domingo, dezembro 31, 2017

Comic Jam feito na Tertúlia BD de Lisboa em Dezembro 2017


Na Tertúlia BD de Lisboa, no encontro do passado dia 5 de Dezembro, seis participantes colaboraram na feitura de mais um comic jam (cadavre exquis). Eis os seus nomes:

1. Penim Loureiro ..........   - 2. João Gordinho
3. Sandra Pires ...............  - 4. Nelson Simões
5. Fernando Antunes ......  - 6. Ana Mar e Bruna Carvalho 


O próximo encontro da conhecida tertúlia lisboeta é já no dia 2 de Janeiro, primeira 3ª feira do ano 2018!
Ora aí está uma agradável maneira, para quem gosta de BD, de começar um Ano Novo! 
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terça-feira, dezembro 26, 2017

Baile de Máscaras, bd curta sem palavras







José Lopes tem talento para o desenho e imaginação para construir ficções, percebe-se pela banda desenhada curta (sete pranchas apenas) e sem palavras, excepto o título, "Baile de Máscaras". Aliás, uma hipótese de pista para a compreensão da narração figurativa muda.

Vejamos. Um baile de máscaras, duas figuras - masculina e feminina - que se atraem. Mas quando o homem tira a máscara, sente-se o súbito afastamento, triste e desiludido, da mulher, afinal uma extraterrestre. Está-se no possível início de uma narrativa de ficção científica, ou trata-se de uma metáfora da incomunicabilidade?

Publicação: Revista Gerador nº10
Data: Trimestre de Outubro a Dezembro de 2016 

Quem ficar interessado em comprar este nº10, já com um ano de atraso, pode sempre contactar a editora da revista no endereço gerador.eu/loja
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Reproduzo (parcialmente) uma entrevista que fiz com José Lopes para o meu fanzine Ad Hoc (nº1 - Agosto de 1997), que se apresentava sob o seguinte título, a reproduzir uma frase do entrevistado.

Alexander Search foi um dos primeiros heterónimos de Fernando Pessoa.
Achei que era o nome ideal para a minha personagem.
- diz José Carlos Lopes

De seu nome completo José Carlos Moreira Lopes, este novel autor de banda desenhada nasceu em Nampula, Moçambique, a 15 de Março de 1977. Veio para Portugal aos quatro anos, tendo adoptado a nacionalidade portuguesa.
É autor da banda desenhada "As Aventuras de Alexander Search - O Arquitecto"  incluída neste número do fanzine "ad hoc", a primeira que vê publicada. Trata-se ainda de um desconhecido, pois só há pouco tempo começou a contactar com pessoas ligadas aos meios bedéfilos.

- José Lopes, que habilitações literárias é que tem, e o que é que faz neste momento?
- Tenho o 12º ano de Técnicas Comerciais de Venda, e ando à procura de emprego. Só assim é que consegui terminar esta banda desenhada.
- Quer dizer que quando estiver empregado vai deixar de fazer bd...
- Vai ser mais difícil. O trabalho devora-nos os dias.
- Neste episódio inicial de "As Aventuras de Alexander Search" apenas aparece escrito o seu nome completo. Fica-se sem se saber qual é o seu nome artístico.
- Inicialmente estava a pensar em Carlitos, que é o nome por que ainda hoje alguns familiares me tratam. É um diminutivo simpático, e que ainda estou a pensar usar, talvez pelo contraste que possa causar entre o nome e o conteúdo das histórias.
- Quando é que começou a fazer bd?
- Foi na escola, no 5º ano. O professor de Educação Visual disse-nos para fazermos uma bd para ser posta na biblioteca. Eu e uns colegas fizemos um trabalho conjunto por quatro grupos. Cada grupo trabalhava uma prancha e passava-a a outro  grupo para a desenvolver. O resultado era um bocado surrealista, absurdo (que é o que gosto), uma história sem significado nenhum, e o gozo vem de as pessoas tentarem tirar um significado daí.
- Onde é que está essa banda desenhada?
- Na Biblioteca da Escola Preparatória de Monte Abraão.
- Já tem alguma bd publicada?
- Não.
- Como é que lhe surgiu a ideia para fazer a bd "As Aventuras de Alexander Search"?
- Através das Testemunhas de Jeová que me bateram à porta um belo dia. 
  Deram-me um livro que aceitei como prova da minha tolerância de ateu, e pus-me a ver as imagens do livro. Foi daí que surgiu numa das páginas, uma casa que foi como que uma revelação para mim.
  A partir daí desenvolvi a história de "O Arquitecto".
- Foi intencional a escolha do nome Alexander Search, que tem implícito um duplo sentido?
- Foi. Esse nome deve-se a uma paixão que tenho por Fernando Pessoa, e ao pesquisar nomes para o meu herói, procurava um nome que tivesse um segundo sentido. Por acaso, um dos primeiros heterónimos de Fernando Pessoa chamava-s Alexander Search, e achei que era o nome ideal para a minha personagem.
- Alexander Search vai voltar a aparecer?
- Vai, numa história que se chamará "O Triângulo das Bermudas", onde será revelada a origem da personagem, se é que isso poderá vir a interessar alguém. (...)             

