sexta-feira, setembro 29, 2006

Tertúlia BD de Lisboa - XXI Ano - 263º Encontro

Prancha de bd da autoria (argumento e desenho) de Ricardo Pires Machado, o Convidado Especial do encontro de Outubro da Tertúlia BD de Lisboa

Pela 263ª vez, há tertúlia bedéfila no Parque Mayer. Citando o que alguém escreveu algures (e não tomei nota de quem foi, nem onde, hélas...), "a festa mensal da BD".

Como bem sabem as várias centenas de "tertulianos" que nela já participaram, a Tertúlia BD de Lisboa, essa associação informal que existe sem corpos sociais, sem sócios, e nada de quotizações, a sua realização mensal decorre sempre (entre as 20h e as 23h) sob o mesmo alinhamento:

1. Entre as 20h e as 21h30, jantar (tem de ser, de outra forma como atrair mais de quarenta bedéfilos e mantê-los lá, se não se começasse por essa espécie de cerimónia básica ancestral?);

2. Logo no início, à medida que vão entrando os participantes, o organizador da tertúlia (este bloguista, que é o único que não se senta a jantar) distribui o programa da sessão e, logo de seguida, um exemplar da autobiografia do autor (ou autores) em destaque; entretanto, para conseguir que tudo vá decorrendo dentro do horário previsto, o mesmo responsável distribui os fanzines gratuitos Tertúlia BDzine e Folha Volante que, quase mensalmente, ele próprio edita exclusivamente para os participantes na TBDL.
3. Entre as 21h30 e as 22h30, o sorteio bedéfilo, de peças diversificadas oferecidas por muitos dos presentes, que vão de fanzines a álbuns recentes, passando por revistas antigas, além da peça principal que é o original (desenho ou prancha de BD, a cores ou preto-e-branco) oferecido pelo Homenageado e/ou Convidado Especial.

4. Entre as 22h30 e as 23h: momento informal de entrega de Diploma, após o que se ouvem as palavras que o Homenageado e/ou Convidado Especial tem a dizer, e, eventualmente, a responder às perguntas que lhe são feitas, acerca do que tem feito, do que está a fazer, bem como dos seus projectos na área da Banda Desenhada.

E a propósito de Convidado Especial, como se chama, o que é que fez? Aqui fica um resumo, porque mais em pormenor ficarão a saber os participantes da tertúlia, com a leitura que poderão fazer logo no momento, de uma autobiografia, ilustrada com autocaricatura, que sempre é distribuída a cada um dos presentes.
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RICARDO PIRES MACHADO

Síntese biográfica

Ricardo Pires Machado, Coimbra, Dezembro de 1972.
Possui o curso de Design Gráfico obtido no IADE.
É ilustrador profissional e "designer" gráfico.
Realizações na Banda Desenhada:
Em 2001 obteve o 2º lugar no concurso organizado anualmente pelo Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, em 2002, ficou em 3º, e em 2003 voltou ao 2º lugar.
Em 2002 e 2003 colaborou, com BD, na revista "Fazedores de Letras", editada pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa;
Em 2004 participou numa exposição colectiva dedicada à revista "Fazedores de Letras", efectuada no âmbito (e no respectivo espaço) do Festival Internacional de BD da Amadora;
Em 2005 realizou a bd "O Poema" para Blazt- Revista Internacional de Banda Desenhada, nº1 - Outubro 05 (de que, no topo deste texto, se mostra uma das pranchas);
Em 2006 foi convidado para expor ilustrações e bandas desenhadas no Notting Hill Arts Club, de Londres, em evento denominado Ovnisessions;
Também no presente ano viu publicada a banda desenhada "Estilo" (sob poema de Herberto Helder), na revista Textos e Pretextos, do Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em espaço editado por Álvaro Áspera.

BD portuguesa em revistas não especializadas em BD (XXXIX) - Revista "Textos e Pretextos" - Autor: Ricardo Pires Machado

Prancha inicial da banda desenhada experimental Estilo, pelo traço de Ricardo Pires Machado, sob palavras de Herberto Hélder
"Se eu quisesse, enlouquecia. Sei uma quantidade de histórias terríveis. (...) Porque, sabe? acorda-se às quatro da manhã num quarto vazio, acende-se um cigarro... Está a ver?(...)".

E assim vão escorrendo as palavras em atmosfera poética, ou não fossem escritas por Herberto Hélder, desabafo de poeta que o grafista Ricardo Pires Machado interpretou em imagens - num registo que se poderá classificar, ao limite, de banda desenhada -. mas que transporta as vivências do poeta para um plano bidimensional, a que os matizes dão volume.

São surpresas ainda de Primavera e Verão deste ano que já caminha para o ocaso: uma é o número oito da revista Textos e Pretextos, a outra a de incluir BD, a cores, em oito pranchas de grafismo experimental-alternativo, sob a estética sequencial recriada por um novel autor-ilustrador.
Ricardo Pires Machado já tem um percurso visível na Figuração Narrativa, e a sua participação nesta magnífica revista vem expô-lo, e à BD, num universo cultural diferente.

quarta-feira, setembro 27, 2006

BD portuguesa em jornais, e revistas não especializadas (XXXVIII) - Semanário "Mundo Universitário" - Autor: Derradé

Prancha da autoria de Derradé, protagonizada pelo desafortunado Bubas, seu anti-herói de estimação

O semanário gratuito, de grande tiragem (30.000 exemplares!) Mundo Universitário, regressou à actividade, após ter gozado as férias grandes de Verão. Sim, pode ser inusitado, mas um jornal também tem direito a parar para recarregar baterias, ora essa. Aliás, no caso específico do meu querido MU, ele tem uma forte razão para acompanhar no lazer a massa estudantil universitária: é que, como é óbvio, sem alunos a frequentar as universidades espalhadas de Norte a Sul, não há leitores.

