sexta-feira, março 20, 2015
Mesa-Redonda - "Celebrar Bordalo, celebrar o desenho" - Bordalo, pioneiro da BD
Rafael Bordalo Pinheiro é considerado o primeiro autor de BD em Portugal, com a sua seminal obra "Apontamentos de Raphael Bordallo Pinheiro Sobre a Picaresca Viagem do Imperador do Rasilb pela Europa".
Isso já foi escrito com frequência, mas nunca a data da publicação de tão importante obra terá sido comemorada.
Em compensação, vai comemorar-se no Museu Bordalo Pinheiro, em Lisboa, no próximo dia 21 de Março, a data de nascimento (21 de Março de 1846), igualmente em Lisboa, do ecléctico artista - autor de banda desenhada, caricaturista (ou cartunista), ilustrador, decorador, figurinista e ceramista.
Serão oradores: Filipa Antunes, professora da Universidade Lusófona, e Penim Loureiro, arquitecto, autor de banda desenhada (tal como Raphael Bordallo Pinheiro), que participarão numa mesa redonda intitulada:
"Celebrar Bordalo, celebrar o desenho".
Autor do cartaz: Penim Loureiro
Local do evento:
Museu Bordalo Pinheiro (na imagem acima)
Campo Grande, 382
Lisboa
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RAFAEL BORDALO PINHEIRO (1846-1905)
Síntese biobibliográfica
Raphael Bordallo Pinheiro - era assim que se grafava o seu nome na época -, nasceu em Lisboa a 21 de Março de 1846, filho de Manuel Maria Bordallo Pinheiro e Augusta Maria do Ó Carvalho Prostes, e foi baptizado com o nome de Raphael Augusto Prostes Bordallo Pinheiro.
Estreou-se como actor aos 14 anos, no Teatro Garrett, experiência que não teve seguimento, mas que muito o marcou.
Na sua juventude gozou, com excesso, a vida boémia de Lisboa, pelo que a sua carreira académica foi um fracasso, não por falta de se matricular em várias instituições de ensino, designadamente Academia de Belas Artes (desenho de arquitectura civil, desenho antigo e modelo vivo), Curso Superior de Letras, Escola de Arte Dramática, embora nunca tenha completado qualquer curso.
O seu primeiro emprego, conseguido por interferência de seu pai, foi num emprego público, a Câmara dos Pares, mantendo-se a seguir cursos de pintura a aguarela, e fazendo caricaturas, o que o levou a tentar ganhar a vida como artista plástico.
As suas obras iniciais intitulam-se "O Dente da Baronesa", e "O Calcanhar de Achiles", ambas dedicadas à caricatura, e no que se classifica de figuração narrativa, em "A Berlinda - Reproducções d'um Álbum Humorístico ao Correr do Lápis", todas datadas de 1870.
Estava próxima a realização da sua obra mais importante, representativa do que se pode considerar como a génese da banda desenhada portuguesa, e que data de 1872. Trata-se de um álbum, em imagens sequenciais, com o título "Apontamentos de Raphael Bordallo Pinheiro Sobre a Picaresca Viagem do Imperador de Rasilb pela Europa", uma sátira tendo por personagem central o Imperador Pedro II do Brasil.
Em 1875 publica a "Lanterna Mágica", onde irá surgir a sua personagem icónica, o Zé Povinho, com o seu popular "manguito".
Neste mesmo ano, a 19 de Agosto, partiu para o Brasil, onde colaborou em jornais e revistas, designadamente O Mosquito, Psit!!!, O Besouro.
Regressa a Portugal em Maio de 1879, onde trabalha na importante revista António Maria (1879), no "Álbum das Glórias" (1880), e no álbum de BD "No Lazareto de Lisboa" (1881).
Em 1882 e 1883 publicou-se o "Almanach do António Maria".
Em 1884 experimenta trabalhar em barro nas oficinas de Gomes de Avelar e em seguida na Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, onde se manteve durante vinte e um anos.
Em 1885 a revista "Pontos nos ii" substitui "O António Maria". Nesse ano homenageia os seus amigos do Grupo do Leão num painel que ficará no Café Leão de Ouro, em Lisboa, e participa com os seus irmãos Columbano e Maria Augusta na redecoração do interior do Palácio do Beau Séjour, também em Lisboa.
Em 1889 realiza a decoração do Pavilhão de Portugal na Exposição de Paris, desse ano, pelo que é agraciado com a Legião de Honra.
Devido a uma lesão no coração, morre a 23 de Janeiro de 1905, no nº 28 da Rua da Abegoaria, actual Largo Rafael Bordalo Pinheiro.
Obras consultadas:
Os Comics em Portugal. Uma História da Banda Desenhada, de António Dias de Deus
Uma Nova Forma de Estar no Humor, de Osvaldo Macedo de Sousa
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