O nome do escritor italiano Emilio Salgari voltou a ganhar visibilidade quando a sua personagem Sandokan apareceu numa série televisiva - em finais da década de 1970 - em que aquele pirata dos mares, "o tigre da Malásia", criou uma nova geração de admiradores.
Mas também um pouco mais tarde, já nos anos de 1980, um admirador da obra de Salgari, dotado para o desenho - Santos Costa - resolveu transformar em banda desenhada excertos de romances do prolífico escritor, no que foi o primeiro autor português de BD a fazê-lo, e até agora o único.
Essa sua primeira incursão no universo salgariano deu-se na importante revista de BD Mundo de Aventuras, em bedês baseadas nas obras "Os Tuaregues", "O Último Tigre" e "A Formosa Judia".
Passaram-se bastantes anos - dezena e meia - e Santos Costa foi desenvolvendo esse núcleo inicial, e o resultado, com uma bem maior extensão, foi recentemente editado em álbum, sob o título Os Piratas do Deserto.
Eurico de Barros, atento e lúcido crítico de cinema, mas que estende o seu interesse analítico à BD, deu grande visibilidade a esta adaptação de Salgari à figuração narrativa, no jornal Diário de Notícias (edição de 24 do corrente mês de Setembro), na rubrica DN Artes. É desse extenso comentário crítico, complementada por conversa com o banda-desenhista, que aqui em baixo reproduzo alguns excertos (respeitando o uso pelo DN do novo acordo ortográfico AO90).
Imagens que ilustram o post (de cima para baixo):
1. Reprodução da página do Diário de Notícias, rubrica DN Artes, com a foto de Santos Costa e o texto de Eurico de Barros
2. Prancha da banda desenhada reproduzida no texto
3. Capa da obra em álbum "Os Piratas do Deserto", edição ASA, que também ilustra o artigo
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Nona Arte. Em "Os Piratas do Deserto", Santos Costa adapta pela primeira vez em banda desenhada em Portugal um livro do criador de Sandokan e do Corsário Negro
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EURICO DE BARROS
Nona Arte. Em "Os Piratas do Deserto", Santos Costa adapta pela primeira vez em banda desenhada em Portugal um livro do criador de Sandokan e do Corsário Negro
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EURICO DE BARROS
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Foi lido e elogiado por Umberto Eco, Borges,Neruda, Fellini ou Garcia Marquez, e 'Che' Guevara levou livros dele para a Sierra Maestra durante a guerrilha em Cuba. No passado dia 21 de Agosto assinalaram-se os 150 anos do nascimento do italiano Emilio Salgari (...) A coincidir com a efeméride, acaba de sair Os Piratas do Deserto, de Santos Costa, a primeira adaptação para para banda desenhada (BD) em Portugal de um romance do prolífero escritor italiano, feita por um desenhador (também escritor, ilustrador e cartunista) nos seus tempos livres de funcionário público, agora já reformado.
Assim introduz Eurico de Barros o tema. Em seguida, reproduz palavras de Santos Costa:
"Esta aventura foi originalmente publicada no Mundo de Aventuras, em dezembro de 1986, e agora levou um nova versão, mais ampliada", conta o autor. "Afinal, passaram-se 26 anos e tive que adaptar o traço para a obra ser mais homogénea. Eram 32 pranchas que agora foram transformadas em 165. E, graças à editora, Os Piratas do Deserto 'cai' mesmo na comemorações dos 150 anos do nascimento do Emilio Salgari (...)"
"(...) Esta obra foi uma das que sofreu uma maior corruptela por parte do editor português do Salgari, a Romano Torres (...) Eles condensaram os dois livros ["A Formosa Judia" e "Os Piratas do Deserto"] num só volume e alguns capítulos foram amputados. Por isso tive o cuidado de dizer no álbum que é uma adaptaçãolivre da obra de Salgari (...)"
