PAULA REGO
Possessão I -VII, 2004. Pastel sobre papel montado em alumínio (políptico, 7 elementos) 150 x 100cm (cada)
Claro que Possessão I - VII não é banda desenhada, no sentido tradicional da expressão.
Mas do que não restam dúvidas - digo eu -, ao visionar este conjunto de quadros da esquerda para a direita (melhor seria, ainda, se aqui estivessem reproduzidas as sete telas, quais vinhetas-gigantes, numa única fila horizontal), é de que estamos em presença de imagens sequenciais, que plasmam um corpo de mulher numa sucessão contínua de posições, criando um ritmo visual evidente.
E quando falamos de imagens sequenciais, do que é que estamos a falar, se não de banda desenhada? Digamos que, neste caso, tecnicamente, será mais pertinente a expressão "banda pintada".
De resto, é do conhecimento comum que há mais pintores, portugueses e estrangeiros, que se têm deixado seduzir pelo fascínio plástico do movimento sugerido.
Entre os portugueses, Eduardo Batarda é talvez o mais representativo, de que me ocorreu agora mostrar (num futuro "post") uma peça dele, que possuo, e que é uma assumida banda desenhada.
Dos estrangeiros, Goya e Picasso têm telas que têm a ver com o espírito e a linguagem da Figuração Narrativa, não esquecendo Andy Warhol e Roy Lichtenstein, ambos aproveitadores dos grafismos dos "comics".
Todas estas ideias me ocorreram ontem, na inauguração da mostra O Poder da Arte - Serralves na Assembleia da República.
Entre muitas outras obras, lá estavam estas impressionantes pinturas de Paula Rego, num conjunto de sete quadros, todos seguidos, numa linha horizontal. A possibilidade de os mostrar, aqui no blogue, deve-se ao facto de, também ontem, 12 de janeiro, ter sido editado, pelo jornal Público, um encarte dedicado ao evento, encarte esse que foi igualmente distribuído na inauguração a todos os convidados.
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PAULA REGO
Paula Rego, Lisboa, 1935.
Estudou em Londres. Tem vivido entre Portugal e Inglaterra. Em 1976 acabou por fixar residência em Londres.
A sua primeira exposição teve lugar na Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa, em 1965.
A qualidade excepcional da sua obra foi reconhecida no Reino Unido onde foi realizada uma retrospectiva, em 1988, na Serpentine Gallery.
Infelizmente, emPortugal ainda há quem se sinta chocado/a com a liberdade artística desta pintora que, compreende-se cada vez melhor as razões, optou por se fixar em Londres para continuar a pintar.
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