quarta-feira, maio 30, 2012

Lisboa na Banda Desenhada (XX)














Declaração de interesses: sou lisboeta, assumidamente bairrista. Logo, admito ser suspeito ao dizer que Lisboa é a cidade com uma das luminosidades naturais mais bonitas do mundo (e conheço bastantes cidades, em vários continentes). E como amante da BD, tenho trabalhado bastante a faceta em que se inserem as bandas desenhadas que mostram vistas da capital portuguesa. Um desses trabalhos foi a exposição intitulada Lisboa na Banda Desenhada, que comissariei, na década de 1990, no Museu da Cidade (para quem não saiba, é um palácio situado no Campo Grande), sob a égide da então muito activa Bedeteca de Lisboa.

Por conseguinte, é de calcular o meu entusiasmo quando, há pouco abri o meu e-mail e me deparei com a informação, que me enviou o meu amigo Ricardo Cabral (um colaborador assíduo dos meus fanzines*), informando da participação que recentemente teve, numa realização a nível europeu, onde desenvolveu um episódio em bd dedicado a Lisboa, de que mostro apenas cinco vinhetas, deixando aos meus amigos visitantes a possibilidade de visitarem o site, no endereço que mostro no fim do "post", e onde terão ocasião de admirar o notável trabalho de Ricardo Cabral, muitíssimo bem escolhido para cicerone gráfico e banda-desenhístico da Sempre Leal cidade das sete colinas.

Até agora foram editados sete episódios. Eis os seus títulos, respectivos autores e nacionalidades:

1º episódio - Título: Le Depart - Autor: J.Jouvray (França) - 17.04.12
2º episódio - Título: Barcelona - Autor: Efa (Espanha) - 25.04.12
3º episódio - Título: Flashback - Autor: Yuio (Bélgica) - 02.05.12
4º episódio - Título: Alone - Autor: Bo Ashi (Suécia) - 09.05.12
5º episódio - Título: Ian - Autor: Warwick Johnson Cadwell (Inglaterra) - 18.05.12
6º episódio - Título: Lena - Autores: Krzysztof Gawronkiewicz (desenho) e Dennis Wodja (argumento) (Polónia) - 23.05.12
7º episódio - Lisboa - Autor: Ricardo Cabral (Portugal) - 30.05.12

O projecto Webtrip, classificado pelos organizadores como sendo o primeiro folhetim de BD de realização europeia, teve início a 18 de Abril de 2012, contando com a colaboração de 12 autores a representar 10 países, os quais têm estado a contar a história de Jules (artista boémio) e Romane (estudante de matemática), dois jovens em viagem através do velho continente europeu. 

Como se compreende pelo visionamento dos sete episódios já concretizados, cada autor coloca as personagens na sua cidade, e aí desenvolve uma parte da intriga, em 10 pranchas, mostrando ao mesmo tempo o seu quotidiano citadino.

Estes episódios têm estado a ser publicados na Webtrip ao ritmo de um episódio por semana, estando previsto o seu término aquando da 7ª edição do Festival Lyon BD, em 23 e 24 de Junho de 2012.

http://www.webtrip-comics.com/fr/comic/49/7/Portuguese/read
http://www.webtrip-comics.com

* Colaborou até agora em três: Tertúlia BDzine, Jazzbanda e Efeméride
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Os visitantes interessados em ver as anteriores dezanove postagens poderão fazê-lo clicando no item Lisboa na Banda Desenhada, incluído em rodapé

segunda-feira, maio 28, 2012

Televisão e BD (IV)




Ainda não estará suficientemente divulgada, mas a verdade é que há actualmente em Odivelas, em pleno funcionamento, uma televisão online que inclui um espaço dedicado à banda desenhada.

O programa é filmado para a TVL, que alberga a Odivelas TV e os sites noticiosos Odivelas.com e Loures.com

A TVL transmite diariamente entre as 22h00 e as 24h00 vários assuntos, tratados por uma entusiástica equipa - em que se destacam os realizadores José Paiva Setúbal, AntónioTavares e Marina Tavares, os que têm colaborado no programa da BD - sendo que, entre a panóplia de temas, tem especial interesse para este blogue o programa Art&ntropia dedicado à BD, que inclui entrevistas com autores ou reportagens de eventos bedéfilos, como aconteceu este fim-de-semana de 26 e 27 de Maio, em Beja, no respectivo Festival Internacional de Banda Desenhada, ainda a decorrer.

O trabalho de filmagens e entrevistas a autores de BD está a ser feito por um activo quarteto de gente nova - João Figueiredo (que se vê na imagem, à direita, a entrevistar o especialista Pedro Bouça), Adelina Menaia, Ana Saúde e Paulo Marques - que concebem e apresentam o citado programa Art&ntropia, no qual já foram tratados os seguintes assuntos:

1 - Amadora BD 2011 (transmitido a 2 de Novembro de 2011)
2 - Entrevista a Filipe Melo, Juan Cavia e Santiago Villa (17 de Novembro de 2011)
3 - Entrevista a J.Mascarenhas (11 de Dezembro de 2011)
4 - Entrevista a Paulo Marques (15 de Março de 2012)
5 - Entrevista a Hugo Teixeira e Ana Vidazinha (11 de Abril de 2012)
6 - Entrevista ao colectivo Zona - André Oliveira, Miguel Peres e Fil (23 de Abril de 2012)
7 - Entrevista a Pedro Bouça no decorrer da exposição "Universos do Entropia", na Casa de Cultura de Caneças (11 de Maio de 2012)

Também já foram feitas reportagens soltas (não integradas no programa Art&ntropia) sobre o lançamento do Punk Redux (de J.Mascarenhas), do fanálbum de Pedro Manaças, e da inauguração da própria exposição do Grupo Entropia.

Entretanto gravaram um programa (ainda não transmitido) com José Ruy, um dos autores mais prolíficos de toda a BD portuguesa.

Resumindo: em Odivelas, a banda desenhada ganhou espaço televisivo, e o programa Art&ntropia mostra-se activo e abrangente. Há que estar atento. 

