segunda-feira, outubro 11, 2010

Mangá "made in" Portugal (X) - A primeira por autor português




A banda desenhada japonesa, dita mangá - sendo que man significa ligeiro, divertido, e ga desenho, representação gráfica - está a suscitar cada vez mais o interesse dos leitores e a curiosidade atenta de estudiosos em vários países.

Em Portugal há também já uma larga camada de interessados, tanto enquanto autores - os chamados mangakas - como na linear faixa de apreciadores, e bem assim na de críticos, divulgadores e investigadores.

Em função desta última trilogia, e dos seus esforços metodológicos, vai surgindo a curiosidade de estabelecer quem, entre nós, terá sido o primeiro a desenhar ao estilo mangá.

As versões que costumam ser mais citadas apontam para a dupla Ana Freitas (desenho) e Nuno Duarte (argumentista/guionista), que realizaram a mangá Meia Noite e Três para a revista Kulto, suplemento do jornal Público, entre Outubro 2005 e Junho 2006, a outra versão, talvez ignorando esta publicação, nomeando em primeiro lugar Hugo Teixeira com Os Monótonos Monólogos de um Vagabundo, mangá iniciada no BDJornal (nº 94 - Agosto/Setº 2006).

Foi a esta última obra que o estudioso Pedro Bouça se referiu na sua palestra efectuada na Tertúlia BD de Lisboa, no passado dia 5 de Outubro.

Há, portanto, um desconhecimento generalizado da curta mangá - apenas três pranchas - sob o título Linokou e a Mangá, realizada por J. Mascarenhas para o fanzine Tertúlia BDzine (nº 14, Maio de 1998). 

Na minha opinião, e até prova em contrário, esta será, cronologicamente, a nossa primeira mangá, e isso na verdadeira acepção do termo, visto respeitar a tradicional sequência da escrita e publicações japonesas, em que a leitura das legendas e balões se faz da direita para a esquerda, e a capa aparece a fechar o livro do lado esquerdo.

Há um artigo meu na revista Splaft! Cadernos da Bedeteca de Beja (nº3, Maio de 2007), historiando cronologicamente as mangás editadas em Portugal, começando em 1996 com Striker o Guerreiro, de Ryoji Minagawa, autor do desenho, e Hiroshi Takashige, a escrever o argumento (ambos presentes no 7º Festival BD da Amadora), e Ranma 1/2 de Rumiko Takahashi, revistas que na altura adquiri com muita curiosidade e pouca admiração, em especial pelo medíocre aspecto de ambas as publicações, mas que hoje têm lugar histórico como edições seminais de mangá de autores japoneses em Portugal.
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O texto que na altura escrevi na última página do fanzine, intitulado "Manga ou Mangá, poderá ser lido facilmente após ampliação, pelo processo em dois tempos:
1º - Para a primeira ampliação, clicar em cima da imagem, coisa que toda a gente sabe.
2º - Para a máxima ampliação, passar em seguida sobre a imagem com o cursor, que nessa altura apresenta a lente com o sinal mais, e então clicar de novo.
Peço desculpa a quem sabe.
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Os nove artigos anteriores dedicados a este tema, desde o primeiro postado emJunho, 28, 2006, com imagem de Meia Noite e Três, são acessíveis clicando na etiqueta Mangá "made in" Portugal inserida em rodapé

5 comentários:

  1. Grande Linokou!
    Sempre em cima do acontecimento.
    E já passaram 12 anos!!!!!!!!!!!!!!
    É incrível como o tempo voa!
    Grande abraço.

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  2. Eu devo ser muito leiga porque digo sempre "manga". Sei que se diz mangá, mas nunca me habituei a dizer assim. E logo eu que que não gosto nada de "aportuguezar" palavras

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  3. Altíssimo
    É verdade, até parece que foi ontem que fizeste aquela bincadeira, e já lá vão doze anos.
    Mas por isso mesmo digo que, até prova em contrário, foste tu o primeiro ilustrador autor de BD a realizar uma mangá em Portugal, e eu o primeiro a editar (e já agora, graças a ti, o primeiro a servir de modelo a uma mangá portuguesa:-)
    Grande abraço tb para ti.
    GL

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  4. Olá Ana C. Nunes
    Não tem nada que se autoclassificar como leiga por pronunciar manga.
    É um neologismo, e cada pessoa pronuncia (e escreve) da maneira que acha mais correcta; há quem opte por "a manga", outros por "o manga". Eu optei por "a mangá" pq perguntei a japoneses já duas vezes, uma em Tóquio, outra na Amadora, como pronunciam a palavra, e das duas vezes ouvi "mángá", com as duas vogais bem abertas, por isso optei por acentuar pelo menos a última vogal.
    Isto seguindo o nosso hábito de seguir a pronúncia de cada língua, tal como digo naquele texto que escrevi para o fanzine Tertúlia BDzine, que reproduzi nesta postagem.
    Repito o que disse nele: nós acentuamos o "ó" de "Flórida" porque os americanos assim pronunciam, embora a palavra original, em castelhano, fosse "Florida" (porque tinha muitas flores.
    E aproveito para acrescentar dois exemplos que não incluí naquele texto: "máfia" (pronunciamos tal como os italianos pronunciam, embora a palavra seja escrita na língua original sem acento); "Cáritas" é como nós escrevemos e, logicamente, pronunciamos, embora o nome original seja "Caritas Internationalis" (que foi criada na Alemanha em 1897).
    E, tanto quanto sei de alemão, não existe o acento agudo naquela língua, mas nós, portugueses, talvez para fugir a dizer "caritas" (caras pequenas:-) criámos a nossa maneira própria de dizer e escrever.
    Como acho que também dizer "manga" soa a manga de casaco ou a fruta, e tendo a justificação da maneira de pronunciar dos próprios criadores da palavra, daí a minha opção...
    Como se trata de um neologismo, e aproveitando a plasticidade da lingua, e a sua capacidade de absorver estrangeirismos (uma das suas formas de enriquecimento), não julgo que esteja a criar nenhuma monstruosidade usando-a no feminino (embora as palavras japonesas não tenham género) mas como significa, em tradução livre, banda desenhada, achei que entre "o mangá" e "a mangá" (pus de parte, liminarmente, "a manga", seria pois "mangá" a forma que me parecia mais correcta... E não sou o único, mas não vou invocar ninguém por agora. Se a conversa continuar poderei acrescentar mais esse aspecto a meu favor.
    Já agora: eu conheço o seu nome, mas não me lembro se também faz mangá (ou manga, como prefere).
    Esclareça-me, por favor.
    Cordialmente.
    GL

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  5. Boa noite Ana C. Nunes
    Afinal, já a localizei, voltei a ver aquela informação sua de, entre 2006 e 2007, ter feito a bd (a parte do desenho) "Que sorte a minha", publicada todas as semanas no jornal semanal "Barcelos Popular" (quantas pranchas teve?).
    Já que isto tudo vem a propósito da mais correcta forma de se pronunciar o nome da bd japonesa, fostaria que me dissesse se essa tal bd era uma mangá.
    Saudações.
    GL

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