Como já acontece há largos meses, o MU reserva em todos os números (antes, quinzenalmente, de há uns meses a esta data, semanalmente), uma página para uma prancha de banda desenhada. E pelo colorido miolo deste popular jornal, de características sui generis, já passaram mais de trinta autores. Pode-se afirmar, o mais despudoradamente possível (peço desculpa mas eu cá sou assim) que o Mundo Universitário é o jornal que mais apoio está a dar à BD portuguesa (em 2º lugar está o BDJornal, pronto, Machado-Dias, faço-te justiça :-) em quantidade, qualidade e, ainda por cima, com reprodução totalmente a cores, sim, sim, em quadricromia de qualidade, à maneira!
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"Post" remissivo
Há numerosos outros textos dedicados a este tema BD portuguesa em jornais e revistas. Quem estiver interessado em ver mais exemplos de como mexe e está viva a banda desenhada portuguesa (contrariando aquela tradicional tendência derrotista portuga, que constantemente afirma que hoje em dia há poucos autores e que não se publica BD em Portugal), basta ir à coluna da esquerda, Archives, analisar os 37 (XXXVII) "posts" anteriores, espalhados por diversos meses, referentes a publicações diversas (não incluindo os fanzines, tratados à parte no meu outro blogue dedicado esclusivamente aos magazines feitos por fãs http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com) e clicar no mês onde se albergue um autor por quem tenha especial consideração, e de quem há muito tempo não tenha tido notícias. Há fortes possibilidades de o encontrar nesta abrangente lista, que iniciei em Jul.05

Set.24 2006(XXXVII) Semanário Sol- Autor: Nuno Saraiva; Ag.9 (XXXVI) BDJornal-Autores: Filipe Andrade (desenho), Filipe Pina(argumento); Jun.17 (XXXV) Revista Ripa na Rapaqueca- João Ferreira; Jun.8 (XXXIV) Jornal Mundo Universitário-Autor: Estrompa; Maio 31 (XXXIII) Jornal Mundo Universitário - Autor: António Valjean; Maio 24 (XXXII) Jornal Mundo Universitário - Pedro Nogueira; Maio 16 (XXXI) Jornal Mundo Universitário - Ricardo Cabral (desenho), Jorge Cabral (argumento); Maio 12 (XXX)-Jornal Mundo Universitário - Pepedelrey; Maio 8 (XXIX)-Jornal Mundo Universitário - Zé Manel; Maio 6 (XXVIII)-Revista Motociclismo - Luís Pinto Coelho; Maio 4 (XXVII) - Jornal Mundo Universitário - J. Mascarenhas; Abril 23 (XXVI)-Revista Underworld - João Maio Pinto; Abril 23 (XXV)-Revista da Armada - Antunes; Abril 23 (XXIV)-Revista Louletano - Eduardo Teixeira Coelho; Abril 10 (XXIII)-Revista C - Miguel Rocha (desenho), José Carlos Fernandes (argumento); Abril,5 (XXII)-Jornal Mundo Universitário - Cheila; Abril 2 (XXI)-Revista Megajogos - Algarvio; Março 29 (XX)-Jornal Mundo Universitário - Pedro Manaças; Março 20 (XIX) Jornal Mundo Universitário - Joana Figueiredo; Março 13 (XVIII) Revista Kulto - Ana Freitas (desenho), Nuno Duarte (argumento);Março 3 (XVII) Revista Gente Jovem - Algarvio; Fev.25 (XVI) Revista Vega - Richard Câmara; Fev.18 (XV) Revista Periférica - Hugo Pena (desenho), Jorge Pedro Ferreira (argumento); Fev.14 (XIV) Jornal Mundo Universitário - Andreia Rechena; Fev.08 (XIII) Jornal Mundo Universitário - Derradé; Jan.16 (XII) Jornal Mundo Universitário - Pedro Alves
2006
Dez.12 (XI) Jornal Mundo Universitário - Álvaro; Nov.29 (X) Lista com autores publicados até agora no jornal Mundo Universitário; Nov.24 (IX) Jornal Mundo Universitário - Luís Valente; Nov.15 (VIII) Jornal Mundo Universitário - Paulo Marques (desenho), Bruno Silva (argumento); Nov. 15 e 8 (VII) Semanário Blitz - João Maio Pinto (desenho), Esgar Acelerado (argumento); Out.28 (VI) Jornal Mundo Universitário - Fritz; Out.13 (V) Jornal Mundo Universitário - Francisco Sousa Lobo; Set.29 (IV) Jornal Mundo Universitário - José Lopes; Set.16 (III) Semanário Blitz - João Manuel Pinto (desenho), Esgar Acelerado (argumento); Ag.18 (II) BD Jornal - Maria João Careto; Jul.1 (I) Diário de Notícias - José Carlos Fernandes
2005

terça-feira, setembro 26, 2006

Autógrafos desenhados (VIII) - Breccia, Enrique

Desenho traçado de improviso, à mesa de um café de Lucca, por Enrique Breccia

Apresento mais um dos meus numerosos desenhos com autógrafos de autores de banda desenhada.
Este que acima reproduzo, da autoria de Enrique Breccia, foi feito à mesa de um café, em Lucca (Itália), no já longínquo ano de 1980, no "Lucca 14", ou seja, na 14ª edição do Salone Internazionale dei Comics, dell'Ilustrazione e dell Cinema d"Animazione.
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BRECCIA, HENRIQUE

Síntese biográfica


Enrique Breccia nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 1945. 

Como associação óbvia de ideias, haverá tendência para pensar no excepcional autor/artista, também argentino, Alberto Breccia.