Nota: Os programas são primeiro transmitidos em http://www.tvl.pt e só depois ficam disponíveis em http://odivelas.com/category/programas/artntropia/
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Os visitantes interessados em ver os três "posts" anteriores, poderão fazê-lo clicando no item Televisão e BD visível no rodapé.
    

quinta-feira, maio 24, 2012

Festivais, Salões BD e afins - (Beja) VIII Festival



Como é sabido por toda a comunidade bedéfila, Paulo Monteiro é o grande impulsionador do surpreendente Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, além de ter sido o seu criador.

Pois ainda há poucos meses, o seu estado de espírito era de desesperança, no que se refere à hipótese de realização do evento, que tantas e tão boas provas de qualidade tinha dado nas sete edições anuais antes realizadas. 

Até que, já em fins de Abril, com entusiasmo incontido, o Paulo dizia-me: "Olha, Geraldes, afinal sempre vamos conseguir fazer o festival! Só que deve ser o único que se apresenta como internacional sem nenhum autor estrangeiro!"

"Sim - disse eu - mas o essencial é que não pára, porque se parasse morria, como aconteceu há uns anos com o antigo e saudoso festival internacional BD do Porto".

E por agora, mesmo com os condicionalismos económicos que o país atravessa, o festival bejense apresenta-se com variados motivos de interesse, além da presença de bastantes autores nacionais.

Vejamos então o programa:

EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS

ANDRÉ OLIVEIRA (Portugal)

CARLA RODRIGUES (Portugal)

DE BEJA A ANGOULÊME - 18 HORAS DE COMBOIO (Portugal) -
Exposição de Fotografia de Francisco Paixão

JÚLIO SHIMAMOTO - O SAMURAI DOS QUADRINHOS (Brasil)

MARIA JOÃO WORM (Portugal)

PEPEDELREY (Portugal)

EXPOSIÇÕES COLECTIVAS

TRAÇOS COMUNS:ARTE ORIGINAL DA COLECÇÃO DE DOMINGOS ISABELINHO
ComAl Columbia (Estados Unidos), Al Smith (Estados Unidos), Alberto Breccia(Uruguai), Aristophane (França), Arturo del Castillo (Chile), Barron Storey(Estados Unidos), Bud Fisher (Estados Unidos), Carl Barks (Estados Unidos),Carlos Roume (Argentina) /Héctor Germán Oesterheld (Argentina), Chester Brown(Canadá), Chris Ware (Estados Unidos), Clare Briggs (Estados Unidos), DaveMcKean (Reino Unido), David Wright (Reino Unido), Eddie Campbell (Reino Unido),Eddie Campbell (Reino Unido) / Alan Moore (Reino Unido), Frank Godwin (EstadosUnidos), Fred (França), George McManus (Estados Unidos), Guido Buzzelli(Itália), Hal Foster (Canadá), Jaime Hernandez (Estados Unidos), Joe Matt(Estados Unidos), José Luis Salinas (Argentina) / Rod Reed (Estados Unidos),Kyle Baker (Estados Unidos), Tony Weare (Reino Unido) e Tony Weare (ReinoUnido) / James Edgar (Reino Unido).

CORTO MALTESE NO SÉCULO XXI (Portugal)
Exposição do fanzine Efeméride, de Geraldes Lino
Com Alice Geirinhas, Álvaro, Ana Madureira, AndréRuivo, Andreia Rechena, Arlindo Fagundes, Carlos Páscoa, Carlos Zíngaro, DanielLopes, David Campos, Miguel Falcato, Ricardo Ferrand, Filipe Abranches, JCoelho(Des.) / David Soares (Arg.), J. Mascarenhas, Joana Afonso, João Chambel, JoãoSequeira (Des.) / Luís Pedro Cruz (Arg.), José Lopes, José Pedro Costa, JoãoLam, Luís Guerreiro, Machado-Dias, Marco Mendes, Maria João Careto, Mota,Nazaré Álvares, Nuno Saraiva, Paulo Monteiro, Pedro Massano, Pedro Nogueira,Pepedelrey, Regina Pessoa, Renato Abreu, Ricardo Cabral, Ricardo Cabrita,Ricardo Santos, Roberto Macedo Alves, Rui Pimentel, Susa Monteiro, TiagoBaptista, Vasco Gargalo e Victor Mesquita.

ORIGINAIS E SERIGRAFIAS DA BEDETECA DE BEJA (Vários países)
ComAlberto Vázquez (Espanha), Alexander Zograf (Sérvia), Andrea Bruno (Itália),André Caetano (Portugal), Artur Correia (Portugal), Carlos Rocha (Portugal),Craig Thompson (Estados Unidos da América), Dave McKean (Reino Unido), David B.(França), David Rubín (Espanha), Fabio Civitelli (Itália), Fábio Moon (Brasil),Fernando Gonsales (Brasil), Fernando Relvas (Portugal), Fritz (Espanha),Gabriel Bá (Brasil), Gary Erskine (Reino Unido), Gisela Martins (Portugal) /Sara Ferreira (Portugal), Hermann (Bélgica), Hypollite (França), JakobKlemencic (Eslovénia), João Lam (Portugal), José Manuel Saraiva (Portugal),Lourenço Mutarelli (Brasil), Loustal (França), Martin tom Dieck (Alemanha),Maria João Careto (Portugal) / André Oliveira (Portugal), Max (Espanha), MiguelRocha (Portugal), Niko Henrichon (Canadá), Rufus Dayglo (Reino Unido), SusaMonteiro (Portugal), Ulf K. (Alemanha), Véte (Portugal) e Zé Francisco(Portugal).

