domingo, janeiro 22, 2017

Jankenpon, jornal de banda desenhada - #4 - Mangá "made in" Portugal








Jankenpon é o título de uma muito invulgar publicação, que se apresenta, em subtítulo, como jornal de banda desenhada.

Não é despropositado o subtítulo onde sobressai o vocábulo jornal. De facto, o formato (28x34cm) e o tipo de papel conferem-lhe o aspecto desse tipo de publicações (o formato, por exemplo, é idêntico ao do matutino Público). Mas, como afirma o subtítulo, o Jankenpon é uma publicação especializada em BD, e eu acrescento, do estilo mangá.

Aliás, o próprio título do jornal remete para a língua japonesa. Com efeito, ele é explicado no editorial do n#1 (Dez./Jan., 2015/2016):

"JANKENPON é o nome original do jogo "Pedra, papel e tesoura". Teve a sua origem no Japão, e foi difundido por todo o mundo. (...)"

De periodicidade bimestral, tem-na mantido escrupulosamente: o #2 tem data de Fev./Março 2016, o #3 é de Abril/Maio, #4 de Jun./Jul., #5 de Ag./Set., e o mais recente, #6 de Nov./Dez. 2016.  Pormenor: custa apenas 1€ !!!

Um aspecto muito importante do Jankenpon e que merece especial realce: a colaboração que tem publicado, bandas desenhadas ao estilo mangá, é, nos seus seis números, única e exclusivamente de autores/as portugueses/as. 
Eis os seus nomes: 

Joana Rosa (argumento e desenho), Íris Loureiro, Sara Ferreira e Gisela Martins, Maria Borges, Joana Varanda (arg./guião) e Vanessa Ribeiro (desenho), Joana Mosi, Sara Duarte Ferreira, Mignon, Marta Carvalho.
Enquanto argumentistas/guionistas, surgem Ricardo Andrade, Guilherme Trindade e Rui Zink. (*)

O Jankenpon tem publicado grande parte das suas bandas desenhadas no tradicional sistema de "continua no próximo número", devido à extensão de algumas das suas novelas gráficas.

Na capa/1ª página do #6 apareceu o slogan: Jornal de banda desenhada dos 9 aos 99. Trata-se de uma diferente versão daquele que aparecia na revista Tintin, que dizia:
A banda desenhada é para jovens dos 7 aos 77

Um pormenor que merece destaque: este #4 é composto por uma única banda desenhada, de grande originalidade, com o título O Conto de Duas Saudades, com desenhos de Sara Duarte Ferreira, sob argumento/guião de Rui Zink (*) e Ricardo Andrade.

Esse argumento/guião divide-se em duas partes: a primeira é contada por um japonês, Ryu, a viver em Lisboa, com leitura do tipo ocidental, da esquerda para a direita. A segunda parte é contada por Mia, uma portuguesa a viver no Japão, e começa no fim do jornal, agora com leitura da direita para a esquerda, segundo o sistema japonês.
Ambas as partes vão terminar nas páginas centrais (veja-se a terceira prancha reproduzida no topo do post) e ali termina o conto gráfico.
Devido a esta divisória em duas partes diferentes, o jornal tem duas capas (também visíveis nas imagens que ilustram o post), e a consequente forma reversível, que obriga o leitor/visionador a voltar ao contrário o jornal quando chega às páginas centrais.

Uma peça que merece ficar registada na BD portuguesa, um conto gráfico, de que mostro apenas cinco pranchas, de um total de trinta e nove (a página central é uma prancha dupla, caso contrário seriam quarenta)

(*) Rui Zink tem escrito argumentos para banda desenhada, e esteve no Clube Português de Banda Desenhada no passado dia 21 de Janeiro a fazer uma palestra com o título "Eu e a BD". Vejam a biobibliografia dele no link: 

http://divulgandobd.blogspot.pt/2017/01/rui-zink-vai-fazer-palestra-sobre-bd-no_20.html      

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