Vejamos: Football evoluiu, na língua portuguesa, para Futebol.
Como? Assim: foot passou a fute e ball passou a bol, em ambos os casos respeitando apenas o som original das palavras em inglês, ou seja, a fonética. Ganhámos desta forma, para a língua portuguesa, mais dois correctos neologismos: futebol e futebolista.
Qual será o motivo, então, para se continuar a escrever cartoonista, uma palavra absurdamente híbrida?
Por pretensiosismo provinciano, digo eu, talvez porque "cartoonista" pareça dar um certo estatuto, por ser um vocábulo com matiz estrangeirado... e é sabido como nós, portugas, somos sensíveis a esse pormanor...
Por pretensiosismo provinciano, digo eu, talvez porque "cartoonista" pareça dar um certo estatuto, por ser um vocábulo com matiz estrangeirado... e é sabido como nós, portugas, somos sensíveis a esse pormanor...
Claro que se foot deu fute, cartoon dá cartune, logo, quem cria cartunes é cartunista.
Obviamente que a língua está em constante modificação, absorvendo estrangeirismos, enriquecendo-se com neologismos, originados especialmente nas novas tecnologias.
Obviamente que a língua está em constante modificação, absorvendo estrangeirismos, enriquecendo-se com neologismos, originados especialmente nas novas tecnologias.
Vem isto a propósito do episódio Vudu, da interessante série "Na Terra Como no Céu", onde, logo na primeira vinheta da prancha inicial (ver no topo da postagem), se pode ler o seguinte:
"(...) por ter publicado as caricaturas do profeta Maomé, foram várias as vozes que se solidarizaram com os cartoonistas (o "negrito", ou bold, é de minha autoria)".
Não se deduza deste texto qualquer ataque a Nuno Saraiva, que, além de criar semanalmente duas, quase sempre, excelentes pranchas, é também o autor do argumento, logo, das legendas respectivas.
Ele limitou-se a seguir a forma de escrever mais usual, "cartoonista", embora haja igualmente vários críticos e divulgadores a aportuguesar o vocábulo híbrido para "cartunista". Eu sou um deles, já há alguns anos.
Ele limitou-se a seguir a forma de escrever mais usual, "cartoonista", embora haja igualmente vários críticos e divulgadores a aportuguesar o vocábulo híbrido para "cartunista". Eu sou um deles, já há alguns anos.
O que ainda torna mais digna de reparo a insistência nesta grafia incompreensível é que, logo no título do episódio, surge a palavra Vudu (bem como na penúltima vinheta da 2ª prancha) a aportuguesar, e muito bem, a palavra cuja grafia original é Voodoo.
Há aqui algo de incoerente. Ou terá a ver com o facto de o aportuguesamento para "Vudu" não afectar ninguém (digo eu...), enquanto que os cartunistas portugueses (alguns, claro) se sentiriam diminuídos no estatuto que acham que lhes confere a grafia com os dois ós (oo), tal como se está a voltar a ver muita gente a escrever com dois éles (o sr. Meirelles, o sr. Vasconcellos, os Mello...), coisa que tinha ficado esquecida - ou apenas guardada para melhor altura? - após o 25 de Abril...
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Nota de rodapé:
As duas excelentes pranchas reproduzidas no topo da postagem pertencem ao episódio "Vudu", da série de BD "Na Terra Como no Céu", escrita e desenhada por Nuno Saraiva, que põe a contracenar Sarkozy e sua mulher Carla Bruni (que, como se sabe, é mais alta do que ele, pormenor que o meu amigo Nuno sublinha e exagera graficamente com imensa graça:-)
As duas excelentes pranchas reproduzidas no topo da postagem pertencem ao episódio "Vudu", da série de BD "Na Terra Como no Céu", escrita e desenhada por Nuno Saraiva, que põe a contracenar Sarkozy e sua mulher Carla Bruni (que, como se sabe, é mais alta do que ele, pormenor que o meu amigo Nuno sublinha e exagera graficamente com imensa graça:-)
in revista-suplemento Tabu, do semanário Sol (nº 114, de 15 Nov. 08)
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Há várias postagens acerca deste tema que envolve o meu apreço pela língua portuguesa, incidindo nos erros ortográficos e gramaticais cometidos na banda desenhada, no "cartoon", nos fanzines e na internet.
Veja-se na lista abaixo os erros detectados.
Para visitar todos os "posts" e assim poder analisar as correcções, basta ir à coluna da esquerda e clicar na categoria "Língua portuguesa em mau estado".
Há várias postagens acerca deste tema que envolve o meu apreço pela língua portuguesa, incidindo nos erros ortográficos e gramaticais cometidos na banda desenhada, no "cartoon", nos fanzines e na internet.
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42 comentários:
Esse suplemento chama-se mesmo Tabu ou será que é Taboo?
eheheh
eheheh
Caro amigo Bongop, boa piada!
E o que tb tem piada é que eu ainda estou aqui às voltas com a postagem (ou seja, ainda não está finalizada, pq o "blogger" emperrou :-( e já cá canta um bem humorado comentário.
