Duarte (José Luís Carvalho Duarte - Parede, Novembro de 1945) foi um dos autores portugueses que considero terem obra importante na revista de banda desenhada Visão.
Trinta anos depois da efémera mas marcante revista ter desaparecido, resolvi fazer curtas entrevistas, todas praticamente iguais, a cada um desses autores/artistas.
Após Victor Mesquita, Pedro Massano, Isabel Lobinho, Corujo Zíngaro, Zé Paulo e Carlos Barradas, é hoje a vez de Duarte (ou J.L.Duarte, as duas formas que usa para se identificar na BD).
GL - O que significou para ti a Visão?
D - Foi a oportunidade de publicar, quando isso era muito difícil pelos circuitos editoriais normais.
Por outro lado, também foi uma oportunidade de publicar aquilo que se queria, sem grandes problemas de filtragens editoriais, ou seja, cada um de nós, colaboradores da Visão, depois de acordado o tema, criava a história que entendesse, com a certeza de que ia sair tal e qual.
Com a Visão fui encontrar um grupo com o qual me integrei, em que cada um tinha pontos de vista diferentes da realidade que nos rodeava, dos acontecimentos da época, que podíamos expressar com total liberdade, independentemente de opções políticas ou de vida que nos separassem do dia-a-dia.
Prancha da bd autoconclusiva "O Último Inimigo de Bill Trigger", da autoria de Duarte, publicada na contracapa do nº 8 da revista Visão
GL - Em Abril de 1975, data em que surgiu a revista, o que é que fazias?
D - Trabalhava numa Agência de Publicidade, para onde tinha entrado em 1972, foi aí o princípio da minha actividade como publicitário, nessa época como arte-finalista.
GL - Que fizeste em BD, depois de Maio de 1976, data do fim da Visão?
D - Após vinte e seis páginas publicadas na Visão, só voltei à BD entre 1983 e 1985, espaço de tempo em que desenhei "Os Fardetas" para o jornal Bisnau, onde foram publicadas vinte e cinco tiras.
Ainda em 85 (não garanto) acabei por publicar um álbum com o mesmo título, utilizando esse material e mais tiras que fiz de propósito para esse fim.
Mas lá bem para trás, entre 1970 e 71, tinha feito dezasseis pranchas para o suplemento Nau Catrineta do jornal Diário de Notícias, sobre um robô de nome "Telek".
Entre 72 e 73 fiz onze pranchas para o Jornal do Exército, cujo herói se chamava "Tapaxamas".
De 73 a 74 fiz "Os Kolans", uma série diária para o Diário de Lisboa, que acabariam por originar um álbum sob o título "Kolanville".
Para o Sempre Fixe, jornal humorístico, colaborei com os "Filocopos", que é como quem diz, os amigos da pinga.
A seguir é a Visão.
Prancha da banda desenhada Guloseima, autoconclusiva em duas pranchas, da autoria de Duarte
in revista Visão nº 8, de 10.Nov.1975
GL - Em vez de BD, o que é que tens feito para ganhar a vida?
D - Para ganhar a vida tenho trabalhado em Publicidade até aos dias de hoje, em que os últimos doze anos foram como Director Criativo, em mais de uma Agência.
GL - Há algum projecto de BD que estejas a realizar, ou que gostasses de concretizar num futuro mais ou menos próximo?
D - A minha actividade como publicitário tem-me impedido de fazer BD, tanto por falta de tempo, como por falta de disponibilidade mental. A função de Criativo na Publicidade ocupa-me plenamente, e não me deixa tempo para outras actividades criativas. No entanto, tenho de reconhecer que tem havido em mim um afastamento progressivo da BD, por limitações de comunicação que fui encontrando.
Embora tenha projectos para regressar à BD - uma vez que algo mudou na minha vida profissional - mas eventualmente na forma de tiras autoconclusivas sobre um mesmo tema, o que permite uma produção menos morosa, menos planificada, mais solta.
GL - Obrigado, Duarte, por esta breve entrevista para o meu blogue, e boa sorte para esse projecto de regresso à BD.----------------------------------------------
"Posts" remissivos sobre a revista VISÃO (de Banda Desenhada)
2ª Parte - Entrevistas a autores-artistas da revista
2006
(VIII) Julho, 9 - Carlos Barradas
(VII) Junho, 30 - Zé Paulo
(VI) Junho, 15 - Corujo Zíngaro
(V) Junho, 13 - Isabel Lobinho
(IV) Maio, 31- Pedro Massano
(III) Maio, 30-Victor Mesquita
1ª Parte - Textos generalistas acerca da revista:
2005
(I) Dezembro, 10
(II) Dezembro, 11
Há ainda outro "post" (data: Junho 19), esse dedicado ao tema Lisboa na Banda Desenhada, em que se podem observar duas imagens (óptimas, vale a pena vê-las) da autoria de Zé Paulo, ambas extraídas da revista Visão
Sem comentários:
Enviar um comentário