MOSTRAS:

DIOGO CARVALHO (Portugal) – Obscurum Nocturnus

RUI LACAS (Portugal) – Han Solo

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PROGRAMAÇÃO PARALELA
DE 26 DE MAIO A 10 DE JUNHO

DIA 26 DE MAIO, SÁBADO, DAS 15H00 ÀS 04H00

15H00 – ABERTURA DO FESTIVAL, NA CASA DA CULTURA /

LANÇAMENTO DO

SPLAFT! /


VISITA ÀS EXPOSIÇÕES

BEDETECA DE BEJA

CASA DA CULTURA, 1º ANDAR, ALA ESQUERDA

16h00 – LANÇAMENTO DO LIVRO
HAN SOLO
(POLVO),
DE RUI LACAS,
COM RUI BRITO E COM O AUTOR

16h15 – LANÇAMENTO DO FANZINE EFEMÉRIDE # 5,
POR GERALDES LINO, ARECHENA, JOÂO CHAMBEL E MOTA

16h30 – LANÇAMENTO DO LIVRO
SANGUE VIOLETA E OUTROS CONTOS
(EL PEP),
DE FERNANDO RELVAS,
COM PEPEDELREY E COM O AUTOR

16h45 – APRESENTAÇÃO D’OS ESCUDOS DA LUSITÂNIA,
POR JOÃO FIGUEIREDO E ADELINA MENAIA

DAS 17h00 ÀS 17H30 – DOIS DEDOS DE CONVERSA -
ANDRÉ OLIVEIRA COM CARLA RODRIGUES

23H00 – DOIS DEDOS DE CONVERSA – “BLOGUES DE BANDA DESENHADA”,
COM NUNO AMADO E NUNO NEVES

23H30 – LANÇAMENTO DO FANZINE REJECT-ZINE N.º 4, POR ANDREIA RECHENA

23h45 – APRESENTAÇÃO DOS FANZINES FUNZIP N.º 7 E KZINE N.º 3,
POR PAULO MARQUES (GRUPO ENTROPIA)

00H00 – APRESENTAÇÃO DO PROJETO SOHEI, POR ANDRÉ OLIVEIRA E PEDRO CARVALHO

00H15 – APRESENTAÇÃO DO PROJECTO OBSCURUM NOCTURNUS,
POR DIOGO CARVALHO

00H30 – APRESENTAÇÃO DO GRANDE PRÉMIO GERALDES LINO
PARA AUTOR REVELAÇÃO

00H45 – TERROR NA BEDETECA,
COM A EXIBIÇÃO DE UM FILME SURPRESA (TENHAM MEDO… TENHAM MUITO MEDO…)

02H15 – INTERVALO PARA UM BELO CALDO VERDE (1,00 EURO)

02H30 – EXIBIÇÃO DO FILME AS AVENTURAS DE BLUEBERRY (2004),
DE JAN KOUNEN,
BASEADO NA PERSONAGEM DE JEAN GIRAUD

04H00 – PASSEIO PELA CIDADE, PARA VER O QUE AINDA ESTÁ ABERTO (SÓ PARA OS MAIS CORAJOSOS)

MERCADO DO LIVRO
Esta componente comercial, absolutamente essencial, desta vez não ficará instalada no exterior da CASA DA CULTURA,
mas sim no AUDITÓRIO INTERIOR
10 Bancas
Estarão representados vários editoras nacionais e estrangeiras

- EDITORAS
DR KARTOON /
INVICTA INDIE ARTS /
KINGPIN BOOKS /

LIVRARIA CONTRACAPA /
LUPYNANDE /
MONGORHEAD COMICS /
MUNDO FANTASMA / O LOBO MAU / VOL)

– BANCAS
APENAS LIVROS,
ASSOCIAÇÃO TENTÁCULO,
CHILI COM CARNE / MMMNNNRRRG,
EL PEP,
GRUPO ENTROPIA,
IMPRENSA CANALHA,

NCREATURES,
OPUNTIA BOOKS,
PEDRANOCHARCO,
POLVO,
QUAL ALBATROZ,
QUARTO DE JADE
VITAMINABD

- FANZINES
EFEMÉRIDE
REJECT-ZINE,
ETC.

- EDIÇÕES DE AUTOR
PEDRO MANAÇAS
RUI DIAS SENA
ETC.)

– VENDA DE REVISTAS USADAS

– WORKSHOP E MOSTRA DE MODELISMO COM JOÃO CALADO E SIMÃO MATOS (AMBA) E ALUNOS DO CLUBE DE MODELISMO
DA
ESCOLA MÁRIO BEIRÃO, DE BEJA
– CAMPANHA DE ASSINATURAS DA REVISTA BANZAI (NCREATURES)
– VENDA DE ORIGINAIS E SERIGRAFIAS
– GAMECON BEJA 2012 – TORNEIOS / MINI-TORNEIOS / RETROGAMING (X-BOX 360 / PS3 / PS2 / DREAMCAST / MEGA DRIVE) COM
OS JOGOS FIFA 12, GEARS OF WAR 3, HALO 3, MORTAL KOMBAT KOMPLETE EDITION, STREET FIGHTER IV, TAKEDOWN TEKKEN 6
E
MUITOS OUTROS! VÁRIOS PRÉMIOS (INCLUINDO XBOX 360)
MAIS INFORMAÇÕES E HORÁRIOS EM
WWW.FACEBOOK.COM/GAMECONBEJA2012
(ORGANIZAÇÃO DE PAULO GRADE E SILVESTRE FRANCISCO)

00H30 – ENCERRAMENTO DO MERCADO DO LIVRO

MERCADO DO LIVRO
CASA DA CULTURA, AUDITÓRIO INTERIOR
DAS 17H30 ÀS 18H00

SESSÃO DE AUTÓGRAFOS “OFICIAL”,
com
ANDRÉ OLIVEIRA,
ANDREIA RECHENA,
CARLA RODRIGUES,
DIOGO CARVALHO,
ELISEU GOUVEIA,
FERNANDO RELVAS,
MARIA JOÃO WORM,
PAULO MARQUES,
PEDRO CARVALHO,
PEDRO MANAÇAS,
PEPEDELREY,

RUI DIAS SENA
RUI LACAS
NOTA: os autores referidos estarão nos locais assinalados para os autógrafos fora deste horário sempre que desejarem, inclusivamente no Domingo

CAFETARIA
CASA DA CULTURA, R/C, ALA DIREITA
DAS 15H00 ÀS 19H30 – ESPLANADA
17H00 – TRANSMISSÃO DO JOGO DE PREPARAÇÃO PARA O EUROPEU
PORTUGAL – MACEDÓNIA,
EM ECRÂ GIGANTE


Contacto:
Paulo Monteiro
Bedeteca de Beja
Edifício da Casa da Cultura
Rua Luís de Camões
7800-508 Beja
Portugal
(00351) 969660234
www.festivalbdbeja.net

O cartaz do Festival é da autoria de
Susa Monteiro
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Para ver postagens anteriores acerca de Festivais BD, bastará clicar no item
Etiquetas: Festivais de Banda Desenhada e Prémios respectivos,
visível no rodapé

terça-feira, maio 22, 2012

Críticas e Notícias sobre BD na Imprensa (XXV)

Oishinbo para Gourmets é o título de um artigo da jornalista Isabel Coutinho, publicado no 2, suplemento dominical do Público, na edição de 20 de Maio daquele jornal.

