domingo, março 30, 2014

Tertúlia BD de Lisboa - 358º Encontro - Abril 2014



Bruno Matos, o Convidado Especial da Tertúlia BD de Lisboa (próximo dia 1 de Abril, na Casa do Alentejo), é mais um dos autores de banda desenhada que se iniciou nos fanzines. 
Foi no Luso Comix, nº 1, com data de Dezembro de 1995 que, fazendo duo com o argumentista Nuno Duarte, surgiu como co-criador do primeiro super-herói português, baptizado
 apropriadamente de Lusitano


E que teve honras de saltar das páginas do fanzine para ser editado separadamente, num fanzine homónimo, editado com o alto patrocínio da Câmara Municipal de Almeirim, por ocasião da exposição "Os Bons, os Maus e os Vilãos 60 Anos da BD Norte-Americana", em cuja inauguração estive presente.
  

No antes citado nº 1 do Luso-Comix - aliás, o único número que foi editado, coisa que acontece bastante com os fanzines -, Bruno Matos assinava um longo artigo, autobiográfico, de que agora lhe pedi autorização para reproduzir. 
Ei-lo (e atenção, foi escrito em 1995):

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VOZES DE VALHALLA

por BRUNO MATOS (FAUSTO BRUNO OLIVEIRA DE MATOS)


Ainda me recordo das primeiras bandas desenhadas que fiz, há 15 anos atrás. Era eu um puto de 5 anos, que ainda não sabia escrever mas que já transpunha para o papel histórias fantásticas que fervilhavam na minha mente.
Embora durante a minha infância tenha lido revistas como o Tintin ou o Jornal da B.D., sempre senti uma forte atracção pelo fascinante mundo dos super-heróis, mais precisamente pelo BATMAN e pelo SUPER-HOMEM, que tinham as suas próprias revistas editadas pela Agência Portuguesa de Revistas.
"Acordei" para o mundo MARVEL em 1985, através do número 19 da revista do HOMEM-ARANHA, e a partir daí o vício foi aumentando. Se juntasse todo o dinheiro que já gastei até hoje em revistas de banda desenhada, já dava para comprar... esqueçam! Todo o dinheiro gasto em B.D. de qualidade é dinheiro bem usado.
Foi então que comecei a criar vários heróis, uns ainda recuperáveis e outros com poderes tão idiotas que ficaram bem escondidos numa gaveta escura. Foi nessa onda de criatividade que surgiu o LUSITANO. Em 1988 fiz os primeiros esboços do personagem, um herói vestido de verde que materializava tudo em que pensava, mas após refletir um pouco cheguei à conclusão que estes poderes tinham muitos "buracos", e que a origem (tinha encontrado umas pulseiras mágicas) não se relacionava com um espírito português que eu queria realçar. Após alguns esboços criei um uniforme muito semelhante ao actual, mas continuava sem encontrar uma boa origem. Foi então que entrei numa época em que desenhei pouco, e o LUSITANO acabou fechado numa gaveta.
Passados 4 anos, uma das minhas irmãs, que vive nos U.S.A, enviou-me um "Submission Guide" da MARVEL, e eu, empolgado, recomecei a desenhar e enviei uma B.D. para a editora americana. A resposta foi um simpático "pontapé no cu" que fez com que eu acordasse para a realidade e entendesseque tinha de trabalhar muito para um dia desenhar um comic book americano. Fui então comprar o livro "How to Draw Comics, the Marvel Way" e comecei a trabalhar para um concurso de B.D. que ia ocorrer na Amadora, o qual não ganhei mas que serviu de incentivo para trabalhar mais.
Enquanto mexia nuns papeis velhos, encontrei o esboço do LUSITANO e resolvi criar uma origem sólida para o personagem.Nasceram então BARTOLOMEU, um marinheiro ávido por aventuras, e DANIEL (homenagem ao meu sobrinho nascido em 1993), um jovem dos nossos tempos com um grande senso de justiça. Surgiu também o VIAJANTE (vai aparecer nos próximos números deste fanzine), um homem que em vez de destruir a história de Portugal como a conhecemos, acabou por contribuir para a criação do símbolo que a nossa nação necessitava. Em vinte e poucas pa´ginas estava pronta a origem do LUSITANO.
Através de um amigo conheci o desenhador Estrompa e mais algumas figuras do "escondido" mundo da B.D. portuguesa, o que tenho de admitir que foi muito importante para entender melhor que factores como como o uso das sombras, o enquadramento ou os ângulos de visão ajudam a dar vida aos personagens (obrigado por tudo, ESTROMPA, e boa sorte para o SHOCK).
Orientado pelo Estrompa,procurei o editor da revista ARTE NOVE, de seu nome Miguel Jorge. Ele pediu-me uma história de 8 páginas do LUSITANO, e foi no momento em que tentava inventar uma boa história que conheci o Nuno Duarte, namorado de uma colega minha da universidade.
Começámos a funcionar em conjunto, e as ideias dos dois encaixavam-se plenamente. Nasceu "A Verdade do Lagarto" e muitas outras histórias que vocês irão conhecer.
Após registar o personagem na S.P.A. (Sociedade Portuguesa de Autores), mostrámos a história ao Miguel Jorge, que a recusou para a ARTE NOVE e posteriormente para a CRASH, revista também da sua responsabilidade (ambas as revistas já sairam do mercado).
Foi então que eu e o Nuno resolvemos fazer um fanzine de super-heróis, onde todos os amantes dos comics pudessem mostrar os seus personagens.
Queremos fazer com que este fanzine dure uma vida e que cresça, mas isso só é possível com a vossa colaboração, por isso apertem os cintos que a viagem do LUSO COMIX acaba de começar...

