Pedro Massano é, entre os autores da BD portuguesa actual, um dos de maior prestígio, com uma obra em dois tomos publicada em França - ainda não traduzida em Portugal -, e numerosas obras editadas entre nós.
A Conquista de Lisboa, em dois volumes, tinha sido a sua mais recente obra editada em Portugal, mas está prestes a acontecer o aumento da sua bibliografia com a próxima edição do livro intitulado "A Batalha - 14 de Agosto de 1385".
Trata-se de obra encomendada por uma Fundação, de cuja feitura tive conhecimento desde o início, e de que vi algumas pranchas esporadicamente, primeiro desenhadas a lápis, mais tarde algumas já terminadas.
Nunca fiz qualquer divulgação, respeitando o pedido de sigilo que me fez Pedro Massano. Porém, tendo tido conhecimento de estar próximo o seu lançamento, caducando portanto a justificação do sigilo, decidi entrevistar o autor, e graças às suas respostas, desvendar pormenores relacionados com esta muito importante e inesperada edição.
Segue-se a entrevista.
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GL - Pedro Massano: Tenho acompanhado o teu imenso trabalho de realização da obra em BD "A Batalha - 14 de Agosto de 1385", que está terminada e prestes a ser lançada pela editora Gradiva.
Sei que se trata de encomenda de uma importante instituição. Podes contar-me em pormenor como, quando e por quem te foi apresentado este projecto?
Pedro Massano - Fui contactado por um responsável da Fundação Batalha de Aljubarrota, e o projecto deveria fazer parte do conjunto de documentos que o CIBA – Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota tem vindo a editar para esse fim.
GL - O argumento e respectivo guião de "A Batalha" são de tua autoria. Como sei quão elevado é o teu nível de exigência e de rigor histórico, calculo que tiveste de te basear em textos escritos por autores dignos de crédito. Quais?
PM - Em primeiro lugar, obviamente, Fernão Lopes: uma dor de cabeça para restabelecer a cronologia, porque ele anda para trás e para diante, ao “sabor da pluma”, sem nenhuma consideração por nós – pobres leitores da era dos filmes e do híper texto – baralha tudo, volta a dar, e o leitor que se desenrasque. Para além disso, mascara alguns pormenores sem os quais o desfecho quase não se percebe. Esta foi a parte que mais trabalho me deu na preparação, mas o F. Lopes é sempre de uma riqueza e de um colorido fantásticos.
Depois, Froissart, que tem dois relatos; um
primeiro, quase inócuo, escrito pouco depois do acontecimento, a partir de
relatos de sobreviventes franceses. E um
segundo, resultante de uma entrevista ao filho do Diogo Lopes Pacheco na
Flandres – aonde se deslocou para o encontrar – que, esse sim, complementa e traz
nova luz à leitura de Fernão Lopes.
Por último, e de enorme interesse, a carta
de D. Juan (rei de Castela) aos murcianos, que é um quase pedido de desculpas
pela derrota sofrida, e os escritos de Pêro Lopes Ayalla (cronista de D. Juan) que
visam desculpar o rei perante a posteridade.
Fiz questão de ler os textos nas transcrições
dos originais, porquanto nas adaptações e nas traduções perde-se sempre muita
coisa.
GL - Trata-se de uma obra de grande envergadura. Quantas pranchas fizeste?
PM - O número de pranchas desenhadas é de 86.
PM - Todas as pranchas são duplas.
Gosto do efeito de alguns desenhos passarem
de uma página para a outra, mesmo que isso possa dar algum trabalho às gráficas
e, houve alguém que me disse, um dia, com muita graça, que eu não era capaz de
respeitar os quadrados e de deixar os desenhos sossegados lá dentro.
As únicas pranchas singulares são a 1 e a
86.
GL - A obra é completamente tua, incluindo a legendagem e a colorização. Quanto tempo investiste na sua execução?
GL - A obra é completamente tua, incluindo a legendagem e a colorização. Quanto tempo investiste na sua execução?
PM - Demorei cerca de dois meses com o texto, e mais um ano e pouco a desenhar tudo a lápis, para o conjunto poder ser aprovado pelo historiador que, à altura, tinha essa responsabilidade por parte da Fundação, o prof. Mário Barroca.
Para a execução final não me comprometi expressamente
com prazos – e isto tenho de agradecer à Fundação – porque sabia e queria que a
obra me desse o trabalho que merecia. Demorei cerca de 4 anos.
GL - Sendo a legendagem escrita por ti, gostaria de saber se usaste a ortografia antiga, a do acordo de 1945 (AO45), ou se a escreveste em conformidade com o novo acordo de 1990 (o AO90).
PM - Usei a antiga, embora o que haja mais na “Batalha” sejam “espetadores".
PM - Foi um daqueles acidentes que acontecem, às vezes, nestes percursos. O editor achou que a primeira capa “não vendia”… Mas, para quem passou a vida a trabalhar para clientes, uns com ideias, outros sem, até poderia fazer uma terceira.
GL - Estás satisfeito com o resultado final, ou pensas que poderia ter ficado melhor em algum aspecto?
PM - Penso que houve cuidado, de todas as partes envolvidas, em respeitar o mais possível o que estava feito. Quero salientar o empenho da Multitipo – amigos que já não via há 30 anos! – no resultado final da cor.
PM - Quanto a isso não seria elegante, da minha parte, estar a comentar acordos que desconheço entre a Gradiva e a Fundação. A pergunta deve ser-lhes dirigida.
PM - Também não faço a mais pequena idéia.
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Imagens que ilustram o presente "post":
1 - Capa definitiva da obra
2 - Capa realizada inicialmente mas não utilizada, mais a contracapa
3 e 4 - Pranchas duplas da obra
5 - Foto recente de Pedro Massano
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Olá tudo bem?
ResponderEliminarMe chamo Paulo Lisboa, sou editor de uma fanpage sobre BD aqui no Brasil.
https://www.facebook.com/Agaque
Nosso site ainda está em construção.
Gostaria de saber se podermos fazer um intercâmbio cultural, publico matérias de vocês aqui e vocês as nossas.
Meu email é lisboa@agaque.com.br
Grato.