sábado, janeiro 10, 2009

Tintim "nasceu" há 80 anos - Tintin e Hergé (X)

Capa do primeiro álbum das aventuras de Tintin, publicado em 1930, um ano após a criação da personagem

Tintim, a personagem
A 10 de janeiro de 1929 "nasceu" Tintim (aportuguesamento de Tintin, nome original, como sabem todos os bedéfilos que aqui estiverem a ler), no episódio Les Aventures de Tintin, Reporter au pays des soviets.
Perfazem-se hoje 80 anos, conta redonda propícia a considerar-se efeméride. E é devido a esse hoje tão badalado acontecimento nos média - até na SIC, viva! -, que estou aqui a postar o presente texto, a que se seguirão mais alguns (ainda não sei quantos, mas o título que dei ao "post" é esclarecedor: 2009, Ano Tintim.
Mas convém acrescentar já (a paciência dos leitores na internet é escassa) que a 16 de Abril de 1936, tínhamos em Portugal a presença da iniciante personagem, na revista O Papagaio. E vem "a talhe de foice" (esta "frase feita", ou "chavão" da língua portuguesa, parece ter sido criada de propósito para se encaixar no episódio) dizer que a publicação entre nós foi feita a cores, coisa inédita em toda a Europa. Fruto da circunstância que, num posterior "post" (no próximo dia 16 de Abril, espero não me esquecer) , esclarecerei. O facto é que aconteceu.
Vamos lá então por partes:
1) Les Aventures de Tintin, Reporter au Pays des Soviets é, apenas assim, o título do primeiro episódio - impresso a preto e branco -protagonizado pelo jovem repórter.
2) Em 1930 é editado o primeiro álbum, de capa colorida, mas igualmente com o episódio impresso a preto e branco, com o título (ligeiramente diferente do que tinha sido escrito por Hergé) Les Aventures de Tintin, reporter du "Petit Vingtième" au Pays des Soviets, sob chancela de Les Editions du Petit "Vingtième" , e assim se percebe a alteração feita ao título com que o episódio tinha sido originalmente publicado naquele suplemento editado pelo jornal Le XXe Siècle, editado em Bruxelas.
Ainda mais um pormenor: como se pode ver, ao ampliar-se a imagem da capa, sob o nome da editora (criada, quiçá, de propósito para a edição do álbum...), aparece o respectivo endereço: 11, Boulevard Bischoffsheim, Bruxelles, local que suscitará romaria obrigatória aos tintinófilos ferrenhos e amantes desse tipo de folclore; até não estranharia que a associação Les Amis de Hergé já lá tivesse afixado uma placa...
3) Em 1973, a editora Casterman cria a colecção Archives Hergé, em cujo volume de estreia é feita a reedição deste episódio inicial das aventuras de Tintim.
4) Em 1981, a mesma Casterman começa a editar uma colecção de álbuns em fac-simile, igualmente iniciada pela aventura de estreia do "herói" localizada no país dos sovietes (embora dele pouco se visse, o que seria impensável anos mais tarde, quando o autor-artista se documentava exaustivamente, por fotografias, acerca dos locais da acção das posteriores aventuras).
5) Registe-se, por mera curiosidade, que este episódio foi o único que manteve sempre a impressão a preto e branco. Isto porque Hergé nunca o redesenhou, contrariamente ao que fez com os outros vinte e dois completos (fica de fora o "Alph'Art"), a que além disso acrescentou cor aos que, inicialmente, também tinham sido impressos apenas a preto e branco.
6) A 31 de Julho de 1982, a edição portuguesa da revista Tintin iniciava a publicação desse episódio no seu nº 12 (15º Ano), em versão fiel à original - obviamente a preto e branco. Todavia, não seria ainda dessa vez que os bedéfilos portugueses iriam conhecer a história na totalidade, visto que a citada revista deixaria de ser editada, em definitivo, no seu nº 21 - 15º Ano, a 2 de Outubro de 1982.
Ficaram publicadas apenas 20 páginas, de um total de 138, tantas quantas tem a edição original.
Hergé, o autor
1) Hergé, como sabem todos os amantes da BD, é um pseudónimo baseado no som das letras iniciais do nome do autor belga Georges Remi, por ordem inversa (R, G).
Também já há muitos bedéfilos que sabem da existência do intercalar apelido Prosper.
Todavia, graças ao estudo editado em Abril de 1999, intitulado Tracé RG - Le Phenomène HERGÉ, da autoria de H. van Opstal, ficou a saber-se o que o autor belga sempre tinha calado: o seu nome completo, Georges Prosper Remi Remi.
Assim mesmo, com o apelido final duplicado.
2) Georges Remi fez os seus estudos secundários num colégio religioso. Enquanto adolescente, fez algumas histórias para a revista Le Boy-Scout belge. Foi aí que, em Dezembro de 1924, apareceu pela primeira vez o seu pseudónimo, o tal Hergé que para sempre passaria a usar.
3) Georges Remi, aliás Hergé, nasceu a 22 de Maio de 1907 em Etterbeek, e faleceu a 3 de Maio de 1983.
Geraldes Lino
(GL)
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Nota 1 - Para ficarem visíveis todos as postagens anteriores acerca deste mesmo tema, basta clicar-se no item "Tintin e Hergé" que aparece no rodapé deste "post".
Nota 2 - Há ainda outro "post" que tem a ver com este tema, mas que está incluído numa outra categoria intitulada "Autor de BD em contacto pessoal com o seu herói" [(II) - Hergé e Tintin], afixado em 18 Abril 2006.

