Chega agora a vez de falar da revista Casemate, continuando na onda de analisar publicações de banda desenhada que se editam em França, e que comprei logo à chegada a Angoulême - aquela revistaria/jornalaria na gare é uma perdição para quem chega de um país periférico chamado Portugal, praticamente um deserto no que se refere a revistas de BD.
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Casemate é uma revista que, por acaso, até chega com regularidade a Lisboa - não sei se ao resto do país . Costumo comprá-la num quiosque do Areeiro, mas outras vezes vou à baixa e compro-a na livraria Tema. Por isso, não há nesta postagem qualquer frisson de novidade. Apenas lhe faço referência para simplesmente completar, o mais possível, o panorama actual da especialidade em França - e para, sadicamente, pôr os aficionados portugueses a rangerem os dentes comparando-o com o que (não) há entre nós. Mas também para esmiuçar uma parte do seu conteúdo.
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Estamos em presença do nº 33, referente a Janeiro (deste ano, claro), que alguns portugueses já terão comprado (Quantos exemplares virão para Portugal? Talvez através da distribuidora se possa saber).
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A ilustrar a capa, em grande destaque, uma figura de mulher nua desenhada por Juillard que está, na actualidade, ligado a um estilo bem diferente, como se sabe, a de desenhar a série Blake et Mortimer.
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Mas desiluda-se quem não conhecer ainda a a revista, se pensa que nela vai encontrar muitas bandas desenhadas no seu miolo: na realidade, o conceito que prevalece é o da apresentação das obras em estreia ou em publicação, através de entrevistas com os respectivos autores (identificados por uma pequena foto), e mostrando-se com abundância imagens a elas respeitantes.
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Assim é com François Boucq, envolvido recentemente num trabalho hercúleo, o de desenhar cerca de duzentas capas para a obra San Antonio, muito popular em França, tanto em BD (através de tiras diárias no jornal France Soir), como em filmes.
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Boucq já esteve a ser tentado para realizar um álbum com a personagem, mas resistiu à tentação devido aos seus múltiplos compromissos: entre outros, fez mais de vinte pranchas para "XIII Mistery, Colonel Amos", e estava a fazer (estamos a falar do mês de Janeiro) o terceiro episódio de Janitor, do qual, além de o desenhar, é co-argumentista.
Assim é, também, com Gerry Alanguilan, filipino, autor de uma novela gráfica em que um galo tem o papel principal. Como justificação, o articulista traz à baila o facto de, em Alice, haver um coelho como personagem. E eu acrescentaria que, na BD, há uma enorme galeria de personagens antropomórficas, estou a lembrar-me de uma das mais recentes, chamada Blacksad...
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Gerry, na entrevista, teria forçosamente de falar desta sua obra intitulada Elmer, em edição de Ça et lá, uma das chancelas que teve destaque nos prémios de Angoulême.
Jimmy Beaulieu, canadiano do Quebec, fala da sua Comédie sentimentale pornographique, um tema ousado, com personagens adultas e permissivas, onde a homossexualidade feminina (lesbianismo, se preferirem) parece fascinar o autor.
Juillard tem direito, na sua entrevista, a sete páginas da revista. Ressalta, entre muitas das suas respostas, a que revela o ambiente em que se desenrolará o próximo Blake et Mortimer: na universidade inglesa de Oxford.
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E a terminar a longa conversa com os seus dois entrevistadores, Juillard confessa o seu desejo de vir a criar um mundo de ficção científica.
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Não por acaso, a capa da Casemate é essencialmente baseada em imagens desenhadas por Juillard.
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Casemate é uma revista que, por acaso, até chega com regularidade a Lisboa - não sei se ao resto do país . Costumo comprá-la num quiosque do Areeiro, mas outras vezes vou à baixa e compro-a na livraria Tema. Por isso, não há nesta postagem qualquer frisson de novidade. Apenas lhe faço referência para simplesmente completar, o mais possível, o panorama actual da especialidade em França - e para, sadicamente, pôr os aficionados portugueses a rangerem os dentes comparando-o com o que (não) há entre nós. Mas também para esmiuçar uma parte do seu conteúdo.
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Estamos em presença do nº 33, referente a Janeiro (deste ano, claro), que alguns portugueses já terão comprado (Quantos exemplares virão para Portugal? Talvez através da distribuidora se possa saber).