De facto, Enrique Breccia e Patrícia Breccia (que esteve no Festival de Banda Desenhada da Amadora em 2005) são ambos filhos do ilustre Alberto Breccia, e são também autores de banda desenhada (há mais uma irmã, de nome Cristina, de que não estou capacitado para dizer o mesmo).

O início na BD de Enrique foi a ajudar o pai a fazer esboços para Mort Cinder, a personagem superlativa da obra de Alberto Breccia.
Continuando a trabalhar com seu pai, Enrique fez, em 1968, a parte boliviana da biografia de Guevara, na obra La Vida del Che, com argumento de Hector Oesterheld.
No ano seguinte, os Breccia Alberto e Enrique trabalham juntos pela última vez, na extraordinária obra El Eternauta.
Em 1974, agora "a solo", Enrique realiza La Leyenda de Tyl Ullenspiegel, a cores.
Em 1976, sob argumento de Carlos Trillo, colabora na revista argentina Skorpio com a bd El buen Dios, antecessora do seu singular êxito, a excepcional obra Alvar Mayor, de que se publicaram alguns episódios na revista portuguesa Selecções BD.
Para Record realizou a bd El Peregrino de las estrellas, entre muitas outras, trabalhando com vários argumentistas seus compatriotas, entre os quais Guillermo Saccomano e Ricardo Barreiro.
Em 1980 torna-se colaborador da revista Superhumor, onde, no primeiro número, surge a bd Los Enigmas del P.A.M.I., com argumento, mais um, do categorizado Carlos Trillo, em que Breccia se inclui, juntamente com Trillo, embora com aspecto envelhecido.
Nos anos 80 e 90 detectam-se os títulos El cazador del tiempo, El peregrino de las estrellas (título já focado na sua colaboração com a revista Record) e El sueñero, entre outros.
Já em 2000, inicia-se a sua colaboração com a BD norte americana (vulgo "Comics"), especificamente em X-Force, para a Marvel e Batman-Gotham Knights, para a DC Comics.
Está actualmente a trabalhar no título Swamp Thing.
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"Post" remissivo
Deste mesmo tema há vários textos anteriores, que podem ser visitados clicando na rubrica Archives, na coluna da esquerda do blogue, nos meses indicados abaixo:

2006
Set.26 (VII) - Carlos Roque
Maio, 19 (VI) - John Buscema
Abril 13 - (V) Mordillo
Março 25 - (IV) Moebius
Fev. 11 - (III) Quino
Jan. 12 - (II) Milo Manara
2005
Dez. 26 - (I) Aragonés

domingo, setembro 24, 2006

BD portuguesa em jornais, e revistas não especializadas (XXXVII) - Semanário "Sol" - Autor: Nuno Saraiva

Depois do êxito que representou a Filosofia de Ponta, sob argumento de Júlio Pinto, Nuno Saraiva teve a boa oportunidade de, no novel semanário Sol, realizar uma nova série, Na Terra como no Céu, também a cores.
Prancha do episódio Cedro do Líbano, segundo da série de banda desenhada "Na Terra como no Céu", publicado no nº 2 da revista/suplemento Tabu, no semanário Sol (nº 2, 27.Set.06)

Agora a "solo", e a ritmo semanal, Nuno Saraiva vai ter uma tarefa que, embora exigente, ele decerto conseguirá levar a bom porto. Claro que, com a capacidade ficcional de Júlio Pinto a tratar do argumento, a parte do Nuno era bem mais fácil. Em todo o caso, tratando-se de um polivalente autor, há boas hipóteses de irmos ter uma série que, daqui a umas quarenta e seis semanas - esperemos que sejam equivalentes a igual número de pranchas - seja capaz de atrair o interesse de alguma editora.Tira do espisódio O Sol em Afrodite, primeiro da série Na Terra como no Céu, publicado no nº 1 de Tabu, revista/suplemento do semanário Sol (nº1, de 16.Set.06)

Para começar, o título genérico da série Na Terra como no Céu promete variantes infindáveis, imprevistas e saborosas. De resto, o subtítulo, relativo ao episódio inicial, "O Sol em Afrodite", é particularmente sugestivo, e indicia os caminhos ficcionais percorríveis pelo imaginativo Nuno Saraiva.
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"Post" remissivo
Há diversos outros textos dedicados a este tema BD portuguesa em jornais e revistas. Quem estiver interessado em ver mais exemplos de como mexe e está viva a banda desenhada portuguesa (contrariando auela tradicional tendência derrotista portuga, que constantemente afirma que já não há jornais e revistas que publiquem BD em Portugal), basta ir à coluna da esquerda, Archives, analisar os 33 (XXXIII) "posts" anteriores, espalhados por diversos meses, e clicar no mês onde se albergue um autor por quem tenha especial consideração, e de quem há muito tempo não tenha tido notícias. Há fortes possibilidades de o encontrar nesta abrangente lista.

2006 - Set.24 (XXXIV) Semanário Sol- Autor: Nuno Saraiva; Ag.9 (XXXIII) BDJornal-Autores: Filipe Andrade (desenho), Filipe Pina(argumento); Jun.17 (XXXII) Revista Ripa na Rapaqueca- João Ferreira; Jun.8 (XXXI) Jornal Mundo Universitário-Autor: Estrompa; Maio 31 (XXX) Jornal Mundo Universitário - Autor: António Valjean; Maio 24 (XXIX) Jornal Mundo Universitário - Pedro Nogueira; Maio 16 (XXVIII) Jornal Mundo Universitário - Ricardo Cabral (desenho), Jorge Cabral (argumento); Maio 12 (XXVII)-Jornal Mundo Universitário - Pepedelrey; Maio 8 (XXVI)-Jornal Mundo Universitário - Zé Manel; Maio 6 (XXV)-Revista Motociclismo - Luís Pinto Coelho; Maio 4 (XXIV) - Jornal Mundo Universitário - J. Mascarenhas; Abril 23 (XXIII)-Revista Underworld - João Maio Pinto; Abril 23 (XXII)-Revista da Armada - Antunes; Abril 23 (XXI)-Revista Louletano - Eduardo Teixeira Coelho; Abril 10 (XX)-Revista C - Miguel Rocha (desenho), José Carlos Fernandes (argumento); Abril,5 (XIX)-Jornal Mundo Universitário - Cheila; Abril 2 (XVIII)-Revista Megajogos - Algarvio; Março 29 (XVII)-Jornal Mundo Universitário - Pedro Manaças; Março 20 (XVI) Jornal Mundo Universitário - Joana Figueiredo; Março 13 (XV) Revista Kulto - Autores: Ana Freitas (desenho), Nuno Duarte (argumento);

