terça-feira, janeiro 22, 2013

Cor na BD (I)






Capa do álbum com o tomo I da obra "Sharaz-De"


Sérgio Toppi (foto G. Lino)

A banda desenhada é uma forma de arte mista, em que participam três componentes: a literária (o argumento e o posterior guião), o desenho (ou ilustração) e a cor (ou colorização, ou pintura), até mesmo quando a bd é apenas a preto e branco. 

A componente da cor é tema que hoje afloro pela primeira vez, apesar de há anos - pouco depois do início deste blogue, prestes a fazer oito anos - ter começado a pensar no assunto. Mais precisamente em 2006, quando comprei o álbum com o primeiro tomo da obra Sharaz-De, do autor-artista Sergio Toppi, no âmbito de uma exposição individual em Angoulême.

Estava habituado ao espantoso trabalho a preto e branco do criativo italiano, e considerava o resultado estético um expoente do claro-escuro na Arte Sequencial.
E nesta obra magnífica, o desenhista-pintor Toppi preenche com mestria insuperável os dois quadrantes da arte da colorização, tanto na variedade cromática como na surpreendente plasticidade que obtém no tratamento do simples contraste preto e branco.

Há quem ache abusivo classificar como arte a banda desenhada (ou figuração narrativa, expressão que acho muito apropriada, embora mais elitista). É facto que parte considerável da BD não merece tão elevada classificação, apenas se podendo integrar na honesta faceta de arte popular e na área do entretenimento.  
Mas há que destrinçar entre uma bd cujos desenhos se limitam a ilustrar um simples enredo, e uma outra que atinge um grau artístico superior.

É o caso da obra singular aqui em apreço.    

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TOPPI

Síntese biográfica 

Sergio Toppi nasceu a 11 de Outubro de 1932, em Milão, Itália, e ali faleceu em 22 de Agosto de 2012. 

A sua primeira colaboração foi com ilustrações para a Enciclopedia dei Ragazzi, da editora italiana Mondadori. Ainda como ilustrador colaborou com vários livros para crianças, entre 1950 e 1960.

No ano de 1966 iniciou-se como colaborador na revista semanal Corriere dei Piccoli, com histórias de guerra no género cómico.

Em 1972 começou a colaborar no novo magazine Corriere dei Ragazzi, desenhando vários episódios das séries "Fumetti Verità" e "I Grandi del Giallo", sob argumento de Mino Millani.

Nos meados dos anos 1970, Toppi colaborou no magazine Sgt. Kirk, com um conjunto das suas próprias histórias, tendo desenhado as aventuras das personagens "L'Uomo del Nilo" (1976), "L'Uomo del Messico" (1977) e "L'uomo delle Paludi" (1978). Nos anos 1980 trabalha no mensário Orient Express com a série "Il Collezionista", e também realiza a obra "Uomini che non ebbero paura", sob argumento de Mino Milani.    

Neste período, Toppi participou no magazine Alter Alter, depois num outro, o Corto Maltese, com várias bandas desenhadas, mais tarde parcialmente editadas nos álbuns intitulados "Sacsahuaman" (1980) e "Sharaz-De" (1984).

Colaborou com alguns episódios na obra editada em França, "L'Histoire de France en B.D." (1976), e em "La Découverte du Monde en B.D." (1978), onde, em ambas as obras, teve a companhia do português Eduardo Teixeira Coelho, que, na época, já há anos que residia em Florença. 

Houve facetas invulgares - e demonstrativas do seu eclectismo, mas também do prestígio que desfrutava - na carreira artística deste talentoso italiano, mas menos conhecidas.
Por exemplo: desenhou (e coloriu, ou, melhor, pintou) as cinco capas da magnífica série "1602: New World", publicada pela Marvel Comics em 2005.
E para os tarólogos - para os quais talvez seja ainda surpresa - Toppi desenhou imagens para dois baralhos de cartas. Uma peça de colecção!

Sergio Toppi foi premiado em Lucca com o troféu "Yellow Kid" em 1975, como autor de BD, e com o troféu "Caran D'Ache", em 1992, enquanto ilustrador. 
   

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