Convirá dizer que Oishinbo é uma série de mangá, da autoria de Akira Hanasaki, desenhador, e Tetsu Kariya, argumentista.

Embora assuma pertencer "à geração que vibrou com a série de desenhos animados japoneses Heidi, nos anos 1970, e chorou com Marco, o anime produzido pelos estúdios Nippon Animation que estreou em Portugal em 1977", Isabel Coutinho começa por afirmar: "nunca me interessei muito por manga."

Apesar disso reconhece - como visitante assídua da feira do Livro de Frankfurt -, que tem assistido ao crescimento do espaço dedicado à banda desenhada japonesa no pavilhão da BD.
Isso não chega para a influenciar, o que se percebe pela sua frase: "Mas a verdade é que nunca tive grande curiosidade em ler livros de trás para a frente."

Como sabem todos os apreciadores de banda desenhada, a japonesa é para ler da direita para a esquerda, e a começar pela última página, mesmo quando é traduzida para revistas ocidentais (salvo raras e comodistas excepções).
Assim sendo, nos balões da mangá que ilustra o topo do post,  pode ler-se, seguindo a ordem japonesa:

1ª vinheta, 1º balão da direita: "These colorful things on the salmon are flowers!"
Balão de fala seguinte, à esquerda: "Chrysanthemum Petals!"

2ª vinheta (a da esquerda), no balão da direita: "You're right. These are chrysanthem petals!"

Nota comparativa da convenção onomatopeica para o som de gargalhada na BD, de três nacionalidades: japonesa, portuguesa e brasileira.
Repare-se na onomatopeia japonesa de gargalhada "HO HO"
Enquanto que as onomatopeias de gargalhada, na BD portuguesa, são AH AH AH! ou HE HE HE! (esta última está a ser muito usada em todas as circunstâncias, mas a intenção original era a de representar a gargalhada de sarcasmo, de cinismo);
Muito diferente é na BD brasileira a onomatopeia de gargalhada, que costuma ser RE RE RE!  

Voltando à leitura da bd:
Na mesma 2ª vinheta, no balão da esquerda lê-se: "This is a surprise!"

Na vinheta seguinte vêem-se as personagens, de garfo em riste (curiosamente, não usam os tradicionais hashi ou fachi, vulgo "pauzinhos"), trocando impressões acerca de pormenores culinários, que vão ao ponto de mostrar como se deve cortar um filete de salmão.

Como se percebe, trata-se de uma mangá dedicada à gastronomia, aos prazeres da boa mesa. Qualquer apreciador de BD e que seja "bom garfo", terá duplo prazer na leitura e no visionamento desta obra.

Leiamos mais uns parágrafos do artigo de Isabel Coutinho:

"Andava eu à procura [na Feira do Livro de Lisboa] dos livros da artista japonesa de manga Mari Yamazaki, que vivia em Lisboa quando começou a escrever a série Thermae Romae (que se passa entre o Japão actual e a época romana), quando no pavilhão da Devir me aconselharam a série Oishinbo (em versão inglesa). Não me arrependi. Esta série (...) começou a ser publicada no Japão nos anos 1980, já tem mais de 100 volumes publicados, foi transposta para série de animação e mistura BD, costumes e comida japonesa.
Há dois anos começou a ser publicada em inglês, com o nome Oishinbo - A La Carte, e até agora sairam sete volumes que agrupam várias histórias por ordem temática. Os temas são A Cozinha Japonesa; o Sake; o Peixe Sushi&Sashimi; Vegetais; A Alegria do Arroz; Ramen & Gyoza e Izakaya - Comida de Pub.
As histórias que Tetsu Kariya vai inventando têm uma ideia-base: um jornal japonês para comemorar o seu 100ºaniversário resolve enviar o jornalista Yamaoka Shiro em busca da "Ementa Perfeita", o supra-sumo da comida japonesa. (...) Tetsu Kariya aproveita a série para fazer críticas à globalização quando esta mata a diversidade, alertar para a qualidade do que comemos hoje em dia, defender a produção biológica, etc. (...)"

Não sendo confessadamente fã de mangá, Isabel Coutinho é com certeza uma boa gourmet. Nota-se o ar guloso com que aprecia os pormenores da confecção dos petiscos japoneses, descritos na banda desenhada. O que, afinal de contas, é a prova de que a mangá pode ser extremamente sugestiva, mesmo que nos irritem aquelas bocas escancaradas...   
  
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Os interessados em ver as 24 anteriores postagens (com início em 15 de Julho de 2005) do presente tema, poderão fazê-lo, bastando para isso clicar no item Imprensa - Críticas e notícias sobre BD, visível aqui por baixo no rodapé   

sexta-feira, maio 18, 2012

Comic Jam - 41ª prancha

Por definição, um argumentista de BD escreve argumentos para bandas desenhadas. É o caso de Rui Zink que já criou enredos para serem transformados em imagens sequenciais por António Jorge Gonçalves, Luís Louro e Manuel João Ramos.

Mas desta vez, correspondendo ao meu desafio, ele próprio assumiu o papel de desenhador, e criou a primeira vinheta do comic jam que se pode ver no topo da presente postagem, e que foi realizado pelos seguintes autores:

1. Rui Zink (*) ................................................ 2. Álvaro
3. Carlos Páscoa ............................................. 4. Falcato
5. João Sequeira aka JAS .............................. 6. Antero Valério

(*) Rui Zink já esteve na Tertúlia BD de Lisboa na qualidade de Homenageado, enquanto argumentista de banda desenhada. Mas desta vez, no 334º Encontro, realizado no dia 1 de Maio 2012, o escritor, professor universitário e argumentista de BD, esteve na TBDL a fazer uma palestra intitulada "Becos e Avenidas da BD". 

