Ecologia, ambientalismo, espécies animais em risco de extinção, eis a trilogia que preocupa uma parte da humanidade, infelizmente exígua.
Haverá em Portugal vários movimentos - ecologistas, ambientalistas, defensores da vida selvagem - que, por definição, estão empenhados numa luta permanente em prol destes princípios altruístas.
No que concerne ao terceiro tema, essa luta incide na constante chamada de atenção para o morticínio de espécies usadas pelo homem para satisfação das suas pequenas vaidades - ou, na melhor das hipóteses, para necessidades não vitais.
Desde 2009 que está visível entre nós um movimento de defesa de espécies em risco de extinção, que se expressa através de uma revista. Celacanto é o seu título - homenagem, desde logo, a um peixe pré-histórico, que se julgava extinto, até que, em 1938, foi descoberto um espécime vivo junto à Costa da África do Sul. E, ainda existem, embora não haja conhecimento quantitativo.
Pois esta revista - a que os editores chamam carinhosamente "ecozine" (*) - foi concretizada no tradicional suporte de papel, embora tenha apoio virtual no endereço da editora Qual Albatroz.
Na apresentação do número inicial da Celacanto, dedicado ao albatroz, o editorial tinha o esclarecedor título "Sobre Sonhadores".
De facto, Marc e Zé, assim simplesmente se apresentam os responsáveis da editora e, obviamente da iniciativa, Marc Parchow Figueiredo e José Carlos Dias, são pessoas que sonham um mundo onde todas as espécies sejam respeitadas, mesmo aquelas que, pelo Homem, sempre foram sistematicamente consideradas depredadoras, como acontece com o lobo, tema do segundo número da revista recentemente editado.
São então esses dois sonhadores os responsáveis por tal movimento, consubstanciado no bonito objecto de papel, a revista-ecozine Celacanto.
E têm por acompanhantes uns tantos - bastantes - idealistas, maioritariamente portugueses, mas também brasileiros, um espanhol, uma suiça, um polaco.
No número de estreia houve trinta e sete colaboradores, enquanto que, em visível contagem crescente, nesta segunda aparição constam oitenta e um nomes, uns tantos a assinar contos, crónicas e poesias, na componente literária, e muitos outros, na área das artes visuais, responsáveis pelas fotografias, ilustrações e bandas desenhadas.
É óbvio que, no meu blogue, será a Banda Desenhada quem ficará privilegiada, embora reconheça que há estupendas peças na Ilustração, na Ficção e na Arte Poética, que bloguistas dessas áreas poderão destacar.
E mais uma vez está a Banda Desenhada privilegiada em relação às outras obras, visto que umas tantas pranchas de BD reproduzidas nas páginas deste Celacanto nº 2 estão visionáveis em exposição intitulada "Lobos para Todos", patente no Museu Nacional de História Natural (R. da Escola Politécnica, Lisboa) até 11 de Abril.
A dita exposição tem possibilidades de ser itinerante, pelo que os interessados podem obter autorização para a montar nas suas instalações, bastando para isso fazer o pedido ao Grupo Lobo (Associação não governamental e sem intuitos lucrativos).
Celacanto
Nº2
Capas (frente e verso) a cores, com ilustração de Miguel Rocha
Data da edição: Fevereiro 2010
Miolo: 114 páginas a preto e branco
Tiragem limitada a 750 exemplares numerados (por lapso, a ficha técnica indica 500 exemplares)
Preço: 5.00€ (Ao comprar este número da revista Celacanto o comprador contribui com 1.50€ para a protecção do lobo)
Editora Qual Albatroz - http://www.qualalbatroz.pt/
Massamá - Sintra
Apoios: Ordem dos Biólogos, Grupo Lobo, Museu Nacional de História Natural, Universidade de Lisboa, Grupo Entropia, Centro de Biologia Ambiental.
