quinta-feira, novembro 19, 2015
Bedetecas em Portugal - Bedeteca José de Matos-Cruz
Relembro: Para se conseguir ler o texto do cartaz acima reproduzido, é necessário clicar-lhe em cima duas vezes.
Peço desculpa a quem está farto de saber isto.
Foto afixada "a posteriori", relativa ao momento em que este blogger apresenta o homenageado José de Matos-Cruz
A banda desenhada em Portugal não se pode queixar de falta de equipamentos culturais próprios para a BD, as chamadas bedetecas.
Havia até agora quatro, a Bedeteca de Lisboa, a Bedeteca Luiz Beira, em Viseu, a Bedeteca de Beja e a recente Bedeteca da Amadora.
Vão passar a ser cinco, a partir do dia 20 de Novembro de 2015, sexta-feira próxima, a partir das 16h00, momento em que se inaugurará a Bedeteca José de Matos-Cruz, na Biblioteca Municipal de S. Domingos de Rana.
Biblioteca Municipal de S. Domingos de Rana
Bedeteca José de Matos-Cruz
Massapés
Tires
Nota: A primeira bedeteca portuguesa foi aberta no Porto, numa loja pertencente à Comissão de Jovens de Ramalde, em 1989, mas, por razões estranhas, foi desactivada tempos depois.
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JOSÉ DE MATOS-CRUZ
Síntese biobibliográfica
Para poder falar sobre José de Matos-Cruz, coligi uns tantos elementos biobibliográficos
- alguns deles extraídos da Wikipedia, outros fornecidos pelo próprio biografado -, todavia apenas se trata de uma pequena parcela da sua vasta obra, que continua em permanente construção.
Com efeito, Matos-Cruz tem tido, ao longo da vida, intensa actividade em diversas áreas, enquanto escritor, poeta, jornalista, editor e professor no ensino superior, demonstrando invulgar eclectismo.
Também a sua obra espelha notável diversidade, visto que abarca a ficção, a poesia, a banda desenhada, o teatro e o cinema.
Nascido em Mortágua, a 9 de Fevereiro de 1947, José de Matos-Cruz tem por formação académica uma licenciatura em Direito pela Universidade de Coimbra, terminada em 1973.
Ainda enquanto estudante foi atraído pelo gosto de escrever, sendo "Tempo Possível", livro de contos publicado em 1967 - apenas com vinte anos de idade - a sua estreia literária. E logo a seguir, em 1968, é-lhe atribuído, na área da poesia, o Prémio Nacional Jovem.
É igualmente nessas décadas de 1960 e 1970 que ele se inicia nas colaborações jornalísticas e na divulgação da banda desenhada - ou dos quadradinhos, expressão que muito aprecia e usa -, escrevendo críticas e notícias no Diário de Coimbra e no semanário Mar Alto, sob o pseudónimo "Boomovimento", um colectivo formado pelo próprio Matos-Cruz e António Pedro Pita.
Mas não se esgota nessas e noutras posteriores colaborações literárias em jornais, a sua actividade em prol da BD, antes se diversifica no estudo e na crítica, colaborando com textos desse género nos primeiros fanzines de, ou sobre banda desenhada que se editaram em Portugal, designadamente Argon (começado a editar em Janeiro de 1972 por alunos do Liceu Gil Vicente, em Lisboa, por conseguinte o primeiro fanzine moderno (*) editado em Portugal), Quadrinhos (início em Abril de 1972, editado por Vasco Granja, na Damaia), e Yellow Kid (editado pela ABDA - Amigos da Banda Desenhada da Amadora, a partir de Dezembro de 1972.
Nesta época em que José de Matos-Cruz mostra forte motivação fanzinística, o seu nome aparece como director dos seminais Copra (iniciado no Verão de 1972), Ploc! (surgido em Dezembro de 1972, na Moita) e Aleph (lançado na Amadora em Julho de 1973).
Voltou à categoria de colaborador no Impulso (começado a editar em Torres Vedras, em Janeiro de 1973), no Rack (Leiria, 1973), e Simão, mais tardio, editado no Porto pela Associação Velho Pelicano, em 1991.
Para quem estranhe tão extenso enfoque sobre fanzines, esclareço os seus dois motivos: para mostrar como Matos-Cruz colaborou em fanzines editados em diversos pontos do país, e para justificar uma declaração pessoal de interesses: sou um fã compulsivo destes magazines amadores, feitos por amor à BD, bem como a outros temas, nomeadamente música, literatura, poesia, ilustração, ficção científica.
Apesar das suas facetas amadorísticas - tiragens escassas e publicação aperiódica -, os fanzines alcançaram prestígio na área da BD, e os seus editores e colaboradores tornaram-se conhecidos.
Foi o caso de José de Matos-Cruz, que passou a colaborar em revistas profissionais/comerciais - das quais se destacou o muito popular Mundo de Aventuras e, mais tarde, o Almanaque O Mosquito (um complemento da 5ª série daquela mítica revista, editado em meados da década de 1980) -, e igualmente em revistas alternativas estrangeiras, dedicadas parcial ou totalmente aos estudos sobre BD, tais como El Globo, Bang!, Comics Camp-Comics In, e Sunday, em Espanha; Il Fumetto, em Itália, ainda em publicação; e Falatoff, em França.
