quinta-feira, maio 21, 2009

Gatos na Banda Desenhada portuguesa (V) - Autora: Teresa Câmara Pestana

A primeira aparição do gato Moli, sentado ao colo do dono (aliás, ele só não está presente nas primeira e última páginas da BD, não reproduzidas aqui).
Para se ver o pormenor, torna-se necessário clicar em cima da imagem - peço desculpa aos que sabem.










No seu regressado Gambuzine (nº1-2ª série -Nov.08), após longo interregno do então premiado fanzine, Teresa Câmara Pestana faz jus à sua dupla condição de editora e autora - editautora, como costumo classificar quem desempenha as duas funções - e inclui várias bandas desenhadas de sua autoria.
Uma delas, intitulada 1989. Hannover. O meu vizinho - Teresa viveu uns anos naquela cidade -, é a mais extensa, e mostra um relance da sua vivência, numa casa de trabalhadores do início do século XX, de rendas baratas. Estas casas, fica-se a saber pela descrição da autora, estavam, à época, "ocupadas por punks, revoluzzis, comunistas iranianos, casal gay, freaks, motards, anarcoesquerdistas, 2 famílias turcas, um escultor, 3 pintores, 7 músicos, e o meu vizinho (...)".
Mas o que aqui me interessa, por agora, é focar a sequência onde um gato - o Moli, diminutivo de Molotov - se mantém presente, a partir da 2ª página até à penúltima, com forte implicação psicológica e sentimental na vida do dono - o seu desaparecimento, por três meses, afecta-o profundamente, porque, como lamenta, "ele era o meu único e verdadeiro amigo". Esse abalo emocional terá uma consequência dramática, e ele já não verá o regresso do gato - que, aliás, terá uma reacção impressionante, descrita nas derradeiras e dramáticas páginas da crónica desenhada.
Trata-se de uma obra de figuração narrativa de grande qualidade gráfica, no registo de BD alternativa habitual na autora-artista.
Como curiosidade, na penúltima página figura um cão, pela mão de uma personagem a representar a própria Teresa, cujo pensamento, que se pode ler, em resposta ao dono do gato que desapareceu, é o seguinte: "o dono do gato estúpido pulguento".
De facto, a autora desta recordação gráfica é uma grande apreciadora de cães (tem mais do que um, e uma cadela já com muita idade e bastante afectada por maleitas), e julgo que o gato só surge aqui por ter existido na realidade, e ter dado azo à trama ficcional da graphic novel, pela ligação profunda entre ele e o dono (além das várias imagens do gato nas diversas vinhetas,veja-se ainda o pormenor, na penúltima prancha reproduzida, do gato em cima da cabeça do dono*).

*Tive um gato, o Godot, que também me costumava fazer o mesmo - era um prazer mútuo.
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Nota do blogger: A banda desenhada completa, incluindo a página do princípio e a final (únicas em que o gato não aparece), em falta neste "post", e necessárias para ler a totalidade do enredo, serão reproduzidas no meu outro blogue
http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com/
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Para ver as postagens anteriores basta clicar no item indicado em rodapé
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Apenas para se poder ver quem já colaborou, fica a seguir uma listagem:

(IV) Abr. 17 - Autora: Tânia Guita
(III) Fev. 14 - Autores: Hugo Teixeira (desenho), Vidazinha (arg.)
2009 - daqui para cima
(II) - Dez. 18, 2007 - Autor: Relvas
(I) - Jun. 18, 2007 - Autor: José Abrantes
2007 - daqui para cima

2 comentários:

teresa disse...

tambem gosto de gatos.
a bd é um oldie de 1990 , e o gato na realidade não existia.
ainda tenho 14 páginas livres para o próximo gambuzine se até agosto alguem quiser
tentar :gambuzine@hotmail.com

a rafu está velhota mas ainda põe a matilha na ordem

Geraldes Lino disse...

Não duvido, embora sempre te tenha ouvido falar, quase em exclusivo, da tua querida cadela rafu.
Com tal ar de verídica contas a história do rapaz teu vizinho e do gato, que me convenci de que os factos tinham mesmo acontecido. Isso apenas abona a teu favor, à tua capacidade de efabulação.