domingo, julho 18, 2010
Conversas soltas sobre Banda Desenhada (I) - BD nas livrarias
Falando de Banda Desenhada e da sua visibilidade e acessibilidade pública em espaços comerciais, constata-se que tem a apoiá-la várias livrarias especializadas (*), as quais tanto têm à venda novidades editoriais portuguesas como expõem preciosidades de clássicos estrangeiros ou obras de autores modernos de nomeada, além de fornecerem aos respectivos addicts os comics e as mangás em voga.
Em contrapartida, o panorama que se verifica em relação à BD nas livrarias generalistas, tem vindo a ser, de há uns anos a esta parte, desanimador em várias delas (salvam-se, relativamente, a Bertrand do Chiado, a Bulhosa, de Entrecampos, e a Nouvelle Librairie Française). Andam a diminuir-lhe o espaço, gradual e inexoravelmente.
É um facto que tenho verificado in loco em vários estabelecimentos de Lisboa, onde nasci e vivo.
O primeiro, mais flagrante, foi a FNAC do Chiado; outro, que muito me impressionou negativamente, foi a Livraria Barata da Avenida de Roma: não só diminuiram a área de exposição dos álbuns, como para cúmulo colocaram-nos na cave com livros para as crianças (!) mesmo que lá constassem obras de carácter explicitamente erótico, de Manara e Serpieri. Subi ao primeiro piso e chamei a atenção da responsável para a anómala situação, que a justificou com o facto de terem de rendibilizar o espaço principal, o primeiro piso, onde antes estava a BD.
Este meu desabafo de hoje, que motivou a abertura da presente rubrica "Conversas Soltas", teve por origem a minha ida à livraria do Cinema King, nas traseiras da Avenida de Roma.
Os antigos livreiros Assírio e Alvim - que sempre lá dedicaram espaço à BD, incluindo os modestos fanzines - foram substituídos por novos donos, que remodelaram completamente a cave, colocando sofás e mesas para os clientes, mantendo o bar que já lá existia, o que permite estar a ver um livro e a beber um copo. Até aqui tudo bem.
O pior é que a banda desenhada foi completamente banida por estes senhores que até adoptaram um sugestivo título francês para o espaço, "Les Enfants Terribles" (pertence à Chiado Editora), mas que parece detestarem a BD: nem um único álbum de autor português ou estrangeiro lá se encontra, uma situação absolutamente inédita em qualquer livraria de Lisboa.
Manifestei a minha estranheza ao funcionário de serviço, um jovem brasileiro - que, coitado, não tem a mínima culpa -, mas foi a única pessoa com quem eu podia falar.
E fi-lo porque, tal como lhe disse, se ninguém se manifestar, os patrões da livraria não se aperceberão que há clientes interessados em BD e que há quem proteste pela ausência da 9ª Arte num espaço que se pretende cultural.
Espero que haja quem me siga o exemplo - vale a pena ir àquele cinema ver um excepcional filme uruguaio (!), "Whisky", ou um argentino, também de grande interesse, "O Segredo dos Seus Olhos" - e pergunte ostensivamente por banda desenhada. Há que atender ao velho rifão popular "quem cala consente".
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Ilustração no topo do blogue: duas vinhetas da obra Bórgia - O Poder e o Incesto, de Manara e Jodorowsky (Edições ASA)
Pergunta aos responsáveis da Livraria Barata: a banda desenhada é para colocar no espaço das crianças?
(Aquando da minha visita, embora o livro não estivesse ao alcance dos mais pequenos, era o primeiro volume desta obra, que qualquer adolescente mais crescido podia ver e folhear, um dos que estavam na prateleira!).
Vejam bem o assunto, actuais senhores responsáveis, sucessores de um homem culto, o Sr Barata, que fez dessa casa uma livraria de referência em Lisboa.
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(*) Livrarias e/ou lojas especializadas
(texto de minha autoria publicado no balanço respeitante a 2007, no sítio da Bedeteca de Lisboa, rubrica Dossiê, item "Movimentos")
Este ano lembrei-me de voltar a fazer, tal como em Movimentos 2004, o registo das livrarias e/ou lojas especializadas espalhadas pelo país.
De Norte para Sul, começa-se pelo Porto (Central Comics, Mundo Fantasma e alfarrabista Tintim por Tintim); passa-se por Aveiro e encontra-se a Secção 9, aberta este ano; vamos a Coimbra e temos a Dr Kartoon, agora com novos donos, dois dos quais, João Miguel Lameiras e João Ramalho Santos são muito bons conhecedores do material que vendem, e há também a Dungeon Comics.
Mais para sul, em Leiria, encontramos a Shop Suey Comics.
Chegamos enfim a Lisboa, e depara-se-nos uma boa rede livreira: BdMania, Kingpin of Comics, Mongorhead Comics, NLF - Nouvelle Librairie Française, no material novo; a pequena Livraria do Duque, com edições francesas e espanholas, recentes e antigas, e a Casa da BD na Feira da Ladra com muito material antigo bem como bd importada do Brasil.