Para além da escrita sobre BD, ou na fundação de fanzines, a actividade de Matos-Cruz na vertente banda-desenhística estendeu-se, embora esporadicamente, à função de argumentista - sob o pseudónimo "Jomac" - concebendo, em parceria com o desenhador Tó (José António Antunes), a tira cómica "King Size", publicada no Diário de Coimbra durante o biénio 1973-74, sob a égide do colectivo Boomovimento.
A sua colaboração com jornais passou a abarcar publicações de dimensão nacional, a partir de 1983, ano em que inicia, na rubrica "Especial Quadradinhos", do jornal A Capital, editado em Lisboa, um ensaio de grande fôlego sobre a série "Agente Secreto X-9", trabalho ensaístico relançado em 1984 no Jornal de Notícias, editado no Porto.
Antes, em 1983, passara a ser o coordenador da rubrica onde já antes colaborara, a "Especial Quadradinhos", mantendo-se nesta nova e importante função até 2004.
Em 1991 inicia a secção "Quadradinhos", no Diário de Notícias, de Lisboa, e neste mesmo jornal cria uma rubrica no suplemento "Cultura", intitulada "Últimas Bandas", obviamente, neste caso, focando as bandas... desenhadas.
Nesse mesmo 1991 inicia na revista Vídeo-Guia a série "Filmes em Quadradinhos".
Em 1992, voltando a fazer ligação entre cinema e banda desenhada, iniciou no vespertino lisboeta (já desaparecido) A Capital, duas séries, BD/Cine e Cine/BD, a primeira dedicada a obras de BD transpostas para cinema, a segunda fazendo o inverso, ou seja, versões em banda desenhada baseadas em filmes.
Em 1999 cria a secção "Mundo em Quadradinhos" na revista Selecções BD, editada por Meribérica/Liber.
Em 2003 é redactor da revista Primeiras Imagens, na qual assina a rubrica "Fotogramas & Quadradinhos".
No mesmo ano volta ao fanzinato, colaborando num fanzine multimédia, o Cyber Extractus.
Em 2013 volta à faceta de argumentista, dessa vez em equipa com o desenhador Renato Abreu, para a realização da homenagem em BD a uma heroína erótica da arte sequencial, inscrevendo-lhe o nome no título do episódio "Sonhos de Valentina", publicado na obra colectiva "Heróis de BD no Século XXI", desenvolvida no zine Efeméride, editado por um veterano faneditor, o bloguista responsável por este blogue.
Muito recentemente, como prova da permanente veia criativa de Matos-Cruz, fez em 2015 a transição da sua obra literária de ficção "O Infante Portugal" para a banda desenhada, com Daniel Maia e Susana Resende, ilustradores/autores de BD, Daniel Henriques como arte-finalista, contando ainda com a especial participação dos consagrados José Garcês, José Ruy e Zé Manel.
Toda esta actividade enorme na BD, em qualidade e quantidade, não poderia passar despercebida, e as distinções começaram a surgir:
- Em 1993 é galardoado com o Prémio Simão 92, no âmbito da crítica, pela Associação Velho Pelicano, do Porto, incidindo sobre os textos publicados nos jornais A Capital e Diário de Notícias, ambos de Lisboa.
- Em 1997 é-lhe atribuída uma Menção Honrosa Especial no certame Sobreda/BD 97.
- Em 2002 é homenageado, com a atribuição de um "Diploma de Honra", pela Tertúlia BD de Lisboa, tendo em conta a sua participação na área dos fanzines pioneiros editados em Portugal.
- Em 2011 é distinguido com o Troféu Especial do Júri dos Prémios Central Comics, tornados públicos em sessão realizada no Hard Club do Porto/Mercado Ferreira Borges.
- Em 2012, no âmbito do 23º Festival Internacional de Banda Desenhada - AmadoraBD, é galardoado com o Troféu de Honra BD2012 - Zé Pacóvio e Grilinho, pela Câmara Municipal da Amadora.
Injustamente, admito, passei uma esponja sobre a actividade de Matos-Cruz enquanto especialista de cinema. Mas para descrever a sua prolífica intervenção nesta arte, como ensaísta e investigador, consultor de uma série televisiva, a "História do Cinema Português", e até professor convidado da Escola Superior de Teatro e Cinema, precisaria de descrever mais umas dezenas de realizações dignas de registo.
Mas porque o momento está centrado na inauguração, na Biblioteca Municipal de S. Domingos de Rana, de um equipamento cultural dedicado em exclusivo à BD, a Bedeteca José de Matos-Cruz, coloquei a tónica na banda desenhada (incluindo os respectivos fanzines) e na intensa actividade nela investida por José de Matos-Cruz, muito justamente homenageado na citada inauguração.
Geraldes Lino
(Texto escrito propositadamente para o evento)
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Os visitantes deste blogue que, por mera curiosidade, queiram ver os restantes "posts" sobre bedetecas, poderão fazê-lo clicando no item Bedetecas de Portugal visível no rodapé.
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2 comentários:
esqueceste da Bedeteca de Beja...
M
Tens toda a razão. Imperdoável. Vou já acrescentar.
GL
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