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A ilustrar a capa, em grande destaque, uma figura de mulher nua desenhada por Juillard que está, na actualidade, ligado a um estilo bem diferente, como se sabe, a de desenhar a série Blake et Mortimer.
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Mas desiluda-se quem não conhecer ainda a a revista, se pensa que nela vai encontrar muitas bandas desenhadas no seu miolo: na realidade, o conceito que prevalece é o da apresentação das obras em estreia ou em publicação, através de entrevistas com os respectivos autores (identificados por uma pequena foto), e mostrando-se com abundância imagens a elas respeitantes.
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Assim é com François Boucq, envolvido recentemente num trabalho hercúleo, o de desenhar cerca de duzentas capas para a obra San Antonio, muito popular em França, tanto em BD (através de tiras diárias no jornal France Soir), como em filmes.
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Boucq já esteve a ser tentado para realizar um álbum com a personagem, mas resistiu à tentação devido aos seus múltiplos compromissos: entre outros, fez mais de vinte pranchas para "XIII Mistery, Colonel Amos", e estava a fazer (estamos a falar do mês de Janeiro) o terceiro episódio de Janitor, do qual, além de o desenhar, é co-argumentista.
Assim é, também, com Gerry Alanguilan, filipino, autor de uma novela gráfica em que um galo tem o papel principal. Como justificação, o articulista traz à baila o facto de, em Alice, haver um coelho como personagem. E eu acrescentaria que, na BD, há uma enorme galeria de personagens antropomórficas, estou a lembrar-me de uma das mais recentes, chamada Blacksad...
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Gerry, na entrevista, teria forçosamente de falar desta sua obra intitulada Elmer, em edição de Ça et lá, uma das chancelas que teve destaque nos prémios de Angoulême.
Jimmy Beaulieu, canadiano do Quebec, fala da sua Comédie sentimentale pornographique, um tema ousado, com personagens adultas e permissivas, onde a homossexualidade feminina (lesbianismo, se preferirem) parece fascinar o autor.
Juillard tem direito, na sua entrevista, a sete páginas da revista. Ressalta, entre muitas das suas respostas, a que revela o ambiente em que se desenrolará o próximo Blake et Mortimer: na universidade inglesa de Oxford.
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E a terminar a longa conversa com os seus dois entrevistadores, Juillard confessa o seu desejo de vir a criar um mundo de ficção científica.
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Não por acaso, a capa da Casemate é essencialmente baseada em imagens desenhadas por Juillard.
Os argumentistas/guionistas não são, geralmente,entrevistados com a frequência com que são os desenhadores, mas na revista Casemate a situação altera-se e quase que se inverte.
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Yann, chefe de redacção da revista Spirou, responde aqui às perguntas acerca da obra Grand Duc, cuja componente gráfica (de boa qualidade no estilo realista) é da autoria de Romain Hugault e que já vai no terceiro episódio, em edição da Paquet (editora bem nossa conhecida por ter sido por ela publicado o português Rui Lacas).
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A personagem principal de Gran Duc é o ás da aviação Wulf, um alemão que, num contexto de pós-guerra, fará parte de um grupo de pilotos aviadores que se exilam em África. Wulf,segundo Yann, foi baseado no ás da aviação Ernst Schäffer, o qual, apesar de alemão, era anti-nazi convicto. Tanto assim, que recusava a cruz suástica no avião que pilotasse, e exigia que fosse todo pintado de negro.
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Yann demonstra, nesta entrevista, o seu entusiasmo pelo tema, tanto que tenciona pedir a Romain para acrescentar algumas pranchas ao terceiro tomo, já que o seu parceiro desenhador não está interessado em continuar a "viver" com os nazis.
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Aliás, neste último episódio, Yann descreve o ambiente em que os alemães viviam na Primavera de 1945, quando a derrota nazi era já previsível, mostrando muitos pilotos a recorrerem às anfetaminas para levarem a bom termo as missões desesperadas de que os encarregavam. Mas falar deste uso imoderado de drogas (o chamado "dopping") causou a Yann e a Romain alguns aborrecimentos com especialistas da aviação (ou até mesmo aviadores, digo eu), que os acusaram de destruir a boa imagem dos pilotos...
Acerca de Wollodrïn - outra obra escolhida para ser analisada na Casemate - eis de novo um argumentista em foco, David Chauvel, conhecido pelo contestado (classificado de soporífico) enredo ficcional de Arthur, e que desta vez fez duo com o desenhador Jérôme Lereculey, criando uma história medieval, de cariz fantástico, em que as personagens são sete condenados à morte, contratados para salvar uma princesa em território orc.
