Os três primeiros passos, de um total de dez, para escrever um romance à maneira de António Lobo Antunes
Não há, neste momento, aquilo a que se possa chamar com propriedade, uma revista de banda desenhada - com periodicidade, distribuição a nível nacional, colaboradores remunerados, trabalhos gráficos sem ar de improvisos desgarrados -, pese embora a existência de algumas publicações que se autoproclamam dentro desse âmbito.
Mas há várias revistas que, não sendo da especialidade, inserem alguma BD entremeada com textos ficcionais e outros, de índole diferente.
É o que acontece na revista Periférica - Ano IV - Nº 14 - Inverno de 2006, na rubrica "Manual de Instruções para Crimes Banais", nas páginas 48 e 49, onde aparece o tema "Escreva o seu próprio romance Lobo Antunes em apenas dez passos", sendo de Hugo Pena o desenho, e de Jorge Pedro Ferreira o argumento.
A forma como foi planificada a apresentação da peça, com vinhetas sobre textos didascálicos, seguindo as imagens uma sequência visível - mesmo que algo espaçada -, permite classificá-la como banda desenhada ao limite.
Dela se reproduzem, remontadas, três vinhetas de um total de dez. Apenas um acepipe para quem quiser ver a peça inteira...
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À laia de posfácio...
Na pequena aldeia de Vilarelho, Concelho de Vila Pouca de Aguiar, na parte Sul da Serra de Padrela, planalto de Jales, escondida neste Portugalito, editou-se uma revista denominada "Periférica". E, considerando que os focos culturais mais intensos do dito cujo pequenino país, são Lisboa e Porto, o local donde ela emergiu pertence à periferia da cultura, teoricamente falando.
Contrariando tal hipótese, ali nasceu a Periférica, que teve quatro anos de vida, período de tempo que tanto se pode considerar longo, como curto - tem tudo a ver com o habitual período de vida das revistas culturais. Até mesmo entre as que se editam nas urbes mais importantes do país, poucas são as que sobrevivem muito tempo (e se sobrevivem, é porque estão amparadas a entidades sólidas, tipo "Vértice" e Editorial Caminho).
Assisti, em Lisboa, em pleno Bairro Alto, na saudosa livraria "Ler Devagar", à apresentação da revista. Não me recordo do nome das pessoas que lá estiveram a falar acerca da novel publicação, dos seus propósitos e esperanças.
Claro que não perdi a ocasião de lhes perguntar se a banda desenhada também seria contemplada nas páginas da Periférica. Responderam que sim, embora com parcimónia. E assim aconteceu.
Neste derradeiro número publicado, além das tiras que reproduzi (parcialmente) aqui no blogue, na entrada que fiz ontem, e da bd que mencionei, feita em oito pranchas por Pascal Thivillon, houve ainda espaço para uma bd em duas pranchas (num total de dez vinhetas), dedicadas, em tom satírico, ao processo literário de António Lobo Antunes, de que reproduzo um curtíssimo excerto de três imagens.
Para se perceber que não se trata de uma especial animosidade contra aquele escritor, antes uma caricatura abrangente, anunciava-se - para um próximo número que já não será publicado - "receita para a escrita do seu romance Saramago em apenas nove passos".
Quanto eu gostaria de ver mais essa lição do bem imaginado "Manual de Instruções para Crimes Banais".
Caro Geraldes Lino,
ResponderEliminarObrigado pelas suas palavras sobre a Periférica. No entanto, uma correcção: a Vilarelho que pariu a revista não é do concelho de Caminha, mas de Vila Pouca de Aguiar. Fica na Serra da Padrela, no planalto de Jales.
Fernando Gouveia
subdirector da Periférica
Caro Fernando Gouveia (foi você com quem falei na desaparecida (até ver) Livraria Ler Devagar?
ResponderEliminarEu antes de escrever fui ver num Atlas,e encontrei, perto de Caminha, uma Vilarelho, foi por isso que cometi esse erro geográfico :-(
Entretanto, hoje estava a mexer em papéis e encontrei um recorte do extinto suplemento GLX, do também extinto jornal A Capital, datado de 23 de Março de 2003, com um texto de Susana Pinto Coelho.
E, após tê-lo lido, verifiquei o erro que tinha cometido. Lá diz: "É uma delícia esta revistinha cultural criada numa pequena aldeia de Vila Pouca de Aguiar - Vilarelho, na parte Sul da Serra da Padrela".
Contava hoje ainda corrigir a minha entrada, o que ia fazer agora, quando vi o seu comentário.
Obrigado pela rectificação, e peço desculpa pelo erro involuntário.
E já agora: nunca mais haverá publicação substituta da "Periférica"?
Sim, foi comigo que falou.
ResponderEliminarQuanto à confusão de Vilarelhos, já estamos habituados: não só com a de Caminha, mas especialmente com Vilarelho da Raia (Chaves), que para mais é também transmontana, o que aumenta a confusão.
Relativamente a outros projectos editoriais, de momento não temos nada previsto. Como explicámos na altura do anúncio e depois no derradeiro editorial, um projecto bem feito (e só queremos desse tipo de projectos) exige de nós muito tempo, tempo que de momento não temos. Não pomos de parte a colaboração esporádica com outras publicações, mas não prevemos assumir tão cedo responsabilidades de direcção.
Já agora, o nosso número 13 incluiu também BD, de dois autores franceses (Benoît Guillaume e Pilau). Se não teve acesso á revista, terei muito gosto em enviar-lha
Caro Fernando Gouveia
ResponderEliminarDe facto não tenho esse nº 13 que refere, e que me oferece.
Agradeço-lhe a oferta, e aceito-a.
Pode enviar-me para:
Apartado 50273
1707 Lisboa
Excellent, love it! » » »
ResponderEliminarWhat a great site » » »
ResponderEliminarQuem escreveu esse texto n' A capital fui eu... e foi tal a surpresa ver que alguem lia e até recortava que não pude evitar deixar este comentário.
ResponderEliminarLembro-me perfeitamente da Periférica... uma revista deliciosa de facto!