Conciliar o sentido lúdico e fascinante da aventura, com a qualidade estética da banda desenhada moderna, evoluída e adulta, na área do mainstream, terá sido o desiderato da equipa luso-argentina de autores de BD constituída pelo argumentista português Filipe Melo, e pelos argentinos Juan Cavia, desenhador, e Santiago Villa, colorista, autores da obra em três tomos, As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy.
Seguramente, pelo facto de ser um português a escrever o argumento/guião, Lisboa tem sido recorrentemente cenário na trilogia terminada no presente ano, com o episódio Requiem, no tomo III (Apocalipse tinha sido o subtítulo do tomo II).
O pormenor de o cenário ser maioritariamente da Mui Nobre e Sempre Leal Cidade de Lisboa já tinha sido focado neste blogue, na etiqueta Lisboa na Banda Desenhada, pelo que se aconselha aos visitantes um clique nesse item.
Do tomo III, objecto do presente "post", extraí nove imagens de Lisboa, visíveis de cima para baixo:
1. Palácio de S. Bento/Assembleia Nacional (a explodir!)
2. Cinema S. Jorge
3. Rua da baixa de Lisboa por onde passa um carro eléctrico
4. Do Alto da Ajuda, uma panorâmica que se espraia até à Ponte 25 de Abril
5.
6. Largo de Luís de Camões, com a estátua de Camões substituída pela figura do Dr. Aranha
7. Uma cena violenta em frente da porta da Sé Catedral
8. A Sé Catedral lá ao fundo
9. Sala da Assembleia da República
- Capa do livro
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BREVE APRESENTAÇÃO DOS AUTORES E DA OBRA "AVENTURAS DE DOG MENDONÇA E PIZZABOY"
- Começaram por ser INCRÍVEIS - no título e na trama ficcional - as "Aventuras de "Dog Mendonça e Pizzaboy", que tiveram início em 2010;
- Passaram a EXTRAORDINÁRIAS em 2011, no título do 2º episódio, subintituladas APOCALIPSE;
- A extensa novela gráfica completou-se neste ano de 2013, adjectivada desta vez como FANTÁSTICAS AVENTURAS, com as mesmas personagens no 3º episódio, e último, subintitulado REQUIEM, vocábulo que na raiz latina significa "DESCANSO".
É de facto o descanso (por agora) do trio de autores luso-argentinos, criadores da trilogia, e que se chamam
. FILIPE MELO - o argumentista
. JUAN CAVIA - o desenhador
. SANTIAGO VILLA - o colorista
Vejamos dois ou três elementos biográficos de cada um deles:
- FILIPE MELO nasceu em Lisboa em 1977. Estudou Jazz no Hotclube de Portugal, em Lisboa, e no Berklee College of Music, em Boston.
No Cinema já tem valiosa participação: produziu e escreveu o argumento do filme "I'll See You In My Dreams", em 2003, vencedor no Fantasporto nesse mesmo ano, e distinguido com o troféu Méliès d'Or, também em 2003.
Para a televisão realizou em 2007 uma série de seis episódios, com interpretação de Manuel João Vieira, intitulada "Um Mundo Catita".
Na BD estreou-se em 2010 como argumentista com a obra As Incríveis [Extraordinárias, Fantásticas] Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy.
- JUAN CAVIA nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 1984. Tem trabalhado como storyboarder e concept designer para produtoras de publicidade. É também cenógrafo de várias longas-metragens, entre as quais se destaca "El Secreto de Sus Ojos", vencedor do Óscar da Academia de Hollywood para o Melhor Filme Estrangeiro em 2010.
Na banda desenhada tem agora a seu crédito os desenhos da trilogia As Incríveis [Extraordinárias, Fantásticas] Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy, além de estar a trabalhar para a editora americana Dark Horse Comics.
- SANTIAGO VILLA é também argentino, nascido igualmente em Buenos Aires, no ano de 1986.
Estudou no Instituto Universitário Nacional de Las Artes (IUNA) em Buenos Aires, e no Instituto IMAGE (Cinema de Animação).
Trabalha desde 2006 nas áreas Áudio-Visual, Editorial e de Vídeo-jogos.
Passou a ter no seu currículo o notável trabalho de colorização das Incríveis/Extraordinárias/Fantásticas Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy, uma trilogia marcante na banda desenhada portuguesa e argentina.
- Ao trio formado por Melo, Cavia e Villa, será justo acrescentar Pedro Semedo, autor da excelente legendagem, e Bruno Ma (um português de ascendência chinesa) que colaborou neste terceiro capítulo com um layout.
