Em mais uma iniciativa conjunta do Clube Português de Banda Desenhada - CPBD e da Bedeteca da Amadora/Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos, a prestigiada dupla (*) da BD portuguesa Augusto Trigo e Jorge Magalhães vai estar representada na exposição de pranchas originais de obras desenhadas por Trigo sob argumentos de Magalhães.
É uma mostra de obras de características estilísticas clássicas, que se poderão apreciar nessas pranchas originais que saem propositadamente do acervo da bedeteca amadorense para apreciação dos apaixonados da arte sequencial. Parte desse material pertence às obras editadas em álbum, cujas capas se podem visionar na montagem acima afixadas:
1. Lendas de Portugal em banda desenhada - A Moura Cassima
2. Luz do Oriente
3. Ranger - A Vingança do Elefante
4. Wakantanka - O Povo Serpente
A exposição, com pranchas de algumas destas obras, inaugura-se no dia 23 de Junho, 5ª feira, às 19h00, e estará patente ao público até 26 de Agosto de 2016.
Local da exposição: Bedeteca da Amadora
Dias e horas de abertura da bedeteca:
3ª a sábado, das 10h00 às 18h00
Morada: Avenida Conde Castro Guimarães, nº6
Amadora
Entrada livre
Vista da fachada da Bedeteca da Amadora
(*) Prémios atribuídos a Jorge Magalhães e Augusto Trigo:
1982
Troféu "O Mosquito" atribuído pelo Clube Português de Banda Desenhada - CPBD a Jorge Magalhães, distinguindo-o como "Melhor Argumentista do Ano de 1981"
Troféu "O Mosquito" atribuído pelo Clube Português de Banda Desenhada - CPBD a Augusto Trigo, como "Desenhador Revelação do Ano de 1984"
1992
Troféu "Zé Pacóvio e Grilinho" atribuído pelo Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora à obra "Lendas de Portugal em Banda Desenhada - A Moura Cassima", como "Melhor Álbum Português de Banda Desenhada"
1999
Troféu "Honra" para Jorge Magalhães
2000
Troféu "Honra" para Augusto Trigo
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AUGUSTO TRIGO
Síntese biobibliográfica
Augusto Fausto Rodrigues Trigo, Bolama, ex-Guiné portuguesa, Outubro de 1938.
Aos sete anos, devido à morte do pai num acidente de caça, ele e dois dos seus irmãos partiram da que se classificava de Província Ultramarina com destino à então chamada Metrópole, onde ficou a residir com uma tia.
Aqui completou o 3º Ano de Formação Industrial. Mas a falta da mãe, o regresso dos irmãos à Guiné, e o apelo intenso da terra natal, tudo isso faz com que volte para lá em Abril de 1958, onde é admitido como desenhador cartográfico nos Serviços Geográficos e Cadastrais de Bissau. Após a independência da Guiné, Trigo decide voltar para Portugal, onde chega em 1979, acabando por fixar residência em Queijas e optando pela nacionalidade portuguesa.
Desde novo apreciador de banda desenhada, e sentindo-se com capacidade para a fazer, aos dezassete anos iniciou a obra O Visitante Maldito. Uma História de Caça, que terminou na Guiné em 1959. Vinte e um anos mais tarde, graças a Jorge Magalhães, que trabalhava na Agência Portuguesa de Revistas, estreou-se com aquela bedê na revista Mundo de Aventuras (Fevereiro de 1980). Passando a contar com a colaboração literária de Magalhães, desenhou A Sombra do Gavião (1980), Luz do Oriente (esta publicada em 1980/81 no suplemento Quadradinhos do jornal A Capital e passada a álbum em 1986), Wakantanka (1º episódio 1981, 2º 1982, 3º 1983) com álbum em 1985, Kumalo (1º episódio no nº1 de O Mosquito - 5ª série, Abril 1984, finalizado no nº7 daquela revista em Maio de 1985), Ranger-A Vingança do Elefante (1988), Excalibur. A Espada Encantada (1988), A Lenda de Gaia (1989), A Dama Pé de Cabra (1989) e A Moura Cassima (1991), sempre com o citado argumentista. A colaboração entre ambos foi evidente nestes episódios lendários, e noutros baseados em personagens reais, intitulados Virtudes Militares, impressos numa publicação formatada de revista mas intitulada Jornal do Exército.