O tipo de aventura, o traço do desenhador e o preto e branco dão a Os Piratas do Deserto um sabor nostálgico e tradicional, a contraponto da maioria da BD de hoje - esta é a opinião do crítico acerca da obra.
O autor confirma-a:
"É um álbum a contracorrente, sim. Mas eu,quer na BD, quer no cinema, nem sempre acompanho a maré e o público leitor e cinéfilo pode desejar que haja alguma coisa do passado que ainda seja feita hoje. E esta BD é a preto e branco porque também há ainda hoje alguns filmes que o são. É uma opção estética porque se enquadra na obra original, que é do século XIX, com um assunto do século XIX (...)
Admirador de Hugo Pratt (opinião de Eurico de Barros), Santos Costa diz não ter "propriamente um estilo".
"O meu desenho é um desenho saído muitas vezes quase espontâneo, intermédio entre a BD franco-belga e alguns autores ingleses" (...) "Nunca pus a opção de ser um autor de BD a tempo inteiro, nem consegui ser um autor consagrado. E mesmo que conseguisse, não conheço autores portugueses que sobrevivam apenas desta arte. Não se consegue ser umprofissional de BD a tempo inteiro. (...)"
Santos Costa gostava de desenhar outro livro de Emilio Salgari, A Montanha de Luz - informa o articulista.
"Foi a primeira tradução dele editada em Portugal, um ano antes da sua morte, em 1911. Não estou a planear nada, por causa das condições do nosso mercado, mas gostava que Os Piratas do Deserto não fosse o primeiro e último romance do Salgari a ser adaptado para BD em Portugal."
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SANTOS COSTA
Biobibliografia
Fernando Jorge Santos Costa, Lisboa, 14 de Fevereiro de 1951.
Estudou em Viseu, onde completou o antigo 5º ano liceal.
Depois disso, como ele diz, tem vivido entre a escrita e o desenho. Da escrita - apesar de já ter mais de uma dúzia de livros publicados, englobando contos, romances e monografias - aqui só ficará curto registo de argumentos ou adaptações literárias para a banda desenhada, pois é de BD que trata este blogue.
Santos Costa iniciou-se no Mundo de Aventuras - um bom começo. Em 1979, na 2ª série daquela revista, estreia-se com A Caça aos Lobos. E, como aconteceria bastas vezes, numa adaptação literária que ele próprio fez da obra de Aquilino Ribeiro, assim satisfazendo também a sua tendência para as letras. Chegado aos anos de 1980, realiza Os Tuaregues, em adaptação literária de Salgari, tal como fez com O Último Tigre e A Formosa Judia; quanto a D. Quixote e o Lobo, baseou-se em Cervantes, obviamente.
Passou pela História - Fernão de Magalhães -, e pelos contos tradicionais - O Boi Cardil, D. Caio, Branca Flor, A Dama Pé-de-Cabra, Os Dois Compadres, O Velho do Surrão. Há ainda uma lenda, A Truta de Celorico, um conto tradicional africano, e outro chinês, Os Homens de Pedra de Sutilé e A Mulher de Wan His-Liang, respectivamente. É todo um variado leque de temas vertidos para BD naquela prestigiosa revista juvenil.
Uma parte significativa da sua actividade de autor nesta área teve apoio no semanário O Crime, para onde transformou em bandas desenhadas, ao ritmo de uma prancha em cada número, a preto e branco, grande diversidade de casos. Por exemplo, históricos: A Execução dos Távoras (este episódio abrangeu treze pranchas), Zé do Telhado (uma adaptação que durou vinte e uma semanas e igual número de pranchas), João Brandão, Diogo Alves, Alves Reis, O Regicídio e O Atentado a Salazar.
Santos Costa, durante os anos 1990 e primeiros de 2000, nunca vacilou em adaptar, qualquer que fosse o assunto, a desenhos sequenciais, como se percebe por alguns dos restantes títulos: Os Marçais de Foz Côa, O Gang do Multibanco, O Estripador de Lisboa, O Caso "Meia Culpa", A Turista Violada, O Massacre de Fortaleza, O Crime do Padre Frederico, entre outros.