- No actual derradeiro episódio,o senhor Mendonça (como respeitosamente o trata o seu mordomo), vive numa luxuosa vivenda, com a indispensável piscina, onde o encontramos a desfrutar de um (aparente) invejável nível de vida. Tal não impede que seja perturbado pela visita de dois fiscais de impostos que lhe comunicam haver uma penhora em nome de João Vicente Mendonça, por causa de uma dívida à Segurança Social.
E logo em seguida, após ficar sem a vivenda - uma desgraça nunca vem só, diz o povo -, ele tem uma ordem de despejo do seu escritório (onde tencionava alojar-se), devido ao não pagamento do imposto municipal sobre imóveis. "Dog" Mendonça e a estranha Pazuul ficam assim em situação precária. O que quer dizer que nem as personagens de BD se livram da crise económica,mas significa igualmente que o argumentista resolveu imprimir à sua criação ficcional uma nítida componente humana e em consonância com os duros tempos actuais.
Nesta evolução das personagens, encontramos Eurico, antes conhecido por "pizzaboy", a viver com Ana, sua antiga colega da "pizzaria". Já são pais de dois gémeos.
Eurico tornou-se activista de causas ecológicas e ambientais, tendo doado a sua fortuna para obras de caridade, assim pondo em prática uma outra das suas intenções humanísticas: a de ajudar os sem-abrigo.
É a ele que recorre João Vicente Mendonça, que agora se considera a ele próprio um recente sem-abrigo. "Dog" Mendonça e Pazuul ficam aboletados em casa de Eurico mas, seis meses depois, com as cervejas a desaparecerem do ftigorífico e o estômago do "Dog" cada vez mais dilatado, a convivência dos três começa a deteriorar-se, tanto mais que Pazuul fuma que nem uma chaminé, e Eurico considera a fumarada dos cigarros prejudicial para os pequenos gémeos, além de colidir com os seus conceitos ambientais.
Todas estas peripécias, e as numerosas malhas do enredo, que se bifurcam entre o policial e o fantástico, fazem com que Dog Mendonça e Pizzaboy seja uma obra de grande fôlego e equivalente êxito, provado com o facto de o 1º volume ter tido cinco edições, e o 2º volume já estar na 3ª edição, com um total de 12.000 exemplares vendidos em Portugal.
Tão estrondoso êxito reflectiu-se nos Estados Unidos, onde o primeiro volume teve edição sob chancela da prestigiada Dark Horse Comics.
Esta mesma editora decidiu lançar uma colectânea de episódios realizados por vários autores, entre os quais Frank Miller, Mike Mignola e Dave Gibbons, lado a lado com Filipe Melo, Juan Cavia e Santiago Villa.
Para essa colectânea, editada por comic book em 2012, o mesmo trio luso-argentino arquitectou quatro histórias protagonizadas pelas suas personagens de estimação, João Vicente Mendonça, o "Dog" Mendonça, Eurico Catatau, o "pizzaboy", a Pazuul Nhgworiatuu e a inenarrável Gárgula, uma simples cabeça com direito a nome cristão, Edgar Agostinho.
Em suma: uma autêntica (re)confirmação da internacionalização, ao mais alto nível, dos três autores e respectivas personagens.
No Domingo, dia 10 de Novembro, pelas 16h00, o trio de autores estará no auditório do Fórum Luís de Camões a apresentar este 3ºvolume, com o apoio de um vídeo.
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Os visitantes interessados em ver as anteriores vinte postagens poderão fazê-lo clicando no item Lisboa na Banda Desenhada, incluído em rodapé
para quem gosta de Lisboa mais uma vez (a terceira?) não se consegue identificar a cidade nestas pizzas... horrível!
ResponderEliminarNão seria mais honesto e directo, fazer um post de publicidade ao PizzaBoy e pronto?
ResponderEliminarNão percebo onde aparece Lisboa na capa do livro...
Visitante Fernando
ResponderEliminarOnde é que está escrito que há uma imagem de Lisboa na capa?
O que escrevi no último parágrafo foi o seguinte:
"Do tomo III, objecto do presente 'post', extraí nove imagens de Lisboa, visíveis de cima para baixo.
Em seguida mostro nove vinhetas e/ou pranchas com vistas da cidade.
Só na alínea 10 é que está a capa.
com tanto desenhador português que é bom - como o Jorge Coelho ou o Ricardo Cabral - foram arranjar argentinos da treta para desenhar muito mal Lisboa!