Há também alfarrabistas que, pela sua capacidade em obter e vender publicações raras, merecem referência. Façamos-lhas:
Em Lisboa, o Freitas, o Vilela, Vilelivros, e o Oliveira (perdão), Castanheira, da Figueira, perdão, da Silveira, dono da Loja das Colecções (entretanto falecido).
No Porto, julgo que continua a fumegar o castiço Chaminé da Mota, um dos melhores alfarrabistas de BD em Portugal, que conheci na Feira de Vandôma, quando esta ainda rodeava lá no alto a Catedral.
Voltando às livrarias de material importado, desçamos para Sul, até Setúbal, onde vamos encontrar a Nono Império, e em Faro a Ghoul Gear.
Para finalizar o capítulo livrarias, voemos até à região autónoma da Madeira, concretamente à cidade do Funchal, lá encontramos a livraria Sétima Dimensão que, para além de vender bd, costuma organizar o evento 12 horas de BD.
Geraldes Lino
"A posteriori"
Repito, para quem não reparou, que o levantamento acima descrito se refere ao ano de 2007.
Entretanto ocorreu-me actualizar, com data de hoje, 19 de Julho 2010, a listagem.
1) Asa Negra Comics - C.C. Sommer, Almada (desde 28 Abril 2008)
2) Invicta Indie Arts - R. das Oliveiras, nº 67 - Porto (desde 22 Maio 2010)
3) Kingpin of Comics - Lisboa: mudou o nome, em Novembro 2008, para Kingpin Books.
4) Nono Império - Setúbal (presumo que fechou, porque o respectivo blogue está desactivado. Alguém saberá dizer-me o que se passa e, se possível, o contacto dos donos?)
5) Central Comics - Porto: a loja física vai fechar no fim deste mês de Julho, exactamente no dia 31. Aviso feito pelo próprio dono, Hugo Jesus)
6) Secção 9 - Aveiro: vai fechar no próximo dia 30Jul. (informou-me hoje, dia 21, o Hugo Jesus, por telefonema que lhe fiz há pouco). Por conseguinte, a livaria aveirense durou cerca de três anos, e não resistiu a esta destruidora crise que atravessamos.
Os aditamentos acima têm a ver com livrarias especializadas. Nas generalistas há pelo menos uma que, por lapso,nunca me ocorreu mencionar, e que é a:
1) Tema - Lisboa (Av. da Liberdade, 9 - loja 1, e C.C.Colombo) - A loja da Av. da Liberdade tem espaço para BD desde 1994. Também aqui tenho notado que as revistas de banda desenhada estrangeiras (francesas, espanholas e americanas) ocupam agora menos prateleiras do que há uns três ou quatro anos.
É fácil de deduzir que tal se deve, como em todos os casos antes focados, ao facto concreto de haver menos clientes; é óbvio que se vendessem bastante BD, não diminuiriam o espaço.
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É a primeira vez que me ocorre fazer isto, mas, como é costume dizer-se, "há sempre uma primeira vez para tudo".
Ora o que me ocorre é chamar a atenção aos visitantes deste blogue, aqui no espaço do "post" propriamente dito, para a vibrante e útil discussão, autêntico fórum,
que está a decorrer na "caixa de comentários".
Convido os numerosos visitantes a repararem nessa componente, e até a participarem no debate.
Nada disto resolve o [velho] problema que ressuscitei da crise na BD, visível na actuação das livrarias generalistas e também nas especializadas, agudizada pela profunda crise que afecta todas as actividades; não resolve, mas, pelo menos, ajuda a esclarecer pontos de vista.
(GL - 21 Julho)
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21 comentários:
Infelizmente as livrarias generalistas são um dos grandes responsáveis pela exclusão da BD aos olhos do público. Não podes falar na Bertrand, pois a maioria das suas lojas nem BD tem neste momento, e as que têm encontram-se escondidas ou em muito mais estado. As livrarias das grandes cadeias variam muito o tratamento conforme a loja, por isso não podemos dizer que é Bertrand, Bulhosa ou FNAC. Temos de falar da Bertrand do Odivelas Parque (horrível), da Bulhosa deste mesmo C. Comercial (inexistente) ou da Bulhosa do Oeiras Parque (minimamente aceitável). Quanto às FNACs o mesmo se passa, conforme a loja FNAC tratamento diferente em relação à BD. Se formos para as livrarias mais pequenas, então é a desgraça... o horror...
Pode ser que um dia a BD volte a estar na moda e então estas livrarias tenham mais atenção à BD. Até lá vai ser difícil!
Senhores... Há por aqui um pequeno mal-entendido.
Uma livraria não é um espaço cultural. É um local onde se vendem livros.
Um livreiro não é propriamente um agente cultural. É um gajo preocupado em meter à vista na sua tasca de ácaros os títulos que acha ou que ouviu dizer que vendem, se apressa em devolver aos editores o que não interessa e nem meteu à vista dos clientes e sempre alerta a controlar estes para evitar que lhe gamem algum livro.
Um livro não é obrigatoriamente um objecto cultural. É uma coisa com umas folhas cosidas e guilhotinadas onde se imprimem umas merdas que um editor achou que iam vender.