Abraçoo :-)
É verdade, também já caí no mesmo erro. Num dos meus primeiros "posts" (cá está!) escrevi "cartoonista;" assim com "fan". Tenho, há semelhança de muitos congéneres, o hábito de utilizar palavras estrangeiras ao Português. Agora, cartunista é e fã também.
Por falar em "fã", é impressão minha ou existe um blogue chamado "Fanzines de Banda Desenhada"?
Por esta ordem de ideias, não deveria a palavra "fanzines" escrever-se "fãzines"? (é uma pergunta que deixo no ar mas que não faço ideia se tem ou não cabimento, atenção).
Quanto ao facto de os cartoonistas (ou cartunistas) preferirem usar os dois "ós" por assim, supostamente, terem outro "estatuto", acho, francamente, que é uma falsa questão.
Ass: Carlos de Rycco
PS: Agora mais a sério, e eu falo por mim, tenho muita dificuldade em me adaptar aos acordos ortográficos! Suponho que a maioria das pessoas com mais de 20 anos assim pensem também (embora haja excepções como o Lino). A verdade é que a malta mais jovem adapta-se muito mais facilmente a escrever de uma maniera nova uma palavra já existente mas com outra grafia do que os "cotas" (ou será "kotas"?) de trinta e de quarenta para cima, como eu. Como, quando aprendi a ler já se escrevia "futebolista" assim escrevo (e escreverei sempre até ao fim). "Cartunista" é, com toda a certeza, uma adaptação muito mais recente e daí a minha relutância em "contrariar a mão" (sim, porque isto é uma questão de mão e não de cabeça: a malta sabe que deve escrever segundo as regras mas a mão recusa-se a obedecer). E, que diabo, não são só os jovens que têm vontade quebrar as regras! Nós, também, os mais maduros, queremos "sair da linha" e ser rebeldes! E, ao fim e ao cabo, o que é um cartOOnista senão uma espécie de... rebelde?
Conheço muitas pessoas que, contrariamente ao que diz o Rico, independenemente da idade, usam com frequência palavras recentemente criadas, nas artes e nas novas tecnologias.
Quanto ao aportuguesamento de palavras, que se faz desde sempre na nossa língua (futebol, andebol, basquetebol, cinema, restaurante, cachecol, discoteca) ou o aportuguesamento bacoco, mas já aceite, feito pelos empregados de restaurantes que escrevem "gambas ao guilho", quando sabemos que a origem em castelhano é "gambas al ajillo", ou ainda a criação de outras (scanear, blogar) não tem nada a ver com o acordo ortográfico, é uma falsa questão, cabe-me a vez de dizer eu agora. .
No que se refere à capacidade de aceitação de neologismos derivados de vocábulos estrangeiros, ou apenas de criação espontânea, não tem a ver com idades, tem a ver com mentalidades.
Diz o "refemdabd" que fã e cartunista são palavras estrangeiras. Cartune é um aportuguesamento, como é futebol, ou andebol, ou basquetebol, ou penálti. E a palavra fã vem de fanático, só que, ao usar a sílaba inicial, que seria "fan" (estranha à língua portuguesa), a tendência natural foi a de lhe dar a forma portuguesa, "fã", tal como escrevemos "clã".
Não propriamente. Passo a explicar: "fã" não é um estrangeirismo na pura ascensão do termo. É, se me permitem, uma descendente da língua "mater", vulgo, Latim. "Fanático" é de origem Latina e, como sabemos todos, não só o Português é "filho" do, vulgo, Latim.
A língua Portuguesa é da família (por ordem ascendente) Indo-Europeia, Itálica, Românica, Românica Ocidental, Galo-Ibérica, Ibero-Românica, Ibero-Ocidental e Galaico-Portuguesa. Dizer que o Português tem origem no Latim é, absolutamente, dizer muito pouco!
Logo, "Fanático" é um estrangeirismo como a grande maioria das palavras Portuguesas seriam.
"Fanático" deriva do Francês (com familiaridades óbvias com o Português) "fanatique" e, arrepiando caminho, do Latim, "fanaticus". A língua Inglesa, da família Indo-Europeia, Germânica, Germânica Ocidental e Ânglica, também foi influenciada, ao correr dos tempos, por outras línguas com ramificações familiares diferentes, mas que se encontraram num dado momento, logo, influenciando-se mutuamente (aqui haveria bastante por onde cruzar as familiaridades).
"Fanatic" foi abreviado para "fan". Em Português essa abreviatura também ocorreu, mas obviamente sujeita ao léxico Português, i.e., "fã".
Em suma, nunca considerei "fã" um estrangeirismo puro (pois, já desde há muito que não o é). O facto de ter escrito "fan" na vez de "fã" dever-se-á apenas a um erro meu. Erro vitimado pelo facto de ler bastante em Inglês.
Nunca se emprega o til como acentuação na primeira sílaba, quando existem outras numa palavra, que é o caso de "fanzine" e seria o caso de inúmeras outras como, por exemplo, "fantástico".
"Vila Chã", "Vila Cã", "fã".
Fiz-me entender mal no meu primeiro comentário.
É um assunto pelo qual eu tenho um certo carinho, a Língua Portuguesa. Reconheço que, embora me esforce, por vezes (e não hão-de ser poucas) também erro.