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Chauvel tenta agora realizar uma saga com maior vivacidade das peripécias, e sem os recitativos que sobrecarregavam Arthur, embora continuem a respeitar um ambiente eivado de classicismo.
Yves Swolfs é um artista ecléctico, bem conhecido pela série de género "western" Durango, mas está igualmente à vontade a criar (argumento e desenho) obra em ambiente medieval, Légende, que atingiu agora o quinto volume, intitulado Hauteterres.
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De resto, Swolfs deu-se conta, ao escrever o argumento, que a sua extensão dava para cinco álbuns e meio, embora tenha decidido que iria sintetizar um pouco, de forma a que a obra coubesse nos cinco volumes previstos.
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Será por isso que, neste quinto episódio, terá lugar o duelo final entre Tristan, o cavaleiro solitário, e Eol, o terrível filho de Shaggan.
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Dada a categoria do autor e a relevância da sua obra, a entrevista que lhe é feita e as respectivas ilustrações ocupam dez páginas da Casemate.
Marzena Sowa, polaca, argumentista, a trabalhar em duo com o desenhador Sylvain Savoia, participou na criação da personagem Marzi, jovem que vive numa Polónia em situação ainda indefinida após a queda do comunismo. Nas páginas da Casemate, ela e o desenhador, seu companheiro, são entrevistados e, nesta entrevista, após uma resposta de Marzena, observam-lhe que a obra acaba por dar a impressão de que "era melhor antes", e ela esclarece o que pensa, dizendo:
"A queda do comunismo não significava que, de um só golpe, tudo iria ser maravilhoso "(...) Mas,na verdade, a queda do Muro significou que todo o trabalho começava! Que era necessário pensar em recriar o país, utilizar esta liberdade para fazer algo de belo".
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Mazi atingiu agora o 6º volume, com o sub-título "Tout va mieux", em edição da Dupuis.
Sylvain Savoia, à pergunta habitual "Como é que trabalham os dois?", responde: "Como todos os duos de desenhador/argumentista, mas tendo em conta que nós formamos um casal na vida real. Esse facto traz ao nosso trabalho uma sensibilidade e uma emoção que dificilmente existiria se fossemos apenas colegas."
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Em 2009, Marzi serviu de base a um filme de desenhos animados, deu azo a uma exposição e a um documentário fílmico, o que é representativo do êxito desta série.
A série Makabi teve início na editora Dupuis, mas está actualmente a ser publicada pelas Éditions Bamboo, e já atingiu o volume de seis álbuns, embora dois ainda inéditos. Lloyd Singer, personagem da série, é o director financeiro de uma agência do FBI, em Richmond, Estados Unidos.
Luc Brunschwig, argumentista (co-autor da série com o desenhador Olivier Neuray), é aqui o entrevistado.
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À pergunta "Como é que Makabi está agora com a Bamboo, sob um novo título?", Luc responde:
"Em dez anos, a série conheceu quatro directores de colecção diferentes na Dupuis. O último deles, ao aperceber-se das vendas em queda, decidiu publicar um integral do segundo ciclo, em Junho de 2010. O primeiro tomo deste ciclo tinha saído em 2007, e Olivier Neuray desenhara os dois seguintes, ainda inéditos até então.
Mas os serviços comerciais apresentaram este relançamento como se fosse apenas um simples integral dos volumes já editados, e não como uma novidade. Donde as encomendas de apenas 3000 exemplares, e a esperança de vendas se reduzir a 1500. A série estava morta."
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Esta amarga resposta de Luc, baseada em factos concretos, dá bem a ideia de como os problemas podem surgir por deficiente gestão das editoras, mesmo num mercado bem vasto como é o francês.
Le Chanteur sans nom (na vida real, de apelido Avellis) deu azo a uma banda desenhada que se baseia em episódios verdadeiros,cujo desenvolvimento se deve ao argumentista, romancista, cantor e bloguista (viva, confrade!) Arnaud Le Gouefflec, coadjuvado pelo desenhador Olivier Balez.
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Mais uma vez, os responsáveis da revista Casemate começaram por entrevistar o argumentista, e é ele que conta como lhe surgiu a ideia de criar uma banda desenhada em que a personagem principal fosse um cantor mascarado, caído no esquecimento.
