quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Revistas BD (VIII) - Estrangeiras















"Vive la provoc!" lê-se na capa de L'Echo des Savanes, que, não por acaso, se auto-intitula "mensário satírico". De facto, este magazine francês sempre publicou bandas desenhadas loucas, desestabilizadoras, bizarras, provocatórias.
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Número 300 "e ainda temos os dentes todos", diz Claude Maggiore, director artístico dum magazine de BD que já conta trinta e oito anos de existência!
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"Um magazine desrespeitoso, irreverente (...) que escolheu definitivamente o riso, a insolência (...), são ainda palavras do citado Maggiore. E basta observar a capa de Manara, mais as páginas seguintes de Vuillemin, para se lhe dar toda a razão.

A Vuillemin, um colaborador de há muitos anos, segue-se Tronchet, com menos tendência para o escatológico, mas capaz de criar tramas envolvendo cenas bem divertidas, como sucede com a última prancha publicada neste número, em que o ingénuo Maurice pede autógrafo a um futebolista que ele pensa ser o Drogba, não reparando que todos eles usam camisolas com o nome do famoso jogador estampado nas costas.

Claro que atingido um número bem redondo como é o 300, nada como fazer um flashback até ao seu início, de que se vêem os números 1, 2 e 3 da primeira série (1972, 1973), onde pontuam Gotlib, Bretécher e Mandryka, e o nº1 da nova série (Novembro 1982), em que surge a personagem "Ranxerox", de Liberatore, mais o nome de um autor de culto, Reiser.

Wolinski - com direito a foto - conta-nos como, após o fim do Harakiri, teve a ideia de fazer algo que se asemelhasse com L'Assiette au beurre, velho jornal satírico.
Após ter-se encontrado com Claude Maggiore, que tinha acabado de modificar o grafismo do jornal Libération, ambos se propuseram fazer um jornal de BD com humor e sacanagem. Mas, como escreve Wolinski, não contava com a personalidade de Maggiori, que acabou por fazer sozinho o jornal (de louvar o "fair play" de Maggiori, redactor-chefe e director artístico, em relação a este artigo que o atinge).

"Le Déclic", de Milo Manara, teve a sua estreia nas páginas de L'Echo. E, apesar de toda a abertura ao erotismo que há décadas existe em França, este magazine era o mais apropriado para se poderem apreciar "les plus belles fesses de toute l'histoire de la BD".

E ainda hoje, em França, L'Echo des Savanes continua a ser a publicação mais propícia às imagens, belas e truculentas, assinadas por Manara, sob argumento de Jodorowsky, nas recentes páginas da obra "Borgia. Tout est vanité".

"Ranx", robô humanizado mas ultra-violento, que nutre um estranho amor pela adolescente Lubna, é personagem criada por Liberatore, no desenho, e Tamburini, no argumento.
"Ranx" teve lugar de relevo neste magazine, nele surgindo de novo, agora remasterizado pelo próprio Tanino Liberatore no seu primeiro episódio, de 42 pranchas, republicadas totalmente no presente número histórico.
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