Esta relação de jornais e revistas com BD portuguesa, e respectivos autores publicados, está completa e corrigida no "post" nº XXXVIII, de 27 Set.06

quinta-feira, setembro 21, 2006

Áustria - Banda Desenhada austríaca (e não só) vista em Viena (II)

Capa da obra Literatur Gezeichnet, realizada por autores-artistas austrícos

Este livro, Literatur Gezeichnet (Literatura Desenhada) foi a obra mais importante que encontrei em edição austríaca (Wien, Juli 2003), dedicada à transformação sintetizada de cinquenta importantes obras literárias, em realização exclusiva de autores austríacos.
A partir da primeira participação, composta por texto sobre Fausto (Faust) e respectivo autor, Johann Wolfgang von Goethe, em banda desenhada com assinatura de Monikus (e o conselho, dado em rodapé, para se ver a bd ao som da música de Leonard Cohen), assiste-se a uma viagem por obras díspares, mas notáveis, da Literatura planetária: Hamlet (dizer o nome do autor é quase ofensa a quem estiver a ler esta prosa, mas nunca é de mais citar o senhor William Shakespeare), concentrado numa prancha em linha clara de Regina Hofer, que deve ser (ou não ser) vista/lida acompanhada pelas notas musicais de Randy Newman; ou a Bíblia (Die Bibel), ou ainda "Don Quixote" (Don Quijote), a ouvir John Lennon (se calhar, ele também, leitor-admirador de Miguel de Cervantes), bem como Michael Svec, o autor da banda desenhada.
Evidentemente, não vou aqui desfiar cinquenta títulos de obras, quarenta e nove nomes de escritores (da Biblia não conseguiram descobrir os nomes dos anónimos autores), cinquenta nomes de banda-desenhistas, e cinquenta compositores. Apenas direi que a obra (primeiro volume de um conjunto de dois) termina em beleza, com um dos romances que me marcaram: "Der Alte Mann und das Meer" (que é como quem diz "The Old Man and the Sea" ou, por palavras nossas, "O Velho e o Mar"), de Ernest Hemingway, cuja bd, por Auge, exigem os responsáveis editoriais que seja vista/lida a ouvir Bruce Springsteen. De arrasar!
Uma das cinquenta bandas desenhadas feitas em apenas uma prancha, esta baseada na obra "O Processo", de Kafka, em realização gráfica de Robert Maresch (para ver/ler ao som "Fury in the Slaughterhouse"

Capa da revista Comic Forum (nº 63, datada do Inverno de 1994)

Encontrei este exemplar numa livraria especializada em BD (em Viena vi duas, visitei uma), com o ar de ter sido o que restou da edição da revista Comic Forum, aparentemente extinta.
De formato A4, com capa e contracapa em quadricromia, era (é?) uma revista-mista, ou seja, com bedês e textos (eventualmente um conjunto de estudos, críticas, entrevistas e noticiário).
Na parte de reprodução de bandas desenhadas, embora escassas, há duas de autores autóctones e uma do notável italiano Sergio Toppi.
Entre os textos, uma extensa entrevista (onze páginas) com Will Eisner, ilustrada por uma foto que se vê nitidamente ter sido feita no momento da entrevista (até está um pouco desfocada...). Destaco ainda o artigo "Fanzines in der Krise!?" que, tanto quanto consigo ler (a minha passagem pelo curso de Filologia Germânica não me deu o dom da fala alemã, scheisse), me parece ter interesse, mas dificilmente comprovável.
Uma das bandas desenhadas que ilustram as páginas da revista Comic Forum, neste caso de autor austríaco.

Capa da revista austríaca Wunderwelt, nº 20, datada de Setembro de 1956

Em formato A4, com 16 páginas todas a cores, a revista Wunderwelt tinha um aspecto interior muito semelhante ao da Lusitas (que existiu entre 1943 e 1957) e da Fagulha (de 1958 a 1974), revistas dedicadas exclusivamente para as raparigas, ambas editadas pela Mocidade Portuguesa Feminina, coetaneamente com esta austríaca.

Banda desenhada na contracapa da revista Wunderweit, da autoria de alguém que assinava ABC
Prancha de uma banda desenhada publicitária (patrocinada por uma marca de gelados também popular em Portugal). Autor:Ander Pecher

No átrio de um dos vários cinemas existentes num centro comercial, havia numerosos exemplares da revista "Ice Gang", uma publicação em formato de "comic book", com 32 páginas todas em quadricromia, e com cinco bandas desenhadas (uma com seis pranchas, outra com quatro, e outras mais curtas) todas do mesmo autor, que não assinou nunca, mas cujo nome - Ander Pecher - aparece na ficha técnica. Uma bem interessante publicação para o público infanto-juvenil.