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Os visitantes interessados em verem os "posts"anteriores deste tema, poderão fazê-lo com um simples clique no item Comic Jam visível no rodapé

quarta-feira, maio 16, 2012

Concursos de BD

As associações culturais, por definição, têm por objectivo cultivar e difundir as artes e as letras. E se há uma manifestação artística que reúna ambas as componentes, essa é a banda desenhada.

Daí que a Alagamares - Associação Cultural (*) tenha decidido arrancar com a iniciativa de atribuir um Prémio de Banda Desenhada, através de concurso cuja finalidade principal será galardoar obra original e inédita, de temática livre, realizada por um qualquer autor eventualmente iniciante, com o mínimo de 16 anos.
Claro que também poderão concorrer autores já de maior traquejo, visto que este concurso não impõe limite máximo de idade!

Todavia, para não haver lacunas na informação, abaixo publico o regulamento, integralmente copiado do e-mail que me foi enviado pelo meu amigo Fernando Wintermantel, cuja amabilidade agradeço.

PRÉMIO BANDA DESENHADA DA ALAGAMARES
REGULAMENTO

Instituição e finalidade
1.O presente Regulamento define as normas que regem a primeira edição do concurso Prémio de Banda Desenhada da Alagamares instituído pela Alagamares-Associação Cultural.
2.O Prémio é concedido no ano de 2012 e até ao mês de Outubro e destina-se a galardoar um trabalho original de banda desenhada, visando estimular a criação nesta área e o aparecimento de novos autores.

2
Natureza do Prémio
1.Ao autor da obra premiada é atribuído um prémio de 100 euros, e placa respectiva, a ser entregue em cerimónia pública no ano de 2012.
2.A atribuição do Prémio englobará a divulgação do trabalho premiado na forma que se mostre mais adequada, bem como uma exposição de todos os trabalhos, promovida pela Alagamares-Associação Cultural em colaboração com entidade parceira ou por si própria.

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Júri do Concurso
1.Para efeito da atribuição do Prémio de Banda Desenhada da Alagamares é constituído um júri composto por três elementos, um presidente e duas individualidades indicados pela associação.
2. Não poderão fazer parte do júri quaisquer intervenientes, directos ou indirectos nas obras a concurso.
3.Aquando da reunião de apuramento do vencedor do prémio, deve o júri designar um representante, de entre os seus elementos, que procede à elaboração de um texto apreciativo da obra seleccionada para ser lido publicamente na sessão da entrega do prémio.
4. As deliberações do júri são tomadas por maioria, excluindo-se a possibilidade de abstenção.
5.Compete à Alagamares-Associação Cultural coordenar o Prémio  e prestar, com eventual colaboração de terceiros, nas sessões que se vierem a realizar,  o apoio ao funcionamento do júri.

4
Concurso
1.O concurso para atribuição do Prémio é publicitado durante o mês de Maio de 2012 através da imprensa e da página Internet www.alagamares.net.
2. O tema é livre.
3. São admitidas exclusivamente obras inéditas escritas em português.
4. Idade mínima dos concorrentes 16 anos
5. A apresentação das obras a concurso obedece às seguintes condições:
a) serem apresentadas em formato A3;
b) ter o original um mínimo de 2 e máximo de 6 páginas;
c) serem as pranchas numeradas e assinadas no verso com o nome do autor;

5
Prazo de Candidatura
A data limite para apresentação dos originais é o dia 31 de Junho (*) de 2012, nos moldes à frente referidos
(*)A data limite foi alargada para 31 de Julho.

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Candidatura
1.As obras concorrentes serão enviadas pelo correio registado e com aviso de recepção e em envelope fechado com indicação exterior “Prémio de Banda Desenhada da Alagamares” para Dharma Livraria- Praceta dos Lírios, nº4 loja, 2725-389 Mem Martins, Sintra, contando a data do respectivo registo postal.
2.Cada concorrente pode apresentar até um máximo de três trabalhos, desde que os envie separadamente.
3. A candidatura deverá mencionar nome, morada, contactos de telefone e e-mail e fotocópia de documento de identificação.

7
Apuramento e classificação
1.O júri disporá de sessenta dias para proceder à classificação.
2. Não há lugar a prémios ex-aequo, reservando-se o júri o direito de não atribuir o prémio se considerar que nenhuma obra o justifica.
3. Podem ser atribuídas até duas menções honrosas, às quais será atribuído um diploma assinado pelo presidente do júri.
4. Tomada a decisão, o júri elabora uma acta final com a classificação e a sua proposta para homologação da direcção da Alagamares-Associação Cultural que a deve tornar pública por via postal e na página Internet da associação nos quinze dias imediatos.
5. O autor a quem tenha sido atribuído o Prémio numa edição não poderá concorrer às duas imediatas que se venham a suceder.
6. Da classificação homologada não haverá recurso.

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Publicação da obra
1.A atribuição do Prémio pressupõe a divulgação da obra, não havendo lugar ao pagamento de direitos autorais correspondentes à primeira edição, cuja tiragem é da responsabilidade de editora que a Alagamares-Associação Cultural indicar até ao ano subsequente à entrega do Prémio, devendo o lançamento ocorrer em sessão pública promovida pela associação e devendo constar na edição o logótipo da associação e a menção “Prémio de Banda Desenhada da Alagamares.” do ano 2012.

9.
Casos omissos
Os casos omissos e dúvidas de interpretação deste regulamento serão resolvidos pelo júri, de cuja decisão não há recurso.

