sábado, maio 02, 2015

Fanzines Esses Desconhecidos - Desdobráveis (I) - "Panfleto", de Geral e Derradé













Como sabe quem se interessa por fanzines, estas publicações amadoras que abarcam todos os géneros - música, poesia, ficção científica e, maioritariamente, banda desenhada, entre outros - apresentam-se sob vários formatos e tamanhos, até por vezes como objectos.


É um facto que, com frequência, os seus faneditores lhes dão o aspecto de revistas, daí ainda subsistir alguma tendência para assim se classificarem erroneamente. 

Mas insisto sempre: os fanzines são fanzines, não são revistas, apenas por vezes o aspecto se assemelha, ainda mais quando a edição é feita com bastante qualidade gráfica. Já noutras ocasiões insisti nas várias diferenças conceptuais e pragmáticas que distinguem estas duas formas de publicação.

Uma dessas diferenças é bem representada pelo presente fanzine Panfleto. Enquanto que uma revista tem de se apresentar de forma tradicional, um fanzine (ou melhor: o seu editor) pode optar por um formato imaginativo e até desconcertante.

No caso concreto do exemplar que aqui examinamos, o fanzine apresenta-se inicialmente num formato muito pequeno 
A8 (5,2x7,4cm), desdobrando-se sucessivamente para os formatos A7(7,4x10,5cm), A6(10,5x14,8cm), A5(14,8x21cm) e, finalmente, A4(21x29,7cm). Ao fechar-se, retoma o formato minúsculo de A8.

Vai, por conseguinte aumentando de tamanho, e à medida que se desdobra, vai-se assistindo a algo que tem a ver com uma pequena ficção contada em cinco vinhetas-pranchas, sendo a última dobra do desdobrável, de novo em A8, ocupada pela ficha técnica.

Alguém poderá encontrar uma revista - uma publicação necessariamente comercial/profissional - com esta apresentação bizarra?

Título do fanzine: Panfleto
Edição de: The Badsummerboys Band
Data da edição: 1998
Editor: Derradé
R. Joaquim Faria, 31-1º-Esqº
2615 Alverca


Nota suscitada pela imagem da vinheta-prancha inicial: 

Ler uma banda desenhada é quase sempre linear, mas por vezes é preciso conhecer a respectiva gramática.

Por exemplo: na citada vinheta-prancha, os protagonistas falam em voz baixa (vejam-se as onomatopeias SSHH! SSHH!) e por isso o balão de fala apresenta-se por uma linha tracejada, ou seja, trata-se de um balão de voz baixa ou 
balão-sussurro
É uma bem antiga convenção gráfica, não muito vulgar, mas bastante óbvia.

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