiza mensalmente, como sempre, na primeira 3ª feira, ainda e sempre no Parque Mayer! No presente caso, é a sessão deste mês de Agosto.

Para apresentar o autor aos participantes, pedi-lhe, como habitualmente faço, uma autobiografia ilustrada, que João Sequeira fez com estupenda apresentação gráfica, como se pode ver a encimar o poste. Trata-se de duas composições que serão editadas numa só folha e distribuída a quem participar na tertúlia.

Aliás, por falar em material impresso (mesmo que apenas em cópia digital) destinado a distribuição gratuita durante as três horas que dura a tertúlia - das 20 às 23h -, há a referir o fanzine Tertúlia BDzine (nº 153), cujo conteúdo é a banda desenhada "Havia Um Homem Zangado Com Tudo", com desenhos de João Sequeira, que para a realizar fez a adaptação literária de um excerto do romance "O Cavalo a Tinta-da-China", de Baptista Bastos.

Costuma rondar o total de 40 participantes, mas, tirando um núcleo de cerca de vinte "tertulianos" praticamente sempre assíduos, os/as restantes variam de mês para mês.

O fulcro da tertúlia, ou seja, a auto-apresentação do autor convidado, mais as perguntas que sempre surgem por parte de alguns dos participantes, constitui o momento mais importante da noite. De facto, a TBDL foi criada com essa finalidade primeira: a de dar a conhecer pessoalmente os autores de BD (portugueses, mas também já lá estiveram estrangeiros), através da autobiografia, e finalizando com o momento de diálogo.
Um invulgar acto mensal de tertúlia bedéfila, digo eu.
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Síntese biográfica de

JOÃO SEQUEIRA (JAS)
  
Síntese biobibliográfica

João Augusto Simão Ramalho Lopes Sequeira, que, para assinar as suas bandas desenhadas simplifica o comprido nome para João Sequeira, ou até mesmo só para JAS, nasceu em Portalegre, a 17 Setembro de 1971.
Exerce a profissão de arquitecto, e também gosta de fazer banda desenhada. A sua primeira foi em 1994, ocupou seis pranchas formato A3, os desenhos eram a tinta-da-china, e teve por título Big Joe and the phantom 309, igual ao da letra da canção escrita por Tommy Faile para a voz de Tom Waits.
Participa em seguida nos II Encontros de Ficção Científica e Fantástico, em Oeiras, com a bd The Black Rider. Em 1999 edita o fanzine Apalpalhão, em parceria com Miguel Mocho e João Portalete. No ano 2000 faz a bd Western a Cores, sob argumento de Miguel Mocho, para o concurso do 10º Salão BD de Moura.

Em 2005, de novo a trabalhar com o argumentista Miguel Mocho, realiza a bd Metamorfina (32 pranchas com uma imagem a p/b em cada) editada em álbum pela Bedeteca de Lisboa na colecção Lx Comics. Em 2008, no nº1 (2ª série) do importante fanzine Gambuzine, de Teresa Câmara Pestana, é-lhe publicada a bd O homem que passeava um papagaio atrelado a um rádio portátil. No mesmo ano é impressa a sua bd Tudo o que é sólido dissolve-se no ar na revista Alçapão editada pela Ordem dos Arquitectos - Delegação de Portalegre.
Com data de hoje, 3 de Agosto de 2010, no fanzine Tertúlia BDzine (nº 153) é publicada a bd em quatro pranchas, Havia um homem zangado com tudo.
João Sequeira vive em Alpalhão e trabalha em Nisa.

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.Informação "a posteriori"

Total de presenças neste 313º Encontro (37) e respectivos nomes:

1. Adelina Menaia; 2. Álvaro; 3. Ana Saúde; 4. André Lemos; 5. António Isidro; 6. Bruno Silva; 7. Clara Botelho; 8. Dulce Ribeiro; 9. Fernando Andrade; 10. Gastão Travado; 11. Geraldes Lino; 12. Helder Jotta; 13. Hugo Teixeira; 14. Joana Andrade; 15. João Antunes; 16. João Figueiredo; 17. João Pires; 18. João Sequeira; 19. José Abrantes; 20. Luís Graça; 21. Machado-Dias; 22. Mascarenhas; 23. Miguel Mocho; 24. Milhano; 25. Nelson Martins; 26. Nuno Duarte "Outro Nuno"; 27. Pedro Bouça; 28. Pedro Data; 29. Rogério Ribeiro; 30. Rui Cambraia; 31. Rui Domingues; 32. Sandra Rosa; 33. Tiago Silva; 34. Untxura; 35. Vasco Câmara Pestana;
36. Victor Jesus; 37. Vidazinha
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Comentário final deste bloguista e organizador da Tertúlia BD de Lisboa:
O meu amigo Jorge Machado-Dias é habitual participante, correcto cronista e eficiente repórter fotográfico da citada tertúlia. Além da reportagem fotográfica que sempre faz, diz ele no seu excelente blogue Kuentro 2 (*) que "os encontros deste Verão não têm sido muito concorridos".
É uma afirmação parcialmente correcta. Com efeito, em Julho de 2009 houve 43 participantes, enquanto que em Julho 2010 houve apenas 29.
Mas, em contrapartida, em Agosto de 2009 houve escassas 26 presenças (o Miguel Carneiro, Convidado Especial que veio do Porto, parece ter ficado algo desiludido), enquanto que no passado dia 3 estiveram presentes 37 "tertulianos", como se pode verificar na lista acima (foi a primeira vez que publicitei os nomes dos participantes, mas faço para o meu arquivo, mensalmente, uma lista de presenças).
Desculpa lá a correcção, caro Machado-Dias. Isto sem desprimor para o belo trabalho de cronista-fotógrafo que realizas quase todos os meses, divulgando a Tertúlia BD de Lisboa de uma forma que eu, o organizador, não o faço, reconheço.
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