10.
Pedidos de Informação
Os pedidos de informação são dirigidos a Alagamares- Associação Cultural, para o telefone 913059184 ou o correio electrónico info@alagamares.net
--
  Av. 25 de Abril, n.º 162
 2710-250 Galamares - Sintra
 Telefone 913059184
 Portal: www.alagamares.net
 E-mail:info@alagamares.net
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(*) A ALAGAMARES é uma associação cultural sem fins lucrativos, sedeada em Galamares, na freguesia de S. Martinho, em área classificada de património mundial, fundada com o objectivo de promover o debate e a acção cultural nas áreas da história, património, artes e ambiente do concelho de Sintra. Fundada em Março de 2005, a ALAGAMARES-Associação Cultural é actualmente constituída por cerca de 280 associados

quinta-feira, maio 10, 2012

Críticas e Notícias sobre BD na Imprensa (XXIV)


A revista Ler, na sua edição de Maio, comemora vinte e cinco anos de existência (1987-2012),algo de notável neste país, no que se refere a uma publicação de índole cultural. Parabéns.

Num blogue dedicado à divulgação de banda desenhada, é natural que se dê destaque, de imediato, ao grafismo da capa, em que está bem evidente a influência estética da BD, graças ao ilustrador/autor de BD João Lemos.
A corroborar a ideia de que a BD está com forte presença nesta edição da Ler, vê-se, logo de seguida, na 4ª vinheta da prancha/capa, um balão de fala com a legenda "De Que Falamos Quando Falamos Hoje de BD Portuguesa"



Ora vamos lá então em demanda da resposta à pertinente questão. E quando chegamos às páginas 34/35 encontramos o mesmo título, com um grafismo que remete de novo para a BD (reproduzido no topo do post) e que indica a autoria do ensaio crítico: Sara Figueiredo Costa.

Para algum visitante deste blogue que a não conheça, fica a saber que se trata de categorizada ensaísta literária e crítica de BD (e bloguista (*) nestas duas áreas)

Sara Figueiredo Costa, com eficácia literária e profundo conhecimento do tema, elaborou um excepcional dossiê (de doze páginas!), dedicado à banda desenhada portuguesa.

Com algum desencanto e pragmatismo, Sara começa por afirmar:

"(...) Na última década, a edição de banda desenhada portuguesa desceu para números tão insignificantes que ninguém se deu ao trabalho de os contabilizar com pormenor. Antes de se arriscarem motivos, importa acrescentar elementos ao contexto, explicando que algumas editoras especializadas fecharam as portas ou assumiram a irregularidade como processo de trabalho, que vários autores se viraram para os mercados estrangeiros ou abandonaram a BD e que uma instituição com a relevância da Bedeteca de Lisboa passou a ser apenas mais uma biblioteca municipal, prescindindo de toda a programação que desenvolvia e onde se incluiam exposições, debates e alguma edição, para além de um site alimentado diariamente e de um dossiê anual que ajudava a aferir números e resultados práticos da cena editorial portuguesa. (...)"

Cita em seguida a afirmação de Diniz Conefrey, numa entrevista publicada no BDJornal nº 26 (Out. 2010): "O mercado de BD em Portugal chegou aos níveis mínimos, estando comparável ao mercado de poesia no que diz respeito ao número de leitores".

Embora tenha citado esta frase, a articulista ainda abre uma fresta de esperança, quando escreve: "Talvez a recente edição de Persépolis (Contraponto) que Marjane Satrapi criou a partir das suas vivências de infância e juventude no Irão dos aiatolas seguindo-se à de Blankets (Devir/Biblioteca de Alice), de Craig Thompson, graphic novel merecedora de integrar o cânone da ficção norte-americana do século XXI, possa começar a alterar este panorama (...)"

Continuando na sua análise, segue cronologicamente para os anos 90 do século XX. E descreve-os: "Em meados dessa década, assiste-se ao aparecimento de pequenas editoras que começam a lançar trabalhos que, até então, não se imaginariam publicáveis num mercado onde pontificavam as séries franco-belgas e alguns - escassos - livros de autores portugueses, frequentemente debruçados sobre temas históricos. Editoras como a Polvo, a BaleiAzul, a Chili Com Carne ou a Pedra No Charco protagonizaram uma viragem assinalável nas tendências editoriais do mercado português de BD (...)"

Que aconteceu a seguir?
"As explicações sobre a mudança radical entre a euforia de meados da década de 90 e o deserto que se foi instalando a partir do início deste século não são lineares. A saturação do mercado, que chegou a registar mais de 200 títulos anuais de BD (não apenas portuguesa), o pouco cuidado da maioria das livrarias numa exposição adequada de cada livro (...)" é a forma clarividente e realista com que Sara explica o evoluir do panorama da BD entre nós. 

Apesar de toda essa realidade de cunho negativo, o título "Falamos de autores que publicam contra todas as expectativas" (este título, como todos os seguintes, aparecem inseridos em balões de fala) assume uma noção optimista: "Quem queira acompanhar o que hoje fazem os autores portugueses de BD encontra um cenário mais animador do que aquele que marcou os últimos anos, mas estranhamente afastado dos espaços de maior visibilidade. Com a democratização dos meios de produção editorial, muitos autores criaram coletivos ou avançaram para a publicação em nome próprio. (...)"

E Sara menciona vários autores cujas obras se podem encontrar especialmente em feiras de edição independente, galerias e na internet, designadamente André Lemos, Bruno Borges, Miguel Carneiro, Susa Monteiro, Pepedelrey, Joana Figueiredo, Carlos Pinheiro, Teresa Câmara Pestana ou Marcos Farrajota. 
Embora a um ritmo mais lento - regista Sara - algumas editoras mantiveram-se a lançar nas livrarias autores já com maior relevo no mercado, caso da Polvo, sob cuja chancela voltou a aparecer Miguel Rocha, mas que também deu oportunidade à estreia de Paulo Monteiro. Nesta análise à área editorial, cita igualmente a Kingpin Books, "que tem conseguido chegar às livrarias com títulos que não destoariam em catálogos de editoras americanas, espanholas ou francesas". 

São seguidamente citados os nomes dos autores publicados por esta editora/livraria: David Soares, Osvaldo Medina, Pedro Serpa, Mário Freitas (editor e livreiro, proprietário da Kingpin, também argumentista e arte-finalista) ou Filipe Teixeira. 