Uma tira daquele género que costumo classificar de bd-cartune (um misto de banda desenhada, pela linguagem figurativa sequencial, e de cartune, pelo facto de ser um "gag" relativo a algo de político ou social perfeitamente datado).
O duo de autores, Konwallin e Szyskowitz, criou também uma dupla de impagáveis figuras, Superrudi & Superstruppi.
(in jornal Kronen Zeitung, de 18.Set.)
Tiras de banda desenhada estrangeira também aparecem nos jornais austríacos, como esta de Popeye, da autoria do criador da personagem (aliás, o melhor autor/artista que mexeu na obra), Elzie Segar. Note-se que a tira de bd foi reproduzida numa rubrica de Cultura e Média, no jornal diário Kurier, de 16.Set.06
A colónia turca é bastante volumosa (disse-me o jornaleiro do quiosque onde fiz compras), daí que haja distribuição de publicações turcas, incluindo esta revista (e outra que lá comprei) de banda desenhada, com o título Atom, editada em Istambul, mensalmente, esta com data de Setembro. Kaptan Turk, uma bd avacalhada, em estilo gozão, com desenhos piadéticos, de um tal Serdar Akkayun
A divulgação do evento foi feito através de pequenos cartazes (como o que aqui reproduzo, que descolei de uma parede, um pouco maiores do que o "flyer" abaixo reproduzido) afixados nas paredes dos edifícios e nos postes de iluminação, por toda a cidade (posso afirmar isso pelo menos no que se refere aos locais por onde passei).
Os austríacos parece que não brincam em serviço... Um "flyer" distribuído na Convenção anuncia (com grande antecedência!) a próxima edição de 10 de Dezembro.
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"Post" remissivo
Acerca desta minha visita à Áustria, mais concretamente a Viena, e de alguma das coisas que por lá vi relativas à Banda Desenhada, há um texto anterior, escrito "in loco", que pode ser visto no "post":
Áustria - Banda Desenhada austríaca (e não só) vista em Viena (I)

Do mesmo tema (visita ao estrangeiro com breve crónica do que por lá vi) há já dois "posts" anteriores:
2005, Set. 17 e Set. 22 - Hungria - Banda Desenhada húngara (e não só) vista em Budapeste (I) e (II)

segunda-feira, setembro 18, 2006

Wiener Comic & Figuren Börse - Áustria - Banda Desenhada austríaca (e não só) vista em Viena (I)

Como facilmente se pode deduzir pelos título e subtítulo do presente "post", vim de visita a Áustria, mais propriamente a Viena, onde estou desde 4a feira.
Claro que comecei desde logo a tentar encontrar revistas, álbuns e material quejando de origem austríaca nas bancas, papelarias e livrarias. Entre Astérixes, Disneys variados, super-homens, homens-aranhas e mangás, a oferta é copiosa. Mas... tudo (ou quase tudo) edies (*) de origem alemä (*).

(Neste teclado austríaco, näo há c com cedilha, por isso escrevo-o em itálico, para se perceber tratar-se de um desenrascanco; e como näo consigo pör o sinal ortográfico til em cima do "a" ou do "o", uso os caracteres ä e ö, que existem no teclado; como nele igualmente falta o acento grave, usarei o esquema de escrever o a em itálico. Espero que, apesar de todas estas alteracöes ortográficas, os visitantes consigam decifrar o texto :-)

Voltando à BD, e às minhas tentativas de encontar algo editado pelos autóctones, tenho a dizer que, subitamente, comecei a ver, em vários locais, um pequeno cartaz, onde se podia ler:

Wiener Comic & Figuren Börse
17 Set., 10-16h
13, Läangenfeldgasse, 15
www.comicboerse.org

Tratava-se da edicäo de Outono daquele tal evento chamado "Börse" (a que, na versäo inglesa, os organizadores chamam "Convention"; e, de facto, este é o título pelo qual tais eventos säo conhecidos em Inglaterra e nos Estados Unidos). Aliás, fiquei a saber que os organizadores montam esta espécie de feira quatro vezes por ano - sempre ao domingo -, sendo que duas vezes ela acontece na Primavera, outras duas no Outono. A próxima já está agendada para o dia 10 de Dezembro.
Claro que, mesmo näo sabendo nada disto nessa altura, fui até lá, cheio de curiosidade. Para as primeiras impressöes, achei o espaco muitíssimo vasto, apesar de localizado numa escola (daí talvez durar apenas um dia, e ser o domingo o dia escolhido).
Quando cheguei, já lá estavam centenas de bedéfilos de todas as idades, que se passeavam entre as numerosas e bem recheadas bancas.
Confirmei, por conversas que tive com alguns dos presentes, que a Áustria näo é grande editora de banda desenhada. E isto talvez porque, como a língua oficial austríaca é o alemäo, é de crer que, pelo facto de serem invadidos pelas edicöes alemäs, näo se däo ao trabalho de editarem eles próprios.
É uma hipótese que me ocorre, visto que quase tudo o que se encontrava na "börse" tinha sido impresso e editado na Alemanha, sob chancela de editoras germänicas.
Em todo o caso, consegui comprar poucas mas interessantes pecas austríacas, e resolvi falar delas, bem como mostrá-las, inserindo-as no "post", como habitualmente uso fazer.
Só que, no cibercafé que encontrei hoje, näo há "scanner". Impossível, portanto, ilustrar este "post" com as imagens adequadas.
Espero que me desculpem. Fica para quando chegar a Lisboa.
Até lá.
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"Post" remissivo
Relativamente a este tipo de tema, há um texto anterior:
Hungria - Banda Desenhada húngara (e não só) vista em Budapeste (I) e (II) - "posts" afixados em 2005, Set. 17 e Set. 22, respectivamente.

