sexta-feira, janeiro 14, 2011

Críticas e notícias sobre BD na Imprensa (XXI) - Time Out Lisboa - Tinta nos Nervos



Tem-se assistido nos média a um interesse inusitado (ainda bem!) pela exposição de banda desenhada patente no Museu Colecção Berardo (Centro Cultural de Belém), que Pedro Vieira de Moura intitulou "Tinta nos Nervos - Banda Desenhada portuguesa".

Ainda outro sinal desse interesse jornalístico acaba de ser dado na mais recente edição da revista Time Out Lisboa (nº172, 12 a 18 Jan), suplemento A Semana, no artigo "BD que fala português".

Todos os artigos na imprensa são importantes para a exposição, logo para a BD, e não obstante o texto estar interessante e entusiástico, infelizmente começa por uma afirmação, deixada sem esclarecimento, que pode criar, à partida, uma noção errónea do que já se passou em Portugal nesta área.
Leia-se pois o seguinte excerto:

"Poderíamos começar por dizer que "Tinta nos Nervos" é a maior exposição de banda desenhada portuguesa alguma vez feita, e que é uma mostra exaustiva e absoluta, só que isso não seria totalmente verdade. (...)"

"Exaustiva"? "absoluta"? O que vale é que a jornalista terminou o parágrafo de forma estrategicamente ambígua, porque, ou alguém mais conhecedor lhe soprou aos ouvidos que a exposição não corresponderia a esses adjectivos, e eventualmente até já teria havido outras mais abrangentes, ou ela própria se apercebeu da periculosidade de uma tal afirmação.

Com efeito, e com toda a consideração que me merece Pedro Moura, pela intensa actividade que tem andado a desenvolver na BD - o seu importante blogue de crítica "Ler BD", mais a função de professor, a nível de ensino superior, de BD e Ilustração - e agora pela qualidade e importância da iniciativa por ele levada a cabo, sozinho, a verdade é que "Tinta nos Nervos" é até uma mostra bastante parcial, seguindo o critério muito pessoal do seu comissário, que deixou de fora alguns nomes extremamente importantes (menciono aqui apenas um: Relvas, Fernando Relvas).

Retornando ao texto sob apreciação, da jornalista Catarina Mendonça Ferreira - que terá a desculpa de não ser, necessariamente, uma conhecedora do tema -, não poderei deixar de lhe dizer que, em termos de "exposição exaustiva e absoluta" esteve mais próxima a organizada, em duas fases, por João Paulo Paiva Boléo e Carlos Bandeiras Pinheiro, na Fundação Calouste Gulbenkian, nos anos 1997 e 2000.
Mais concretamente:

Em 1997 teve lugar a 1ª parte da exposição "A Banda Desenhada Portuguesa - 1914-1945"
No ano 2000 esteve patente a 2ª parte, "A Banda Desenhada Portuguesa - Anos 40-Anos 80".

Nestas duas mostras, realizadas com publicações da época e pranchas originais (tal como esta agora de Pedro Moura, nisso não houve diferença), foram incluídos os autores portugueses de BD com importância pelo seu contributo e qualidade, publicados naqueles períodos estabelecidos pelos comissários, cujo arco de tempo abarcou, afinal de contas, mais de setenta anos de banda desenhada portuguesa.
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Este texto é a "Parte 2 de 3" da postagem anterior, de 9 Janeiro, na categoria Exposições BD avulsas (IV)
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