Cadência de Quatro Vintenas, título da banda desenhada da autoria de João Martins, galardoada com o 1º Prémio (Escalão A) do Concurso de BD do Amadora BD/2009
ESCALÃO A (dos 17 aos 30 anos)
1º Prémio: JOÃO MARTINS (23 anos, Lisboa)
2º " : BÁRBARA FONSECA (20 anos, Águas Santas)
3º " : GUIRLENE SARAIVA (27 anos, Estoril)
Menção Honrosa: Carlos Martins (22 anos, Corroios)
" " : Vasco Martins (29 anos, Lisboa)
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ESCALÃO B (dos 12 aos 16 anos)
1º Prémio: EVA CARVALHO (16 anos, Almada) *
2º " : DIOGO SILVA (16 anos, Grândola)
3º " : PEDRO FERREIRA (14 anos, Montemuro)
(*) Chama-se Eva Nave Silvares Carvalho, e o seu apelido Silvares remete para aquele que o pai dela sempre usou enquanto editor de fanzines, ilustrador e autor de banda desenhada.
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ESPAÇO PARA COMENTÁRIOS
Não é linear - digo eu, bloguista GL - o fundo temático desta banda desenhada (graficamente muito boa) de título Cadência de Quatro Vintenas.
Na minha interpretação, parece-me que o desenhador/ficcionista quis retratar a decadência de uma casa, e respectivo local onde se situa (pondo também em foco a degradação do meio ambiente (...)
Disse isto por email ao João Martins (que conheço, e só assim me foi possível mostrar a sua bd, que me forneceu também por email), e ele respondeu-me:
"(...) Diria que a 'decadência' que o desenho sugere é uma interpretação sua, pois noutros contextos (particularmente as filosofias orientais) são apenas uma transformação, novos ciclos, diferentes formas da casa existir (...)"
Em seguida, nos comentários, aparece um escrito por Teresa Câmara Pestana:
"Gostei desse João Martins e da casa apodrecida (...)"
Por conseguinte, a minha análise e a da Teresa, enquanto leitores, são coincidentes, mas divergem da do autor.
Levanta-se aqui um tema curioso: o de nem sempre aquilo que é evidente para um autor/artista de Banda Desenhada o é da mesma forma para o leitor/visionador...
Reproduzo mais um comentário de Teresa Câmara Pestana:
"Do mesmo modo que nem sempre sabemos interpretar os nossos sonhos???
Pois é bem possível interpretações vs factos ganham os factos é uma casa podre e nenhum filósofo oriental lá viveria...
Também a necrofilia não faz parte dos padrões estéticos vigentes... ou vigilantes?"
João Figueiredo disse...
"Eu quando vi esta BD ao vivo no festival, a sensação que tive foi a de, não só a casa a apodrecer, mas o definhamento da própria pessoa que o meu imaginário instantaneamente pôs a habitar a casa do João Martins. Na minha opinião, esta BD passa a mensagem pelo que mostra e pelo que não mostra. É uma BD que nos provoca (pelo menos a mim) um sentimento de tristeza e que nos clarifica que tudo, irremediavelmente, acaba.
O João Martins diz que pode também representar um novo ciclo. Pois concerteza, ninguém sabe o que acontecerá a seguir. Talvez o ambiente envolvente da casa se transforme numa urbanização? A casa será demolida? Alguém compra a casa e lhe faz obras?
O que é certo é que a casa primeiro tem vida e vai tendencialmente perdendo-a.
E a pergunta fica no ar: Quem era a pessoa que ali viveu? (supondo que ela morreu entretanto, daí o abandono da casa)."
João Vasco Martins dá o seu ponto de vista de autor:
"Se em princípio temos uma casa habitada por pessoas, no final teremos uma casa vazia, apodrecida, mas nem por isso menos viva: bolor e fungos na cama, florestação pelo telhado e soalho, traças e outras bicharadas alimentam-se dos móveis da sala. Como autor, não deixei claro que esta 'ocupação' da casa seja tão válida como a primeira. Mas olhando a última vinheta, sinto sempre que a casa passou a fazer parte da floresta, e é uma coisa completamente diferente da primeira prancha, mas nem por isso pior ou menos viva.
Claro que posso estar enganado, e esta visão existir apenas na minha cabeça e não no papel:)
Obrigado pelos comentários!"
Joaninha versus Escaravelho expõe a sua opinião no espaço dos comentários, e eu (bloguista) tomo a liberdade de a reproduzir aqui no "post", como tenho estado a fazer:
"Tal como na literatura, só o autor é que pode dizer o que quis transmitir com as palavras que escreveu, não adiante de nada andar a especular sobre o assunto, porque só o próprio é que sabe.
Parece-me que temos de aceitar o que o João diz. Ele é que sabe o que fez...
E nós temos a sorte de ele nos explicar o que desenhou :)"
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DESAFIO AOS VISITANTES DO BLOGUE: QUAL A VOSSA INTERPRETAÇÃO DA BANDA DESENHADA DE JOÃO MARTINS?
Reproduzirei aqui, em síntese, as críticas que foram escritas na caixa de comentários (espantosa, esta interactividade bloguística, que me apraz aproveitar de vez em quando...).
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Depois de escrever isto, recebi comentários de Teresa Câmara Pestana, de João Figueiredo, do próprio autor, João Vasco Martins, a dar o seu ponto de vista de criador da bd, ainda outro de Joaninha versus Escaravelho. Já os reproduzi no corpo do "post".
Terá acabado o diálogo?