Ver-nos-emos aqui mais vezes :)
Abraço.
"Fanzine" é um estrangeirismo recente e deriva da contracção de duas palavras: "fanatique" = "fan" e "magazine" = "zine". Com o tempo haverá uma absorção da palavra ao nosso léxico ao ponto de se perder no tempo a origem pura da palavra (centos e centos de anos)...isto é que é optimismo! hehehe.
Parabéns Geraldes Lino por manteres acesa a chama, não a olímpica, mas a do uso correcto da língua portuguesa que, no dizer de Pessoa, é a nossa pátria.
Assim, será útil trazer a este debate, no atinente à origem da palavra fã, um esclarecimento constante do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa:
«A palavra fanático tem origem na palavra latina ‘fanaticus’. Tendo significado inicialmente «aquele que se diz inspirado pelos deuses», adquiriu posteriormente outro significado: «aquele que tem uma admiração excessiva por alguém ou alguma coisa». Em inglês, a palavra “fanatic”, usada com este último sentido, deu origem à palavra “fan” (abreviatura de “fanatic”). A palavra fã constitui, assim, um empréstimo do inglês, ou seja, é a adaptação portuguesa da palavra “fan”.»
http://ciberduvidas.sapo.pt/pergunta.php?id=18758
Um abraço, e até breve.
Respondendo ao teu apelo, enviado hoje dia 18 de Novembro por SMS, no sentido de se opinar sobre a grafia correcta do aportuguesamento da palavra inglesa “cartoon”, pesquisei de novo o Ciberdúvidas, farol incontornável para quem quiser “bem dizer e bem escrever” a língua portuguesa.
Eis o resultado: «“cartoon já tem correspondência na nossa língua: cartune e (no Brasil) cartum. Assim como o substantivo cartunista. [Vide Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, Grande Dicionário da Porto Editora, Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa e Aurélio.]»
http://ciberduvidas.sapo.pt/pergunta.php?id=16896
Saudações linguísticas.
Eu uso CARTOON. E vou continuar a usar!!!
E porquê?
Porque CARTOON é graficamnte mais apelativo do que Cartune. Cartune remete para aquele material reciclado que se utiliza para encaixotar electrodomésticos.
CARTOON é mais singular. Fica mais tempo no ouvido. OK, podem dizer:
-Aaaaaaai, lêem-se os dois da mesma maneira!
NÃO, NÃO SE LÊEM!!!!
digo eu.
CARTOON têm uma frequência sonora mais baixa. Bate mais forte. Dura mais tempo. Retém-se mais facilmente nos miolos do leitor.
CARTOON funciona muito melhor como onomatopeia no contexto da caricatura desenhada de uma situação. Os dois ós lembram dois olhos atentos e abertos (Tipo Mr. Magoo) ou quaisquer outras duas coisas arredondadas responsáveis directas pela fertilidade. Das ideias, claro.
Nem é por uma razão de ellitismo ou de outros panelleirismos vários que vou continuar a usar. O termo CARTOON com esta grafia já tem vida própria para um humorista gráfico.
Mas não estou à espera que os pooristas da língua ao serviço dos eruditos governos que temos tido ultimamente entendam isto. Geralmente estes, por pooro ellitismo, desprezam por completo as manisfestações de expressão gráfica como a BD ou a caricatura de situação.
Senhoras e senhores, vou continuar a usar CARTOON.
Não gostam? Acham mal?
Prendam-me.
Eu achoo (santinho!) que noo que tooca a "cartoon", a expressãoo devia ficar coomoo está! Lembroo-me que quandoo eu trabalhava noo joornal OO Crime oo sandeu do dirtectoor me encoomendava cartunes, ou cartum, quandoo era uma só unidade, eu eu até tinha repulsa em lhe respoonder!
José Abrantes
E "fanaticus" tem origem em que palavra? Antes do Latim não existia o Verbo?! E se as Línguas começarem a cobrar direitos de autor?
Grande Lino, implacável como sempre.
Eis um tema que merece, sem dúvida alguma, atenção da nossa parte.(Desenhadores, argumentistas,etc...)
(Devo dizer que, na generalidade, encontro fundamento em todos os anteriores comentários. Ou pelo menos, tento compreender a linha de raciocínio "trilhada" por quem os expressou.)
Também eu, como disseram alguns dos autores dos comentários anteriores, caio(ou não) no "erro" de escrever palavras como "CartOOn" (e não "Cartune"); "Fan" (e não "Fã"); "Blog" (e não "Blogue"); etc
Não se trata, no meu caso, de pretensiosismo provinciano (como o Lino dizía no "Post") ou bacoco (digo eu), mas pura e simplesmente , tentar respeitar a origem das palavras... Se têm origem Inglesa, escrevo-as em Inglês, se são de origem Francesa, em Francês,se são originárias da Alemanha, em Alemão, etc; e não as tento "Aportuguesar". (Eventualmente erro por isso!?!)