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Obviamente, sendo Arnaud também cantor, a ideia de desenvolver a história fascinou-o. Quanto a Olivier Balez, seu cúmplice, afirma ter mergulhado em cinco documentações diferentes, entre as quais alguns filmes aconselhados pelo categorizado argumentista Pierre Christin, longas conversas com Françoise Avellis, filha do "cantor sem nome", que acedeu a mostrar o seu acervo pessoal, constituído por discos de 78 rotações da época, fotos de seu pai junto a Charles Aznavour e também na companhia de Edith Piaf.
Não tanto como nos Estados Unidos da América, mas também na Europa os Super-Heróis têm uma enorme falange de admiradores, e Batman é indubitavelmente um desses heróis sobredotados.
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Essa admiração contamina tanto os simples leitores, sem qualquer jeito para o desenho, como aqueles que já nascem com a capacidade inata da criatividade gráfica. Tony Daniel (Antonio Salvador Daniel, americano apesar do nome com som português, nascido em 1963) está entre estes últimos.
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Battle for the Cowl é uma mini-série que, após ter sido sucesso nos States (o que surpreendeu a própria DC Comics), teve também publicação em França. Aliás, a DC queria que se fizesse um episódio com este título, mas com Dick Grayson, ex-Robin, que aparece agora com o vestuário de Batman. Todavia, Mike Marts, editor da personagem, após conversa com Tony Daniel, propôs-lhe que fosse ele a escrever também o argumento, partindo de uma ideia invulgar: cada episódio será contado por um Robin diferente, e em consequência disso sob uma perspectiva diversa, sempre no conceito de "one shot".
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É de tudo isto que fala Tony Daniel em quatro páginas da Casemate, e do seu grande prazer em desenhar mulheres (por exemplo Catwoman, o grande amor de Bruce Wayne), e do seu trabalho para Batman com o argumentista Grant Morrison, que o influenciou na forma de ele próprio escrever, quando lhe calha também a componente ficcional: primeiro, organizar as ideias mestras; em seguida, fazer avançar a história, episódio a episódio; e, por fim, quando o conjunto lhe parece estar bem definido, ele relê tudo e burila os diálogos, os detalhes da acção.
Tanquerelle, artista da Banda Desenhada, admira, desde a adolescência, Munch (Edvard Munch, 1863-1944), artista norueguês da Pintura, em especial a obra "Le Cri", cuja reprodução Hervé Tanquerelle tinha pendurada na parede do seu quarto.
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Na entrevista que lhe é feita na Casemate para a rubrica "Un auteur, un peintre, un tableau", o autor de BD lembrou-se de Munch e daquele seu famoso quadro, e não deixou de sublinhar quanto a imagem do rosto a soltar um grito lancinante tem a ver com as vivências dele, que ainda muito jovem se viu confrontado com a morte da mãe e da irmã, vítimas de tuberculose.
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Algo coincidentemente, a admiração de Tanquerelle pelo pintor norueguês teve agora reflexo na sua obra que acaba de ser editada, Les Racontars Arctiques, cujo texto foi adaptado por Gwen de Bonneval do romance de Jorn Riel passado na Groenlândia, embora alguns dos caçadores que participam sejam noruegueses.
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Yann, chefe de redacção da revista Spirou, responde aqui às perguntas acerca da obra Grand Duc, cuja componente gráfica (de boa qualidade no estilo realista) é da autoria de Romain Hugault e que já vai no terceiro episódio, em edição da Paquet (editora bem nossa conhecida por ter sido por ela publicado o português Rui Lacas).
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A personagem principal de Gran Duc é o ás da aviação Wulf, um alemão que, num contexto de pós-guerra, fará parte de um grupo de pilotos aviadores que se exilam em África. Wulf,segundo Yann, foi baseado no ás da aviação Ernst Schäffer, o qual, apesar de alemão, era anti-nazi convicto. Tanto assim, que recusava a cruz suástica no avião que pilotasse, e exigia que fosse todo pintado de negro.
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Yann demonstra, nesta entrevista, o seu entusiasmo pelo tema, tanto que tenciona pedir a Romain para acrescentar algumas pranchas ao terceiro tomo, já que o seu parceiro desenhador não está interessado em continuar a "viver" com os nazis.