E, claro, há também mais um texto sobre a Banda Desenhada vista por mim na Áustria,
no "post" seguinte (por cima deste), datado de Set., 21

terça-feira, setembro 12, 2006

Visão, revista de Banda Desenhada Portuguesa (IX) - Falando hoje com... Duarte

Duarte (José Luís Carvalho Duarte - Parede, Novembro de 1945) foi um dos autores portugueses que considero terem obra importante na revista de banda desenhada Visão.

Trinta anos depois da efémera mas marcante revista ter desaparecido, resolvi fazer curtas entrevistas, todas praticamente iguais, a cada um desses autores/artistas.

Após Victor Mesquita, Pedro Massano, Isabel Lobinho, Corujo Zíngaro, Zé Paulo e Carlos Barradas, é hoje a vez de Duarte (ou J.L.Duarte, as duas formas que usa para se identificar na BD).

 
GL - O que significou para ti a Visão?
D - Foi a oportunidade de publicar, quando isso era muito difícil pelos circuitos editoriais normais.
Por outro lado, também foi uma oportunidade de publicar aquilo que se queria, sem grandes problemas de filtragens editoriais, ou seja, cada um de nós, colaboradores da Visão, depois de acordado o tema, criava a história que entendesse, com a certeza de que ia sair tal e qual.
Com a Visão fui encontrar um grupo com o qual me integrei, em que cada um tinha pontos de vista diferentes da realidade que nos rodeava, dos acontecimentos da época, que podíamos expressar com total liberdade, independentemente de opções políticas ou de vida que nos separassem do dia-a-dia.

Prancha da bd autoconclusiva "O Último Inimigo de Bill Trigger", da autoria de Duarte, publicada na contracapa do nº 8 da revista Visão


GL - Em Abril de 1975, data em que surgiu a revista, o que é que fazias?
D - Trabalhava numa Agência de Publicidade, para onde tinha entrado em 1972, foi aí o princípio da minha actividade como publicitário, nessa época como arte-finalista.

GL - Que fizeste em BD, depois de Maio de 1976, data do fim da Visão?
D - Após vinte e seis páginas publicadas na Visão, só voltei à BD entre 1983 e 1985, espaço de tempo em que desenhei "Os Fardetas" para o jornal Bisnau, onde foram publicadas vinte e cinco tiras.
Ainda em 85 (não garanto) acabei por publicar um álbum com o mesmo título, utilizando esse material e mais tiras que fiz de propósito para esse fim.
Mas lá bem para trás, entre 1970 e 71, tinha feito dezasseis pranchas para o suplemento Nau Catrineta do jornal Diário de Notícias, sobre um robô de nome "Telek".
Entre 72 e 73 fiz onze pranchas para o Jornal do Exército, cujo herói se chamava "Tapaxamas".
De 73 a 74 fiz "Os Kolans", uma série diária para o Diário de Lisboa, que acabariam por originar um álbum sob o título "Kolanville".
Para o Sempre Fixe, jornal humorístico, colaborei com os "Filocopos", que é como quem diz, os amigos da pinga.
A seguir é a Visão.

Prancha da banda desenhada Guloseima, autoconclusiva em duas pranchas, da autoria de Duarte
in revista Visão nº 8, de 10.Nov.1975

GL - Em vez de BD, o que é que tens feito para ganhar a vida?
D - Para ganhar a vida tenho trabalhado em Publicidade até aos dias de hoje, em que os últimos doze anos foram como Director Criativo, em mais de uma Agência.

GL - Há algum projecto de BD que estejas a realizar, ou que gostasses de concretizar num futuro mais ou menos próximo?
D - A minha actividade como publicitário tem-me impedido de fazer BD, tanto por falta de tempo, como por falta de disponibilidade mental. A função de Criativo na Publicidade ocupa-me plenamente, e não me deixa tempo para outras actividades criativas. No entanto, tenho de reconhecer que tem havido em mim um afastamento progressivo da BD, por limitações de comunicação que fui encontrando.
Embora tenha projectos para regressar à BD - uma vez que algo mudou na minha vida profissional - mas eventualmente na forma de tiras autoconclusivas sobre um mesmo tema, o que permite uma produção menos morosa, menos planificada, mais solta.

GL - Obrigado, Duarte, por esta breve entrevista para o meu blogue, e boa sorte para esse projecto de regresso à BD.----------------------------------------------
"Posts" remissivos sobre a revista VISÃO (de Banda Desenhada)
2ª Parte - Entrevistas a autores-artistas da revista
2006
(VIII) Julho, 9 - Carlos Barradas
(VII) Junho, 30 - Zé Paulo
(VI) Junho, 15 - Corujo Zíngaro
(V) Junho, 13 - Isabel Lobinho
(IV) Maio, 31- Pedro Massano
(III) Maio, 30-Victor Mesquita

1ª Parte - Textos generalistas acerca da revista:
2005
(I) Dezembro, 10
(II) Dezembro, 11

Há ainda outro "post" (data: Junho 19), esse dedicado ao tema Lisboa na Banda Desenhada, em que se podem observar duas imagens (óptimas, vale a pena vê-las) da autoria de Zé Paulo, ambas extraídas da revista Visão

segunda-feira, setembro 11, 2006

Autor de BD como personagem da sua banda desenhada (VIII) - Art Spiegelman



11 de Setembro de 2001 - Uma tira de banda desenhada com o próprio autor, Art Spiegelman, a participar como personagem

Tira pertencente à segunda prancha da invulgar obra "In the Shadow of no Towers", editada em volume de grandes dimensões (25,5x37cm), sob chancela de Penguin-Viking, autorizada pela agência King Features Syndicate, com especiais agradecimentos do autor aos estudiosos e coleccionadores Bill Blackbeard e Peter Maresca.

