quinta-feira, abril 30, 2015

Workshop - Introdução à BD - Prof.: Rudolfo

 

Rudolfo é o pseudónimo bem conhecido de um autor muito activo na área alternativa da BD, visto ser um prolífico editautor de fanzines.

Vai ser ele o formador no workshop de introdução à banda desenhada que irá ter lugar no Week-End From Space, no Sábado e Domingo, dias 2 e 3 de Maio, e 11 e 12, também fim-de-semana, sempre entre as 10h e as 20h.

O sumário do workshop inclui, entre outros assuntos, "Aprender Composição Gráfica Básica".

WCFS - We Came From Space
Rua Cândido dos Reis, nº137
Gaia (Vila Nova de Gaia)
E-mail: geral@wecamefromspace.com

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Reproduzo o texto de apresentação do workshop no site da "We Came From Space": 

Workshop de introdução à BD, direcionado para malta que sempre quis experimentar fazer BD mas nunca o fez (tendo ou não o hábito de desenhar) e malta que gostava de perceber como se constrói uma narrativa com uma sequência de imagens. O resultado final do workshop será uma BD de 4 páginas por cada participante.

O processo é simples. Vai-se trabalhar numa grelha de 6 vinhetas por página. Os participantes começam com uma vinheta com um acontecimento isolado. Desse acontecimento, acrescentam 3 vinhetas que façam sentido no decorrer desse acontecimento. Podendo ser uma sequência da primeira ou que leva às ações da primeira, não interessa.

Nas restantes, os participantes poderão aproveitar a grelha como lhes apetecer dando relevância aos diversos elementos da sua história (sendo estes abstratos ou realistas ou que quer que seja).


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RUDOLFO

Síntese biográfica

Rudolfo (*) é um mestre de todos os ofícios e mais algum. Faz bonecos desde sempre, mas foi em 2007, quando tinha 16 anos, que começou a editar os seus fanzines de banda-desenhada que entretanto se viram misturados com toda a sua raiva emocional através dos seus discos carregados de Hate Beat e concertos cheios de espasmos, caos, fritaria e bastante rabetice... 
No entanto, os seus feitos mais importantes podem ser reduzidos a uma lista: a criação LODAÇAL COMIX, que foi editada entre 2011-2013 através do selo Ruru Comix; e recentemente, do seu trabalho contínuo a ilustrar NEGATIVE DAD, uma BD escrita pelo Nathan Williams (WAVVES) e o seu amigo, Matt Barajas (HEAVY HAWAII). Ah, também tem andado a fazer bimestralmente a sua nova revista de BD, MOLLY!


(*) aka Diogo Jesus 

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 Os visitantes interessados em ver as postagens anteriores deste tema poderão facilmente fazê-lo. Bastará clicarem sobre o item Cursos e Workshops, visível no rodapé

terça-feira, abril 28, 2015

Teaser (IV) - BD "Gentleman", de Ricardo Reis e André Oliveira



Apesar dos tempos de crise que correm, há sempre resistentes focos editoriais na BD portuguesa, graças a algumas pequenas editoras independentes e uns tantos autores que teimosamente persistem.
  
Entre elas está a Ave Rara, e no que se refere a eles está André Oliveira. Enquanto argumentista, tem criado ficções para vários desenhadores, calhando agora a vez de Ricardo Reis. É este talentoso novo autor quem ilustra a obra "Gentleman" (com legendagem em inglês) destinada a ser apresentada no próximo XI Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, a 30 de Maio.


Entretanto, como teaser, ficam visíveis no topo da postagem, capa e seis pranchas da obra, que será constituída por quatro fascículos de dezasseis páginas cada.

Aqui por baixo reproduz-se o respectivo press release.
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GENTLEMAN #1


O mundo está a ruir à vista de todos e aquilo que perdura é tão bizarro e surreal que faz questionar se pertence à imaginação ou à realidade. Acompanhamos a jornada de mr. Turner, uma misteriosa e sombria personagem que atravessa planícies desérticas ao volante do seu Morgan e na companhia de Barnes, um enorme elefante marinho com uma personalidade forte. Há uma última tarefa a cumprir antes que a Humanidade aceite a sua inevitável extinção, algo que pode não chegar para a salvar mas que fará toda a diferença. É essa a missão de Turner e ele promete cumpri-la da única forma que conhece: “Like a true gentleman”.


“Gentleman” é a nova série da Ave Rara: 4 comics de 16 páginas, integralmente em inglês, com argumento de André Oliveira e arte de Ricardo Reis. Cada número corresponderá a uma de 4 cartas de copas. O pontapé de saída pertence ao valete.

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RICARDO REIS

Síntese biográfica


Ricardo Jorge Cortes dos Reis, Barreiro, 4 de Outubro de 1983.
Possui o curso de Design de Comunicação obtido na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. 
Entre 2003 e 2004 foi membro do Núcleo de Banda Desenhada Blatz da Universidade de Lisboa.
De 2005 a 2008 teve actividade como membro do Núcleo de Ilustração, Banda Desenhada e Argumento - IMAGINArte.