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Aliás, neste último episódio, Yann descreve o ambiente em que os alemães viviam na Primavera de 1945, quando a derrota nazi era já previsível, mostrando muitos pilotos a recorrerem às anfetaminas para levarem a bom termo as missões desesperadas de que os encarregavam. Mas falar deste uso imoderado de drogas (o chamado "dopping") causou a Yann e a Romain alguns aborrecimentos com especialistas da aviação (ou até mesmo aviadores, digo eu), que os acusaram de destruir a boa imagem dos pilotos...
Acerca de Wollodrïn - outra obra escolhida para ser analisada na Casemate - eis de novo um argumentista em foco, David Chauvel, conhecido pelo contestado (classificado de soporífico) enredo ficcional de Arthur, e que desta vez fez duo com o desenhador Jérôme Lereculey, criando uma história medieval, de cariz fantástico, em que as personagens são sete condenados à morte, contratados para salvar uma princesa em território orc.
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Chauvel tenta agora realizar uma saga com maior vivacidade das peripécias, e sem os recitativos que sobrecarregavam Arthur, embora continuem a respeitar um ambiente eivado de classicismo.
Yves Swolfs é um artista ecléctico, bem conhecido pela série de género "western" Durango, mas está igualmente à vontade a criar (argumento e desenho) obra em ambiente medieval, Légende, que atingiu agora o quinto volume, intitulado Hauteterres.
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De resto, Swolfs deu-se conta, ao escrever o argumento, que a sua extensão dava para cinco álbuns e meio, embora tenha decidido que iria sintetizar um pouco, de forma a que a obra coubesse nos cinco volumes previstos.
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Será por isso que, neste quinto episódio, terá lugar o duelo final entre Tristan, o cavaleiro solitário, e Eol, o terrível filho de Shaggan.
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Dada a categoria do autor e a relevância da sua obra, a entrevista que lhe é feita e as respectivas ilustrações ocupam dez páginas da Casemate.
Marzena Sowa, polaca, argumentista, a trabalhar em duo com o desenhador Sylvain Savoia, participou na criação da personagem Marzi, jovem que vive numa Polónia em situação ainda indefinida após a queda do comunismo. Nas páginas da Casemate, ela e o desenhador, seu companheiro, são entrevistados e, nesta entrevista, após uma resposta de Marzena, observam-lhe que a obra acaba por dar a impressão de que "era melhor antes", e ela esclarece o que pensa, dizendo:
"A queda do comunismo não significava que, de um só golpe, tudo iria ser maravilhoso "(...) Mas,na verdade, a queda do Muro significou que todo o trabalho começava! Que era necessário pensar em recriar o país, utilizar esta liberdade para fazer algo de belo".
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Mazi atingiu agora o 6º volume, com o sub-título "Tout va mieux", em edição da Dupuis.
Sylvain Savoia, à pergunta habitual "Como é que trabalham os dois?", responde: "Como todos os duos de desenhador/argumentista, mas tendo em conta que nós formamos um casal na vida real. Esse facto traz ao nosso trabalho uma sensibilidade e uma emoção que dificilmente existiria se fossemos apenas colegas."
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Em 2009, Marzi serviu de base a um filme de desenhos animados, deu azo a uma exposição e a um documentário fílmico, o que é representativo do êxito desta série.
A série Makabi teve início na editora Dupuis, mas está actualmente a ser publicada pelas Éditions Bamboo, e já atingiu o volume de seis álbuns, embora dois ainda inéditos. Lloyd Singer, personagem da série, é o director financeiro de uma agência do FBI, em Richmond, Estados Unidos.
Luc Brunschwig, argumentista (co-autor da série com o desenhador Olivier Neuray), é aqui o entrevistado.
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À pergunta "Como é que Makabi está agora com a Bamboo, sob um novo título?", Luc responde:
"Em dez anos, a série conheceu quatro directores de colecção diferentes na Dupuis. O último deles, ao aperceber-se das vendas em queda, decidiu publicar um integral do segundo ciclo, em Junho de 2010. O primeiro tomo deste ciclo tinha saído em 2007, e Olivier Neuray desenhara os dois seguintes, ainda inéditos até então.
Mas os serviços comerciais apresentaram este relançamento como se fosse apenas um simples integral dos volumes já editados, e não como uma novidade. Donde as encomendas de apenas 3000 exemplares, e a esperança de vendas se reduzir a 1500. A série estava morta."
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Esta amarga resposta de Luc, baseada em factos concretos, dá bem a ideia de como os problemas podem surgir por deficiente gestão das editoras, mesmo num mercado bem vasto como é o francês.