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"Post" remissivo

Em ângulos ligeiramente diferentes, mas com semelhanças no conceito, há neste blogue três rubricas que mostram imagens do autor de BD inserido na própria obra.
Para visionar os "posts" anteriores de cada uma dessas rubricas, clicar na coluna Archives, no ano e meses indicados no índice abaixo:

1) O desenhador a desenhar a banda desenhada
2006
(I) Agosto, 10 - Autor: Sergio Aragonés

2) O autor a contracenar com a sua personagem
2006
(IV) Agosto, 3 - Carlos Roque e o pato Wladimyr
(III) Julho, 25 - Milton Caniff e Terry
(II) Abr. 18 - Hergé com Tintin
(I) Fev. 27 - Chester Gould com Dick Tracy

3) O autor de BD como personagem da sua banda desenhada
2006
(VII) Agosto, 29 - Nuno Markl
(VI) Agosto, 20 - Autores: Pedro Morais (desenho), Luís Almeida Martins (argumento)
(V) Julho, 7 - Augusto Trigo
(IV) Junho, 16 - Nuno Saraiva
( III) Maio, 5 - Robert Crumb
2005
(II) Nov., 16 - João Maio Pinto (desenhador) e Esgar Acelerado (argumentista)
(I) Out., 25 - Uderzo (desenhador) e Goscinny (argumentista)

Sept. 11, 2001 - 11 Set. 2005 - Cinco Anos Depois - O 11 de Setembro na BD visto por Art Spiegelman

Mon Dieu! My God! Nessa manhã, tanto que foi invocado o nome de Deus em vão...
(Imagens extraídas da obra In the Shadow of no Towers, de Art Spiegelman)

Ai os deuses, ai as religiões! Desde as Cruzadas (e até antes) que sempre estiveram no cerne das guerras, das violências, das hostilidades raivosas entre crentes de religiões adversas...
Veteran Firefighters - Schwarzenegger - Collateral Damage - Oh my God!

A intensa fumarada envolve todas estas sugestões oblíquas de Art Spiegelman, artista corrosivo e impiedoso

Um políptico impressionante, com a visão das Torres Gémeas em derrocada.

Imagens sequenciais criadas graficamente por Art Spiegelman, na 2ª prancha da obra In the Shadow of no Towers

sábado, setembro 09, 2006

Cenários Urbanos reais ou imaginários na BD (I) - Autor: Jiro Tanigushi


A banda desenhada japonesa (corrente estética conhecida, entre os bedéfilos iniciados no tema, por mangá) bifurca-se por assuntos diversos, e também variados grafismos.
Isto porque, como bastante gente sabe há já muito tempo, a BD japonesa é abrangente, abarcando grande diversidade de temas: existe um especialmente dedicado às raparigas (chamado "shojo", que em geral também é feito por autoras) , há outros para adultos interessados essencialmente em desportos, jogos, política, e, claro, para os apreciadores de erotismo e até de pornografia, neste último caso explorando por vezes a pedofilia (embora separe visivelmente esses vários temas, indo até à edição de revistas específicas para cada género).

Outra vinheta do mesmo episódio Passando pelo beco

No caso das vinhetas aqui reproduzidas, extraídas da obra "A Arte de Jiro - O homem que caminha", elas dão uma ideia marcante do autor/artista japonês Jiro Taniguchi, que se caracteriza por um estilo tranquilo, criando uma ficção de teor realista onde a vida escorre mansamente, com as personagens a dialogar em tom ameno, tendo sempre em fundo as ruas, as casas, os jardins, privilegiados cenários urbanos a preto-e-branco, sobre fundos em tramas de tonalidades cinzentas, quando a atmosfera (ficcional ou atmosférica) o exige.

quinta-feira, setembro 07, 2006

Improvisos de Banda Desenhada na toalha de mesa (I) - Autor(a): Joana Lafuente

Uma pequena bd, ao estilo da banda desenhada japonesa (a chamada mangá) da autoria de Joana Lafuente

Como costumo dizer, a Tertúlia BD de Lisboa é o local onde se junta, uma vez por mês, o maior número de autores de banda desenhada por metro quadrado.
Joana Lafuente, uma jovem apaixonada pela mangá (como leitora e como autora), costuma, como grande parte dos que participam na tertúlia, passar o tempo a desenhar na toalha (de papel, obviamente) de mesa. Foi exactamente à mesa (do restaurante/"espaço tertuliano") que, quando eu ia a passar, reparei nas pequenas imagens desta mangá a que a autora pôs o título de Dream Machine.
Fazendo aqui um parêntesis: Eu até já editei dois pequenos fanzines (um, formato A6, "Improvisos na toalha de mesa", de que sairam dois números; o outro, mais pequeno ainda, em formato A8, cujo título é bem sintomático, "anãozine") ambos recheados com ilustrações e bedês que aproveitei (é só rasgar a toalha aos bocados...) resultantes de improvisos realizados, quase instintintivamente, por muitos dos autores/artistas que frequentam aquela tertúlia por mim organizada.
Mas agora, com o blogue (uma forma bem mais expedita e de maior projecção pública), resolvi trazer para aqui algumas dessas improvisações gráficas, por vezes brilhantes, como esta da Joana. Elas e eles, artistas da BD, e respectivos desenhos esgalhados alegremente (quem faz um desenho fá-lo por gosto :-) merecem, no mínimo, uma exposição virtual, como a que aqui vai passar a acontecer.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Fanzines de Banda Desenhada - Tertúlia BDzine

Prancha da banda desenhada O Menino triste, episódio "O Sorriso", de J. Mascarenhas
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Para quem quiser ver mais imagens de pranchas da mesma bd, além de uma separata, a cores, que é também a última prancha do episódio, a solução é ir ao blogue
http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com

sábado, setembro 02, 2006

Tertúlia BD de Lisboa - 262º Encontro - 5 Setembro

Capa do estudo Banda Desenhada e Ficção Científica - As Madrugadas do Futuro, da autoria de Jorge Magalhães.