Na área nobre dos álbuns, o seu primeiro aparece em 1985: Batalha de Trancoso, com miolo a preto e branco, numa edição da autarquia homónima; em 1988, no formato de livro, sai O Magriço, um dos Doze de Inglaterra; em 1990, também com apoio da Câmara trancosense, é editada, a cores, a história de uma enigmática personagem local, Bandarra-Poeta, profeta e sapateiro de Trancoso.
Em 1994, surgindo pela primeira vez a história de um partido político em BD, Santos Costa realiza a obra PSD-Partido Social Democrata-20 anos, álbum com capa a cores e miolo a preto e branco, hoje em dia uma peça muito difícil de encontrar.
Após compasso de espera de oito anos, o prolífico autor aparece com três álbuns consecutivos: Registos Criminais (2002), capa colorida e miolo a preto e branco; A Viúva do Enforcado (2003), com apoio da Câmara Municipal do Fundão; e D. Egas Moniz, o Aio, edição patrocinada pela Câmara Municipal de Lamego, estes dois últimos com capa e conteúdo em quadricromia.
Em Fevereiro de 2007 colaborou no fanzine Efeméride (nº2), com o episódio Em Trancoso, inserido na obra colectiva Príncipe Valente no Século XXI.
A sua obra mais recente, datada de Agosto de 2012, tem por título Os Piratas do Deserto, livro de 173 páginas, com a capa a cores, sob chancela da editora ASA.
Geraldes Lino
Foi lido e elogiado por Umberto Eco, Borges,Neruda, Fellini ou Garcia Marquez, e 'Che' Guevara levou livros dele para a Sierra Maestra durante a guerrilha em Cuba. No passado dia 21 de Agosto assinalaram-se os 150 anos do nascimento do italiano Emilio Salgari (...) A coincidir com a efeméride, acaba de sair Os Piratas do Deserto, de Santos Costa, a primeira adaptação para para banda desenhada (BD) em Portugal de um romance do prolífero escritor italiano, feita por um desenhador (também escritor, ilustrador e cartunista) nos seus tempos livres de funcionário público, agora já reformado.
Assim introduz Eurico de Barros o tema. Em seguida, reproduz palavras de Santos Costa:
"Esta aventura foi originalmente publicada no Mundo de Aventuras, em dezembro de 1986, e agora levou um nova versão, mais ampliada", conta o autor. "Afinal, passaram-se 26 anos e tive que adaptar o traço para a obra ser mais homogénea. Eram 32 pranchas que agora foram transformadas em 165. E, graças à editora, Os Piratas do Deserto 'cai' mesmo na comemorações dos 150 anos do nascimento do Emilio Salgari (...)"
"(...) Esta obra foi uma das que sofreu uma maior corruptela por parte do editor português do Salgari, a Romano Torres (...) Eles condensaram os dois livros ["A Formosa Judia" e "Os Piratas do Deserto"] num só volume e alguns capítulos foram amputados. Por isso tive o cuidado de dizer no álbum que é uma adaptaçãolivre da obra de Salgari (...)"
O tipo de aventura, o traço do desenhador e o preto e branco dão a Os Piratas do Deserto um sabor nostálgico e tradicional, a contraponto da maioria da BD de hoje - esta é a opinião do crítico acerca da obra.
O autor confirma-a:
"É um álbum a contracorrente, sim. Mas eu,quer na BD, quer no cinema, nem sempre acompanho a maré e o público leitor e cinéfilo pode desejar que haja alguma coisa do passado que ainda seja feita hoje. E esta BD é a preto e branco porque também há ainda hoje alguns filmes que o são. É uma opção estética porque se enquadra na obra original, que é do século XIX, com um assunto do século XIX (...)
Admirador de Hugo Pratt (opinião de Eurico de Barros), Santos Costa diz não ter "propriamente um estilo".