Tem participado em diversas exposições de ilustração e banda desenhada, a maioria organizada pelo IMAGINArte, como por exemplo:
Em 2006, na Galeria da Associação de Estudantes da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa; Em 2007, na sala de convívio da Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa; de novo na Galeria da Associação de Estudantes da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa; na Casa Fernando Pessoa; no XV Salão Internacional de Banda Desenhada de Viseu, em exposição no Instituto Português da Juventude - IPJ de Viseu.
No que se refere a publicações, em 2007 foram reproduzidas bandas desenhadas suas nas seguintes publicações: revista Anim'Arte (nº 65-Out., Nov., Dez.), "Uma Ideia Genial"; no jornal Mundo Universitário (nº78 - 24 Set.), "O Convento do Barba Rosa"; no nº1 do fanzine Faixa 9, "Reconhecimento e Respeito"; na revista Underworld Entulho Informativo (nº22 - Inverno 06/07). 
Em 2008, colaborou no fanzine Efeméride nº3, dedicado ao tema "Super-Homem no Século XXI", com o episódio "O Anticristo", sob argumento de André Oliveira.
Participou no XIV Concurso de BD e Cartoon promovido pela Câmara Municipal de Moura, com a bd "Fratello", e no XV Salão Internacional de Banda Desenhada de Viseu com a bd "Uma Ideia Genial", tendo obtido o 1º Prémio.
Em 2015 foi publicado o álbum "Casulo", no género AAVV, em que foi incluída a bd "Silêncio" em duas pranchas, sob argumento de André Oliveira. Neste mesmo ano e também em equipa com aquele argumentista, desenhou e coloriu o 1º tomo da obra "Gentleman", que vai ter lançamento no XI Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja.
Actualmente trabalha como ilustrador freelancer

Geraldes Lino
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ANDRÉ OLIVEIRA

Autobiobibliografia na 3ª pessoa


André Oliveira nasceu em Lisboa, em 1982, e começou a brincar com Banda Desenhada pouco tempo depois. Davam-lhe pequenos blocos agrafados que ele preenchia com gatafunhos e ditava mais tarde as legendas ao avô, que as redigia cuidadosamente. 

Licenciado em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, é hoje copywriter na agência Fuel Design. 

Foi co-editor da antologia de banda desenhada portuguesa Zona (que publicou mais de 100 autores nacionais e estrangeiros), editor de BD da Revista Freestyle, organizador/fundador dos Prémios Profissionais de BD e comissário da Trienal Movimento Desenho 2012, tendo organizado o evento BD ao Forte. 

Escreveu os livros de BD "HAWK" (ilustrado por Osvaldo Medina e publicado pela Kingpin Books), "Tiras do Baralho!" (ilustrado por Pedro Carvalho e publicado pela El Pep) e os três primeiros números da série "Living Will" (ilustrados por Joana Afonso e editados pela Ave Rara, a sua própria chancela editorial). 

Actualmente, André Oliveira edita curtas de Banda Desenhada na revista CAIS, de que "Hora do Lanche" é exemplar na forma como o argumentista dá a ideia ao desenhador e não faz qualquer texto (Stan Lee é o paradigma deste conceito), faz parte do colectivo The Lisbon Studio e está a trabalhar em diversos projectos editoriais com vários ilustradores diferentes. 


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Os visitantes interessados em ver/ler os "posts" relacionados com postagens anteriores do tema "Teaser", poderão fazê-lo, bastando para tal clicar sobre o item Teaser, visível aqui por baixo no rodapé 


sexta-feira, abril 24, 2015

25 de Abril na BD








Há já uma razoável bibliografia na área da BD dedicada à data histórica do 25 de Abril e, consequentemente, a figuras de relevo no acontecimento de 1974, na chamada revolução dos Cravos.

O álbum que aqui apresento, intitulado "Salgueiro Maia O Rosto da Liberdade", é um daqueles que se podem considerar imprevisíveis e até difíceis de obter pelos coleccionadores de BD.

Trata-se de um álbum editado em Abril de 1999 pelo semanário regional O Ribatejo (com apoio da Câmara Municipal de Santarém) jornal esse que resolveu comemorar os 25 anos do 25 de Abril, com a história da intervenção dos militares da Escola Prática de Cavalaria de Santarém, comandados por Salgueiro Maia.

A acção da banda desenhada, contada por desenhos em estilo realista, acompanhados algumas vezes por imagens fotográficas, tem início em Santarém num café, onde alguns amigos lêem o jornal O Ribatejo, cuja primeira página apresenta o título "Salgueiro Maia vai ter estátua em Santarém".
Um dos presentes,induzido pela notícia, começa a rememorar os acontecimentos, e a partir daí assiste-se, em flashback, à reconstituição desse episódio histórico, desde a saída dos militares de Santarém até à rendição de Marcelo Caetano perante Salgueiro Maia no Quartel do Carmo.

António Martins, autor completo da banda desenhada (argumento e desenho), serviu-se de vários testemunhos de Salgueiro Maia, designadamente do relatório da operação "Fim-Regime", do depoimento recolhido pela investigadora Maria Manuela Cruzeiro para o Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, de uma entrevista dada ao jornalista Fernando Assis Pacheco e publicada no semanário O Jornal, e do livro "Alvorada em Abril", de Otelo Saraiva de Carvalho.           