Jorge Magalhães (Jorge Arnaldo Sacadura Cabral de Magalhães, Porto, 1938), é autor de numerosos textos de estudo, análise e história da BD, em livros, revistas, jornais e fanzines. A sua obra mais recente é o excelente estudo Banda Desenhada e Ficção Científica, realizada para o 15º Salão Internacional de BD - Moura BD 2005.
Para esse mesmo evento também já realizara anteriormente outros trabalhos de pesquisa, designadamente "Carros e Motos na Banda Desenhada" e "O Western na Banda Desenhada".
Note-se um pormenor importante no que concerne à categoria polifacetada de Jorge Magalhães, na área da Banda Desenhada, e à consciência que há na Tertúlia BD de Lisboa, e do respectivo organizador, pelo seu eclectismo: Magalhães já foi homenageado na categoria de autor de banda desenhada (argumentista), e também como coordenador da revista Mundo de Aventuras, no ciclo dedicado a Editores, Directores, Coordenadores, Directores Literários e Gráficos de revistas de Banda Desenhada.
Esta é, por conseguinte, a terceira vez que esta categorizada individualidade da BD Portuguesa
é homenageada na associação informal que se apresenta, há vinte e um anos, sob a denominação de Tertúlia BD de Lisboa.
Banda desenhada da autoria de Luís Valente, publicada na revista (já desaparecida, infelizmente) Selecções BD (nº8 -2ª série) de Junho de 1999.

Como se depreenderá, pela legenda sob a prancha acima reproduzida, teremos Luís Valente como Convidado Especial da Tertúlia BD de Lisboa.
Trata-se, obviamente, de um novo autor da Banda Desenhada Portuguesa., com obra escassa ainda - bedês publicadas na revista Selecções BD (como documenta a imagem), no jornal Mundo Universitário e no fanzine Tertúlia BD de Lisboa Boletim (edição comemorativa do 20º aniversário da dita tertúlia). mas, como aqui já tem sido referido, o Diploma que lhe vou entregar, em nome da TBDL, tem exactamente a finalidade de funcionar como incentivo a continuar numa arte ingrata como é a BD.

Homenageado e Convidado Especial terão como assistência, a fazer quorum para o momento que acontece sempre próximo das 23 horas os habituais bedéfilos participantes, uma média de 40, mas que, para além do "núcleo duro", chamemos-lhe assim, variam de mês para mês.

Um aspecto aliciante da tertúlia é a possibilidade de dar a conhecer pessoalmente personalidades da BD nacional (e até estrangeira), e complementar esse conhecimento físico com a leitura das suas autobiografias (ilustradas com autocaricatura ou auto-retrato) e, eventualmente, obter, um desenho original por eles realizado, que será sorteado entre os presentes, mantendo a tradição.

Como habitualmente (quase a ritmo mensal), será distribuído gratuitamente a cada "tertuliano" dois números do "slimzine" Folha Volante (um com notícias sobre BD, e outro com bedês de autores portugueses "pirateadas" de jornais e revistas diversas); aos presentes será também oferecido, pelo organizador da TBDL, mais um exemplar do fanzine Tertúlia BDzine, desta vez com uma banda desenhada da autoria de J. Mascarenhas, que põe em cena, num novo episódio, a personagem "O Menino Triste", que é um pouco o seu "alter-ego".

sexta-feira, setembro 01, 2006

Álbuns de BD imprevisíveis e difíceis de obter (II) - "As Bodas de D. Dinis e Isabel de Aragão em Trancoso" - Autor: Santos Costa

Capa do álbum com a obra em banda desenhada As Bodas de D. Dinis e Isabel de Aragão em Trancoso, da autoria de Santos Costa

Santos Costa (ou Fernando Jorge Santos Costa, como assina na última prancha do álbum), tem obra publicada já significativamente vasta, em revistas (o melhor exemplo é a "Mundo de Aventuras"), jornais e álbuns. Neste último caso, várias deles com o apoio da autarquia, sempre que se trata de factos históricos relacionados com Trancoso, ou com figuras de relevo trancosense, como é o caso da controversa personagem de nome Bandarra.
Este apoio prestado pela Câmara Municipal da cidade de Trancoso é facto meritório, que demonstra, da parte dos responsáveis autárquicos, notável abertura para a Cultura e a Arte, onde tem cabimento a Banda Desenhada. A primeira prancha do álbum, onde se toma conhecimento da ointenção do jovem rei português D. Dinis de arranjar esposa. O monarca, que tinha tomado posse do trono em 16 de Fevereiro de 1279, contava na altura apenas 21 anos.
Toma-se conhecimento de tais pormenores graças ao trabalho de pesquisa do autor, que acumula o trabalho artístico com o de pesquisa. O resultado final, neste tipo de obras - que apresenta sempre forte componente didáctica - é útil para a divulgação de factos históricos em vastas camadas da população.
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As Bodas de D. Dinis e Isabel de Aragão em Trancoso
Autor: Santos Costa
Álbum em formato A4, brochado, com 16 páginas (uma de rosto, as restantes 15 com a banda desenhada), em papel "couché"
Capa e miolo em quadricromia
Tiragem: 3000 exemplares
Data da edição: Outubro de 2005 (informação colhida do autor, visto que a ficha técnica é omissa em relação a esse pormenor).
Nota: Há edição similar também em castelhano (como diz na ficha técnica) e inglês.
Editor:
Câmara Municipal de Trancoso
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"Post" remissivo
Há outro texto referente a este mesmo tema. Para o ver basta clicar na rubrica "Archives", na data abaixo indicada.

2006
(I) Agosto, 8 - "O Passeio de Inês" - Autor: Carlos Rocha