Francisco Sousa Lobo vive em Londres desde 2005. A partir de 1980 tem-se dedicado à BD e a sua produção em livros é já considerável. Eis algumas das suas mais recentes obras, todas novelas gráficas: Deserto/Nuvem (sobre a Cartuxa de Évora), The Dying/Draughtsman/O Desenhador Defunto, The Care of Birds/O Cuidado dos Pássaros..
Por esse motivo foi convidado a participar no painel sobre Novela Gráfica no 18º Festival Internacional de Literatura que se vai realizar na Alemanha, e Berlim, de 5 a 15 de Setembro do corrente ano de 2018.
Francisco Sousa Lobo faz parte da Ordem dos Arquitectos e doutorou-se em Artes, no Goldsmiths College, em Londres. Como artista plástico expôs em Inglaterra e Portugal.
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FRANCISCO SOUSA LOBO
Nasci em Lourenço Marques, cresci em Paris e depois Oeiras. Sempre desenhei, desde que me conheço, acho que descobri esse pequeno mundo aos quatro anos, em Paris, quando não tinha mais lado nenhum por onde fugir.
Depois descobri a
literatura juvenil, adaptava enormes romances de Júlio Verne, transformava-os
em bandas desenhadas num sótão pouco arejado, e mostrava à família, que me
apontava lá para fora. Eram dias de verão, mas havia um sol mais luminoso nessa
coisa de ser parte de uma história, de viver as aventuras por dentro.
Depois chegou a
altura de escolher uma profissão e a família insistiu que eu desistisse
daquelas ideias de seguir pintura ou lá o que era, e fiz-me, dificilmente, arquitecto,
e estudei e pratiquei arquitectura durante treze anos. Mais tarde esgotei todas
as desculpas que me tinham emprestado e deixei o hábito de arquitecto e segui
para Londres para estudar arte. Na arte encontrei muita coisa boa, mas nenhum
lugar para o desenho e escrita. Vendi bastantes trabalhos durante dois anos, e
depois deixei de vender por aí além. Tive um esgotamento nervoso, como se dizia
antigamente.
Ao começar um
doutoramento em Goldsmiths comecei a fazer uma banda desenhada sobre o
esgotamento, O Desenhador Defunto. Mostrei ao Marcos Farrajota e ele publicou,
com a Chili Com Carne. Depois veio um trabalho com o Hugo Canoilas, uma pequena
história que eu fiz sobre ele para a Art Review, que correu bem. No seguimento
disso fiz um livro sobre o trabalho do Hugo Canoilas, uma espécie de carta
aberta a um amigo em forma de banda desenhada – I Like Your Art Much. Para o
jornal do programa Próximo Futuro da Gulbenkian e Ediciones Valientes fiz O
Problema Francisco, um pequeno opúsculo autobiográfico que relata a minha relação
com o desenho e a saúde mental. Mais tarde fiz uma banda desenhada ficcional
chamada O Cuidado dos Pássaros, sobre Peter Hickey, um observador de aves e
crianças.
Também tenho
publicado várias histórias curtas em antologias (Zona de Desconforto, Quadradinhos,
Desassossego), fanzines (Preto no Branco, Durty Cat).
Actualmente estou a trabalhar em três novos livros. Um chama-se Os Quarenta Ladrões, e será composto por quarenta entrevistas a artistas e críticos sobre a questão da influência. Outro é sobre a Cartuxa de Évora, e outro ainda sobre um rapaz niilista de treze anos, e também se passa em Évora.
Nota do blogger: A afirmação de que nasceu em Lourenço Marques, e não Maputo, tem a ver com o facto de Francisco Sousa Lobo ter nascido em 1973, ainda aquela cidade moçambicana tinha aquele nome.
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