terça-feira, maio 22, 2012

Críticas e Notícias sobre BD na Imprensa (XXV)

Oishinbo para Gourmets é o título de um artigo da jornalista Isabel Coutinho, publicado no 2, suplemento dominical do Público, na edição de 20 de Maio daquele jornal.

Convirá dizer que Oishinbo é uma série de mangá, da autoria de Akira Hanasaki, desenhador, e Tetsu Kariya, argumentista.

Embora assuma pertencer "à geração que vibrou com a série de desenhos animados japoneses Heidi, nos anos 1970, e chorou com Marco, o anime produzido pelos estúdios Nippon Animation que estreou em Portugal em 1977", Isabel Coutinho começa por afirmar: "nunca me interessei muito por manga."

Apesar disso reconhece - como visitante assídua da feira do Livro de Frankfurt -, que tem assistido ao crescimento do espaço dedicado à banda desenhada japonesa no pavilhão da BD.
Isso não chega para a influenciar, o que se percebe pela sua frase: "Mas a verdade é que nunca tive grande curiosidade em ler livros de trás para a frente."

Como sabem todos os apreciadores de banda desenhada, a japonesa é para ler da direita para a esquerda, e a começar pela última página, mesmo quando é traduzida para revistas ocidentais (salvo raras e comodistas excepções).
Assim sendo, nos balões da mangá que ilustra o topo do post,  pode ler-se, seguindo a ordem japonesa:

1ª vinheta, 1º balão da direita: "These colorful things on the salmon are flowers!"
Balão de fala seguinte, à esquerda: "Chrysanthemum Petals!"

2ª vinheta (a da esquerda), no balão da direita: "You're right. These are chrysanthem petals!"

Nota comparativa da convenção onomatopeica para o som de gargalhada na BD, de três nacionalidades: japonesa, portuguesa e brasileira.
Repare-se na onomatopeia japonesa de gargalhada "HO HO"
Enquanto que as onomatopeias de gargalhada, na BD portuguesa, são AH AH AH! ou HE HE HE! (esta última está a ser muito usada em todas as circunstâncias, mas a intenção original era a de representar a gargalhada de sarcasmo, de cinismo);
Muito diferente é na BD brasileira a onomatopeia de gargalhada, que costuma ser RE RE RE!  

Voltando à leitura da bd:
Na mesma 2ª vinheta, no balão da esquerda lê-se: "This is a surprise!"

Na vinheta seguinte vêem-se as personagens, de garfo em riste (curiosamente, não usam os tradicionais hashi ou fachi, vulgo "pauzinhos"), trocando impressões acerca de pormenores culinários, que vão ao ponto de mostrar como se deve cortar um filete de salmão.

Como se percebe, trata-se de uma mangá dedicada à gastronomia, aos prazeres da boa mesa. Qualquer apreciador de BD e que seja "bom garfo", terá duplo prazer na leitura e no visionamento desta obra.

Leiamos mais uns parágrafos do artigo de Isabel Coutinho:

"Andava eu à procura [na Feira do Livro de Lisboa] dos livros da artista japonesa de manga Mari Yamazaki, que vivia em Lisboa quando começou a escrever a série Thermae Romae (que se passa entre o Japão actual e a época romana), quando no pavilhão da Devir me aconselharam a série Oishinbo (em versão inglesa). Não me arrependi. Esta série (...) começou a ser publicada no Japão nos anos 1980, já tem mais de 100 volumes publicados, foi transposta para série de animação e mistura BD, costumes e comida japonesa.
Há dois anos começou a ser publicada em inglês, com o nome Oishinbo - A La Carte, e até agora sairam sete volumes que agrupam várias histórias por ordem temática. Os temas são A Cozinha Japonesa; o Sake; o Peixe Sushi&Sashimi; Vegetais; A Alegria do Arroz; Ramen & Gyoza e Izakaya - Comida de Pub.
As histórias que Tetsu Kariya vai inventando têm uma ideia-base: um jornal japonês para comemorar o seu 100ºaniversário resolve enviar o jornalista Yamaoka Shiro em busca da "Ementa Perfeita", o supra-sumo da comida japonesa. (...) Tetsu Kariya aproveita a série para fazer críticas à globalização quando esta mata a diversidade, alertar para a qualidade do que comemos hoje em dia, defender a produção biológica, etc. (...)"

Não sendo confessadamente fã de mangá, Isabel Coutinho é com certeza uma boa gourmet. Nota-se o ar guloso com que aprecia os pormenores da confecção dos petiscos japoneses, descritos na banda desenhada. O que, afinal de contas, é a prova de que a mangá pode ser extremamente sugestiva, mesmo que nos irritem aquelas bocas escancaradas...   
  
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Os interessados em ver as 24 anteriores postagens (com início em 15 de Julho de 2005) do presente tema, poderão fazê-lo, bastando para isso clicar no item Imprensa - Críticas e notícias sobre BD, visível aqui por baixo no rodapé   

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