Ficha Técnica
Título: Salgueiro Maia O Rosto da Liberdade
Álbum em formato A4, brochado, 32 páginas a cores (a banda desenhada tem 22 pranchas)
Texto e desenhos de António Martins
Direitos da 1ª Edição reservados por Câmara Municipal de Santarém
Tiragem: Não consta
1ª Edição: Abril 1999 
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ANTÓNIO MARTINS (1949/2012)

Síntese biobibliográfica
António da Silva Antunes Martins nasceu em Tomar, a 2 de Janeiro de 1949.

Possui o curso de Pintura Decorativa da Escola de Artes Decorativas António Arroio (como então se chamava).

Tem obras em banda desenhada publicadas em álbum, sob os títulos:
- Salgueiro Maia, o Rosto da Liberdade  (Abril de 1999)
- A Aventura de Cabral ou A Invenção do Brasil

E em revistas e jornais:
Em 1994 fez BD para a revista mensal Activa, em episódios auto-conclusivos de uma prancha, a cores, durante seis meses;
Em 1998, entre 10 de Junho e 13 de Julho, fez uma banda desenhada em 34 tiras diárias, sob o título "Vacanças", tendo por tema o Campeonato do Mundo de Futebol, realizado esse ano em França, para o jornal 24 Horas.

Tem trabalhado em ilustração para diversas publicações (revistas Visão e Visão Júnior), jornais (A Capital, 24 Horas e Expresso) e livros da Editora Verbo.

Foi homenageado pela Tertúlia BD de Lisboa, no 274º encontro, em 3 de Julho de 2007.

Faleceu em Óbidos, a 3 de Julho de 2012.

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Os visitantes interessados em ver as postagens anteriores relacionadas com o tema "Álbuns BD imprevisíveis e difíceis de obter" poderão fazê-lo clicando no item indicado em rodapé  

quinta-feira, abril 23, 2015

Capitão Portugal, 1º Super-Herói Português


Capitão Portugal foi o primeiro super-herói obviamente português, e teve concretização pela linguagem gráfica da ilustração, em criação de Dias Pereira para o suplemento Angola Infantil em 1969.

Depois de se ter estreado naquela publicação editada em Angola, no tempo em que era uma colónia portuguesa, o super-herói tornou a aparecer em Novembro de 1990, numa revista com o título homónimo Capitão Portugal, editado no Porto. (*)

Vem isto a propósito de um tal Super-Herói Capitão Falcão - prestes a surgir num filme que se estreia hoje, 5ª feira, 23 de Abril de 2015 - e que é anunciado como sendo o primeiro super-herói português.

Digamos que se pode aceitar a afirmação se for mais esclarecedora, isto é, que informe tratar-se do primeiro super-herói português em versão cinematográfica, visto que, em linguagem de ilustração, o Capitão Portugal o antecedeu em quarenta e seis anos. 

(*) Elementos extraídos, com a devida vénia, da obra O Jornal Infantil Português Ilustrado, datado de 1998, da autoria do notável estudioso A.J.Ferreira.  

quarta-feira, abril 22, 2015

Comic Jam


Como de costume, no encontro da Tertúlia BD de Lisboa, realizou-se mais um comic jam
Mas desta vez não houve seis desenhadores/autores de banda desenhada disponíveis para fazer as seis vinhetas, o que obrigou o Álvaro, um dos elementos que actualmente organizam a TBDL, a criar uma vinheta panorâmica, em substituição das duas vinhetas finais, como se pode ver na imagem acima e na lista abaixo:


1 - Tiago Baptista ---------- 2 - Ana Oliveira
3 - Sérgio Santos ---------- 4 - Filipe Duarte

5   e   6     -   Álvaro   

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Os visitantes interessados em verem os "posts" anteriores que contêm todos os "comic jam" realizados na Tertúlia BD de Lisboa, mas também os que foram desenhados nos eventos AMADORABD e ANICOMICS, poderão fazê-lo com um simples clique no item Comic Jam visível aqui por baixo no rodapé.    
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segunda-feira, abril 20, 2015

Curso de BD - 25 de Abril


Estamos a 20  de Abril, é hoje mesmo que se inicia um curso de BD que durará até ao dia 24, e que se apresenta sob o título "Vem Fazer o 25 de Abril em Banda Desenhada".

Como vai ser dirigido por Nuno Saraiva - um categorizado autor de BD,além de ter bastante experiência a dirigir este tipo de cursos - e realizado em horário pós-laboral (entre as 20h30 e as 22h30), na MArt (*), é ainda possível telefonar para o Nuno (tlm 927549092), a fim de reservar lugar.

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(*)

MArt

espaço de projecto, aprendizagem e experimentação artística

Cursos e workshops em torno de diferentes disciplinas, técnicas e temáticas das artes visuais.
Público-alvo com ou sem experiência/formação prévias, que procura desenvolver conhecimentos práticos e teóricos, competências básicas ou especializadas no âmbito das artes visuais, da História da Arte Antiga e Contemporânea.
Os programas e as aulas são orientadas por artistas reconhecidos e com experiência pedagógica.
A MArt organiza residências e academias artísticas, palestras, exposições, visitas e aulas em Museus e Galerias de Arte com o objectivo de complementar a formação e envolver os alunos no panorama artístico profissional contemporâneo.