"O meu desenho é um desenho saído muitas vezes quase espontâneo, intermédio entre a BD franco-belga e alguns autores ingleses" (...) "Nunca pus a opção de ser um autor de BD a tempo inteiro, nem consegui ser um autor consagrado. E mesmo que conseguisse, não conheço autores portugueses que sobrevivam apenas desta arte. Não se consegue ser umprofissional de BD a tempo inteiro. (...)"
Santos Costa gostava de desenhar outro livro de Emilio Salgari, A Montanha de Luz - informa o articulista.
"Foi a primeira tradução dele editada em Portugal, um ano antes da sua morte, em 1911. Não estou a planear nada, por causa das condições do nosso mercado, mas gostava que Os Piratas do Deserto não fosse o primeiro e último romance do Salgari a ser adaptado para BD em Portugal."
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SANTOS COSTA
Biobibliografia
Fernando Jorge Santos Costa, Lisboa, 14 de Fevereiro de 1951.
Estudou em Viseu, onde completou o antigo 5º ano liceal.
Depois disso, como ele diz, tem vivido entre a escrita e o desenho. Da escrita - apesar de já ter mais de uma dúzia de livros publicados, englobando contos, romances e monografias - aqui só ficará curto registo de argumentos ou adaptações literárias para a banda desenhada, pois é de BD que trata este blogue.
Santos Costa iniciou-se no Mundo de Aventuras - um bom começo. Em 1979, na 2ª série daquela revista, estreia-se com A Caça aos Lobos. E, como aconteceria bastas vezes, numa adaptação literária que ele próprio fez da obra de Aquilino Ribeiro, assim satisfazendo também a sua tendência para as letras. Chegado aos anos de 1980, realiza Os Tuaregues, em adaptação literária de Salgari, tal como fez com O Último Tigre e A Formosa Judia; quanto a D. Quixote e o Lobo, baseou-se em Cervantes, obviamente.
Passou pela História - Fernão de Magalhães -, e pelos contos tradicionais - O Boi Cardil, D. Caio, Branca Flor, A Dama Pé-de-Cabra, Os Dois Compadres, O Velho do Surrão. Há ainda uma lenda, A Truta de Celorico, um conto tradicional africano, e outro chinês, Os Homens de Pedra de Sutilé e A Mulher de Wan His-Liang, respectivamente. É todo um variado leque de temas vertidos para BD naquela prestigiosa revista juvenil.
Uma parte significativa da sua actividade de autor nesta área teve apoio no semanário O Crime, para onde transformou em bandas desenhadas, ao ritmo de uma prancha em cada número, a preto e branco, grande diversidade de casos. Por exemplo, históricos: A Execução dos Távoras (este episódio abrangeu treze pranchas), Zé do Telhado (uma adaptação que durou vinte e uma semanas e igual número de pranchas), João Brandão, Diogo Alves, Alves Reis, O Regicídio e O Atentado a Salazar.
Santos Costa, durante os anos 1990 e primeiros de 2000, nunca vacilou em adaptar, qualquer que fosse o assunto, a desenhos sequenciais, como se percebe por alguns dos restantes títulos: Os Marçais de Foz Côa, O Gang do Multibanco, O Estripador de Lisboa, O Caso "Meia Culpa", A Turista Violada, O Massacre de Fortaleza, O Crime do Padre Frederico, entre outros.
Na área nobre dos álbuns, o seu primeiro aparece em 1985: Batalha de Trancoso, com miolo a preto e branco, numa edição da autarquia homónima; em 1988, no formato de livro, sai O Magriço, um dos Doze de Inglaterra; em 1990, também com apoio da Câmara trancosense, é editada, a cores, a história de uma enigmática personagem local, Bandarra-Poeta, profeta e sapateiro de Trancoso.
Em 1994, surgindo pela primeira vez a história de um partido político em BD, Santos Costa realiza a obra PSD-Partido Social Democrata-20 anos, álbum com capa a cores e miolo a preto e branco, hoje em dia uma peça muito difícil de encontrar.
