A revista Cais já nos habituou à publicação de BD, normalmente em episódios de duas pranchas, a cores. A banda desenhada que surge no nº 174, referente a Junho (a mais recente edição, que eu tenha visto), tem como autores um argumentista de créditos firmados, André Oliveira, a fazer equipa com uma ainda desconhecida desenhadora, Paula Almeida, co-autores da bd Sempre o mesmo.
O experiente argumentista tem feito parcerias com vários (e várias) desenhistas, mas não o tinha visto a colaborar com alguém que se percebe - em especial pela legendagem, demasiado descuidada, quase infantil - ser ainda bastante inexperiente. Isso não invalida que se aprecie o jeito para a composição das vinhetas e para a planificação, além de facilidade no desenho da figura humana com influência do estilo mangá.
André Oliveira está agora a tomar conta do espaço que esta revista costuma disponibilizar para a BD, e percebe-se que quererá dar oportunidade aos mais novos, o que é positivo. Mas convirá que ele lhes explique que a legendagem para a BD é também uma componente visual importante, e que tem de ser feita com letra desenhada, de forma a complementar harmoniosamente as imagens.
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5 comentários:
Viva amigo. Obrigado pela divulgação e pelo post. Concordo contigo acerca do potencial e da ainda inexperiência da Paula, que se nota sobretudo na estrutura da segunda prancha, mas tivessem muitos o talento e a vontade de aprender dela e o nosso contexto seria muito melhor. Relativamente à legendagem não podia concordar menos contigo porque acredito ser propositadamente rough e naif. Pessoalmente gosto dela assim, acho que é coerente com o registo e da minha parte não ouvirá ela para abandonar o estilo e optar pelas opções standard, de tipos de letra muitas vezes mal escolhidos mas que raramente alguém aponta. Claro que pode ser melhorado, como tudo, mas a não subscrevo nenhuma das tuas críticas nesse aspecto. Isto apesar as respeite, como é óbvio. Além disso, agradeço-te a gentileza mas não me parece que tenha já "créditos firmados" ou assim taaaanta experiência... ;) Talvez para o ano já se veja mais qualquer coisa (já te falei sobre isso). Bom, mas obrigado uma vez mais e um grande abraço.
Viva, caro amigo André Oliveira. Devo dizer-te que também gosto de legendagem manual. Porque, feita pelo próprio desenhador, ajuda a criar um harmonioso equilíbrio estético.
E por isso mesmo, ao escrever as legendas, quer as didascálicas quer as que ficam inseridas dentro dos balões, o autor/desenhador está a completar a obra artística, não está a "despachar" um texto.
E - embora acredite que não foi a intenção da jovem (aposto que é ainda muito jovem) autora - é essa a sensação com que fiquei.
Ao autor não basta ter talento, é necessário que também tenha um certo sentido crítico para olhar distanciadamente para a obra terminada.
E - desculpa que te diga, mas como experiente coordenador de tão precioso espaço de BD na revista Cais -, também tens a responsabilidade de chamar a atenção para alguns pormenores das obras que te apresentam, em especial quando os autores são jovens e inexperientes, como me parece ser o caso da Paula Almeida.
Isto sem desprimor para as potencialidades que se lhe adivinham. E gostaria que ficasse claro: reconheço a capacidade que tens para dirigires esta tarefa, nas duas facetas: a de argumentista e coordenador do espaço BD.
Grande abraço.
Viva Geraldes. Dentro das minhas capacidades, conhecimentos e sensibilidade chamarei à atenção sempre que achar adequado ou pertinente. Pedirei até, como já tenho feito, opinião a outros autores mais experientes para que possamos todos crescer em conjunto. Só não partilho da tua opinião acerca desta legendagem, porque se o fizesse claro que isso tinha sido trabalhado. Apenas isso. Uma vez mais obrigado pelos posts (hoje mais um!) e espero que continues a acompanhar e a gostar (mais de uns do que de outros, como em tudo na vida). Grande bacalhau pra ti. ;)
Viva, André. Há uns quatro ou cinco anos fui contactado por uma senhora que me enviou umas bandas desenhadas, tipo mangá, feitas pela filha, que tinha uns onze, doze anos, de cujo nome não me recordo. A senhora dizia que a jovem enchia cadernos de histórias daquelas.
As bedês que vi demonstravam ter sido feitas com grande rapidez e visível facilidade. E, lembro-me perfeitamente, a legendagem era muito do género da que se vê na bd da dupla Paula Almeida/André Oliveira.
Mas já vi numa qualquer publicação (de que não me lembro o título) uma outra bd da Paula Almeida. Está bem evidente a facilidade com que desenha - não duvido de que a Paula merece ser apoiada -, mas a legendagem era exactamente igual à da vossa bd "Sempre o Mesmo". O que significa que a jovem desenhadora adoptou, para a legendagem de todos os géneros de bd, este tipo de letragem.
Repito-te que gosto de legendagem manuscrita. E esta da Paula Almeida até ficará engraçada em bandas desenhadas de carácter infantil, e será apropriada para publicações da área próxima do género "underground". O que, em nenhuma das hipóteses é o caso desta bd ou da revista onde foi publicada.
Dizes que quando achares necessário, pedirás a opinião a autores mais experientes. Ora a opinião que expressei engloba a minha experiência de dezenas de anos de apreciação de BD, e dezenas de participações em júris de concursos da especialidade. Acho que não preciso ser desenhador de BD para ter capacidade de apreciação. Tu não és actor de cinema, mas tens capacidade para julgar o nível de talento de um actor...
Fica-te bem defenderes os autores teus convidados, mas também tens de admitir opiniões não coincidentes com a tua (por acaso apenas num pormenor secundário,mas não despiciendo, no meu ponto de vista).
Abraço.
Viva Geraldes. Já disse que respeito o teu ponto de vista, pá. Não nos conhecemos de ontem, sabes bem que não sou teimoso nem dogmático... Agora o que queres que faça? Uma coisa é admitir e outra é concordar. Compreendo a tua opinião e registo-a, agora respeita tu também a minha que, neste caso é oposta à tua. Há muita coisa em que concordamos mas não pode ser em tudo senão ficas mal habituado. ahahah Abraço
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