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Título das bandas desenhadas e nomes dos autores que colaboraram no nº 2, pela ordem (aleatória) em que estão reproduzidas aqui no blogue, de cima para baixo:
1 - "Direito de voto" - Autores: Miguel Marreiros (desenho), André Oliveira (argumento)
2 - "O Uivo do Passado" - Autores: Ana Saúde (desenho), Miguel Martins (argumento)
3 - "Vice-Versa" - Autor (desenho e argumento): Diogo Carvalho
4 - "Lobo e Cordeiro" - Autor (desenho e argumento (1) - Eric Ricardo
5 - "A outra história de Pedro e o Lobo" - Autor (desenho e argumento): Pedro Rodrigo Costa
6 - "O que se passa???" - Autor (desenho e argumento) - RoyZac
7 - "Lobo" - Autor (desenho e argumento): Luís Lourenço Lopes
8 - "Lobo: Predador ou Presa?" - Autor (desenho e argumento): Jhion
9 - "Lar" - Autores: António Orta (desenho), Rui Alex (argumento)
10 - "Uma vida a amar" - Autores: Bismark (desenho), António Orta (argumento), Cibeli Barone (cores) (2)
11 - "Resgatando" - Autora (desenho e argumento): Rita Cardoso
12 - "Dois Irmãos" - Autores: Paulo Marques (desenho), Adelina Menaia e João Figueiredo
13 - "O Uivo" - Autores: Ricardo Costa (desenho), Ricardo Carvalho (argumento)
14 - "O Lobo Voador..." - Autora (desenho e argumento): Ana Cardoso
15 - "Lobos das fábulas declaram greve" - Autores: Pedro Carvalho (desenho), André Oliveira (argumento)
16 - "Maria Jornalista - Licantropelias" - Autor (desenho e argumento): José Abrantes
17 - "Lobe e Lobi - 3 BDs em 1 com a participação especial do Capuchinho Vermelho" - Autor (desenho e argumento): Rui Alex
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Celacanto
Nº 1
Capas (frente e verso) a cores, com ilustração de José Carlos Fernandes
Data da edição: Fevereiro 2009
Miolo: 66 páginas a preto e branco
Tiragem limitada a 500 exemplares numerados
Preço: 3.00€ (Ao comprar este número da revista Celacanto o comprador contribui com 1.50€ para a protecção do habitat do albatroz)
Editora Qual Albatroz - http://www.qualalbatroz.pt/
Massamá - Sintra
Apoios: SPEA Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves
e Bird Life International
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Título das bandas desenhadas e nomes dos autores que colaboraram no nº 1, pela ordem (aleatória) em que estão reproduzidas aqui no blogue, de cima para baixo:
1 - "Eliminado o que está errado" - Autores: Rui Alex, desenho e cores (2); António Orta, argumento e legendagem (3)
2 - "Paraíso" - Autor (desenho e argumento): Paulo Marques
3 - "O Ataque" - Rui Alex, desenho; Antonio Orta, argumento e legendagem;
4 - "Albatroz-Patinegro" - Bismark, desenho; Antonio Orta, argumento
5 - "Albatroz em pão" - Autor (desenho e argumento): Jakub Jankowski
6 - (tira sem título) - Autor (desenho e argumento): Marc
7 - "Albatroz" - Autor (desenho e argumento): Luís Lourenço Lopes
8 - "Memórias de um albatroz" - Autor (desenho e argumento): André Oliveira
9 - "Efémero" - Autor (desenho e argumento): Diogo Carvalho
10 - "O Velho e o Albatroz" - Autores: Bismark, desenho; Antonio Orta (argumento); Cibelli Barone, cores (1)
11 - "Consciência" - Autora (desenho e argumento): Ana Saúde
12 - "Era uma vez um albatroz" - Autor (desenho e argumento): José Abrantes
13 - "Asas" - Autor (desenho e argumento): Manuel Alves
14 - (tira sem título) - Autor (desenho e argumento): Marc
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Notas referentes aos nºs 1 e 2:
(1) O autor brasileiro escreveu "roteiro", eu escrevi "argumento", que é o conceito correcto em português de Portugal (roteiro para nós é o guia das ruas duma cidade). Para os autores brasileiros que lerem este texto, esclareço: temos ainda o vocábulo "guião", que se refere à planificação e pormenorização do argumento, em diálogos e todo o tipo de indicações, quer sobre as personagens, quer sobre a descrição dos locais da acção
(2) A indicação de "cores" tem a ver com o facto de as bandas desenhadas originais terem sido feitas a cores, mas a revista foi impressa apenas a preto, branco e cinzento;
(3) Balonagem, escrevem os brasileiros (e há quem os copie por cá). Contudo, isso só faria algum sentido se apenas houvesse textos dentro dos balões, mas há os que ficam sob os desenhos, cuja definição técnica em português é "legendas didascálicas".
Portanto, em correcto português deverá ser "legendas", "legendagem".
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Como a edição de Celacanto está a cargo de uma editora comercial, a publicação não se pode considerar um fanzine, mas sim uma revista.
Repetindo o que tenho dito em vários textos acerca do assunto, a definição de fanzine parte do facto de ser um magazine editado por um fã, na condição de amador, ou uma associação cultural, em qualquer dos casos sem intuitos de lucro.
Pese embora às boas intenções da Qual Albatroz, trata-se de editora comercial/profissional, portanto fora da definição internacional do objecto fanzine. Como empresa que é, terá sempre a finalidade de obter algum lucro, mesmo que, neste caso específico, parte do PVP tenha a finalidade altruísta de ser dedicada à defesa das espécies eleitas para tema da revista.
Outra hipótese é a de classificar-se a publicação como "revista alternativa", considerando que é publicada sob chancela de uma pequena editora identificável como independente, por não estar ligada a qualquer grande grupo editorial.