Numa área idêntica, mas com a diferença de a editora ser estrangeira, e ter a ver com a, digamos, internacionalização de vários autores portugueses, eis o tal assunto que cada vez mais está a dominar as atenções. E Sara desenvolve-o pormenorizadamente: 

"A chegada de portugueses ao espaço dos comics norte-americanos em meados da primeira década do século XXI provou que a chamada era global podia ser aproveitada para concretizar sonhos nunca antes imaginados. Desenhar e escrever para a Marvel, um dos gigantes da indústria de comics, ou para qualquer outra das grandes editoras americanas, seria um sonho impossível para gerações que cresceram com os super-heróis, mas tornou-se uma realidade com o triunfo de vários autores, como Eliseu Gouveia (n.1971), Miguel Montenegro (n.1977), Ana Freitas (n. 1971), Ricardo Tércio (n.1976), Filipe Andrade (n. 1986), Nuno Plati (n.1975 ou João Lemos (n. 1977). Alguns deles persistiram no envio de portefólios via internet, pagaram viagens do seu bolso para chegarem à fala com editores em convenções de banda desenhada nos Estados Unidos ou na Europa e perseguiram todas as oportunidades que lhes surgiram quando as editoras americanas anunciaram alguma abertura. E não é só nas mais mainstream como a Marvel que há portugueses, basta lembrar que Filipe Melo (n.1977), co-autor, com Juan Cavia, dos dois volumes de As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy, publicados pela Tinta-da-china, já chegou às páginas da Dark Horse com um capítulo destas histórias de aventuras e tudo indica que não ficará por aí. (...)".

Dão bem a noção da abrangência dos temas tratados por Sara Figueiredo Costa os seguintes títulos de capítulos: 

"Falamos de livrarias especializadas e distribuição dispersa";
"Falamos de festivais e exposições, de Beja ao Porto";
"Falamos de um «objeto (*) cultural não identificado»

(*) A revista Ler já adoptou o novo acordo ortográfico, vê-se no desaparecimento das consoantes mudas...

A terminar tão exaustivo panorama, o ensaio termina com o capítulo " A Prova
    



dos Cinco", em que faz a apresentação de cinco autores da nova geração, que seleccionou para terminar o artigo. Claro que a tarefa não é pacífica, a articulista admite-o, quando diz:

"Escolher cinco autores num panorama tão heterogéneo e com tamanha riqueza de registos não é tarefa fácil. O risco de deixar de fora nomes reconhecidos, jovens promessas ou valores seguríssimos da banda desenhada portuguesa que publicam à margem do mercado tradicional é enorme, mas há poucas formas de evitá-lo. Fiquemos, portanto, com Susa Monteiro, João Lemos, Filipe Abranches, Osvaldo Medina e David Soares - de certo modo, o portefólio desta escolha representa diferentes modos de editar, de abordagens à narrativa e ao desenho, com raízes em influências díspares e vários processos de reconhecimento do público e dos seus pares. (...)" 

É com as biobibliografias desses autores, sendo algumas partes escritas pelos próprios, com direito a uma página de texto e imagens de bedês de cada um deles, mais as respectivas fotografias, que termina o excepcional trabalho de Sara Figueiredo Costa. 
De referenciar algumas novidades que ela nos dá ao correr da pena, como seja a notícia de que está para breve a edição de uma história de grande fôlego de Filipe Abranches, sob chancela da Abysmo, a editora de João Paulo Cotrim.
Desnecessário será dizer que este número da revista Ler é uma aquisição obrigatória para todos os que se interessam pela BD portuguesa actual.    
   

(*) Beco das Imagens http://becodasimagens.wordpress.com
        Cadeirão Voltaire http://cadeiraovoltaire.wordpress.com
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Os interessados em ver as 23 anteriores postagens (com início em 15 de Julho de 2005) do presente tema, poderão fazê-lo, bastando para isso clicar no item Imprensa: Críticas e notícias sobre BD, visível aqui por baixo no rodapé

segunda-feira, maio 07, 2012

Banda Desenhada Infantil Portuguesa (X)






Há relativamente pouca banda desenhada infantil portuguesa, e motivado pela flagrante lacuna, iniciei neste blogue uma rubrica dedicada a esse tema em 22 de Maio de 2006, data do post em que mencionei uma bd da dupla Pedro Morais (desenho) e Luís Almeida Martins (argumento).

Seguiram-se-lhes vários outros autores: Carlos Roque, depois José Abrantes, ainda uma outra dupla formada por João Amaral (desenho) e Isabel Afonso (argumento) - que assinavam Gui & Joca. Chegou então a vez de Agonia Sampaio e, por fim, em "post" datado de Nov. 29, 2010, uma obra de carácter didáctico (apesar da pretensão, com demasiados erros ortográficos), intitulada "Tó & Kika, não ao Acidente", de autores desconhecidos. 

Há muito que não mexia no tema, até que se me deparou, no blogue Leituras de BD (*) do meu amigo Nuno Amado aka "Bongop", no post datado de 2 Abril 2012, uma banda desenhada que considerei muito interessante, intitulada Diferentes, assinada por uma dupla feminina (coisa muito invulgar na BD portuguesa), formada por Petra Marcos (desenhadora) e Aida Teixeira aka Diabba (argumentista), com o apoio (de qualidade) do colorista Rui Moura.

Com a devida autorização das autoras e do meu confrade bloguista, aumento hoje a lista de nomes que já apresentei aqui no blogue.
Claro que falta o Pedro Leitão, mas, que eu saiba, ele só tem obras publicadas em álbum, enquanto que apenas me tenho cingido às bedês editadas em diferentes suportes (jornais, revistas, fanzines e, como é agora o caso, na base virtual da blogosfera).

Para terminar: devo dizer que me surpreendeu a desenvoltura estilística de Petra Marcos porque, apesar de a ter conhecido há uns anos no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, pouco conhecia das suas capacidades desenhísticas, embora ela me tivesse dito que era capaz de desenhar a personagem Tank Girl, de quem é assumidamente fã.

Felicito-a, tal como à imaginativa argumentista Aida Teixeira, e ao sensível colorista Rui Moura. Fico à espera de ver mais obras do trio neste registo de BD para a infância. 