Entretanto, em 1984, elabora uma paródia às personagens Cuto e Anita pequenita, em homenagem ao autor espanhol Jesús Blasco, seu criador, para o Almanaque 1984 de O Mosquito.
Na revista mensal Selecções BD (2ª série), logo desde o início, em Novembro de 1998, aparecem pequenas bandas desenhadas humorísticas a apresentar o respectivo sumário, em grande parte desenhadas por Augusto Trigo, muitas delas sob sua própria ideia, mas concretizadas por texto de Jorge Magalhães. Por acaso, a do nº1, o argumento é do desenhador e argumentista Carlos Roque, um pormenor invulgar.
Para a colecção Tio Pelicas Investiga, editada em 1999 pelo Montepio Geral Associação Mutualista, Trigo executa, desta vez sob argumento de Paula Guimarães, cinco episódios, cada um deles com várias pranchas a cores, sob o título genérico História da Essência Mutualista, recolhidos no álbum Tio Pelicas Investiga. A Essência Mutualista, naturalmente numa edição do Montepio Geral, lançada em 2000 no decorrer do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora.
Em Dezembro de 2002, As Gravuras Rupestres foi o título que deu a um gag em duas tiras, com uma personagem caricatural baseada no autor destas linhas, e outra nele próprio, para o fanálbum colectivo Novas "fitas" de Juca & Zeca.
Em Maio de 2003 foi editado o livro Vasco Granja. Uma Vida...1000 Imagens, para o qual desenhou Um Lusitano na Corte do rei Artur, de novo sob argumento de Jorge Magalhães.
No nº2 (Fevereiro de 2007) do fanzine Efeméride, dedicado ao tema "Príncipe Valente no Século XXI", os Trigo, pai e filha, realizaram (ele a imaginar o argumento, a desenhar e legendar, Irene a colorir) a banda desenhada em duas pranchas Festa Brava em Queijas, homenagem do artista/autor de BD à terra onde fixou residência.
Participou igualmente no nº3 do zine Efeméride, editado em Junho de 2008, dessa vez "a solo" (argumento, desenho, legendagem e colorização) realizando a bd autoconclusiva Em Cacine com os Nalús, pondo o Super-Homem a contracenar com o ilustrador oficial AT (ele próprio), mais o amigo GL como repórter fotográfico que se esquece de pôr rolo na máquina (uma private joke que apenas ambos conhecem) em acçãona Guiné-Bissau, na obra colectiva "Super-Homem no Século XXI", regressando assim, através de uma prancha de BD, à sua terra natal.
Trigo colabora mais duas vezes no citado fanzine Efeméride. No nº4, Janeiro de 2009, dedicado ao tema "Tintim no Século XXI", a criar integralmente um bem imaginado episódio, O Exemplar Único, metendo-se a ele e a este seu amigo faneditor, outra vez como personagens; e no nº 6 - parte 2 de 4, Maio de 2014, no tema "Heróis de BD no Século XXI", parodiou o herói Luís Euripo (nome original: Big Ben Bolt) no episódio "Um K.O. de Sonho", sob argumento do autor desta biografia.
Geraldes Lino
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JORGE MAGALHÃES
Síntese biobibliográfica
Jorge Arnaldo Sacadura Cabral de Magalhães, 22 de Março de 1938, Porto.
Tem textos vários, incluindo contos, publicados nas revistas de banda desenhada Mundo de Aventuras, Mosquito (2ª série e 5ª série), Pisca-Pisca, Jornal da BD, Heróis Inesquecíveis, Selecções BD (2ª série), sendo chefe de redacção desta última, e nos fanzines Copra e Quadrinhos.
Foi coordenador da revista Mundo de Aventuras (5ª série), e em 1976 iniciou-se como argumentista em "A Lenda de Gaia", com desenhos de Baptista Mendes.
Fez argumentos para grande número de desenhadores, designadamente Augusto Trigo, Catherine Labey, Vítor Péon, Zenetto, Eugénio Silva, Fernando Bento, José Garcês, Ricardo Cabrita, Carlos Alberto, Rui Lacas, entre outros.
Tem co-autoria com Augusto Trigo nos seguintes álbuns:
Wakantanka (1º e 2º volumes, 1985 e 1988 respectivamente)
Ranger, 1988
Excalibur, 1988
Lendas de Portugal (1º e 2º volumes, 1988 e 1989)
Fez o argumento, para a curta desenhada por Trigo, Um Lusitano na Corte do Rei Artur para o livro Vasco Granja. Uma Vida...1000 Imagens, editado em Maio de 2003.