Para além do que dizía o Álvaro,(sobre a funcionalidade gráfica e sonora da palavra "CartOOn"), queiramos ou não, a língua Inglesa é a chamada "Língua Universal" e, como tal, somos literalmente "engolidos por ela" na Internet, nos filmes,etc. Resultado: a nossa memória visual e a memória auditiva, são completamente "bombardeadas" com termos em Inglês, ao ponto de, em alguns casos, nos parecer "mais natural" fazermos uso de palavras como "CartOOn", etc
Grande abraço,
Rui Fradinho (RUFO)
P.S.- Lino, continua (sempre) a trazer "a lume" temas destes... :)
Ainda reportando-me à opinião do meu amigo Rico (aliás, o cartunista e banda-desenhista Carlos Rico, também organizador do Salão Internacional de Banda Desenhada de Moura), no que se refere ao pormenor que ele aponta, de, segundo a teoria que defendo, então a palvra fanzine deveria escrever-se "fãzine", por ser originada na palavra fã (na versão portuguesa).
Nesse caso pergunto ao Rico se teremos de escrever lãnifícios, já que a palavra deriva de lã?!
Ainda para o Rico: é sabido como o portuga que vive em França, quando chega a Portugal, gosta de dizer que vem de "vacanças", que demorou muito tempo na "duana" para levantar a "valisa".
Dá estatuto (pelo menos, assim pensam eles)...
É o mesmo espírito de querer obstinadamente usar essa aberração "cartoonista", e não usar o aportuguesamento.
Dizes tu, Carlos Rico, que quando cá chegaste, já se usava escrever a palavra "futebolista" (que também terá suscitado as mesmas reacções aos mais conservadores).
Quer dizer que essa de futebolista, pronto, já cá estava, deixa estar, não se fala mais nisso. Quererás então sugerir "Mas não venham agora, depois de eu já cá estar, com mais alterações, especialmente numa que me toca..."
Viva Fernando Wintermantel
Sim, de facto, como faço algumas vezes, envio sms para muita gente que sei que se interessa por determinado tema.
Agradeço a tua contribuição, bem documentada.
Claro que, como já deves estar a entender, há quem se recuse a guiar-se por dicionários, gramáticas, coisas desnecessárias a quem acha que gosta mais assim ou assado, e assim ou assado é que deve ser, quem são esses linguístas, esses gramáticos, para virem dizer como se deve escrever. Somos assim...
Que dramático que estás, Álvaro! Até te disponibilizas para seres preso, por te recusares a escrever "cartune". Ninguém te vai obrigar, nem prender, nem atirar ao álvaro:-)
Felizmente que em Democracia não se prendem pessoas por recusarem ideias de alterações ortográficas, ditadas pelo uso (sem ser devido a qq acordo ortográfico, que nada tem a ver com isto, repito o que já disse ao Rico).
Tu preferes escrever "cartoon", os dois ós juntos dão-te gozo? Tudo bem, ninguém te vai proibir de assim continuares a escrever, é tudo uma questão de bom senso (como já aconteceu, repito, com futebol, andebol, basquetebol, computador, disquete, discoteca, sanduíche ou sandes, ou sandocha :-), hambúrguer, e tantas outras palavras que estão perfeitamente integradas no nosso léxico).
Estamos simplesmente a discutir pontos de vista em relação a uma palavra que mexe com uma certa vaidadezinha tuga (ou, se quiseres, porque é mais bonita).
Como o português é uma língua que tem tantas raízes etimológicas, todos nós estamos constantemente a usar neologismos derivados de palavras estrangeiras que foram sendo absorvidas, e hoje em dia fazem parte do nosso léxico.
Só que, quando esses neologismos até já constam dos dicionários, é teimosia algo despropositada continuar a escrever-se à maneira de antigamente.
Olha se houvesse Álvaros após o Acordo Ortográfico anterior, o de 1945, quando Pharmácia se passou a escrever Farmácia... Ainda teríamos um qq Álvaro farmacêutico a bramar: "Eu vou continuar a escrever pharmácia! É uma palavra mais bonita, tem mais a ver com o phósphoro, fazem-se phrases mais bonitas, não gosto de farmácia, pronto, não faz lembrar phármacos :-)
Ainda mencionando palavras estrangeiras já aportuguesadas, lembrei-me de "jipe", cuja grafia original é, como se sabe, "jeep". Julgo que aqui ninguém se rebelará contra este aportuguesamento. A não ser alguns daqueles senhores "importantes", que talvez fiquem horrorizados com o plebeísmo, que horror, "jeep" tem mais pinta, nem pensar em escreverem "jipe"...
E voltando à conversa contigo, Álvaro, já que vais teimar em usar "cartoonista", gostaria de saber como é que fazes o aportuguesamento da palavra "cartoon": "cartoone"?
Este Linoo filoou o Álvaroo e já não o deixa em pax! Oora boolas!
José Abrantes
Caro Refemdabd
Ao dar uma volta pelos comentários, e já atenuada um pouco a polémica em torno do "cartunista" vs "cartoonista", voltei a ler, agora mais concentrado, a sua frase: "fanzine é um estrangeirismo recente".
Para sua informação, tenho na minha fanzineteca pessoal 8 fanzines editados em 1972, o primeiro dos quais, o "Argon", de Janeiro desse ano, auto-intitula-se fanzine, e até editou um folheto (agora usa-se dizer "flyer", a língua inglesa domina-nos cada vez mais) folheto esse em que se lê: "Este fanzine é uma revista (...)