Após compasso de espera de oito anos, o prolífico autor aparece com três álbuns consecutivos: Registos Criminais (2002), capa colorida e miolo a preto e branco; A Viúva do Enforcado (2003), com apoio da Câmara Municipal do Fundão; e D. Egas Moniz, o Aio, edição patrocinada pela Câmara Municipal de Lamego, estes dois últimos com capa e conteúdo em quadricromia.
Em Fevereiro de 2007 colaborou no fanzine Efeméride (nº2), com o episódio Em Trancoso, inserido na obra colectiva Príncipe Valente no Século XXI.
A sua obra mais recente, datada de Agosto de 2012, tem por título Os Piratas do Deserto, livro de 173 páginas, com a capa a cores, sob chancela da editora ASA.
Geraldes Lino
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Os interessados em ver as 26 anteriores postagens (com início em 15 de Julho de 2005) do presente tema, poderão fazê-lo, bastando para isso clicar no item Imprensa - Críticas e notícias sobre BD, visível aqui por baixo no rodapé
Lino
ResponderEliminarAgradeço-te esta reprodução que abre justamente um espaço interessante, como forma de divulgar o que vai sendo divulgado na imprensa (passe a redundância).
Ainda há quem pugne pela elevação da 9ª Arte nos media portugueses e isso é bom para os autores, editores e leitores.
A propósito, fui violentamente "canelado" por uma crítica virulenta que um tal João Ramalho-Santos (com hífen - deves adoptar o Geraldes-Lino)resolveu lançar sobre o meu livro e que eu não pretendo esconder: entre críticas boas e más e ausência de críticas, prefiro as primeiras.
No entanto, este "crítico" usou de tal virulência que me levou a responder através do meu blogue, com o link seguinte (permite-me o abuso):
http://bandarra-bandurra.blogspot.pt/2012/09/os-hackers-da-bd-portuguesa.html
Como a cobardia e o encobrimento nunca foram os meus fortes adereços, mandei ao homem um e-mail com as minhas (des)condiderações.
Agradeço-te toda a consideração que tiveste em abrir este novo espaço de divulgação, com a honra de ser eu o primeiro, ainda que imerecidamente.
Abraço
Santos-Costa (já agora, para não te tratar só por Costa)
ResponderEliminarAcho que ficaste perturbado pela crítica do João Ramalho-Santos (sempre vi o nome dele escrito sem hífen, no JL-Jornal de Letras Artes e Ideias, onde costuma escrever sobre BD, se calhar é para não o tratarem por Santos, como faz o madeirense Sr. Jardim que trata (tratou uma vez) o presidente da República Cavaco Silva por Sr. Silva).
Sugiro que deves ter ficado perturbado porque dizes no início que eu abri um espaço interessante, e terminas agradecendo-me a consideração que eu tive em abrir este novo espaço de divulgação, e, cito, "com a honra de ser eu o primeiro".
Ou seja: não reparaste que o título do "post" já indica o número elevado de entradas que integra esta categoria (ou etiqueta). De facto, no topo da postagem está o seguinte:
Críticas e Notícias sobre BD na Imprensa (XXVII)
Isto é, o recorte de imprensa que divulgo agora, relacionado contigo, já é o 27º da série.
Se leres o que está escrito a seguir à tua biobibliografia, diz lá:
Os interessados em ver as 26 anteriores postagens (com início em 15 de Julho de 2005) do presente tema, poderão fazê-lo, bastando para isso clicar no item 'Etiquetas: Críticas e notícias sobre BD na Imprensa, visível aqui por baixo no rodapé'
É isso. Se seguires aquele conselho, irás ver 26 postagens a reproduzir notícias e críticas que extraio de jornais e/ou revistas, como fiz agora em relação ao artigo/crítica/entrevista que o jornalista do DN te dedicou.
