sábado, agosto 31, 2013
Sem Palavras (I)
"Mudas"? "Sem Palavras"? Hesitei, confesso, na escolha do título para esta nova rubrica que será preenchida com bandas desenhadas compostas unicamente por imagens, sem legendas nem balões de fala.
Optei pela segunda expressão para classificar o tipo de bedês onde se insere a que aqui fica hoje afixada, totalmente muda, que nem sequer tem título, da autoria de Nuno Amorim.
Já é antiga, foi publicada no nº 10 da revista Visão (de BD, capa aqui ao lado), editada em Fevereiro de 1976.
Redescobri a bd ao folhear um exemplar que detectei solto e repetido (tenho a colecção completa encadernada).
E decidi mostrá-la aqui no blogue, por tê-la considerado imaginativa, em que cabe um pormenor brejeiro e um final desconcertante.
Voltando à minha hesitação inicial para o título da rubrica (ou "etiqueta", vocábulo usado no blogue): de início inclinava-me para a classificar como "banda desenhada muda", mas acabei por considerar que o adjectivo não seria totalmente correcto.
Na verdade, uma bd deste género, apesar de não ter nenhum texto, acaba por "falar" connosco, à medida que vamos observando sequencialmente as imagens, e concluindo que elas, por si só, nos narram um episódio.
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NUNO AMORIM
Síntese biobibliográfica
Nuno José Fernandes Amorim, Lisboa, 9 de Abril de 1952.
Licenciado em Arquitectura pela ESBAL - Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (actual FBAUL-Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa).
A meio das funções que começara a exercer em 1973, num ateliê de arquitectos, surgir-lhe-ia a possibilidade de fazer BD na revista Visão, quando ela atingia o seu número sete. Passava-se isto em Outubro de 1975.
Debutaria assim o jovem Nuno nessa invulgar e importante publicação, editada entre Abril de 1975 e Maio de 1976, e nela colaborou com várias bedês, entre as quais ressalta a intitulada "Jim Tónic".
Ainda em 1976 foi editor e director do fanzine "Ovo", onde há ilustrações e bandas desenhadas suas, de Carlos "Zíngaro" e de Pedro Froias (Pedro Massano).
Caro Geraldes, ao ler este teu post, lembrei-me do que recentemente escrevi no meu espaço BD sobre a ausência dos autores portugueses nas bancas em revistas especializadas em BD. Os fanzines/prozines, cada vez mais digitais, são a alternativa mais viável, na tua opinião?
ResponderEliminarAquele abraço,
Nuno
Caro Enanenes
ResponderEliminarÉ um tema que daria para longo texto.
Sucintamente, a minha opinião é a seguinte: já acabou a época das revistas de BD em papel, que se publicavam durante anos.
Tens exemplos relativamente recentes em Portugal que confirmam o que estou a afirmar ("Jornal da BD", "Selecções BD", ou umamais antiga e bem famosa, a "Tintin" na edição portuguesa.
Mas o fenómeno não é exclusivamente português: a "Tintin" belga também acabou (a "Spirou" resiste, uma excepção à regra), em França fecharam a notável "A Suivre" e outras, em Espanha desapareceu a "Cimoc" e outras, em Itália acabou a "Corto", e outras.
Porquê? Bem, a culpa inicial foi das próprias editoras, que flagrantemente começaram a apostar mais nos álbuns.
A seguir veio a internet dar espaço gratuito aos autores para publicarem as suas bandas desenhadas (as "webcomics"), e os bedéfilos passaram a tê-las também grátis.
Assim, em estilo de "a vol d'oiseau", aqui tens a minha opinião sobre o assunto.
Grande abraço,
GL
Faltou-me responder à última parte: já são escassos os fanzines em papel (prozines em papel - ou seja, editados por profissionais da BD - só conheço quatro).
ResponderEliminarEm contrapartida, cada vez mais aparecem os "webzines" (ou "e-zines").
Não me parece curial que prevaleçam as edições em papel. Hoje em dia elas estão a ser substituídas pelas publicações virtuais, em que a BD surge com óptima apresentação. Nada a opor.
Então e como é que os autores ganham a vida?
Ora aí está mais um problema candente a pedir opiniões.
Grande abraço,
G. Lino
Caro Enanenes
ResponderEliminarÉ um tema que daria para longo texto.
Sucintamente, a minha opinião é a seguinte: já acabou a época das revistas de BD em papel, que se publicavam durante anos.
Tens exemplos relativamente recentes em Portugal que confirmam o que estou a afirmar ("Jornal da BD", "Selecções BD", ou umamais antiga e bem famosa, a "Tintin" na edição portuguesa.
Mas o fenómeno não é exclusivamente português: a "Tintin" belga também acabou (a "Spirou" resiste, uma excepção à regra), em França fecharam a notável "A Suivre" e outras, em Espanha desapareceu a "Cimoc" e outras, em Itália acabou a "Corto", e outras.
Porquê? Bem, a culpa inicial foi das próprias editoras, que flagrantemente começaram a apostar mais nos álbuns.
A seguir veio a internet dar espaço gratuito aos autores para publicarem as suas bandas desenhadas (as "webcomics"), e os bedéfilos passaram a tê-las também grátis.
Assim, em estilo de "a vol d'oiseau", aqui tens a minha opinião sobre o assunto.
Grande abraço,
GL