Por aqui se vê que esse estrangeirismo (ou neologismo, visto ser uma palavra criada nos E.U.A. em 1940)também em Portugal já não é assim tão recente.
Nós recebemo-la de França, sob a expressão "un fanzine", "le fanzine".
José Abrantes
Não te respondi directamente porque te limitaste a repetir a defesa de "cartoon" com a piada acerca do director que tiveste no semanário "O crime".
Bom, o senhor se calhar não seria um ignorante, para ser director de um jornal. Apenas tenho a dizer contra ele o facto de copiar o português do Brasil, que, no singular, escrevem "cartum", que depois vai dar o quê, "cartumistas"?
A tua defesa é linear "Eu acho que cartoon deve ficar como está", sem justificares o porquê dessa defesa (já agora faço-te a mesma pergunta que fiz ao Álvaro: e o que fazem os "cartoonistas"? "um cartoone", dois "cartoones"?
Já aqui falei da antiga palavra "Pharmacia", alterada pelo Acordo Ortográfico de 1945, e imagino que terá havido muitos Abrantes a rebelarem-se contra a alteração para "Farmácia" que, se calhar, os Abrantes teus antepassados terão achado uma plebeísmo horroroso, tal como terão ficado atónitos por esse acordo mudar a palavra "Physica" para "Física", "Commércio" para "Comércio"...
Mas, contra ventos e marés, essas alterações entraram nos hábitos de leitura, e ficaram, como muitas outras simplificações, e já ninguém dá por elas.
Geraldes, Geraldes!
nada tenho contra ti, muito pelo contrário, até o Dãmaso (Afonso) tem uma foto em que posamos, alegre e sorridentes, lado a lado!
À parte isto, estou de acordo com as tuas correcções - quem sou eu, para ousar saber mais do que tu, nestas áreas? Aliás, não recorri eu aos teus auxilios, para a correcção ortográfica de dois meus livros!? - mas mesmo assim coloco duas questões:
Não conheceste o director do jornal pessoalmente; era daqueles casos em que se cria repulsa natural, do tipo: caso ele gostasse de laranjas, nunca mais olharias para esse fruto na vida! Por isso, o "cartum" dele ficou-me atravessado...
Quanto ao resto, é natural que haja sempre uma "saudade" do modo como fomos ensinados e habituados a ler e escrever. Qualquer mudança soa-nos sempre a esquisito, e perguntamo-nos sempre porque é que as coisas não podem ficar como está... Parece um escrito reaccionário, mas sabes que tenho razão. para mim, será sempre cartoon, por mais que eventualmente me habitue a escrever de um modo mais... Moderno.
Um grande abraço.
José Abrantes
"agora usa-se dizer "flyer", a língua inglesa domina-nos cada vez mais", dizes tu! Eu teria tendencia a concordar imediatemente contigo, mas olha que nem sempre os estrangeirismos ganham na nossa praça: um caso bem curioso é o seguinte: sempre existiram "Boites", aonde muita gente ia à noite, bem ou mal companhado, beber e dançar! Não é que, em meados dos anos 90, me apercebo que o nome desses locais mudou genéricamente para "discuteca"?
E viva a lingua portuguesa!
J. Abrantes
Ops! Corrijo: Discoteca
Bem, não passava por aqui há alguns dias devido a uma arreliadora febre mas vejo que,
afinal, o Lino está bem pior do que eu, com sintomas, tudo o indica, de uma "Editestrelite
Aguda" :)
É claro que os dicionários são para ter em conta. Nem eu disse o contrário.
O que eu disse é que me custa (a mim e pelos vistos
a muita gente) mudar, de um dia para o outro, a maneira como escrevi determinada palavra
durante anos a fio. Não tem nada a ver com "estatuto" ou "pretensiosismo bacoco". Acho
que é uma forma muito redutora de ver as coisas. Haverá (como em todo o lado) gente que
escreve "cartoon" por esse motivo mas, francamente, parece-me abusivo que alguém pense
que a generalidade dos "cartoonistas" o faça por essas razões. Mas, enfim, o Lino, que conhece gente sem fim da área da banda desenhada e do "cartoon", saberá, concerteza, de muitos pretensiosos que cada área terá nas suas fileiras:)
De qualquer modo, seria interessante saber quantos "cartoonistas", de entre os que nos estejam a ler, já
alguma vez escreveram "cartune" na sua vida. Gostava, francamente, que fosse possível fazer-se uma
espécie de inquérito só para apurar esta questão.
O próprio Osvaldo de Sousa, uma sumidade no campo do humor gráfico, sempre utilizou a expressão inglesa “cartoon”, quer nos regulamentos dos seus concursos, quer nas biografias dos autores e nos textos dos catálogos que edita frequentemente (como por ex. o Catálogo do XII Salão Luso-Galaico de Caricatura – Vila real 2008). Será isso um sinal de pretensiosismo?...
Em relação à palavra "lanifícios", não vou entrar por aí porque não sou um especialista
em língua portuguesa. Gosto de escrever bem mas não me julgo com bagagem suficiente para
ensinar a escrever quem quer que seja. Aliás, na questão da palavra "fanzine/fãzine" a
minha pergunta até continha uma ressalva (eu não sabia se a minha insinuação tinha
cabimento ou não). Aceito as explicações, tanto do Lino como dos outros comentadores,
como válidas.