PS: O Estrompa que se cuide, pois um dos nossos objectivos é conquistar o 1º lugar no mundo dos fanzines e arrecadar todos os prémios!
Um abraço para todos.
Bruno 
95    


1ª Nota do blogger: 
Fausto Bruno Oliveira de Matos (Bruno Matos) nasceu em Benguela, Angola, a 29 de Agosto de 1975


2ª Nota do blogger: 
Podem ver o webcomic Lusitano - Nasce Uma Lenda no endereço
http://divulgandobd,blogspot.pt/2013/03/webcomics
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Imagens (de cima para baixo)

1) Uma boa foto panorâmica do Salão Nobre da Casa do Alentejo onde, no dia 1 de Abril de 2014, se realizou o 358º Encontro da Tertúlia BD de Lisboa. 

2) Carlos Moreno, Fausto Matos (Convidado Especial), Inês Ramos e António Isidro (o quarto elemento do quarteto que dirige agora a TBDL é o Álvaro, que se vê reflectido no espelho)

3) Mais uma foto tipo "cinemascope", com o senão de estar tremida... 
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Tertulianos que marcaram presença neste memorável encontro da TBDL
Lista de participantes fornecida por Inês Ramos, elemento do quarteto que desde Julho de 2013 dirige a TBDL, e aqui acrescentada "a posteriori"

1. Abílio Pereira
2. Adelina Menaia
3. Álvaro
4. Ana Barroso
5. Ana Saúde
6. António Isidro
7. Bruno Matos 
8. Cristina Costa Amaral 
9. Falcato
10. Filipe Duarte
11. Geraldes Lino
12. Helder Jotta
13. Hugo Tiago
14. Inês Ramos
15. João Amaral
16. João Antunes
17. João Figueiredo
18. João Vidigal
19. José Abrantes
20. Luís Graça
21. Maria José Pereira
22. Moreno
23. Outro Nuno (Nuno Duarte, desenhador)
24. Paulo Costa
25. Policarpo
26. Rui Domingues
27. Sá-Chaves
28. Sidney Gusman (do Planeamento Editorial de Maurício de Sousa Produções)
29. Simões dos Santos
30. Victor Jesus 

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