Em Portugal, o espaço de tempo que medeia entre 1910 e 1920, afirma o argumentista/escritor Carlos Morgado que "são anos conturbados, com revoluções e guerras".
Aliás, como se pode ler na primeira vinheta da página reproduzida em baixo, "... em 5 de Outubro de 1910 é implantada a República...".
Esse período conturbado não impede que o Automóvel Club de Portugal (nome com que ficara, após abdicar da designação "Real") aumente paulatinamente o número de associados, que já são 640 em 1920, como se pode ler na legenda desta vinheta em que se vê a Sede do ACP no Largo do Calhariz.
Imagens ligadas à História do Automóvel Club de Portugal, constantes da obra que lhe é dedicada e na qual, obviamente, constam numerosas vistas de Lisboa, em diferentes épocas, retratadas com fidelidade por Luís Correia.
Em 1965, nos Restauradores, no Palácio Foz, ficava situado o antigo Secretariado Nacional de Informação - SNI.
Repare-se no carro eléctrico a passar em frente do bonito edifício, e no autocarro verde, cor inicial daquele tipo de transporte público.
Em baixo, a prancha na totalidade.
Um ponto emblemático da cidade de Lisboa, a Sé Catedral. Se o automóvel parece antigo, não esquecer que, nesta prancha, o desenhador está a fazer a reconstituição dos idos de 1978.
Na primeira vinheta (ao alto da página, à esquerda), uma fotografia de Amália Rodrigues, que participou na festa dos 75 anos de existência do Automóvel Club de Portugal.
Vinheta pertencente à prancha abaixo reproduzida. Neste pormenor vê-se a Praça Luís de Camões, na década de 1980.
Luís Correia fez gala em afirmar, na página de apresentação dos autores, que, cito, "procura fazer uma homenagem à BD tradicional, pelo método seguido, todo ele desenhado sem qualquer interferência das novas tecnologias".
Mas abriu umas excepções "não desenhadas", como se pode observar nesta imagem, em que se vê, na primeira vinheta (ao cimo, do lado esquerdo) a fotografia do rosto do Dr. Pinto Balsemão, "chamado ao cargo de Primeiro Ministro"; na vinheta seguinte a foto de César Torres, então novo presidente do ACP; e na última vinheta (em baixo, à direita), a imagem fotográfica de Michelle Mouton, primeira mulher a vencer o Rally de Portugal em 1982.
Um pouco visto pormenor de Lisboa, o Ascensor da Bica (ressalve-se a distracção do desenhador, que escreveu "Asensor"). Ter em consideração que esta imagem é relacionada com o ano de 1989, data em que o ACP chamava a atenção para a crescente degradação do parque automóvel em circulação no país.
Em baixo, a prancha completa, onde também está visível a ponte 25 de Abril.
A obra acerca da História do Automóvel Club de Portugal em Banda Desenhada ("História e Estórias do ACP") já foi referida neste blogue num "post" datado de 3 de Outubro (clicar na rubrica "Categorias", no item "Álbuns BD imprevisíveis e difíceis de obter").
Várias das suas páginas ficaram aqui reproduzidas, mas volto hoje a folhear o álbum editado sob a égide do ACP, para, desta vez, mostrar algumas imagens de Lisboa, cidade que forçosamente teria de ser focada na obra, na medida em que aquele clube, embora de âmbito nacional, nasceu na capital portuguesa.
Um aspecto que merece realce, desde logo, é o facto de várias das vistas da cidade serem de diferentes épocas, o que obrigou o ilustrador, Luís Correia, a um moroso e exigente trabalho de investigação, naturalmente em sintonia com o argumentista Carlos Morgado, que coligiu os elementos históricos da colectividade, e lhes deu a indispensável sequencialidade cronológica.
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Imagens extraídas da obra
História e Estórias do ACP
Autores: Luís Correia (desenho), Carlos Morgado (argumento)
Formato A4 - 40 páginas (A bd tem 34 pranchas, a cores) em papel "couché" de boa gramagem
Álbum brochado
Tiragem: 2500 exemplares
Data da edição não indicada [Setembro 2009]
Edição da Revista ACP
Rua Rosa Araújo, 24
1250-195 Lisboa
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Para
visionar os "posts" anteriores desta rubrica, será necessário clicar na
categoria "Lisboa na Banda Desenhada" que aparece no rodapé.
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Mas se os caros amigos visitantes do blogue quiserem saber primeiro quais as vistas de Lisboa já focadas nas diversas postagens, e os nomes dos autores referenciados, basta ver a lista abaixo:
(X) Julho 24 - Vários edifícios de Lisboa, na obra "Fernando Lopes Graça. Andamentos de uma Vida" - Autor: Ricardo Cabrita
(IX) Março 19 - Telhados da Baixa de Lisboa à noite - Autores: Filipe Alves (desenho), Álvaro Áspera (argumento)
(VIII) Março 13 - Parque Mayer: vista da entrada parcialmente submersa - Autores: Ana Saúde (desenho), João Veiga (arg.)
2009 - Daqui para cima
(VII) Junho 14 - Arco da Rua Augusta e Parque Mayer - Autor: C. Moreno
(VI) Abril, 14 - Sé Catedral de Lisboa, a cores diurnas e nocturnas - Autor: António Jorge Gonçalves
(V) Março, 11 - Alfama, recantos do bairro lisboeta - Autor: Filipe Andrade
(IV) Fev. 9 - Bairro dos Olivais com espaços verdes à vista - Autor: Ricardo Cabral
2007 - Daqui para cima
(III) Julho, 18 - Terreiro do Paço submerso - Autor: António Jorge Gonçalves
(II) Junho, 19 - Elevador de Santa Justa - Autor: Zé Paulo
(I) Maio, 21 - Torre de Belém e Convento do Carmo vistos em picado - Autor: Victor Mesquita
2006 - Daqui para cima
Com todo o respeito que os autores me mereçam (e não os conhecendo), sou forçado a deixar aqui uma pequena provocação: há alguma razão para que este álbum que, tanto quanto sei, foi feito em 2009, pareça ter sido feito nos anos 60?
ResponderEliminarObrigado,
Geraldes, se queres ver Lisboa na BD como deve ser:
ResponderEliminarhttp://paramimtantofaz.blogspot.com/2009/11/lisboa-na-bd-internacional.html#links
Isto mete muitos no bolso...