domingo, novembro 26, 2006

Visão (1975/76), revista de Banda Desenhada portuguesa (X) - Falando hoje com... Nuno Amorim

Prancha inicial da banda desenhada "Jim'Tómic", da autoria (argumento e desenho) de Nuno Amorim, reproduzida na revista de BD Visão (nº 8, de 10 Nov. 1975)

Nuno Amorim é outro dos autores de Banda Desenhada que reputo ser imprescindível focar, quando se pretenda falar da extinta revista Visão, de qualidade marcante mas de vida efémera, editada entre Abril de 1975 e Maio de 1976.

Esse autor ainda desconhecido, que viria a ser um dos colaboradores da novel publicação, tinha nascido em Lisboa a 9 de Abril de 1952, e recebera o nome de Nuno José Rosa Fernandes Amorim.

  
Licenciar-se-ia em Arquitectura, na ESBAL-Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (actual FBAUL-Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa), e, a meio das funções que começara a exercer em 1973, num atelier de arquitectos, surgir-lhe-ia a possibilidade de fazer BD na dita revista Visão, quando ela atingia o seu número sete. Passava-se isto em Outubro de 1975.

Debutaria assim o jovem Nuno nessa invulgar e importante publicação, dedicada essencialmente à divulgação de novos autores portugueses, onde reessaltaram os nomes de Victor Mesquita, Pedro Massano, Isabel Lobinho, Zé Paulo, Carlos Barradas, Corujo Zíngaro, Duarte, Zepe e, naturalmente, Nuno Amorim, o entrevistado de hoje.


Outra das pranchas da banda desenhada "Jim'Tómic", a única de Nuno Amorim publicada em quadricromia

G.L.- Para ti, o que significou o aparecimento da revista Visão?
Nuno Amorim - Foi a possibilidade de editar bandas desenhadas com qualidade e bem impressas, e com boa distribuição.

G.L.- Dizes isso porque já conhecias a revista, visto que entraste a meio...
N.A.- Na fase em que eu entrei tinha havido uma mudança editorial que tornou a coisa mais interessante para mim. Aliás, eu entrei em resultado dessa mudança.

G.L.- Em Abril de 1975, fazias nesse mês vinte e três anos, ainda estudavas, ou já estavas a trabalhar?
N.A.- Já trabalhava. Trabalhava como arquitecto, num ateliê de arquitectura, onde estava desde 1973.

G.L.- Quando conheceste a revista Visão, já tinhas bandas desenhadas feitas, e alguma publicada?
N.A.-Sim, já tinha publicado num jornal semanal de Música, chamada Musicalíssimo. Fiz lá uma série chamada "Skeleton", aí uns doze episódios.

G.L.- Como é que surgiu a oportunidade de colaborares na Visão?
N.A.- Não sei, não me lembro, sei que alguém falou comigo, e eu fui lá à redacção, já não me lembro onde era.


Prancha da banda desenhada "Interlúdio - Não pare, não escute, não olhe", a primeira de Nuno Amorim publicada na Visão (nº 7, 10 Out. 1975)

G.L.- O tema das bedês com que colaboraste foi-te sugerido, ou aceitaram tudo o que apresentaste?
N.A.- Havia umas reuniões em que se combinava tratar um tema. Mas eu, quando comecei, levei umas bandas desenhadas, que aceitaram.
Só fiz, para a Visão, umas três ou quatro, uma delas intitulada "Não pare, não escute, não olhe", e outra com o título "Jim'Tómic".


Prancha inicial da banda desenhada "A Lição de História" (in Visão nº 9, de 20 Jan.1976)

G.L.- Que fizeste em BD depois de Maio de 1976, data do fim da Visão?
N.A.- Havia um jornal em que estava o Zepe (que tinha conhecido na Visão, e de quem tinha ficado amigo), chamado Pé-de-Cabra, feito ao modelo do Charlie Hebdo.

G.L.- O que é que fizeste para lá?
N.A.- Não me lembro. Sei que fiz para lá uns desenhos, mas não me lembro o que era.

G.L.- Em vez de BD, o que é que tens feito para ganhar a vida?
N.A.- Trabalhei na publicidade, e também na RTP como gráfico. Agora tenho uma produtora de filmes, a Animais, em que faço, sobretudo, Animação.

G.L.- Então e a Arquitectura?
N.A.- Arquitectura tenho feito só para mim e para amigos. Recuperei três montes no Alentejo, dois deles para mim, outro para um amigo.

G.L.- Há algum projecto de BD que estejas a realizar, ou que gostasses de concretizar, num futuro mais ou menos próximo?
N.A.- Não estou a ver, sinceramente não estou a ver. A vida está tão difícil, e não acredito que a BD seja rentável.


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"Posts" remissivos sobre a revista VISÃO (de Banda Desenhada)
 

2ª Parte - Entrevistas a autores-artistas da revista
(IX) Setembro, 12 - Duarte
(VIII) Julho, 9 - Carlos Barradas
(VII) Junho, 30 - Zé Paulo
(VI) Junho, 15 - Corujo Zíngaro
(V) Junho, 13 - Isabel Lobinho
(IV) Maio, 31- Pedro Massano
(III) Maio, 30-Victor Mesquita 2006

1ª Parte - Textos generalistas acerca da revista:
(II) Dezembro, 11 - (I) Dezembro, 10
2005 (ver acima)

Há ainda outro "post" (data: Junho 19), esse dedicado ao tema Lisboa na Banda Desenhada, em que se podem observar duas imagens (óptimas, vale a pena vê-las) da autoria de Zé Paulo, ambas extraídas da revista Visão

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