5 comentários:

  1. Anónimo13:28

    Vai ver o que tenho escrito sobre o Hergé no http://risco-continuo.blogs.sapo.pt/
    J. A.

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  2. Caro J.A.
    Já tinha visto esse blogue uma vez, quando me disseste que tinhas começado a colaborar nele.
    Voltei lá agora, e li o teu texto. És, sei-o bem, admirador de longa data da dupla Hergé/Tintin.
    Espero que continues a escrever lá sobre BD, e a ilustrar as respectivas postagens.
    Abraço.
    Post Scriptum: Quando escreveste aqui este comentário, o meu texto ainda não estava concluído, só o concluí ontem domingo. Gostaria que o lesses agora.

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  3. Anónimo19:58

    Caro Geraldes Lino, chamo-me João Figueiredo, sou amigo do Tertulio Simões dos Santos e cheguei a frequentar a tertúlia há dois anos mas motivos escolares e profissionais têm-me afastado de um regresso à tertúlia. Talvez em Fevereiro...Era para lhe dar os parabéns por tudo o que tem feito pela BD em Portugal e sugerir-lhe que, a par com o que fez com o Super-Homem, tentar fazer também um Tintin no século XXI.
    Abraço Fraterno.

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  4. Caro João Figueiredo
    Lembro-me, sim, de um bedéfilo, amigo do sempre presente "tertuliano" Simões dos Santos, que apareceu na Tertúlia BD de Lisboa, e até fiquei com o seu contacto no meu telemóvel (por isso me recordo do seu nome).
    Quanto ao meu fanzine Efeméride (será que já alguma vez comprou algum dos três números anteriores, dedicados, respectivamente, às personagens Nemo, Príncipe Valente e Super-Homem?), o nº 4 vai ser dedicado ao Tintim, e já ando a contactar os autores que pretendo que colaborem desde Outubro de 2008(e mesmo com essa antecedência não sairá na data em que eu pretendia).
    De qq forma, agradeço-lhe a sugestão, poderia ter-me sido útil se a ideia não me tivesse já ocorrido.
    Aliás, como vejo que é apreciador de Tintim, devo dizer-lhe que no meu fanzine Tertúlia BDzine (de que você deve ter alguns exemplares, visto que foi à tertúlia mais de uma vez)editei, em 1999, quando Tintim fazia 70 anos após ter sido criado, treze aventuras desse herói de papel, criados por treze autores diferentes. Um desses episódios, "Tintim em Lisboa", costumo oferecer a quem vai pela primeira vez à tertúlia, o que significa que você deve ter esse exemplar.
    Abraço. E volte quando tiver oportunidade, a TBDL continua a realizar-se, sempre na 1ª terça-feira de cada mês, sempre no Parque Mayer, sempere no restaurante que você sabe.

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  5. Anónimo20:06

    Caro Geraldes Lino, sou o João Figueiredo, de novo.

    Sim, de facto tem o meu número, tanto é que recebo todas as "convocatórias" para a tertúlia e frequento todos os seus blogs. Apenas não deu para ir á tertulia mais vezes, porque meteu-se o fim do meu curso de engenharia do ambiente e agora é a parte de sofrer por uma colocação num emprego.
    Tentarei logo que possível ir à tertúlia, da qual aliás tenho imensas saudades, até porque tenho alguns projectos que gostaria de discutir consigo (no âmbito da BD, como é obvio).
    Quanto ao fanzine efeméride, tive ainda há dias, não me lembro em que livraria, com o do super-homem na mão, mas como foi lançado o terceiro albúm de Korrigans, da Vitamina BD, e que ando a seguir, não pude levar o SH. Sou fan de Tintin, graças ao bichinho da BD pegado pelo meu Pai, leitor assiduo da revista Tintin, e estou expectante em relação a essa versão no século XXI.

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