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Quem quiser ver as nove postagens anteriores deste tema, pode fazê-lo com facilidade, bastando para isso clicar na etiqueta Banda Desenhada infantil portuguesa que aparece no rodapé

sábado, maio 05, 2012

Festivais, Salões BD e afins - (Lisboa) Anicomics 2012




Um fim-de-semana animadíssimo é o que se prevê para hoje e amanhã (dias 5 e 6 de Maio, Sábado e Domingo) no evento Anicomics, que se realizará na Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro (Antigo Solar da Nora), na Estrada de Telheiras, 146, em Lisboa.

Mangá e Comics - ou, falando português, Banda Desenhada de origem japonesa e americana, respectivamente - são duas das componentes deste evento, concretizadas em diversas actividades, nomeadamente:

Zona Nippon, lançamento com a presença de elementos da Associação Tentáculo, André Oliveira, Fil e Miguel Peres.
Local e hora: Auditório, Sábado às 14h15

Debate com Davide Gianfelice e Marco Chechetto, moderado por Mário Freitas.
Davide Gianfelice - Autor italiano, responsável pela arte de Northlanders e Greek Street, da DC Vertigo, e Daredevil Reborn, da Marvel
Marco Checchetto - Autor italiano responsável pela arte de Punisher, Daredevil e Spider-Man, da Marvel
Local e hora: Auditório, Sábado às 14h45

Leporidae, lançamento do livro da ilustradora portuguesa Cari.
Em análise que fiz hoje à tarde, portanto a posteriori, cheguei à conclusão que a obra Leporidae é uma autêntica banda desenhada.
Local e hora: Biblioteca, piso 2 - Sábado, às 16h15

Zona Nippon - Sessão de autógrafos com os autores:
Ana Oliveira, Bruno Ma, Cari, Fil, Filipe Duarte, Gabriel Martins, Joana Varandas, João Vasco Leal, Paula Almeida.
Local e hora: Biblioteca, piso 2 - Sábado e Domingo, às 17h00

Antevisão de duas obras em BD, editadas pela Kingpin Books:

1) Palmas para o Esquilo, com David Soares (argumentista) e Pedro Serpa (desenhador);
2) Mindex, com Fernando Dordio (argumentista) e Osvaldo Medina (desenhador).

Debate com Tony Sandoval, Rui Lacas e Joana Afonso Moderação de Mário Freitas
Local e hora: Auditório, Domingo às 14h15

Informação a posteriori

Vencedores dos concursos:

de Banda Desenhada: Bernardo Anjos Majer Baptista da Silva
de Cosplay: Marta Vieira

Uma nota indispensável e justa: Mário Freitas (livreiro, argumentista, arte-finalista e organizador de eventos), é quem, sozinho, monta impecavelmente este Anicomics, cheio de animação, com um programa bem elaborado e muito concorrido.
Os meus sinceros parabéns!
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Para ver postagens anteriores acerca de Festivais BD, bastará clicar no item
Etiquetas: Festivais de Banda Desenhada e Prémios respectivos,
visível no rodapé

quinta-feira, maio 03, 2012

Música (Bandas, Cantores e Músicos) na BD (IV)


Que longínqua afinidade poderá ter uma banda britânica chamada Genesis, com a portuguesa Irmãos de Sangue?

Em termos de nível musical e de prestígio internacional, obviamente nenhuma. Mas fora do âmbito da música, passou agora a haver um pormenor em comum: ambas serviram de tema a bandas desenhadas criadas por Pedro Manaças, para a revista Cais, tendo as duas como protagonista o anti-herói Manegas.

Na Cais nº171 - Março de 2012, foi a vez de Manegas protagonizar uma homenagem aos "Genesis 1973", e no nº172 daquela mesma revista, a personagem Manegas surge no episódio "Na Paragem de Autocarro" a cantar a composição "Carro Funerário", popularizada pela banda "Irmãos de Sangue" nos anos 90.
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PEDRO MANAÇAS

Autobiobibliografia

Pedro Manaças (Lisboa, 1973) exerce actualmente a profissão de Assistente de Escala no Aeroporto de Lisboa.

Estudou até ao 12º ano, e trabalhou em várias profissões, tais como: repositor de supermercado, operador de logística, operador de parques e fiscal de parquímetros.

No mundo artístico praticou várias actividades, nomeadamente Música, Teatro, Banda Desenhada e Cartoon.

Música: Foi membro de várias bandas de garagem como vocalista, mas apenas em 1997 editou o seu único álbum, o "Kom-Tratake" dos "Líderes da Nova Mensagem", uma banda de hip-hop, onde tocava baixo eléctrico.
Com o fim do grupo, abandonou a música como actividade em 1998.

Teatro: É membro do grupo de teatro 100% amador da Incrível Almadense desde 2006. Participou, naquele antigo Teatro de Almada  com duas interpretações, uma na peça "Nunca Nada de Ninguém", de Luísa Costa Gomes, e em "O Monta-Cargas", de Harold Pinter, tendo actuado também em alguns "café-concerto" organizados pelo grupo.
Actualmente encontra-se sem participar em qualquer peça há cerca de dois anos.

BD e Cartoon: Publicou em várias revistas, jornais e fanzines: DN Jovem (suplemento do Diário de Notícias), suplemento Almada Juventude do Jornal de Almada, suplemento Bronkit do Jornal de Trevim, rubrica BD do jornal Mundo Universitário, nos magazines A Bola Magazine e Emparque Magazine, no fanzine Tertúlia BDzine, na revista Notícias da Amnistia Internacional e em 2012 começou a colaborar na revista Cais.

Foi distinguido com alguns prémios em concursos: Menção Honrosa em "BD Matosinhos", 1995; Menção Honrosa em "BdMania/Novo Grupo", 1995; Prémio Humor no "Salão Livre Oeiras" 1996 e 1999; Prémio "Melhor Tira" no Moura BD de 2002, 2003 e 2004.

No corrente ano de 2012 lançou o seu primeiro álbum de BD, "Manegas, o Indignado", numa edição de autor, onde compila trabalhos da personagem Manegas publicados entre 2008 e 2011.

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Os interessados em ver a postagem anterior, poderão fazê-lo se clicarem no item Música na BD, visível em rodapé