MArt
Rua Rosa Araújo nº 12, 1250-195 Lisboa
geral@artemart.pt
00351 92 754 90 92 

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NUNO SARAIVA  

Síntese biográfica

Nuno Jorge de Avelar Teixeira Saraiva, Lisboa, 27 de Agosto de 1969.
Adquiriu formação académica na FBAUL-Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e no IADE-Instituto de Artes Visuais Design e Marketing. 
É professor de Ilustração e BD no AR.CO - Centro de Arte e Comunicação Visual.
A sua vasta produção de banda desenhada está espalhada por fanzines (Banda, Comic Cala-Te, Hips!, Efeméride), revistas (Ego, Cosmopolitan) e jornais (O Fiel Inimigo, depois apenas Inimigo, neste sob o pseudónimo Ketch, Independente, Mundo Universitário).
Parte dessa produção está reunida em álbuns: Filosofia de Ponta, sob argumentos de Júlio Pinto, com três tomos editados; para o mesmo argumentista desenhou "Arnaldo o Pós-cataléptico" e "Guarda Abílio". A fazer duo com Paulo Patrício, este enquanto argumentista, desenhou a série "Escrita Fina", publicda no semanário Expresso entre 2004 e 2005.
A "solo" realizou "Os Dias de Bartolomeu", "Zé Inocêncio", "As Aventuras Extra Ordinárias de um Falo Barato".
Faz parte actualmente do colectivo TLS-The Lisbon Studio, onde tem colaborado no TLS Webmag.
É também importante a sua obra na ilustração, designadamente nos livros, de temáticas diversas, "A Crise Explicada às Crianças - Para Miúdos de Direita e Para Miúdos de Esquerda", sob texto de João Miguel Tavares, "Caríssimas 40 Canções - Sérgio Godinho", e "Isto É Um Assalto", com texto de Francisco Louçã e Mariana Mortágua.
Tem estado presente em diversas exposições de BD e Ilustração, individuais e colectivas.
Em 2006 criou imagens para dezasseis receitas de culinária, usando imagens de carácter erótico com os rostos de actores e actrizes do cinema internacional.
Em 2010 foi galardoado com o Prémio Stuart de Desenho de Imprensa, criado por El Corte Inglés e Casa da Imprensa, por uma ilustração sua para a capa do suplemento Ípsilon do jornal Público
Foi o representante de Portugal no 11º Festival Internacional de Banda Desenhada e Animação - Luanda Cartoon, em Agosto de 2014.
Iniciou em Novembro do mesmo ano a obra em BD "Tudo Isto é Fado", em publicação no semanário Sol - revista/suplemento Tabu - ao ritmo de quatro pranchas por semana, a cores, sendo ele também o argumentista/guionista, sob elementos que lhe são fornecidos pelo Museu do Fado, responsável pela co-produção. 


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domingo, abril 19, 2015

Teaser (III) - BD "The True Story of My Rebel Left Slipper", de Fernando Relvas







Na banda desenhada - tal como na literatura - o género autobiográfico funciona como tema com razoável frequência, e alguns autores de BD de renome estão-lhe associados. Entre outros Joe Sacco e Art Spiegelman. 

Está prestes a juntar-se-lhes Fernando Relvas, cuja obra em construção "The True Story of My Rebel Left Slipper" constitui uma corajosa e dramática assunção de sofrer da doença de Parkinson, que lhe foi diagnosticada há três anos.

Relvas, nesta apresentação da futura obra - onde até se detecta uma réstia de amargo humor - utiliza um impressionante grafismo, sombrio e pesado, condizente com a situação que descreve.

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FERNANDO RELVAS

Síntese biobibliográfica

Fernando Carlos Nunes de Melo Relvas, 20 de Setembro de 1954, Lisboa. 
 

Relvas iniciou-se na BD em 1975, colaborando nos fanzines O Estripador e O Gorgulho. Estreou-se em 1976 a colaborar num jornal, o Gazeta da Semana, com a personagem 'Chico'. 

Voltaria mais tarde aos jornais, designadamente a: Pau de Canela, O Fiel Inimigo (depois apenas Inimigo), Sete, GrandAmadora, Diário de Notícias, Mundo Universitário
Entre todos destaca-se o semanário Sete, onde teve extensa produção bedística, de 1982 a 1987: Concerto Para Oito Infantes e Um Bastardo, Niuiork, Sabina, Ai Este Chavalo Seria Tão Baril Se..., Herbie de Best, Sangue Violeta, Karlos Starkiller Jornalista de Ponta, todas a preto e branco, e Nunca Beijes a Sombra do Teu Destino, A Noite das Estrelas, O Diabo à Beira da Piscina, O Atraente Estranho, estas quatro a cores.