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domingo, dezembro 24, 2017

Imprensa - Críticas e Notícias Sobre BD (XXXV) - Comer e Beber, variantes ficcionais por Filipe Melo e Juan Cavia








Dog Mendonça e Pizzaboy, personagens criadas pela dupla Filipe Melo, argumentista/guionista, e Juan Cavia, ilustrador de BD, são nomes indissociáveis na banda desenhada portuguesa. Como seria de esperar, as personagens que criaram cumpriram a sua vida fictícia, tiveram sucesso cá e nos States, mas, pelo que diz o argumentista, provavelmente não voltarão à cena da arte sequencial

Quem voltou foi a dupla de autores, com Vampiros, e em seguida envolvidos noutro tema totalmente diferente, que de certa maneira se depreende pelo título, Comer/Beber. (*)

Atento à novel obra e aos autores, o jornalista Gonçalo Frota consagrou-lhes duas páginas do suplemento Ípsilon do jornal Público (15 Dez. 2017). 
Do extenso texto respigo algumas passagens, com a devida vénia ao autor e respectivo jornal:
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"(...) As Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy (Incríveis, Extraordinárias e Fantásticas, de acordo com cada um dos três tomos) tinham sido, antes de mais, guião para impossíveis filmes de espectacularidade cinematográfica (...)
"(...) Foram três volumes de BD que Filipe Melo escreveu e trabalhou em parceria com os argentinos Juan Cavia e Santiago Villa. (...)
Apesar do enorme sucesso para o modesto mercado da BD portuguesa, e das pequenas histórias encomendadas pela gigante norte-americana Dark Horse Comics, o ciclo cumpriu-se e ficou fechado de vez. (...)
"(...) Daí que (...) a parceria com Juan Cavia tenha tomado um rumo bastante distinto com a publicação de Os Vampiros em 2005. De um momento para o outro, desabava a monumentalidade e adentravam num tom mais pessoal e fortemente ancorado na realidade, a partir da exploração de uma ideia que começara por ser pensada como história de terror, de zombies e afins, e se converteu numa intensa e fulgurante narrativa em torno da Guerra Colonial. (...)

"(...) Depois de Os Vampiros era impossível voltar atrás. E quando Carlos Vaz Marques, coordenador da revista literária Granta Portugal, convidou Melo e Cavia a participarem com uma história no número temático Comer/Beber, os heroísmos de ambição desmedida e os lobisomens de Tondela já tinham sido enfiados na gaveta (...)

"(...) Foi no relato de uma amiga (Nádia Schilling) acerca do episódio familiar em que o seu bisavô, no dia da invasão nazi da Polónia, correu a esconder a melhor garrafa de champanhe que guardava no restaurante, que Melo pensou de imediato assim que chegou o convite da Granta. (...) 

"(...) Mas as expectativas começam a ser geridas a partir do formato do livro. Comer/Beber é  bem mais pequeno do que as obras anteriores da dupla, ameaça passar despercebido nos escaparates das livrarias, mas alerta de imediato o leitor para a necessidade de enfiar a cabeça mais dentro das páginas, de ter de se deixar sugar pelas histórias e assinar um pacto de intimidade que está a anos-luz da saga de Dog Mendonça. A capa, com a imagem de uma típica bomba de gasolina do interior norte-americano, plantada no meio do nada, parece dizer com todas as letras: 'aqui não há nem explosões nem um mundo à beira do abismo'. (...)     

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(*) Falei aqui no blogue da primeira parte da obra, publicada na revista Granta Portugal. Vejam o post:

http://divulgandobd.blogspot.pt/2017/10/bd-de-filipe-melo-e-juan-cavia-na.html

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