Escrever expanção em vez de expansão não é um erro ortográfico vulgar, nem foi culpa de quem arquitectou e trabalhou para a edição deste número 123 do Boletim do Clube Português de Banda Desenhada, a mesma pessoa que escreveu correctamente "expansão"na primeira página do fanzine, página essa que se pode ver no blogue http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com/.
Pelo que me contou esse responsável editorial, quando lhe apontei o erro em que ainda ninguém tinha reparado, o técnico da reprografia é que decidiu escrever assim, sem que ele se tivesse apercebido.
Mas a verdade irreparável e comprometedora é que a capa do Boletim CPBD (como preferi escrever das vezes em que fui eu a coordená-lo) aparece com este erro crasso, fruto de aprendizagem deficiente da língua portuguesa de que padece muita gente, uma falha que não é exclusivo dos tempos actuais, entenda-se.
Conheço muitas pessoas de gerações anteriores, autores de banda desenhada e não só, que cometem erros sistemáticos (escrevem erradamente: á maneira de, em vez de à maneira de, á dois anos, em vez de há dois anos, haviam bandas desenhadas em vez de havia bandas desenhadas, estáva-mos em vez de estávamos, sistemàticamente em vez de sistematicamente, benvindo em vez de bem-vindo, eclético em vez de ecléctico, e tantos outros).
A extraordinária ilustração de Eduardo Teixeira Coelho, aproveitada para a capa, não merecia ser manchada desta maneira...
Os interessados em ver imagens de bandas desenhadas da autoria de António Vaz Pereira, José Garcês e Victor Mesquita, reproduzidas no fanzine sob análise, poderão fazê-lo no meu outro blogue, o Fanzines de Banda Desenhada, cujo endereço repito:
http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com/
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Há várias postagens acerca deste tema que envolve o meu apreço pela língua portuguesa, incidindo nos erros ortográficos e gramaticais cometidos na banda desenhada, no cartoon, nos fanzines e na internet. Para visitar todos os "posts" basta ir à coluna da esquerda e clicar na categoria "Língua portuguesa em mau estado".
Ainda bem que alguém presta atenção e não deixa que maltratem o nosso idioma. Geraldes, recomendo-te (é provável que já conheças) Ángel Sefija, uma tira do El Jueves. Li uma compilação e vale a pena. É a filosofia de La Palisse, mas, ao mesmo tempo, profunda como um poço!
ResponderEliminarAbraços "extremeños"!
Luis
"Ter-mos" de "univo-mo-nos" "pára" "Alcançar-mos" uma maior "Expanção" do escrever correctamente o português, pois existem erros que nem com o novo acordo ortográfico podem ser normais ou aceitáveis, tal como o do "esqueçimento" de que "c" + "e", nunca em caso algum leva cedilha.
ResponderEliminarAinda ontem coloquei um comentário no blogue "Mundo Perfeito" em que me referia a erros no mundo dos artistas da BD. O tema era o Acordo Ortográfico.
ResponderEliminarOs erros surgem com tanta frequência porque as pessoas não têm a PALAVRA dentro das suas cabeças. Ou seja, vive-se num mundo de IMAGEM e a palavra passa a ser uma forma de comunicação secundária.
Mesmo ao nível da imagem estamos num nível progressivo de decadência. Tudo tem de ser muito veloz e já não há tempo para decifrar a imagem. Repare-se no que aconteceu aos Livros de Honra das exposições de fotografia e pintura. Quase desapareceram.
Quando existem, os comentários aí escritos são, geralmente, de uma pobreza arrepiante.
Mesmo na festa dos 40 anos da editora D.Quixote o nível dos comentários escritos no Livro de Honra quase não passava do banal.
Paradoxalmente, a expressão escrita existe de forma avassaladora num meio de comunicação eminentemente oral: o telemóvel. Através dos SMS voltámos ao tempo em que os jornais se compunham letra a letra.
Ora, em vez de facilitar a expressão escrita, criou-se um código novo, com as abreviaturas, em que se complica a linguagem. Nem me refiro ao Q em vez de "que", ou ao K em vez de "que".
Tudo isto acontece porque vivemos um tempo de hipocrisia e paradoxos.
Nunca o status foi tão valorizado. Mas não há dinheiro para manter o status. Por isso, compra-se um telemóvel último modelo, mas depois já nem há dinheiro para falar. Mensagem para um lado, mensagem para o outro, a comunicação vai-se esbatendo, atingindo um nível básico.
Contudo, nos blogues, existe ainda um apreciável número de locais em que a língua portuguesa é bem tratada, a par de um estimulante debate intelectual.
E no campo da BD a blogosfera portuguesa até está muito bem servida. Este blogue é um exemplo de idealismo romântico em defesa da língua e da banda desenhada. Por isso devemos estar-te gratos.
Post pertinente, Lino. E é importante sublinhar que os erros ortográficos não são, como dizes,fenómeno recente.
ResponderEliminarUm abraço
Rosa
poizé lino, este post toca me pessoalmente por ser mais um autor de bd que dá pontapés no português. admito que sou desleixado nesse aspecto ortográfico, e a maior parte das vezes nem sequer noto que dou erros. talvez por ter demasiadas preocupações a nivél de imagem e conteudo da historia, parece que me esqueço da importância da palavra bem escrita, e a maior parte das vezes são as pessoas que me avisam já tarde demais de erros publicados. vou fazer um esforço para ter mais atenção e dar a alguém para reler antes de publicar, porque eu nesse aspecto sou tramado, gosto de olhar para o conteudo das coisas, das palavras, o que verdadeiramente querem dizer no interior e não ligo à aparencia exterior, o que conta é a ideia, o espirito da coisa. mas uma coisa nao pode estar desligada da outra, como o corpo precisa do espirito, o espirito precisa do corpo, a palavra bem escrita é melhor entendida.
ResponderEliminarabraço