Há que dizer que o Lino faz muito bem em colocar estas questões no seu blogue.
Todos devemos fazer um esforço para escrever bem a nossa língua. Mas não vamos fazer disto
uma cruzada anti-quem quer que seja. Os "cartoonistas", os banda-desenhistas ou os etimólogos terão tanto de pretensiosos como qualquer outra pessoa: é tudo uma questão de... mentalidade!
Grande abraço!
Olha o Rico (nome público: Carlos Rico) voltou em forma, e com a obsessão de sempre a meu respeito, a tal de "estrelite aguda".
Falo em obsessão porque já é a 2ª vez que mencionas a Edite Estrela relacionando-a com estas minhas conversas sobre temas ortográficos.
Para tua informação, eu sou mais admirador, e humilde aprendiz, do saudoso José Pedro Machado (por isso seria mais aplicável a expressão "j.p.machadite aguda"), cujos ensinamentos segui durante anos com muita atenção, tenho livros dele, o que não me serviu de grande coisa. porque continuo cheio de dúvidas e, sem falsas modéstias, à medida que sei mais alguma coisa, surgem-me novas dificuldades. Por isso estou sempre a recorrer ao prontuário ortográfico, aos dicionários de verbos, aos dicionárioa normais, às gramáticas, ao ciberdúvidas aqui na "Net".
Mas voltando à conversa do "cartunista" vs "cartoonista": eu sabia que, ao mexer neste tema, iria criar polémica, em especial com os "oficiais desse ofício". Percebo que te custe, (que vos custe aos três, Carlos Rico, Álvaro, José Abrantes, os que até agora entraram na polémica), mudar a forma como sempre escreveste, escreveram, uma determinada palavra.
É um fenómeno que acontece a muita gente, que quase acha uma traição à Pátria qualquer alteração na nossa língua.
Todavia, tem havido muitas alterações (depois de tu já cá andares), que decerto entretanto assimilaste, e que agora te parecem normais. Alguns exemplos: "dossier" passou para dossiê, "robot" para robô, "penalty" para penálti, "goal" para golo, "shoot" para chuto (na bola), "jeep" para jipe (repara nestes dois últimos exemplos, em que a transformação de duas vogais em vocábulos ingleses deram em português uma única vogal, oo para u, mais um caso, e os dois ee para i, por conseguinte uma evolução habitual e bem aceite por todos, presumo que por ti também.
Acontece que todas estas sucessivas modificações linguísticas, tal como "cartunista", não tiveram nada a ver com qualquer acordo ortográfico, mas sim com os dicionaristas e linguistas, que têm vindo a introduzir novos vocábulos, neles se incluindo o aportuguesamento de estrangeirismos, e "cartunista" já está dicionarizado há una tempos. O que, depreende-se, desagrada aos caricaturistas e humoristas gráficos portugueses, que não gostam desta versão, correcta, mas que tira a graça à palavra (eu concordo com isso, mas a língua portuguesa é assim!).
E aproveito para te fazer a mesma pergunta: Rico, como escreves tu a palavra "cartoon" em português? "Cartoone"?
Gostaria de conhecer a tua versão. A menos que aches que não se pode mexer nessa palavra, ou seja, teremos de a escrever sempre em inglês...
Já agora, vou dizer-te uma coisa que, parece-me, ainda não terás reparado:
O Luiz Beira (note-se que ele escreve Luiz com z, à moda antiga, como sabes) que, com apoio teu, criou o "Espaço BD" no jornal Diário do Alentejo, também há muito que escreve "cartune", "cartunista". Estás cercado...
Grande abraço, também saudações bedéfilas, cartunísticas e linguísticas.
Escrevo sempre "cartoon" conforme agora o fiz, entre aspas.
Mas, para que vejas que estou a fazer um esforço para me adaptar aos "novos tempos", alterei a "password" (desculpa, a "palavra-chave") do meu PC (bolas, lá estou eu outra vez - do meu computador queria eu dizer) para... "cartune"!
Isso mesmo: "cartune"!
Desta vez é que é: vou deixar de ser pretensioso e passar a escrever em perfeito portunhol!
Adios, hombre!
Lino, já te estás psicologicamente a preparar para daqui a uns anos passares a escrever imêile?
E a seguir lá virão o "softué" e o "ardué"...:)
Rico: não sei porque falas em "portunhol" ao referires-te a "cartune". Costuma dizer-se isso quando se fala mal espanhol e se mistura com português. Será que sabes que os espanhóis também escrevem "cartune"? Se assim é, eu não sabia.
Quanto a escreveres "cartoon" entre aspas, é correcto, mas, no teu caso, trata-se de uma fuga para a frente, porque não queres aportuguesar a palavra, contrariamente ao que fazes, todo contente, ao aportuguesar "cartoonist" para "cartoonista".
Ou seja, não queres, de forma alguma, aportuguesar pela forma mais lógica. Mas, no mesmo sistema de "cartoonista", mantenho-te sob pressão: que solução recomendas para aportuguesar "cartoon"? "Cartoone"?
