quinta-feira, setembro 21, 2006

Áustria - Banda Desenhada austríaca (e não só) vista em Viena (II)

Capa da obra Literatur Gezeichnet, realizada por autores-artistas austrícos

Este livro, Literatur Gezeichnet (Literatura Desenhada) foi a obra mais importante que encontrei em edição austríaca (Wien, Juli 2003), dedicada à transformação sintetizada de cinquenta importantes obras literárias, em realização exclusiva de autores austríacos.
A partir da primeira participação, composta por texto sobre Fausto (Faust) e respectivo autor, Johann Wolfgang von Goethe, em banda desenhada com assinatura de Monikus (e o conselho, dado em rodapé, para se ver a bd ao som da música de Leonard Cohen), assiste-se a uma viagem por obras díspares, mas notáveis, da Literatura planetária: Hamlet (dizer o nome do autor é quase ofensa a quem estiver a ler esta prosa, mas nunca é de mais citar o senhor William Shakespeare), concentrado numa prancha em linha clara de Regina Hofer, que deve ser (ou não ser) vista/lida acompanhada pelas notas musicais de Randy Newman; ou a Bíblia (Die Bibel), ou ainda "Don Quixote" (Don Quijote), a ouvir John Lennon (se calhar, ele também, leitor-admirador de Miguel de Cervantes), bem como Michael Svec, o autor da banda desenhada.
Evidentemente, não vou aqui desfiar cinquenta títulos de obras, quarenta e nove nomes de escritores (da Biblia não conseguiram descobrir os nomes dos anónimos autores), cinquenta nomes de banda-desenhistas, e cinquenta compositores. Apenas direi que a obra (primeiro volume de um conjunto de dois) termina em beleza, com um dos romances que me marcaram: "Der Alte Mann und das Meer" (que é como quem diz "The Old Man and the Sea" ou, por palavras nossas, "O Velho e o Mar"), de Ernest Hemingway, cuja bd, por Auge, exigem os responsáveis editoriais que seja vista/lida a ouvir Bruce Springsteen. De arrasar!
Uma das cinquenta bandas desenhadas feitas em apenas uma prancha, esta baseada na obra "O Processo", de Kafka, em realização gráfica de Robert Maresch (para ver/ler ao som "Fury in the Slaughterhouse"

Capa da revista Comic Forum (nº 63, datada do Inverno de 1994)

Encontrei este exemplar numa livraria especializada em BD (em Viena vi duas, visitei uma), com o ar de ter sido o que restou da edição da revista Comic Forum, aparentemente extinta.
De formato A4, com capa e contracapa em quadricromia, era (é?) uma revista-mista, ou seja, com bedês e textos (eventualmente um conjunto de estudos, críticas, entrevistas e noticiário).
Na parte de reprodução de bandas desenhadas, embora escassas, há duas de autores autóctones e uma do notável italiano Sergio Toppi.
Entre os textos, uma extensa entrevista (onze páginas) com Will Eisner, ilustrada por uma foto que se vê nitidamente ter sido feita no momento da entrevista (até está um pouco desfocada...). Destaco ainda o artigo "Fanzines in der Krise!?" que, tanto quanto consigo ler (a minha passagem pelo curso de Filologia Germânica não me deu o dom da fala alemã, scheisse), me parece ter interesse, mas dificilmente comprovável.
Uma das bandas desenhadas que ilustram as páginas da revista Comic Forum, neste caso de autor austríaco.

Capa da revista austríaca Wunderwelt, nº 20, datada de Setembro de 1956

Em formato A4, com 16 páginas todas a cores, a revista Wunderwelt tinha um aspecto interior muito semelhante ao da Lusitas (que existiu entre 1943 e 1957) e da Fagulha (de 1958 a 1974), revistas dedicadas exclusivamente para as raparigas, ambas editadas pela Mocidade Portuguesa Feminina, coetaneamente com esta austríaca.

Banda desenhada na contracapa da revista Wunderweit, da autoria de alguém que assinava ABC
Prancha de uma banda desenhada publicitária (patrocinada por uma marca de gelados também popular em Portugal). Autor:Ander Pecher

No átrio de um dos vários cinemas existentes num centro comercial, havia numerosos exemplares da revista "Ice Gang", uma publicação em formato de "comic book", com 32 páginas todas em quadricromia, e com cinco bandas desenhadas (uma com seis pranchas, outra com quatro, e outras mais curtas) todas do mesmo autor, que não assinou nunca, mas cujo nome - Ander Pecher - aparece na ficha técnica. Uma bem interessante publicação para o público infanto-juvenil.