Há bandas desenhadas suas em várias revistas de BD: Mundo de Aventuras, ("0-3-0 O Controlador Louco"), Fungagá da Bicharada, Mosquito (5ª série), no respectivo suplemento "O Insecticida", Lx Comics e especialmente na Tintin, onde teve considerável produção (Espião Acácio, Viagem ao Centro da Terra, Rosa Delta Sem Saída, L123, Cevadilha Speed, Slow Motion, Kriz 3). 
Fez também BD em revistas de temas diferentes, nomeadamente Pão CoManteiga e Sábado ("O Rei dos Búzios").

Em 1990 obteve o 1º prémio do concurso "Navegadores Portugueses", organizado pelo CNC-Centro Nacional de Cultura, com a obra "Em Desgraça - As Aventuras de Vaz Taborda".

Tem obras editadas em álbuns: colaboração no colectivo "Noites de Vidro", aavv (1991); "Em Desgraça - As Aventuras de Vaz Taborda" (1993), "As Aventuras de Piri-Lau O Nosso Primo em Bruxelas" (1995), "Karlos Starkiller Jornalista de Ponta" (1997) - recolha da série homónima publicada no semanário Sete; "Uma Revolução Desenhada: o 25 de Abril e a BD" (1999).

Enquanto profissional da BD e Ilustração, editou ele próprio os seus prozines (Ananaz Q Ri e Ménage à Trois), mas colaborou também nos fanzines Édito e Quadrado (2ª série).

Em Setembro de 1989, no V Salão Internacional de Banda Desenhada do Porto participou numa exposição colectiva; em Março de 1997 foi-lhe dedicada uma exposição, pela Bedeteca de Lisboa,  intitulada "Relvas à Queima-Roupa", com edição de catálogo; em 1998 foi um dos vários autores portugueses incluídos na exposição "Perdidos no Oceano", organizada em França pelo Festival Internacional de Banda Desenhada de Angoulême, na edição desse ano.


Em Setembro de 2002 foi homenageado pela Tertúlia BD de Lisboa. 

Publicadas em língua inglesa tem as seguintes obras: "Palmyra (2007), The Chinese Master Spy" (2008), "Li Moonface" (2011), "Ask a Palmyra: How Can Transgenic Fish Make You Sex Crazy?" (2013).

Em 2012 realizou o seu primeiro filme de animação, "Fado na Noite", ambientado em Lisboa, nos meados do século XIX. O filme foi financiado pela RTP e Ministério da Cultura.

A obra "Sangue Violeta e Outros Contos", recolha de três bandas desenhadas ("Sangue Violeta", "Tax Diver" e "Sabina") publicadas originalmente no semanário Sete, foi editada em livro sob o selo ElPep, em 2012, e foi-lhe atribuído o Prémio Nacional de Clássicos da 9ª Arte pelo Festival Internacional de Banda Desenhada - AmadoraBD 2012, onde esteve representado na exposição "Relvas a Três Tempos". 


 No ano de 2014,  mais uma vez como autor completo - argumento, desenho, legendagem e colorização -, realizou a obra "Nau Negra".

G.Lino 


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sexta-feira, abril 17, 2015

Oficina "Desenhar Pessoas"



O título da iniciativa é, como se pode ler na imagem que ilustra o presente post, "Oficina [sobre como] Desenhar Pessoas", e terá Inês Mendes como formadora. Trata-se de uma acção rápida - apenas um dia e somente três horas, das 15 às 18h.

Poderão pensar alguns visitantes habituais deste "Divulgando Banda Desenhada": mas então o bloguista Geraldes Lino está sempre a sublinhar a exclusividade do blogue em relação à BD, e agora afixa um post dedicado a uma acção formativa debruçada sobre o desenho de pessoas?

Vamos lá ao fundo da questão: fazer uma banda desenhada implica, normalmente, desenhar pessoas, criar personagens, pô-las em "movimento", dar expressão aos rostos. 
E quando vemos/lemos uma bd, esmiuçamos todos os pormenores, observamos atentamente a naturalidade do posicionamento do corpo, a correcção das mãos e dos pés.

Portanto, saber desenhar pessoas é um dos primeiros passos para fazer BD. Será porventura essa a finalidade principal, presumo, desta oficina de desenho.

Oficina [sobre como] Desenhar Pessoas
Orientação de: Inês Mendes
Data e hora: 18 de Abril, das 15 às 18h
Preço: 10€
Local: El Pep Store and Gallery - Ed. 1 Piso 0 - Espaço 001 D.5
Lx Factory
Rua Rodrigues Faria, nº103
Lisboa
  
Nota: Inês Mendes é a autora do cartaz afixado no topo do post

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INÊS MENDES

Síntese biográfica

Vive e trabalha em Lisboa, Portugal. 
Formou-se em Belas Artes – Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. 
Foi aluna convidada da Staatliche Akademie der Bildenden Kunste, em Karlsruhe, Alemanha, entre 1995 e 1997. 
Desde 1998 que trabalha como profissional liberal nas áreas de artes e letras. Na primeira especializou-se em desenho, principalmente desenho e ilustração científica, tendo colaborado por exemplo com a SPEN (Sociedade Portuguesa de Entomologia), o IICT (Instituto de Investigação Científico-Tropical), e o Museu Nacional de História Natural, onde fez, recentemente, uma exposição.
Em Abril de 2015 dirige em Lisboa, na El Pep Store and Gallery, um acto de formação intitulado "Oficina [sobre como] Desenhar Pessoas", para o qual criou o respectivo cartaz. 
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segunda-feira, abril 13, 2015

