segunda-feira, dezembro 19, 2011

Lisboa na Banda Desenhada (XVIII)

 
Lisboa, Ano 2024 é o título que Rui Pimentel deu à sua banda desenhada curta - quatro pranchas a cor - integrada no livro Uma revolução desenhada. O 25 de Abril e a BD.

Mais conhecido como cartunista - colaborou nessa faceta na actual revista Visão durante vinte anos, Rui (o seu nome próprio com que sempre assinou os cartunes) tem também obra na BD, escassa, sim, mas demonstrativa de correcto conhecimento da linguagem da banda desenhada.

Na obra acima referida - de que no topo do "post" se pode ver a 2ª prancha, subdividida em duas partes -, fica patente o seu registo mais recente no realismo caricatural, em que também sobressai a sua capacidade de variar os planos, marcada logo na vinheta inicial da citada prancha, com um plano em picado onde se visiona um local emblemático de Lisboa, a Praça do Comércio (ou Terreiro do Paço), numa composição arquitectónica futurista, demonstrativa de grande imaginação e criatividade.
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RUI (RUI PIMENTEL)

Biobibliografia

Rui Flunser Pimentel, Lisboa, Outubro 1951.
Formou-se em Arquitectura, na Suiça, pela Escola Superior Técnica Federal de Zurique.

A sua estreia na BD é feita em Outubro de 1975, num pequeno álbum de vinte páginas, com capa a duas cores e miolo a preto e branco, intitulado A Comuna de Paris - 1871. É de índole política, e surge sob chancela da efémera Edições Spartacus.

Poucos anos mais tarde, no final de 1980, surpreende o meio bedéfilo com a excelente obra Camões aos Quadradinhos sob adaptação literária de Jorge Serrão de peça teatral da autoria de Helder Costa. O álbum, hoje uma raridade, foi editado pela Agência Portuguesa de Revistas, o que igualmente constituiu surpresa, visto que a especialidade daquela empresa editorial tinha a ver exclusivamente com revistas.

Rui Pimentel colaborou, em 1999, no álbum colectivo Uma Revolução Desenhada: o 25 de Abril e a BD, com uma banda desenhada, em quatro pranchas a cores, Lisboa, Ano 2024. As bandas desenhadas constantes desse livro, de diversos autores/artistas, tiveram direito a exposição, com cenografia dele mesmo, e que se tornou itinerante, tendo estado em Coimbra (1999), Aveiro (2000) e Setúbal (2001).

Em 2003 dele foi também a montagem da exposição Coimbra na BD, num impressionante espaço cedido pelo Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, nas suas próprias instalações.

Ainda nesse ano aparece o seu segundo álbum de banda desenhada, Fado - Estórias na Noite, realizado em quadricromia, num grafismo com alguma influência da sua actividade cartunística, o que lhe imprime estilo bem diferente do de Camões aos Quadradinhos, sem contudo deixar de demonstrar elevada qualidade no traço, e sendo ele mais uma vez o responsável pelo argumento, de muito bom nível.

Inquestionavelmente, o nome deste artista é mais sonante como cartunista. Nas páginas da actual revista Visão, ele colaborou entre 1987 e 2007, fazendo semanalmente um cartune em que assinava Rui. Mas o gosto por fazer BD permanece, o que o levou a colaborar, em 2007 e 2008, no fanzine Efeméride (nºs 2 e 3, respectivamente), nas obras colectivas "Príncipe Valente no Século XXI" - neste caso com o episódio Uma Aventura em Évoramonte, e "Super-Homem no Século XXI", com A Viagem, em ambos os casos bandas desenhadas auto-conclusivas numa única prancha.
Geraldes Lino


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