Aliás, no sms que te enviei (tal como enviei para muita gente), está lá escrito:
"Acerca do autor Santos Costa e da sua mais recente obra em BD "Os Piratas do Deserto" reproduzo o texto de Eurico de Barros no DN na rubrica do meu blogue 'Críticas e Notícias sobre BD na Imprensa", talvez a primeira rubrica do género na blogosfera nacional".
Sublinhei a antiguidade da existência (só me faltou pôr lá a data do início, 15 de Julho de 2005) porque já houve quem me copiasse a ideia, e alguém pensou que era eu a copiar, por isso ponho sempre lá aquela data, "a cause des mouches" :-)
Quanto à crítica: eu comprei, como sempre faço, o JL (19 Set. a 2 Out.), e não vi lá nenhuma crítica à tua obra.
Mas lamento que, tal como dizes - e li agora mesmo no teu blogue (suspendi esta resposta para ir ao "bandarra-bandurra") - o crítico tenha misturado o que eventualmente caracterizava algumas obras de Salgari (não sei, era muito jovem quando o li, e só li algumas aventuras de Sandokan, que me entusiasmaram) com a tua parte enquanto autor de BD.
Lamento.
Geraldes-Lino (já agora:)
Santos-Costa (já agora, para não te tratar só por Costa)
ResponderEliminarAcho que ficaste perturbado pela crítica do João Ramalho-Santos (sempre vi o nome dele escrito sem hífen, no JL-Jornal de Letras Artes e Ideias, onde costuma escrever sobre BD, se calhar é para não o tratarem por Santos, como faz o madeirense Sr. Jardim que trata (tratou uma vez) o presidente da República Cavaco Silva por Sr. Silva).
Sugiro que deves ter ficado perturbado porque dizes no início que eu abri um espaço interessante, e terminas agradecendo-me a consideração que eu tive em abrir este novo espaço de divulgação, e, cito, "com a honra de ser eu o primeiro".
Ou seja: não reparaste que o título do "post" já indica o número elevado de entradas que integra esta categoria (ou etiqueta). De facto, no topo da postagem está o seguinte:
Críticas e Notícias sobre BD na Imprensa (XXVII)
Isto é, o recorte de imprensa que divulgo agora, relacionado contigo, já é o 27º da série.
Se leres o que está escrito a seguir à tua biobibliografia, diz lá:
Os interessados em ver as 26 anteriores postagens (com início em 15 de Julho de 2005) do presente tema, poderão fazê-lo, bastando para isso clicar no item 'Etiquetas: Críticas e notícias sobre BD na Imprensa, visível aqui por baixo no rodapé'
É isso. Se seguires aquele conselho, irás ver 26 postagens a reproduzir notícias e críticas que extraio de jornais e/ou revistas, como fiz agora em relação ao artigo/crítica/entrevista que o jornalista do DN te dedicou.
Aliás, no sms que te enviei (tal como enviei para muita gente), está lá escrito:
"Acerca do autor Santos Costa e da sua mais recente obra em BD "Os Piratas do Deserto" reproduzo o texto de Eurico de Barros no DN na rubrica do meu blogue 'Críticas e Notícias sobre BD na Imprensa", talvez a primeira rubrica do género na blogosfera nacional".
Sublinhei a antiguidade da existência (só me faltou pôr lá a data do início, 15 de Julho de 2005) porque já houve quem me copiasse a ideia, e alguém pensou que era eu a copiar, por isso ponho sempre lá aquela data, "a cause des mouches" :-)
Quanto à crítica: eu comprei, como sempre faço, o JL (19 Set. a 2 Out.), e não vi lá nenhuma crítica à tua obra.
Mas lamento que, tal como dizes - e li agora mesmo no teu blogue (suspendi esta resposta para ir ao "bandarra-bandurra") - o crítico tenha misturado o que eventualmente caracterizava algumas obras de Salgari (não sei, era muito jovem quando o li, e só li algumas aventuras de Sandokan, que me entusiasmaram) com a tua parte enquanto autor de BD.