Álvaro e Rico: "emeile", "softuére", "arduére", são possíveis aportuguesamentos, mas não será necessariamente essa a solução.
Pode haver palavras ou expressões equivalentes, como já acontece com "site", que muita gente passou a escrever "sítio", inclusive eu.
Acreditam que quando alguém teve a ousadia linguística de passar "football" para "futebol", a estranheza dessa palavra nova deve ter causado péssima impressão à maioria das pessoas?
No entanto, ela cá está, perfeitamente integrada na língua portuguesa.
Nós, portugueses, somos bastante convencionais e muito relutantes nas alterações ortográficas.
No português do Brasil, as modificações ocorrem com a maior das naturalidades, porque o povo brasileiro é bem mais descontraído do que o português.
Lembro-me de, há mais de vinte anos, ver a palavra "buáte" (ou, seja, o aportuguesamento do francês "boîte") numa revista brasileira.
Nós, que horror! sempre escrevemos, no meio de uma frase ("ontem fomos a uma boite e dançámos que nos fartámos") de forma totalmente incorrecta (sem acento circunflexo e sem aspas ou itálico), como se toda a gente tivesse obrigatoriamente de saber francês.
"Nós, portugueses, somos bastante convencionais e muito relutantes nas alterações ortográficas".
Finalmente... uma pequena lufada de ar fresco: afinal não será bem o pretensiosismo dos "cartoonistas" portugueses que os faz escrever "Cartoon" à maneira inglesa! Era isto que, convinha primeiro esclarecer!
Quanto à minha sugestão para a palavra "cartoon", ela nunca seria "cartune". Quando muito seria "cartum" que é como toda a gente lê a palavra em inglês. Claro que depois não sei até que ponto é que "cartunista" poderia derivar de "cartum"...
Quanto a uma possível solução para "emêile", ela já existe ("correio electrónico") embora isso não signifique que seja, própriamente, apelativa. Mas como quem altera (para melhor, obviamente) nem sempre tem a preocupação de simplificar...
Boa noite
Tem sido um regalo seguir esta discussão, mas ainda não cheguei a perceber o que se fará com a palavra flyer. Qual a sua opinião Geraldes Lino?
FIlipa Moraes
bem vudu e voodoo säo 2 devaneios linguisticos
a forma correcta é vodu e vem de vodum que em yoruba significa espírito
Não é um comentário.
É uma informação para o responsável pelo blog
O Zé Paulo está bastante doente e antes que a doença o leve acho que é IMPERIOSO que se fale do seu trabalho de décadas em prol não só da BD como da pintura e desenho em Portugal. É apenas justiça
Álvaro, Carlos Rico e Filipa Moraes: os três levantam questões semelhantes, ou seja, como penso eu que se devem aportuguesar as palavras "e-mail" ("imeile"?, pergunta o Álvaro em ar de gozo), "software" e "hardware" ("softué" e "ardué"?, pergunta o Rico, trocista), e a Filipa Paes pretende saber como aportuguesarei o vocábulo inglês "flyer" (Filipa, temos o portuguesíssimo "folheto" ou "desdobrável", conforme os casos de se tratar de uma folha simples, ou de folha dobrada), enquanto a Teresa, demonstrando profundo conhecimento específico do assunto, corrige "vudu" e "voodoo" para vodu, que terá nascido de "vodum". Aceito a correcção, só com a seguinte ressalva: a maior parte dos falantes portugueses, comigo incluído, conhecerão a palavra do inglês "voodoo", daí que há mutos anos se use aportuguesar para "vudu". Mais um aportuguesamento erróneo, acredito, Teresa, tal como, por exemplo, o que já anda a ser feito, em alguns casos, "hambúrger", porque, nesse caso, teria de se pronunciar [hambúrjer].
Em relação aos três primeiros, tenho de fazer uma chamada de atenção: eu não iniciei a postagem aqui sob discussão, fazendo a apologia da necessidade de, repentinamente, aportuguesar todas as palavras estrangeiras que usamos no nosso dia-a-dia, eu também (não me tomem por purista-fundamentalista, apenas, quando as escrevo, ponho aspas ou uso itálico), eu também, repito, como todos os outros. E são tantas essas palavras estrangeiras!.
Por exemplo: "post", "softcover", "hardcover", "softcore", "hardcore", "stop", "blogger", "password", "off the record", "freelancer", "deadline", "online", "marketing", "newsletter", "maple", "round trip", "check-in", "streap-tease", "stripper", "blazer", "laser", "abat-jour", "soutien", "lingerie", "gaffe", "habitué", e tantas outras, que nós, portugueses, repito, convencionais e relutantes (uns mais do que outros) a qualquer mudança, incluindo as ortográficas.
Portanto, repito: não foi minha intenção defender, a todo o transe, o aportuguesamento de todas essas palavras estrangeiras que usamos descontraidamente, como se elas fossem realmente portuguesas.