Le Chanteur sans nom (na vida real, de apelido Avellis) deu azo a uma banda desenhada que se baseia em episódios verdadeiros,cujo desenvolvimento se deve ao argumentista, romancista, cantor e bloguista (viva, confrade!) Arnaud Le Gouefflec, coadjuvado pelo desenhador Olivier Balez.
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Mais uma vez, os responsáveis da revista Casemate começaram por entrevistar o argumentista, e é ele que conta como lhe surgiu a ideia de criar uma banda desenhada em que a personagem principal fosse um cantor mascarado, caído no esquecimento.
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Obviamente, sendo Arnaud também cantor, a ideia de desenvolver a história fascinou-o. Quanto a Olivier Balez, seu cúmplice, afirma ter mergulhado em cinco documentações diferentes, entre as quais alguns filmes aconselhados pelo categorizado argumentista Pierre Christin, longas conversas com Françoise Avellis, filha do "cantor sem nome", que acedeu a mostrar o seu acervo pessoal, constituído por discos de 78 rotações da época, fotos de seu pai junto a Charles Aznavour e também na companhia de Edith Piaf.
Não tanto como nos Estados Unidos da América, mas também na Europa os Super-Heróis têm uma enorme falange de admiradores, e Batman é indubitavelmente um desses heróis sobredotados.
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Essa admiração contamina tanto os simples leitores, sem qualquer jeito para o desenho, como aqueles que já nascem com a capacidade inata da criatividade gráfica. Tony Daniel (Antonio Salvador Daniel, americano apesar do nome com som português, nascido em 1963) está entre estes últimos.
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Battle for the Cowl é uma mini-série que, após ter sido sucesso nos States (o que surpreendeu a própria DC Comics), teve também publicação em França. Aliás, a DC queria que se fizesse um episódio com este título, mas com Dick Grayson, ex-Robin, que aparece agora com o vestuário de Batman. Todavia, Mike Marts, editor da personagem, após conversa com Tony Daniel, propôs-lhe que fosse ele a escrever também o argumento, partindo de uma ideia invulgar: cada episódio será contado por um Robin diferente, e em consequência disso sob uma perspectiva diversa, sempre no conceito de "one shot".
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É de tudo isto que fala Tony Daniel em quatro páginas da Casemate, e do seu grande prazer em desenhar mulheres (por exemplo Catwoman, o grande amor de Bruce Wayne), e do seu trabalho para Batman com o argumentista Grant Morrison, que o influenciou na forma de ele próprio escrever, quando lhe calha também a componente ficcional: primeiro, organizar as ideias mestras; em seguida, fazer avançar a história, episódio a episódio; e, por fim, quando o conjunto lhe parece estar bem definido, ele relê tudo e burila os diálogos, os detalhes da acção.
Tanquerelle, artista da Banda Desenhada, admira, desde a adolescência, Munch (Edvard Munch, 1863-1944), artista norueguês da Pintura, em especial a obra "Le Cri", cuja reprodução Hervé Tanquerelle tinha pendurada na parede do seu quarto.
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Na entrevista que lhe é feita na Casemate para a rubrica "Un auteur, un peintre, un tableau", o autor de BD lembrou-se de Munch e daquele seu famoso quadro, e não deixou de sublinhar quanto a imagem do rosto a soltar um grito lancinante tem a ver com as vivências dele, que ainda muito jovem se viu confrontado com a morte da mãe e da irmã, vítimas de tuberculose.
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Algo coincidentemente, a admiração de Tanquerelle pelo pintor norueguês teve agora reflexo na sua obra que acaba de ser editada, Les Racontars Arctiques, cujo texto foi adaptado por Gwen de Bonneval do romance de Jorn Riel passado na Groenlândia, embora alguns dos caçadores que participam sejam noruegueses.
"As técnicas secretas dos grandes mestres da banda desenhada" é uma rubrica interessante e didáctica, que mostra os layouts preparatórios das pranchas, acompanhados de notas a lápis do próprio desenhador, o que nos permite sentir como que o arfar do criativo, as suas hesitações, ou seja, sermos testemunhas, a posteriori, do acto de criação de uma figuração narrativa. O que constitui, sem dúvida, uma autêntica lição - neste caso a 33ª, tantas quantas os números já editados da Casemate até Janeiro, exemplar que comprei em Angoulême.