Lamento.
Geraldes-Lino (já agora:)
Lino
ResponderEliminarComo se diz em esgrima - "touché!". De facto, eu estava tão entusiasmado, que nem reparei nesse pormenor. Digamos que, para mim, é um espaço novo por tratar uma obra nova da minha lavra.
Relativamente à crítica, encontrei-a na net, com a assinatura de João Ramalho-Santos, num forum ou blog do JL, pelo que não sei se foi publicada em papel.
Tive o cuidado de enviar um e-mail ao crítico, fazendo-lhe saber que não concordei com o conteúdo usado, mormente vocábulos acintosos como "retrógrado", retrógrado, "confrangedor" e "insultuosa" - termos esses que não costumo encontrar nem em críticas do "Mein Kampf" do Hitler.
Escrevi ao autor, não para criticar a opinião negativa que teve (pois é do seu direito), mas pela forma como o fez, colocando, qual agência de rating, a obra na categoria de "lixo", com o vilipêndio que se pode ler.
Disse-lhe ainda que, desta forma, a banda desenhada portuguesa não ganha absolutamente nada, nem a boa nem a má, enquanto andarmos com a guerra do alecrim e manjerona.
Um abraço
Costa
ResponderEliminarMais uma vez vi uma participação tua na caixa de comentários do blogue "Leituras de BD".
Desta vez acerca do "post" sobre o Festival da Amadora, ao terem sido citados dois dos super-heróis que irão estar em destaque, Homem-Aranha e Super-Homem, deste uns lamirés:"correndo o risco de se criticarem pelo seu maniqueísmo", "como são americanos e não retrógrados", "o espírito da coisa é diferente do que seria se fossem portugueses"... Como conhecia os antecedentes, de imediato associei à tua amargura, ainda latente, devido à desagradável crítica que recebeste em relação à banda desenhada "Os Piratas do Deserto", baseada em Emílio Salgari. Mas duvido que os comentadores que desta vez ali participaram, tenham compreendido bem aquelas tuas frases, porque elas tinham um "background" que eles desconheciam.
Ora tu és um comentador habitual na caixa de comentários do citado blogue do Amado, e já lá houve, numa ou noutra ocasião, animadas discussões, como foi o caso daquele autêntico fórum provocado pelo "post" intitulado "Opiniões Várias Sobre a Banda Desenhada em Portugal" (18 Setembro), que teve 237 comentários, um número impressionante - isso porque o tema era propício. Julgo que se repetisses lá o comentário que fizeste aqui acerca da tal crítica e do respectivo crítico, seria capaz de também provocar um bom fórum, visto que há numerosos visitantes daquele blogue sempre prontos a debaterem pontos de vista e a manterem acesas polémicas, coisa que só aconteceu aqui uma vez.
Lino
Costa
ResponderEliminarMais uma vez vi uma participação tua na caixa de comentários do blogue "Leituras de BD".
Desta vez acerca do "post" sobre o Festival da Amadora, ao terem sido citados dois dos super-heróis que irão estar em destaque, Homem-Aranha e Super-Homem, deste uns lamirés:"correndo o risco de se criticarem pelo seu maniqueísmo", "como são americanos e não retrógrados", "o espírito da coisa é diferente do que seria se fossem portugueses"... Como conhecia os antecedentes, de imediato associei à tua amargura, ainda latente, devido à desagradável crítica que recebeste em relação à banda desenhada "Os Piratas do Deserto", baseada em Emílio Salgari. Mas duvido que os comentadores que desta vez ali participaram, tenham compreendido bem aquelas tuas frases, porque elas tinham um "background" que eles desconheciam.