VAMOS LÁ RECAPITULAR:
Esta espécie de "fórum" começou por eu ter demonstrado a minha discordância no aportuguesamento já muito usado, e de que discordo, por ser absurdo à língua portuguesa e em relação à norma habitual nestes casos: "CARTOONIST" tem sido aportuguesado em "CARTOONISTA". É absurdo, e contraria os exemplos precedentes, de "FOOTBALL" que deu FUTEBOL, "JEEP", que deu JIPE.
Não se percebe, de forma alguma, este vocábulo híbrido, meio inglês, meio português, "cartoon + ista".
Opto por cartunista, assim tem sido grafado por muita gente que escreve sobre o assunto, e até por dicionaristas (já aqui foi dito, não só por mim, que já há, em mais do que um dicionário, verbete com esse aportuguesamento). Mas é bem visível a relutância dos próprios cartunistas que, depreendo, gostam mais da palavra com aquele ar vagamente estrangeiro.
Ainda para ti, Rico: dizes que, a aportuguesar "cartoon", deverá ser para "cartum", por ser esse o som da palavra. Não concordo, eu sempre ouvi, e pronunciei, [cartune], tal como "zoom" sempre ouvi e pronunciei [zume], tal como "moon" dá [mune].
Portanto, discordo do aportuguesamento "cartum", que defendes, aliás já feito pelos brasileiros, o que daria o aberrante "cartumista".
Sr. Anónimo
É positivo da sua parte estar a chamar a atenção para o grave problema de saúde do autor-artista Zé Paulo.
Acontece que tenho acompanhado ao longo do ano a situação do meu amigo Zé Paulo. Encontrámo-nos algumas vezes ao longo deste ano, por causa das várias colaborações que ele ofereceu para fanzines meus. Um deles foi o Efeméride (nº 3, Junho 08), para o qual ele criou um engraçadíssimo episódio dedicado ao tema "Super-Homem no século XXI", e mais duas bandas desenhadas, de 4 pranchas cada, que publiquei no Tertúlia BDzine, fanzine gratuito que ofereço a quem participa na Tertúlia BD de Lisboa.
Além disso, entrevistei-o para este blogue, entrevista acompanhada por fotografia que lhe fiz propositadamente, numa das vezes em que nos encontrámos (quando ele já andava em tratamento de quimioterapia, o que se nota na foto), entrevista que pode ver, se procurar na coluna da esquerda onde diz "categorias", e clicar no item "Visão-revista portuguesa de banda desenhada 1975-76".
Portanto, tenho dado alguma divulgação, da muita que ele merece, ao grande autor-artista da BD portuguesa, Zé Paulo, na altura certa.
Já o visitei no hospital, que a certa altura deixou para ir para casa da filha. Entretanto voltou para o hospital, onde tenciono visitá-lo amanhã, 2ª feira.
Está na minha intenção publicar aqui e no meu outro blogue, o http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com as pranchas do fanzine Efeméride, entre as quais a dele.
Mas não chamarei a atenção especialmente para o Zé Paulo, não me parece aconselhável, por razões que deverá compreender.
Vudu e hambúrguer são os aportuguesamentos correctos das palavras inglesas “voodoo” e “hamburger”, pois, é assim, que ambos se encontram registados nos dicionários de referência.
De facto, é àqueles que devemos apelar para esclarecer dúvidas deste âmbito, bem entendido, caso já existam dicionários da linguagem analisada, o que nem sempre ocorre, dado tal aparecimento suceder, obviamente, em época posterior ao início da fala da mesma.
Por curiosidade, observe-se o exemplo passado em Portugal no respeitante ao mirandês, um idioma de exclusiva transmissão oral durante vários séculos, até ter sido publicado o livro “Dialecto Mirandês”, do etnólogo Dr. José Leite de Vasconcelos, em 1882. Actualmente, é falado no concelho de Miranda do Corvo e em três aldeias do concelho de Vimioso, tendo sido em época recente reconhecido como língua, através da lei nº 7/99, de 29 de Janeiro de 1999, aprovada por unanimidade pela Assembleia da República.
Face ao debate suscitado pelo Geraldes Lino, creio que a exigência filológica patente nos seus argumentos deve ser considerada como um estímulo, já que reflecte uma visão da BD enquanto género literário de pleno direito, e, consequentemente, subordinado ao mesmo crivo de rigor linguístico dos demais.
Considero que chamar cartoonista ao individuo que faz cartunes, é uma aberração linguística, pelas razões devida e apropriadamente fundamentadas pelo Geraldes Lino . É certo que determinados galicismos e anglicismos, fazem parte do nosso vocabulário, mas tem que haver uma relação correcta entre a mensagem verbal escrita e a pronúncia adequada da mesma, no que à Língua portuguesa concerne .
Assim, à pessoa que faz cartunes, só se pode chamar cartunista .
e os hamburgers veem de hamburgo seu verdadeiro nome é frikadelle
Pois é, Teresa, tu que viveste na Alemanha sabes bem como se diz na língua alemã esse "bife" (olha, outra palavra aportuguesada e que nunca me tinha lembrado dela: "beef" passou para "bife"!), dizia eu, esse "bife de carne picada".
Mas a verdade é que o vocábulo entrou na língua portuguesa importado da língua inglesa, ("hamburger")daí que se tenha popularizado por "hambúrguer", de forma perfeitamente aceitável.
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