ResponderEliminarcom alguma boa Bd portuguesa a ser editada perde-se tempo a divulgar mediocridades, por favor...
Se ninguém me levar a mal - já que me aconteceu isso noutra circunstância - vou entrar com humor na última vinheta (a da Assembleia da República), onde vejo em primeiro plano, à direita, um "Coelho". E pergunto: desde quando o primeiro-ministro ocupa as bancadas de deputado?
ResponderEliminarMais a sério:
o Fernando (também sou Fernando) levou o assunto deste trabalho do Dog Mendonça ao seu blogue (Concerto de Harpa em Dó Menor e Nitroglicerina), como também já foi a outros blogs o mesmo caso (estou a lembrar-me do LeiturasBD): a "publicidade" e o "crowdfunding", porquanto aqui, tanto ele como todos os que acharam a coisa estranha, têm razão. Fez-se um "peditório" (não uma reserva através de compra prévia, é mesmo um peditório) para a elaboração da obra, justo e legítimo, que foi conseguido; propôs-se, depois de atingidos os cento e tal por cento, que seria para publicidade e trailer's.
Trata-se de uma obra que tenho apreciado. Já o mesmo não digo do presumido "desvio" da iniciativa, nem da falta de justificação para que assim se procedesse.
Será uma forma de publicidade. É um meio como qualquer outro, enfim...
O Fernando, nesse aspecto, tem razão.
Quanto a desenhar mal Lisboa, como já aqui se disse, não é essa a minha opinião, respeitando a outra que assim o considera. Talvez os planos não tenham dido os mais felizes, mas identifica-se.
Caro Geraldes-Lino
ResponderEliminarVê lá tu que só fiquei a saber que te encarregaste - e bem - da apresentação deste álbum quando li (e vi a fotografia) no blogue do Machado-Dias, o Kuentro!
Ao longe, míope e distraído!
Ora, isto nada me faz retirar o que disse no meu comentário anterior, de positivo e de negativo.
Por isso, repito o essencial:
1- "trata-se de uma obra que tenho apreciado", referindo-me aos anteriores álbuns, o que quer dizer que irei adquirir este;
2- não gostei da forma como foi desvirtuado o conceito inicial do "crowdfundig", uma vez que as regras devem ser estabelecidas de início e os fins obviamente claros - se era para a publicação, uma coisa; se era para publicidade e derivados, outra; se a coisa não foi assim, os autores deviam esclarecê-lo (se não o fizeram já...);
3- não considero que Lisboa esteja mal desenhada, repito-me; talvez que pudessem obter outros enquadramentos mais aliciantes, mas isso são opções que competem aos autores, uma vez que a obra não visa fins de propaganda turística.
Agora podes desancar à vontade, pois sabes que eu sou muito directo e frontal - o que agrada, não fico coibido de dizê-lo, com a mesma atitude para aquilo que me agrada menos ou me desagrada. No caso em apreço,nem foi o álbum; foi a mudança de agulha na linha de suporte de compromisso colateral à obra,se é como dizem por aí.
Olha, aproveito para te dizer que o meu próximo livro, que é de ficção (intercalo com a Bd),vai ser lançado no dia 7 de Dezembro de 2013, e é aqui, no teu blogue, que divulgo pela primeira vez.
Abraço
Santos Costa
Fernando
ResponderEliminarJulgo que as suas palavras bastante ácidas se poderão aplicar "ipsis verbis" ao "post" de Pedro Cleto (asleiturasdopedro.blogspot.pt) de 14 Novembro, debruçado sobre a mesma obra. Mais um desonesto que optou por elogiar a obra em vez de fazer um "post" de publicidade.
Em tempo: felicito-o pelos textos do seu blogue concertoemomenor.blogspot.pt
GL
Caro Santos Costa
ResponderEliminarSim, encarreguei-me da apresentação no Amadora BD porque já conheço o Filipe Melo há bastante tempo, e quanto aos argentinos até foram Convidados Especiais da Tertúlia BD de Lisboa, quando ainda era eu a coordená-la.
Devido à relação amigável que se estabeleceu entre nós, fui convidado pelo trio a apresentar o álbum (tomo III) e até foi por isso que aparece no meu blogue aquele texto dedicado à obra e aos autores, porque o escrevi propositadamente para a apresentação e, como já estava o trabalho feito, em vez de o deitar fora, reproduzi-o (em má hora) no blogue.
