quarta-feira, maio 06, 2015

Autógrafos desenhados (XXVI) - Tex visto pelo desenhador português Lança-Guerreiro


Lança-Guerreiro é um nome praticamente desconhecido na área da banda desenhada, sendo, ao invés, bem conhecido entre o numeroso grupo de portugueses entusiastas de Tex, herói de BD que motivou a criação do Clube Tex Portugal.

Num dos vários contactos que tivemos, em Viseu por causa do respectivo Salão de Banda Desenhada, e na Grande Lisboa (no Cacém) no decorrer do jantar-convívio organizado em 29 de Novembro de 2014 pela direcção do citado clube, 
Lança-Guerreiro mostrou-me um volumoso portfólio com pranchas originais suas, incluindo tiras de banda desenhada, e ofereceu-me o desenho que ilustra a presente postagem, feita a propósito da próxima realização da 2ª Mostra do Clube Tex Portugal, já nos dias 9 e 10 do corrente mês de Maio. 
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LANÇA-GUERREIRO

Síntese autobiográfica


António Lança-Guerreiro, nascido numa pequena vila debruçada sobre o Tejo, no distrito de Santarém. 

Sempre tive uma ligação com as imagens que ilustravam os livros da escola ou da biblioteca escolar, mais tarde a municipal, que frequentava assiduamente para devorar páginas de aventuras, umas ilustradas, outras somente imaginadas e recriadas em imagens enquanto saboreava a leitura dos “júlio verne” ou dos “salgaris”. 

Mas o meu encontro com as bandas desenhadas das revistas, que então podia ler na escola primária, com autorização especial da professora, foi o momento mais fascinante e o despertar do meu gosto pela 9ª arte, que desde então passei a ler e a colecionar. 

Para minha felicidade, nessa altura da minha infância, banda desenhada e revistas de BD era coisa que abundava, graças à Agência Portuguesa de Revistas e ao amor incondicional que o editor Roussado Pinto teve na divulgação de todos aqueles heróis de papel que preencheram esta fase da minha existência e foram o motivo de grandes aventuras imitativas, e também alguns ralhetes dos progenitores, quando a banda desenhada era ainda vista como uma arte menor e desviante do reto caminho a que um jovem tinha de se dedicar para ser homem. Eram outros tempos. 

Tomei contacto com muitos heróis de papel, dos mais diversos: os personagens da Disney da Abril, os clássicos americanos do “Mundo de Aventuras” e de “O Grilo”, a escola franco-belga com  a revista “Tintin” e “Spirou”, os comics da Marvel e da DC, e também com os fumetti, que na altura não sabia que se chamavam assim, com o Tex, o Zagor e o Mister No, que se destacavam de entre aqueles a que chamávamos “os livros de Cowboys”, dos muitos que então havia.

Talvez este meu fascínio pela banda desenhada me tenha levado ao gosto de desenhar “os meus bonecos”, que carinhosamente ainda guardo como lembrança desses tempos idos de juventude. Estranhamente, um dos meus primeiros desenhos foi um cowboy num saloon. Seria influência de Tex Willer? Já não me lembro, mas ainda tenho esse desenho, algures… 

Mais tarde, quando andava no liceu, fiz alguns desenhos, ilustrações  e BD que publiquei em jornais escolares e regionais, os “lá da terra”. Já na faculdade, em Coimbra, para além das caricaturas que fiz para os livros de curso dos finalistas, também participei na aventura da publicação do fanzine BDMIX, do qual acho que só saiu um número, em colaboração com os então também estudantes de faculdade Fernando Correia e João Lameiras. 

Fui participando em algumas exposições coletivas de pintura e criando as minhas BD que, ou por falta de tempo ou dispersão por outras atividades, foram ficando no fundo do baú, umas completas, outras inacabadas. Às vezes penso que se por ventura as tivesse divulgado, talvez pudesse ter feito algo no campo da BD. Mas não foi esse o caminho trilhado para a aventura da vida. No entanto, sou um viciado consumidor de BD e colecionador inveterado e, por isso, dói-me a alma quando vejo alguma revista de quadradinhos desaparecer da vida dos seus leitores. E, infelizmente, ao longo dos anos é o que mais tem acontecido. Mas enquanto na nossa memória durar a lembrança desses inúmeros heróis e das suas extraordinárias façanhas e verosímeis aventuras, eles e os seus criadores nunca morrerão para nós.
Acabei por falar mais dos personagens de BD do que de mim? Talvez… porque, enquanto leitor, eles serão sempre mais importantes do que eu; e, enquanto “fazedor de bonecos”, talvez os meus desenhos falem por mim melhor do que eu.
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Os visitantes do blogue que estejam interessados em ver a postagem anterior poderão fazê-lo clicando no item Tex em Portugal, visível em rodapé 

2 comentários:

  1. Anónimo20:06

    Caro Geraldes Lino,
    agradeço o amável post que dedicou à minha pessoa. Espero encontrá-lo em próximos eventos bedéfilos, texianos ou outros, para que possamos trocar dois dedos de conversa sobre o fascinante mundo da 9ª arte, de que sei que o Geraldes é profundo conhecedor e um reconhecido divulgador de BD.
    Um abraço,
    Lança-Guerreiro

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  2. Caro Lança-Guerreiro

    Grato pela sua visita.
    Sim, vamos com certeza encontrar-nos na 2ª Mostra do Clube Tex Portugal.
    Aliás, ainda antes de partir para Anadia na 6ª feira, afixarei um "post" acerca do evento.
    Abraço,
    GL

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