sexta-feira, janeiro 23, 2015

Mesas-Redondas (XIII) - Rafael Bordalo Pinheiro



Rafael Bordalo Pinheiro é o autor da que tem sido considerada a primeira BD portuguesa, com o seu álbum "Apontamentos de Raphael Bordallo Pinheiro Sobre a Picaresca Viagem do Imperador de Rasilb pela Europa" (sendo Rasilb o anagrama de Brasil).

A atribuição da paternidade de Rafael Bordalo Pinheiro da banda desenhada em Portugal deve-se ao ilustre estudioso António Dias de Deus na sua obra "Os Comics em Portugal. Uma História da Banda Desenhada", editada em 1997.

Acontece que hoje, dia 23 de Janeiro, passam 110 anos sobre a morte daquele notável ceramista, caricaturista e cartunista, nascido em Lisboa a 21 de Março de 1846, falecido na mesma cidade a 23 de Janeiro de 1905. 

Aproveitando a efeméride, mas também os recentes acontecimentos com o magazine satírico Charlie Hebdo, o Museu Bordalo Pinheiro organiza hoje uma mesa redonda dedicada ao tema "Cartoon e Liberdade de Imprensa", em que participarão os cartunistas António e Zé Bandeira, e o ilustrador e autor de BD Nuno Saraiva, sendo moderador o Dr. Guilherme de Oliveira Martins, presidente do Centro Nacional de Cultura.
 
A este propósito foi distribuído um press release, que tomo a liberdade de reproduzir: 


No dia 23 de Janeiro passam 110 anos sobre a morte de Rafael Bordalo Pinheiro,

Não é que gostemos muito de comemorar as mortes, mas este número redondo – 110 anos – e o momento tão complicado da vida nacional (e internacional, com o ataque ao Charlie Hebdo), faz-nos pensar que relembrar o olhar crítico de Bordalo é muito importante. 


Para isso O Museu Bordalo Pinheiro promove no dia 23 de janeiro, pelas 18h30 uma Mesa Redonda sobre a importância do cartoon nos jornais, para a qual convidámos os cartoonistas António, do Expresso, Bandeira, do Diário de Notícias e Nuno Saraiva, do Sol.

Como moderador o presidente do Centro Nacional de Cultura Guilherme d’Oliveira Martins, estudioso da nossa Identidade e admirador de Bordalo.


Lembramos que Rafael Bordalo Pinheiro reagiu às tentativas de encerramento dos seus jornais e atentados contra a sua vida com um enorme humor. Na tira deste convite, referente à tentativa de encerramento d' O António Maria em 1881, pode ler-se que mesmo debaixo do punhal dos sicários ou sob o cutelo dos algozes  “Nós afirmamos que o António Maria não cessará de aparecer. Continua-se a receber assinaturas para esta publicação imortal”.


Assim, o Museu Bordalo Pinheiro associa-se a este debate tão na ordem do dia mas já secular.


                                                                                          Entrada Gratuita

23 de janeiro, 18h30

Galeria do Museu Bordalo Pinheiro

Campo Grande, 382 – Lisboa

Tel: 21 817 06 71 |

Email: museu.bordalopinheiro@cm-lisboa.pt
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RAFAEL BORDALO PINHEIRO (1846-1905)

Síntese biobibliográfica

Raphael Bordallo Pinheiro - era assim que se grafava o seu nome na época -, nasceu em Lisboa a 21 de Março de 1846, filho de Manuel Maria Bordallo Pinheiro e Augusta Maria do Ó Carvalho Prostes.

Estreou-se como actor aos 14 anos, no Teatro Garrett, experiência que não teve seguimento, mas que muito o marcou.

Na sua juventude gozou, com excesso, a vida boémia de Lisboa, pelo que a sua carreira académica foi um fracasso, não por falta de se matricular em várias instituições de ensino, designadamente Academia de Belas Artes (desenho de arquitectura civil, desenho antigo e modelo vivo), Curso Superior de Letras, Escola de Arte Dramática, embora nunca tenha completado qualquer curso.
O seu primeiro emprego, conseguido por interferência de seu pai, foi num emprego público, a Câmara dos Pares, mantendo-se a seguir cursos de pintura a aguarela, e fazendo caricaturas, o que o levou a tentar ganhar a vida como artista plástico.
As suas primeiras obras intitulam-se "O Dente da Baronesa", de e "O Calcanhar de Achiles", ambas dedicadas à caricatura, e no que se classifica de figuração narrativa, em "A Berlinda - Reproducções d'um Álbum Humorístico ao Correr do Lápis", todas datadas de 1870.
Estava próxima a realização da sua obra mais importante, representativa do que se pode considerar como a génese da banda desenhada portuguesa, e que data de 1872. Trata-se de um álbum, em imagens sequenciais, com o título "Apontamentos de Raphael Bordallo Pinheiro Sobre a Picaresca Viagem do Imperador de Rasilb pela Europa", uma sátira tendo por personagem central o Imperador Pedro II do Brasil.
Em 1875 publica a "Lanterna Mágica", onde irá surgir a sua personagem mais icónica, o Zé Povinho, com o seu popular "manguito".
Neste mesmo ano, a 19 de Agosto, partiu para o Brasil, onde colaborou em jornais e revistas, designadamente O Mosquito, Psit!!!, O Besouro.
Regressa a Portugal em Maio de 1879, onde trabalha na importante revista António Maria (1879), no "Álbum das Glórias" (1880), e no álbum de BD "No Lazareto de Lisboa" (1881).
Em 1882 e 1883 publicou-se o "Almanach do António Maria". Em 1884 experimenta trabalhar em barro nas oficinas de Gomes de Avelar e em seguida na Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, onde se manteve durante vinte e um anos.
Em 1885 a revista "Pontos nos ii" substitui "O António Maria". Nesse ano homenageia os seus amigos do Grupo doLeão num painel que ficará no Café Leão de Ouro, em Lisboa, e participa com os seus irmãos Columbano e Maria Augusta na redecoração do interior do Palácio do Beau Séjour, também em Lisboa.
Em 1889 realiza a decoração do Pavilhão de Portugal na Exposição de Paris, desse ano, pelo que é agraciado com a Legião de Honra.
devido a uma lesão no coração, morre a 23 de Janeiro de 1905, no nº 28 da Rua da Abegoaria, actual Largo Rafael Bordalo Pinheiro.

Obras consultadas:
Os Comics em Portugal. Uma História da Banda Desenhada, de António Dias de Deus
Uma Nova Forma de Estar no Humor, de Osvaldo Macedo de Sousa  
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Os interessados em ler textos anteriores das rubricas Mesas-Redondas ou Charlie Hebdo, podem fazê-lo clicando nesse item visível em rodapé.

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