Ora tu és um comentador habitual na caixa de comentários do citado blogue do Amado, e já lá houve, numa ou noutra ocasião, animadas discussões, como foi o caso daquele autêntico fórum provocado pelo "post" intitulado "Opiniões Várias Sobre a Banda Desenhada em Portugal" (18 Setembro), que teve 237 comentários, um número impressionante - isso porque o tema era propício. Julgo que se repetisses lá o comentário que fizeste aqui acerca da tal crítica e do respectivo crítico, seria capaz de também provocar um bom fórum, visto que há numerosos visitantes daquele blogue sempre prontos a debaterem pontos de vista e a manterem acesas polémicas, coisa que só aconteceu aqui uma vez.
Lino
Lino
ResponderEliminarEu tenho a impressão que fui apanhado entre dois fogos, numa guerrilha latente que parece haver entre duas ou mais facções da BD. Como estou ao longe - para mim, neste particular, melhor assim - não me apercebo do que se vai passando nos "bastidores", mas julgo saber que uma das causas da decadência da BD portuguesa não pode ser assacada só aos leitores.
Mais estranho fiquei quando, em troca de correspondência digital com o autor da crítica, ele presumiu que eu fui alertado por alguém para o seu artigo, o que não aconteceu. Sem citar nomes, presumia saber quem foi. A verdade é que descobri, como quase sempre, navegando com esta embarcação digital.
Como duas pessoas civilizadas, trocámos, eu e ele, e-mails relativamente ao assunto, embora cada um tenha o seu prisma próprio de observação. Não creio que esta questão resultasse de uma crítica pessoal - e ele garantiu-me que não - até porque não nos conhecemos pessoalemte e eu, até ler a crítica, nem sequer sabia da existência de João Ramalho Santos.
Eu já dei o assunto por encerrado; o crítico irá colocar uma resposta (da qual me deu conhecimento) no seu blogue, justamente para colocar as razões que o levaram a considerar retrógradas obras como esta, tais como as de Tintin no Congo e outras que citou.
Fica claro que eu não falarei mais sobre o assunto (como já acima escrevi, fica encerrado) e não levarei ao meu blogue qualquer escrito do João Ramalho Santos, uma vez que tive oportunidade de lhe responder pela mesma via.
Sobre o que propões, era pertinente escalpelizar (este termo é retrógrado, porque corresponde à barbárie índia de retirar o escalpe e, portanto, não é políticamente correcto), o que se passa com a BD portuguesa: não se faz, porque não há meios de edição; faz-se, não se devia fazer por razões de maniqueísmo; não se vende, porque há concorrência de mangas e super-heróis; não se vende, porque os livreiros a escondem. E haverá muitas mais, pois não faltam os Calimeros do segmento com a casca do ovo em cima da cabeça a lamentarem-se por aí. Ora, pelos vistos, está anquilosada por muitos factores. Eu, que estou na periferia, poderia passar por estrangeiro, mas continuo a ser português e isso é coisa que não se perdoa. Enfim, em Portugal não há espírito de nacionalidade ou de chauvinismo; há, isso sim, uma incomensurável "dor de cotovelo", caldeada no espírito de antanho que observa o seguinte - santos da porta não fazem milagres.
Nisto tudo, mais admiro o trabalho dos editores portugueses, principalmente o da Maria José Pereira, que lutam contra fortes correntes. Para usar uma imagem metafórica, é como se remassem da nascente em direcção à foz e deparassem com a corrente de jusante para montante.
Como eu "tenho dois amores", a BD e a literatura escrita, continuo com ambas, sem esmorecimentos.
Gosto da BD, continuarei a fazer a BD que me agrada e agrada aos leitores (e marimbo-me nos críticos que não gostem dela, como me marimbo no movo acordo "horto-gráfico"), assim como escrevo e ficciono sobre o que me agrada, sem compromissos de ordem política ou social, correntes literárias e outras "kulturas" surgidas do bestunto dos intelectualóides arregimentados a um certo vanguardismo que, esse sim, é retrógrado.
Tenho um romance que vai para a 4ª edição e com possibilidades de passar para televisão. Isto acontece porque, como dizia o Jorge Magalhães, eu sou "um exemplo de persistência" e, sem pôr os pés em Lisboa, quando quero estou lá.