Uma tira daquele género que costumo classificar de bd-cartune (um misto de banda desenhada, pela linguagem figurativa sequencial, e de cartune, pelo facto de ser um "gag" relativo a algo de político ou social perfeitamente datado).
O duo de autores, Konwallin e Szyskowitz, criou também uma dupla de impagáveis figuras, Superrudi & Superstruppi.
(in jornal Kronen Zeitung, de 18.Set.)
Tiras de banda desenhada estrangeira também aparecem nos jornais austríacos, como esta de Popeye, da autoria do criador da personagem (aliás, o melhor autor/artista que mexeu na obra), Elzie Segar. Note-se que a tira de bd foi reproduzida numa rubrica de Cultura e Média, no jornal diário Kurier, de 16.Set.06
A colónia turca é bastante volumosa (disse-me o jornaleiro do quiosque onde fiz compras), daí que haja distribuição de publicações turcas, incluindo esta revista (e outra que lá comprei) de banda desenhada, com o título Atom, editada em Istambul, mensalmente, esta com data de Setembro. Kaptan Turk, uma bd avacalhada, em estilo gozão, com desenhos piadéticos, de um tal Serdar Akkayun
A divulgação do evento foi feito através de pequenos cartazes (como o que aqui reproduzo, que descolei de uma parede, um pouco maiores do que o "flyer" abaixo reproduzido) afixados nas paredes dos edifícios e nos postes de iluminação, por toda a cidade (posso afirmar isso pelo menos no que se refere aos locais por onde passei).
Os austríacos parece que não brincam em serviço... Um "flyer" distribuído na Convenção anuncia (com grande antecedência!) a próxima edição de 10 de Dezembro.
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"Post" remissivo
Acerca desta minha visita à Áustria, mais concretamente a Viena, e de alguma das coisas que por lá vi relativas à Banda Desenhada, há um texto anterior, escrito "in loco", que pode ser visto no "post":
Áustria - Banda Desenhada austríaca (e não só) vista em Viena (I)

Do mesmo tema (visita ao estrangeiro com breve crónica do que por lá vi) há já dois "posts" anteriores:
2005, Set. 17 e Set. 22 - Hungria - Banda Desenhada húngara (e não só) vista em Budapeste (I) e (II)

6 comentários:

Anónimo disse...

ora viva... sr geraldes lino, nao sei se recordará de mim, mas na bertrand do picoas a uns tempos disse lhe que tinha um exemplar do lusitas que gostaria de partilhar consigo... desculpe nao ter respondido antes mas andava atarefado com exames.... ate breve

Geraldes Lino disse...

Sim, tenho uma ideia de que seja, mas isso já foi há uns meses, salvo erro.
Julgo que lhe dei o meu contacto... Se assim for, telefone-me.

Anónimo disse...

tenho o seu email... ja lhe enviei um.. nao sei se recebeu.. o meu servidor de emails anda a crashar...:) o sr ficou c o meu contacto... depois dê uma apitadela:) abraço

Pepe disse...

Carissímo GL
Vós acabais de cometer um atentado à muy ilustre linguajar lusitano (Não o do cavalo mas dos mongas que por cá vivem.)................
Atão né que austríacos se escreve sem a??? banda desenhada de autores austricos!!!!!
Enfim GL
se eu não te conhezzzzzzzzzzzezzzze pá, távas tramado, pá!!!!
Ablaços
Pepe

Geraldes Lino disse...

Caríssimo Pepedelrey:
Ainda há quem confunda erros ortográficos com gralhas. Erros ortográficos e gramaticais têm a ver com desconhecimento dos tempos verbais, mau uso do verbo haver, troca do acento grave pelo agudo e vice-versa, e por aí fora.
Agora escrever "austrícos" em vez de "austríacos", tem a ver, obviamente, com a rapidez com que se está a teclar e, por cauda disso, duma tecla que se prime insuficientemente, não a activando, ficando assim uma letra a menos. Outro tipo de gralha é, tb, trocar letras, por exemplo, "págnia" em vez de "página" e lapsos semelhantes.
Mas algumas pessoas a quem costumo apontar erros (ERROS) ortográficos (mas com a finalidade positiva de evitar que a BD apareça com erros primários, e de que os autores a quem corrijo não voltem a cair no mesmo erro) têm tanta vontade de me apanhar em falso que até agarram nessas pequenas falhas de teclagem.´Tu és a segunda pessoa que me chama a atenção para uma gralha, chamando-lhe erro.
Estás perdoado, Pepe.
Abraço.

Geraldes Lino disse...

"por cauda disso", não, claro, o que eu queria escrever era "por causa disso" :-) Peço desculpa pela gralha (GRALHA, não erro ortográfico!)