terça-feira, novembro 25, 2014

Exposições BD Avulsas (Viseu) - Batman



Em Viseu há um núcleo de apaixonados da BD, pequeno mas muito activo, integrado num colectivo institucional, o GICAV - Grupo de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu, onde se destaca o professor Carlos Alberto Almeida, membro do GICAV e coordenador do Salão Internacional de Banda Desenhada que se realiza naquela cidade, já com dezoito edições (embora sem periodicidade regular, mas tendencialmente bienal).

Para além dessa tarefa, o GICAV, em especial pela acção contínua daquele professor, pintor, e animador cultural, organiza também, ainda na área da BD, exposições dedicadas a autores e personagens de banda desenhada, quando coincidentes com efemérides.

É o caso da que tem por fulcro Batman, que está patente ao público até ao próximo dia 30 do corrente mês de Novembro (*), no IPDJ - Instituto Português do Desporto e Juventude - Direcção Regional de Viseu, na Rua Doutor Aristides de Sousa Mendes.
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(*) A inauguração deste evento, no dia 3 de Novembro, foi bem divulgado na blogosfera. 
A opção do presente bloguista foi diferente, ou seja, preferiu aguardar pela proximidade do fim da exposição para chamar a atenção do público visitante deste blogue para o facto de ainda ter alguns dias para a visitar.
 
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BATMAN 

Síntese biográfica de um herói de BD

Um super-herói de BD sem super-poderes poderia ser algo de improvável, se Bob Kane e Bill Finger, desenhador e argumentista, respectivamente, não tivessem criado Batman, há setenta e cinco anos.

De facto, em Maio de 1939, no nº 27 da revista Detective Comics, surgia uma personagem, um ser humano normal, chamado Bruce Wayne. Sem super-poderes, portanto, mas dotado de inteligência invulgar e físico poderoso, que irá por ao serviço da sua missão primeira: vingar a morte de seus pais, de que foi testemunha quando era criança.

Assim,  a noite da megalópole Gotham City passou a ser o tempo e o local em que o jovem milionário, usando uma capa semelhante a asas de morcego e com o rosto tapado por uma máscara, persegue criminosos com o fito de erradicar a criminalidade.

Embora inicialmente actuasse sozinho, em breve passou a ter um pupilo de nome Dick Grayson, também órfão, que passou a ser conhecido por Robin.

Para uma série com tal duração - 75 anos! -, é compreensível que a lista de autores que nela têm colaborado já seja bem extensa. Não será curial nomeá-los todos, mas seria injusto não citar, entre os argumentistas, Bill Finger (o criador ficcional), Gardner Fox, Jack Schiff, Bill Woolfolk, Otto Binder, e... Frank Miller.

Quanto aos desenhadores, após o criador Bob Kane, segue-se-lhe, cronologicamente e não só, o seu assistente Jerry Robinson (*) que deu grande dimensão ao vilão Joker (Jolly Joker) - um dos vários carismáticos vilões criados ao longo das enumeráveis aventuras, casos de Penguin, Clayface, Riddler, Scarecrow, o par inconfundível de Tweedledee e Tweedledun, e a atraente Catwoman, que viria a apaixonar-se por Batman.

Em 1964, o editor Julius Schwartz, e os autores/ilustradores Carmine Infantino e Murphy Anderson resolveram modificar o visual do Homem-Morcego, além de, com eles, as aventuras terem enveredado por um cariz mais decididamente policial.

Pelos anos 1970, alguns autores - designadamente Ross Andru, Frank Robbins, Neal Adams, Jim Aparo, Irv Novick, Walt Simonson - criaram novas facetas estéticas e mesmo ficcionais.

Atraídos pela personagem, outros argumentistas/escritores e autores/desenhadores foram participando na sua concepção, criando diferentes tipos de enredos e variando o conceito cromático e estilístico. Entre os primeiros destacam-se Jim Starlin e Alan Moore, sobressaindo nos segundos os nomes de John Byrne, Gene Colan, Berni Wrightson e Frank Miller.

Principalmente este último, na dupla função de argumentista e desenhador, consegue um êxito imenso com a série "The Dark Knight Returns". Em 1988, Miller assume-se apenas como argumentista, entregando a David Mazuchelli a componente gráfica na obra "Batman - Year One".

Nesse mesmo ano, o extraordinário criativo Brian Bolland desenha "The Killing Joke" sob argumento de Alan Moore, enquanto que Berni Wrightson (desenho) e Jim Starlin (argumento) criam a obra "The Cult".

É óbvio que, a partir de Frank Miller, Batman passa a ser concebido tendo como alvo principal um público com elevado nível mental e intelectual. Continua a ser, fundamentalmente, um justiceiro, mas cada vez mais envolvido em violência, numa faceta até algo ambígua, abrangendo ostensivamente uma problemática direccionada para apreciadores social e culturalmente diferenciados, que já nada tem a ver com o público juvenil para o qual o herói de "comic books" tinha sido concebido no início.

Também a recorrente utilização de Batman no universo cinematográfico tem contribuído para a consolidação da personagem como uma das mais marcantes na área dos super-heróis, bem como na história da BD em geral.

Fontes consultadas: 
- The World Encyclopedia of Comics, edited by Maurice Horn (Chelsea House Publishers, Philadelphia, USA)
- Dictionnaire Mondial de la Bande Dessinée, de Patrick Gaumer e Claude Moliterni (Larousse-Bordas, France)
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