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Conheci esta revista logo no seu início, e quando vi a rubrica e respectivo conteúdo, de imediato tive a noção de estar em presença da concretização de uma brilhante ideia.
Nela colaboraram já - mostrando as suas techniques secrètes - alguns dos grands maîtres de la bande dessinée, nomeadamente Lewis Trondheim (iniciador e permanente coordenador da rubrica), Guy Delisle, Mathieu Sapin, Jason, Manu Larcenet, Killofer, Cyril Pedrosa, Charles Berberian, Florence Cestac, entre outros.
Coube neste número a vez de Fabrice Tarrin, admirador confesso do enorme Franquin, desde os 14 anos, idade com que enviou uma prancha ao seu ídolo, e de quem recebeu vários conselhos dentro de balões de BD, como se pode ver (razoavelmente) na página da revista, mas melhor no blogue de Fabrice (por exemplo: num dos balões consegue ler-se: "as raparigas são difíceis de desenhar, faz esboços de raparigas").
Se Franquin o disse...
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Entretanto, quem quiser ver as oito postagens anteriores, poderá fazê-lo clicando no item que está visível aqui por baixo no rodapé, e que tem a legenda "Etiquetas: Revistas BD"
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Conheci esta revista logo no seu início, e quando vi a rubrica e respectivo conteúdo, de imediato tive a noção de estar em presença da concretização de uma brilhante ideia.
Nela colaboraram já - mostrando as suas techniques secrètes - alguns dos grands maîtres de la bande dessinée, nomeadamente Lewis Trondheim (iniciador e permanente coordenador da rubrica), Guy Delisle, Mathieu Sapin, Jason, Manu Larcenet, Killofer, Cyril Pedrosa, Charles Berberian, Florence Cestac, entre outros.
Coube neste número a vez de Fabrice Tarrin, admirador confesso do enorme Franquin, desde os 14 anos, idade com que enviou uma prancha ao seu ídolo, e de quem recebeu vários conselhos dentro de balões de BD, como se pode ver (razoavelmente) na página da revista, mas melhor no blogue de Fabrice (por exemplo: num dos balões consegue ler-se: "as raparigas são difíceis de desenhar, faz esboços de raparigas").
Se Franquin o disse...
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Entretanto, quem quiser ver as oito postagens anteriores, poderá fazê-lo clicando no item que está visível aqui por baixo no rodapé, e que tem a legenda "Etiquetas: Revistas BD"
Boas, so para referir aqui a falta de divulgação do mais importante, a BD nacional, não sei se esta a par do Projecto ZONA http://zonabd.blogspot.com/ que tem lançado varias revistas com a sua associação Tentaculo sendo neste momento a meu ver das revistas portuguesas de BD mais interessantes.
ResponderEliminarObrigado.
Conheço perfeitamente, tenho comprado todos os números, ainda esta semana comprei no cinema S. Jorge a que foi dedicada ao festival Monstra, e conheço os editores além de vários dos colaboradores.
ResponderEliminarSó que considero que não faz sentido que todos os blogues falem dos mesmos assuntos, e há na blogosfera quem faça muito bem esse trabalho, como é o caso do Kuentro, e vários outros irão falar do projecto Zona.
Eu tento tratar de temas que outros raramente focam, embora, por acaso, dois ou três dos temas que criei desde 2005 já tenham sido copiados por outros. Paciência.
E se presentemente estou a falar de revistas estrangeiras, é apenas dos exemplares que comprei em Janeiro em Angoulême, não irei continuar a falar delas, porque, lá está, há outros bloguistas que o fazem sistematicamente todos os meses.
Não sei se reparou - se é que costuma ver de vez em quando este blogue - que também nunca falei do BDJornal, publicação congénere e mais antiga, exactamente pelo mesmo motivo.
Não quer dizer que não venha a mexer nessas publicações e similares, focando temas que já iniciei no meu blogue, como, por exemplo, "Curtas de BD".
O que acontece é que tenho sempre muitos assuntos para tratar a que outros não ligam - concursos de BD, por exemplo -, além de que não me interessa mudar de "post" todos os dias, porque apercebo-me que ao fim de 3 ou 4 dias uma determinada postagem continua a ser visitada, mas raros são os visitantes que vão ver as postagens anteriores. A conclusão que tiro é que não serve de nada estar a mudar de assunto todos os dias.
Uma curiosidade: você tem algum blogue?