Coleccionadores e Colecções de BD (XIV) - Manuel Caldas
















Mais do que coleccionador de BD, Manuel Caldas é  um estudioso, especializado no autor Harold Foster e na personagem Príncipe Valente, além de ser igualmente um editor de banda desenhada de elevado gabarito, tanto no capítulo inicial de faneditor - o seu fanzine Nemo foi um momento alto da fanedição portuguesa - como no de editor profissional, com grande prestígio em Portugal e em Espanha.

Quando o entrevistei em 1988, para a revista (já desaparecida) Coleccionando, o dito prestígio estava a começar a consolidar-se.

Eis o que escrevi há quase trinta anos (a fim de facilitar a leitura, reproduzo tudo, título e entrevista):
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Falando de colecções de BD

- GOSTARIA QUE FOSSEM PARAR 
ÀS MÃOS DE QUEM AS ESTIMASSE
COMO EU AS ESTIMO 

- é o desejo de Manuel Caldas


Manuel António Barbosa Caldas da Costa é o nome completo do nosso entrevistado de hoje. Mas ele usa abreviá-lo para Manuel Caldas, ou «disfarçar-se» sob o pseudónimo de M. Nöel Hantónio.

Nasceu em Paredes de Coura, a 6 de Agosto de 1959, mas vive desde há doze anos na Póvoa de Varzim, onde exerce a profissão de operário têxtil.

Indelevelmente ligado a um dos melhores fanzines (1) sobre banda desenhada editados até hoje entre nós, o NEMO, Manuel Caldas tornou-se especialmente notado pelo seu amor à personagem Príncipe Valente e respectivo autor, Harold Foster.
Primeiro, através de uma carta publicada na rubrica «O Mosquito Expresso» (na revista Mosquito nº12 - V Série - Janeiro de 1986) em que se considerava «até prova em contrário, o entusiasta número um e a autoridade máxima sobre a obra prima de Harold Foster».

A curiosidade dos bedéfilos ficou aguçada em relação ao autor de tão audaciosos auto-elogios; posteriormente, com o seu fanzine Nemo, aparecido em Março de 1986, Manuel António B. C. Costa passava a ser um nome com prestígio no círculo restrito dos estudiosos, críticos e coleccionadores de Banda Desenhada. 
E quanto aos seus conhecimentos sobre a obra de Harold Foster, eles viriam a demonstrar ser profundos no Vol, 16 (Nov. 86) da Antologia da BD Clássica (Editorial Futura), dedicado ao Príncipe Valente; e reforçava-se essa constatação através do nº4 (Especial) do Nemo (Fev. 87), pela sua impressionante remontagem das onze primeiras pranchas de Prince Valiant, mostrando-as tal como tinham sido originalmente concebidas pelo autor, sem quaisquer margem para dúvidas, em face do rigor das suas anotações complementares. Não falando já da qualidade da tradução e legendagem, ambas de sua autoria!

Os conhecimentos de Manuel Caldas Costa sobre o tema voltariam a ser comprovados à saciedade pela Edição Extraordinária do Fanzine Nemo (Out./Dez. 87), que complementava a exposição «50 Anos de Príncipe Valente» - também por ele realizada -, integrada no «VI Festival de Banda Desenhada - Lisboa 87». 
Não se dando por satisfeito, Manuel Caldas tem em preparação uma extensa biografia do Príncipe Valente, na esperança de que venha a ser editada em livro. À falta de editor, tenciona fazê-lo ele próprio, com os seus parcos meios económicos, nem que seja em «offset-fotocópia» como ele diz, ou «offset de escritório», como também é vulgar chamar-se ao mais barato sistema de reprodução que conhecemos.

O curriculum anteriormente explanado foi razão mais do que suficiente para fazer surgir, na mente do autor destas linhas, a ideia de entrevistar o muito elogiado editor do NEMO. Até que a oportunidade surgiu aquando duma sua vinda a Lisboa.

- Manuel Caldas: quando começou a coleccionar revistas de banda desenhada?

- Desde há uns quinze anos atrás.

- O que é que começou por coleccionar: revistas ou álbuns?

- Comecei por coleccionar bandas desenhadas recortadas de jornais. Só depois, quando tive mais dinheiro, é que me virei para as revistas.

- Que bandas desenhadas é que começou a recortar?

- Todas as do suplemento de Domingo do jornal O Primeiro de Janeiro: Príncipe Valente, claro, O Coração de Julieta, os Clássicos Disney e o Reizinho.

- Que idade tinha nessa altura?

- Devia estar por volta dos dez anos. Na altura também coleccionava as tiras diárias do Século.

- Quais?

- Rex Morgan, Steve Roper, Os Silvas e a Rua da Esperança, 13.

