sábado, setembro 18, 2010

Banda Desenhada portuguesa nos jornais (CXXIII)


Hoje, sábado, o jornal i deveria ter uma página de banda desenhada, como costumava todos os sábados, mas - hélas! - tal não aconteceu. 
Deveria ter mais um episódio da série Almanaque, mas não, não teve... Não poderei dizer que foi um acontecimento imprevisto: na realidade, no sábado passado, dia 11 deste mês de Setembro, a bd da edição do fim de semana do citado jornal mostrava bem nitidamente a palavra "fim" na sua última vinheta.

Qual a razão para este final abrupto? Contactei Rui Lacas (o autor do desenho inicial, suponho que a lápis), João Maio Pinto (o arte-finalista, ou inker, como dizem os americanos) e Luís Leal Miranda (o argumentista, além de jornalista do i) para tentar deslindar o mistério.

Sintetizando as respostas dos três (a mais completa foi a do argumentista), posso dizer que aconteceu aproximadamente isto: a série Almanaque correspondeu a um projecto sem prazo definido de validade. 
Foi decidido terminar a série de BD ao fim de seis meses e 24 episódios, por se tratar de números redondos, e para evitar a extinção por mero cansaço dos autores e desinteresse dos leitores. 
Claro que também houve mudanças internas no jornal que contribuiram para este final: por exemplo, uma das pessoas que mais se empenhou no projecto saiu do i na semana da última prancha.

Para despedida da BD neste jornal (*), reproduzo no topo do poste imagens dos seguintes episódios (de baixo para cima):

Realidade Alternativa ou o Princípio do Fim (edição de 7 Ag. 10)
A Revolta dos Gnomos (ed. de 21 Ag.)
Precisamos de Falar (11 Set.) - a tal bd que encerrava a série "Almanaque"

Todos os episódios publicados (desde 3 de Abril deste ano) autoconclusivos numa só prancha, em policromia, viveram de "gags", alfinetadas na realidade social e política portuguesa, com alguns protagonistas desta última que bem se reconhecem. Por exemplo, Pedro Passos Coelho na bd Realidade Alternativa ou o Princípio do Fim, e José Sócrates na bd A Revolta dos Gnomos.

A despedida dos autores pode ler-se na última vinheta (aliás, num texto didáctico-humorístico):

"Uma vinheta é o quadrado que se põe numa tira. Isto é uma legenda, o ALMANAQUE termina aqui, seis meses e 24 números depois. Luís Leal Miranda, Rui Lacas e João Maio Pinto despedem-se com um estrondo."

E o estrondo tem o aspecto de uma explosão atómica, onde, no topo, surge a palavra "fim". A simbologia é clara: a decepção, a tristeza do trio de autores. A que eu, simples divulgador, me associo.

(*) Bem, ainda continua a haver BD no i, só que apenas em texto escrito por um jornalista da casa (Cristóvão Gomes), às sextas feiras, na coluna intitulada Especialista BD
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Para ver os 122 postes anteriores (por exemplo, mais 4 episódios da citada série "Almanaque", no "post" de Abril, 29) bastará clicar na etiqueta "Banda Desenhada portuguesa nos jornais" indicada em rodapé

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