Co-autoria com Catherine Labey
Contos de Entre Douro e Minho, 1989
Contos de Guerra Junqueiro, 1990
Contos de Anderson, 1991
Lendas de Portugal, 1991
Contos dos Irmãos Grimm, 1992
Novos Contos das Mil e Uma Noites, 1994
Co-autoria com José Garcês
O Tambor, 1992
Co-autoria com João Mendonça
Joaninha dos Olhos Verdes, 1993
Co-autoria com Fernando Bento
Regresso à Ilha do Tesouro, 1993
Co-autoria com Ricardo Cabrita
Contos do Sul, 1993
Co-autoria com AAVV (Catherine Labey, Eugénio Silva, José Garcês, Carlos Alberto
Contos das Ilhas, 1993
Co-autoria com Rui Lacas
Maldita Cocaína, 1994
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Créditos:
1. A foto de Augusto Trigo é da autoria de Vasco de Barros, extraída, com a devida vénia. do "site" Projecto Guiné-Bissau Contributo.
2. A foto de Jorge Magalhães foi-me cedida por Machado-Dias, do blogue Kuentro, que, por sua vez, terá aproveitado o trabalho fotográfico de algum texiano, visto o ilustre argumentista estar a manusear ostensivamente um álbum do Tex.
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1 comentário:
Caríssimo Geraldes Lino,
Muito obrigado, em meu nome e no do Augusto Trigo, pelas amáveis e extensas referências deste blogue ao nosso trabalho em comum na área da BD.
A título de curiosidade, informo que a foto em que estou a ler uma revista do Tex (edição da Mythos) foi tirada aqui em Cascais, num ameno dia de inverno, pela Catherine Labey e postada pela primeira vez no Tex Willer Blog (de onde o Machado-Dias a deve ter sacado). Portanto, o crédito da mesma deve ser atribuído à Catherine.
Outro assunto: os títulos publicados na colecção "Lendas de Portugal em Banda Desenhada" (da Asa) são três e não dois, sendo o terceiro "A Moura Cassima". Talvez por gralha, indicaste entre as obras que realizei com a Catherine umas tais "Lendas de Portugal" que nunca existiram. Com ela só fiz, para a Asa, os "Contos Tradicionais" e os "Contos para a Infância", entre os quais os de Andersen (não Anderson), que foram reeditados em 2005, no bicentenário do H. C. Andersen.
Na primeira daquelas colecções, também fiz a adaptação dos "Contos Tradicionais de Entre-Douro e Minho" para o Renato Abreu, outro jovem desenhador (na altura) com quem gostei muito de trabalhar.
Nos prémios atribuídos pelo CPBD a A. Trigo, assinalo-te outra pequena "gralha": Desenhador Revelação do Ano de 1981 (e não de 1984).
Acho que a tua lista está bastante extensa e detalhada, mas é claro que haveria ainda mais coisas a registar, como por exemplo outra "curta" que fiz com o Trigo para o álbum da Moura Salúquia, editado pela C.M. de Moura em 2009 (com coordenação de Carlos Rico).
E há outras histórias encetadas em várias épocas (e incompletas), que para o caso não interessam... pois provavelmente nunca verão a luz da publicidade.
Ultimamente, ando a ver se consigo estabelecer uma lista dos (muitos) textos que escrevi em revistas e jornais angolanos, alguns deles sobre banda desenhada (isto ainda em 1967-68). Mas perdi muitas dessas peças (ao voltar para Portugal, em 1973), como por exemplo a colecção do "Angola Infantil" (que era um suplemento do jornal "Comércio de Luanda"). Foi neste suplemento que saiu a 1ª versão de "O Príncipe Olaf", anos depois publicada em livro na colecção "Galo de Oiro", da Portugal Press. E também um trabalho a que dei o título "Os Heróis de Coração de Papel", dedicado, já se vê, aos principais heróis da BD... e do qual escrevi cerca de 15 capítulos (entre 1971 e 1972).
Nalguns casos, fiquei com cópias dactilografadas (na minha velhinha Olivetti) desses escritos, o problema é conseguir encontrá-las no meio de tanta papelada que acumulei ao longo dos anos. Coisa que tu sabes tão bem como eu :-)
Um grande abraço, com os agradecimentos e a velha amizade do
Jorge Magalhães
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