- Como é que tem guardado todas essas páginas e tiras?

- Tenho-as em pilhas. Só as do Príncipe Valente é que tenho coladas em folhas de papel cavalinho. Mas as do Século já me desfiz delas há muito tempo.

- Lamento a sua decisão. Paul Gillon não merecia um tão grande desinteresse... Ainda por cima, «13, rue de l'Espoir» nunca foi editada em Portugal senão nessas tiras. Não achou que tivessem qualidade suficiente para as guardar?

- Eu considerava. Mas as do Primeiro de Janeiro eram coloridas, e atraíam-me mais do que as do Século, que eram a preto e branco. Ou não fossem tiras diárias.

- Falemos agora de revistas. Das que coleccionava inicialmente, qual a que tem maior significado para si?

- Era o Mundo de Aventuras, que comecei a coleccionar desde que voltou ao número um.

- Quer dizer que foi essa controversa renumeração que o motivou a começar a coleccionar o Mundo de Aventuras?

- Não absolutamente. Foi mais porque o regresso ao nº1 coincidiu com um grande aumento de qualidade, antes eles não respeitavam a composição original das pranchas e das tiras.

- Quais as colecções portuguesas que possui?

- Tenho pouca coisa: a Fagulha, o Jornal do Cuto, o Tintin, o Mundo de Aventuras, da segunda numeração, o Grilo da Portugal Press e as duas séries do Spirou.

- E estrangeiras?

- Só tenho o Nemo The Classic Comics Library. E falta-me o número três.

- Entre essas colecções que possui, quais as que considera mais valiosas?

- O Mundo de Aventuras. Em parte também o Jornal do Cuto, isto em relação às portuguesas.
Quanto às estrangeiras, os Almanaques do Gibi Nostalgia, brasileiros, e a revista Nemo americana. E posso referir também o catálogo Graphic Gallery de Russ Cochran, onde se reproduzem muitas pranchas a partir dos originais.

- Qual é a revista de BD mais antiga que possui?

- É um número do Mosquito que eu tenho para lá metido nalgum sítio. Julgo que é do 1º Ano.

- Entre as suas colecções, qual a que lhe deu, ou está a dar, maior dificuldade em completar?

- Quer dizer: eu só ando a completar o Tintin,de que aliás só me faltam aí uns seis números. Não me tenho é disposto, ainda, a ir procurá-los.

- Está neste momento a coleccionar alguma revista portuguesa de BD?

- Os Cadernos de Banda Desenhada. Que é a única... Bem, é uma coisa boa que nós temos: só temos uma, mas é boa.

- E estrangeira?

- O Nemo The Classic Comics Library.

- Antes dos Cadernos de Banda Desenhada, qual foi a última revista que coleccionou, acompanhando o ritmo da sua publicação?

- O Mundo de Aventuras.

- Tem alguma recordação especial ligada a qualquer das revistas que coleccionou?

- De especial só me lembro da dificuldade, em determinada época, que eu tinha para arranjar os cinco escudos para o Mundo de Aventuras.

- Terá havido, na sua infância ou adolescência, uma fase em que,num certo dia da semana, ia à rua de propósito para comprar uma revista de BD. Ocorre-lhe alguma recordação ligada a essa fase?

- Só me lembro de que, quando saía de propósito para comprar o Mundo de Aventuras e ele ainda não tinha chegado, eu ficava tão frustrado, tão frustrado... Nessa época posso dizer que vivia em função daquela revista. 

- Quais os heróis, ou séries, que lhe criavam uma tão grande expectativa?

- Não eram propriamente heróis ou séries. Era o conteúdo da revista, a forma como ela era feita.

- Qual o preço mais elevado que pagou por uma peça portuguesa, ou de outra qualquer nacionalidade?

- O que eu comprei mais caro foi recentemente. Trata-se dos dois volumes de Prince Valiant da Manuscrit Press. Custaram-me dezassete contos cada um.

- Como teve conhecimento dessa invulgar edição?

- Tive conhecimento dela em 1985, na revista americana Comics Scene nº4, de 1982, que fazia uma pequena reportagem, ainda antes de os livros terem sido publicados.

- E como é que os conseguiu adquirir?

- Quando li a reportagem, com três anos de atraso, fiquei com medo de que o livro (então só se anunciava a saída do primeiro) já estivesse esgotado. Além disso, na revista não era indicado o nome do editor e ela própria já tinha deixado de publicar-se.
Tive de andar atrás dele escrevendo para três outros editores americanos, enviando a cada um, uma cópia da carta para Rick Norwood, o autor dos livros, e pedindo-lhes que, se o conhecessem, lha entregassem.
Foi através de um deles, o Ross Cochran, que a carta chegou ao Rick Norwood e que depois este me escreveu, comunicando-me que já tinha sido publicado o 2º volume e o preço de ambos. Depois foi só enviar um cheque em dólares.

- Você, afinal, simples operário têxtil, tem-se abalançado a comprar peças de preços bastante elevados...

- É que sou fanático pelo Príncipe Valente, e na altura era solteiro.

- Qual é a peça mais valiosa que possui?