Por causa dele já fui acusado de desonesto, de estar a fazer publicidade disfarçada, e de divulgar mediocridades que desenham muito mal Lisboa, como tens visto nesta caixa de comentários.
Quanto ao "crowdfunding", só lá na apresentação é que soube disso. Não sei como funciona o esquema, mas como parece ser algo bastante em voga, julgo que eles terão respeitado as normas que o regem.
Quanto ao Jorge Coelho, estamos de acordo que se trata de um autor de grande talento. Mas o Filipe Melo conhece mal os autores de BD portugueses, ele é mais cinema e música (jazz), e por acaso conheceu na Argentina o Cavia e o Villa, e como tinha feito um argumento para um filme que não tinha sido utilizado, falaram na hipótese de o usar numa banda desenhada, e assim se estabeleceu a ligação.
Mas ainda falando do Jorge Coelho, um amigo que muito prezo: convidei-o para fazer uma (UMA!) prancha para o meu fanzine Efeméride dedicado ao tema "Heróis de BD no Século XXI", e ele disse que gostaria de colaborar comigo (mais uma vez), só não colaborava porque estava super ocupado com o trabalho para os Estados Unidos. Duvido que pudesse ser ele a fazer esta obra, já com três tomos.
No que se refere ao Ricardo Cabral, que o Anónimo nº 2 considera um português bom, eu idem idem aspas aspas (não foi por acaso que o convidei para colaborar no nº 1 - Maio de 2005 - do meu fanzine "Jazzbanda", que ele aceitou (aliás, a bd que ele fez para mim estava patente na exposição dele,na Amadora).
Mas já tenho ouvido críticas de que ele usa demasiado a fotografia, e que assim é fácil, e que aquilo não é bem banda desenhada...
Para terminar: Mais um livro que escreves, qual é agora o tema? Onde vai ser lançado?
Caríssimo Geraldes Lino
ResponderEliminarEm resposta à questão que colocas no final, despertado pela notícia que trouxe, à guisa de publicidade, no comentário anterior, ainda não anunciei nos meus blogues. Adianto que se trata de uma obra em prosa, género policial (o primeiro que escrevo neste ramo da literatura), e vai ser lançado aqui, na santa terrinha do interior onde, presumidamente, almejo encher o auditório, no dia 7 de Dezembro (Sábado).
Já lá vai o tempo em que escrevi contos cor-de-rosa para uma revista, tendo a editora (Impala) publicado um livro com alguns, distribuídos numa tiragem assombrosa.
Para o princípio do ano que vem, com ou sem editor, pretendo ter publicado "O Magriço", um primeiro tomo de duzentas e tal páginas.
Funciono assim: sai uma obra de BD, seguindo-se outra em prosa; e assim sucessivamente.
Eu recordo-me quando era miúdo, a minha mãe tinha uma papelaria e havia uns livros de BD tipo futurista com monstros muito estranhos, esta BD de grande qualidade e impressa em revistas A4, tinha erotismo, mas uma coisa muito á frente mesmo futurista com pormenores tipo Aliens FANTÁSTICOS, eu ando a procurar isso na NET mas não encontro e tb não sei que nome dão a essa BD.
ResponderEliminarSABE do que estou a falar?
Pode me ajudar?
Mike Luís
ResponderEliminarPara ajudar um pouco, diga-me:
1º - Você fala em livros, mas presumo que se está a referir a revistas.
Eram portuguesas, essas revistas?
2º - Para balizar a época da edição, e das respectivas revistas, é preciso saber de que anos está a falar.
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EliminarJá descobri o tipo de livros que estou a falar tive a pesquisar ...eu adorava isto
Eliminarhttp://www.zupi.com.br/serpieri-o-sexo-e-a-ficcao-cientifica/
Os livros do arquiteto Paolo Serpieri e de Jean Dufaux & Riccardo Federici -http://fr.zizki.com/paolo-eleuteri-serpieri/druuna-morbus-gravis-1
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ResponderEliminarEm relação a este artigo , ou seja ao artigo do vosso blogue e as imagens de Lisboa no Livro ...ADOREI...
ResponderEliminarNão entendo como é que as pessoas fazem comentários tão maus, que me interessa se foram artistas de outro país a fazerem o trabalho, até podiam ser chineses, o que me interessa é a qualidade do trabalho e adorei ver Lisboa em BD . Mas eu não sou nenhum entendido, eu sou só aquele que os compra , afinal que importância tem a minha opinião não é?