- São esses livros do Príncipe Valente, a colecção das pranchas publicadas n'O Primeiro de Janeiro, a edição de The Sunday Funnies e os Graphic Gallery.

- Mas eu sei que você tem muitas publicações especialmente dedicadas ao Príncipe Valente e a Hal Foster.
Gostaria que me dissesse os títulos dessa bibliografia que anda a reunir desde há muitos anos.

- Bem, não tenho assim tantas coisas. E muitas delas são fotocópias, como as de três números do Cartonist Profiles e as partes de livros sobre os Comics. Depois tenho um número da revista Nemo americana e outro de The Comics Journal com entrevistas; dois ou três números do Jornal do Cuto, alguns do Mundo de Aventuras, um Almanaque do Gibi Especial, o 1º volume da Serg, os sete da Slatkine (francesa), trinta da B.O. (espanhóis), o primeiro da Verlag Polischanky (austríaco), os quatro álbuns da Editorial Presença e outros tantos da Agência Portuguesa de Revistas, o também medíocre da Futura, todas as pranchas desenhadas por Foster publicadas n'O Primeiro de Janeiro, e mais nada de extraordinário, além do volume da Nostalgia Press.

- Colecciona álbuns de BD?

- Colecciono.

- Qual o critério que segue: colecções, autores ou personagens?

- Não tenho um critério certo. Por personagens, só mesmo o do Tenente Blueberry.

- Colecciona mais alguma coisa?

- Todos os livros que se escreverem, ou escrevem, sobre Jesus Cristo. E adaptações, em banda desenhada, dos Evangelhos.

- Conte-me um episódio pitoresco da sua actividade de coleccionador de BD

- Comecei a coleccionar o Príncipe Valente do Primeiro de Janeiro quando já ia na prancha quinhentos e tal. Durante muitos anos sonhei em ter todas as pranchas anteriores. Um dia, tinha eu ido ao Porto, fui até à Feira de Vandôma, a que ia sempre com a ideia de que um dia haveria de encontrar o que procurava, e apareceu-me uma pilha de páginas com as pranchas do Príncipe Valente, desde a nº1 até à 600 e tal, a um escudo cada. Claro, comprei-as todas, e nem acabei de ver a Feira: vim-me logo embora no comboio.

- Tem alguma recordação triste relacionada com as suas colecções?

- Lembro-me de uma história triste, mas que é ao mesmo tempo muito cómica.
Quando eu coleccionava as tiras de O Século, cheguei a uma altura que tinha já tantas, que o meu pai andava sempre a queixar-se que aquilo andava espalhado por toda a casa.
Eu cheguei a uma altura que me aborreceu de ouvir aquilo; furioso, meti-me no quarto e comecei a rasgar todas as tiras. E deitei-as ao lixo.
Quando o meu pai, logo de seguida, tomou conhecimento do caso, deu-me uma tareia. Esta é a parte cómica.
A parte triste foi que eu depois arrependi-me de ter rasgado as tiras. Donde se conclui que o meu pai teve razão ao dar-me a tareia.

- Qual o destino que prevê, ou que desejaria, para as suas colecções?

- Eu desejaria que fossem parar às mãos de quem as estimasse como eu as estimo. O que vai ser muito difícil.

- O que é que acharia ideal para que fossem preservadas as valiosas colecções que existem em poder de particulares?

- Eu não vejo nenhuma solução para isso. Nas bibliotecas não se pode confiar. E os coleccionadores também podem perder o interesse por elas numa determinada altura.

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(1) Fanzine: publicação de banda desenhada editada por amadores, geralmente com modesta qualidade gráfica e pequena tiragem.
No tema da BD, dividem-se em fanzines de banda desenhada e fanzines sobre banda desenhada, conforme se dediquem a publicar principalmente bandas desenhadas, ou, no segundo caso, dêem a primazia à publicação de estudos sobre a matéria. 
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Imagens que ilustram o post:

- Foster e Val Os Trabalhos e os Dias do Criador de 'Prince Valiant' primeiro livro escrito e editado por Manuel Caldas em Dezembro de 2006, posterior a esta entrevista

- Almanaque do Gibi Nostalgia 1&2, editado em 24 Junho 1975

- Capa do fanzine Nemo (Nº1 - Março de 1986)

- Revista americana Nemo (Nº1, 1983) 

- Página do jornal O Primeiro de Janeiro (nº 534 de 19/4/1959), edição de Domingo, com o início da publicação dominical da obra Príncipe Valente naquele jornal do Porto

- Páginas centrais do jornal portuense O Primeiro de Janeiro (nº 534 de 19/4/1959, edição de Domingo, com várias séries de BD.

- Mundo de Aventuras - Nº1 - V Série - 4 Out. 1973

- Foto recente de Manuel Caldas

- Páginas das revistas Coleccionando onde foi publicada a entrevista, vendo-se no início Manuel Caldas e a esposa a participarem num encontro da Tertúlia BD de Lisboa, no restaurante Chico Carreira (entretanto desactivado) no Parque Mayer

- Capa da revista Coleccionando (nº9 - 2ª série - Março/Abril 88), onde foi publicada esta entrevista, última da série.     

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