A Cultura não precisa de livros para nada. A Cultura o conjunto de hábitos e conhecimentos transmitidos entre os membros de uma comunidade. Actualmente é protagonizada por labregos analfabetos que dão pontapés numa bola.
...e cujas biografias se encontram nas montras das livrarias.
O Alvaro apesar do seu humor corrasivo diz coisas bem acertadas como isto:
"Actualmente é protagonizada por labregos analfabetos que dão pontapés numa bola.
...e cujas biografias se encontram nas montras das livrarias."
E eu acrescento Vampiros Emos e perturbados que fazem grande sucesso e muito Crepuculares??
Mas quem modificou a visão livreira do negocio por aqui foi a Fnac com os seus sofas os outros vieram todos a atrás.
E aqui no Norte pelo que conheço nas livrarias generalistas,o espaço para a Bd diminui tanto importada como a nacional tanto nas Fnacs e Bertrands,tem 1 cantinho escondido e pouco mais e eu já comprei muita bd nesses sitios no passado.
Quanto as Lojas especializadas desde que a Mundo Fantasma abandonou os comics e fbs nacionais de vez perdeu-se 2 espaços de destaque mais de comics que fb,na antiga loja tinham destaque e 2 espositores que continham 1 pouco de tudo e sempre actualizado,mais os comics que os Fb apesar deste terem tido uma boa estante de importados por lá.
A Central comics que surgiu depois nunca consegui dar um tratamento semelhante pelo que vi até agora.
Quanto às misturadas de BD para adultos em espaços infantis, já dei para esse peditório, precisamente quando estreou a Barata de Campo de Ourique: a BD estava no espaço infantil, fosse com material infantojuvenil ou não. Responderam sábia e lapidarmente ue "banda desenhada é para crianças"! E assim me fico, perante um vendedor que notóriamente não conhece os artigos que vende! Longe vão os tempos em que os livreiros vestiam a camisa do estabelecimento, e em que em muitos casos iam lendo os livros ou infomando-se sobre eles!
Quanto à ausência de BD em certas livrarias, cada vez mais isso se deve ao facto de a BD não ser muito procurada ou lida! Deploro o facto, mas é verdade! Acrescento que cada vez mais as "novidades" saem em jornais, e que as livrarias n podem ser apenas armazém de coisas que já estão divulgadas. Já não faz muito sentido ir a livrarias para veer as novidades...
José Abrantes
Às livrarias só lhes interessa vender. Se os livros ocupam espaço e não vendem então vai de os tirar e colocar no seu lugar outros que dêem rentabilidade.
Concordo com José Abrantes quando diz:
"Quanto à ausência de BD em certas livrarias, cada vez mais isso se deve ao facto de a BD não ser muito procurada ou lida!" Mas não só. A crescente falta de cultura e uma cada vez maior dificuldade monetária por parte dos portugueses são alguns dos factores negativos também.
Comparando com as nossas, invejo as livrarias francesas. Quando tenho oportunidade de me deslocar a este país fico perfeitamente deslumbrado com os espaços enormes de venda dos ditos pasquins. Não há dúvida que a cultura francesa em relação à BD está a anos luz da nossa. Em França pode-se viver da B.D. e da ilustração. Tenho alguns amigos que fazem um album por ano e vivem razoavelmente. Aqui seria impossível.
Os leitores de BD estão a entrar no ciclo da extinção. Provavelmente, à beira do fim, haverá alguém que se lembre de levar um ou dois álbuns, para o ensino, como leitura obrigatória.
Até lá, assistiremos a esta exclusão economico-livreira e um total esquecimento dos meios de comunicação mais influentes nas mentalidades: a televisão.
Os leitores de banda desenhada são, nesta actualidade, aqueles que têm, na sua maioria, para cima de 50 anos (não existiam computadores, os títulos nas livrarias contavam-se pelos dedos, as revistas eram acessíveis e passavam despercebidas dentro das aulas e não havia a literatura "light" de bruxas, vampirosos e futebolistas "escritores"); há ainda os filhos desses de 50 ou mais anos, que aprenderam a gostar da BD por a verem em casa; há uns outros, mas poucos, que são admiradores da nona arte, coleccionam e possivelmente também desenham.
No entanto, reparem: se o espaço da BD ocidental vai reduzindo nas livrarias e "fnacs", em contrapartida aumenta o espaço para o formato de bolso dos manga japoneses, cuja leitura se faz às avessas (talvez porque os desenhadores "japs" e imitadores têm todos o padrão das figurinhas de olhos grandes, bocas largas e onomatopeias até dizer chega).
Há aqui uma questão: o formato da BD, em álbum tradicional, é o adequado aos dias de hoje? Sê-lo há o dos "comics" americanos? Ou será mais adequado o dos manga japoneses?.
Se quereis uma resposta minha, acho que o ideal é o formato do livro tradicional, a exemplo do que fez a Devir com a saga de Frank Miller. O formato de livro encaixa mais numa estante - e lembrem-se que, tal como os livreiros, os leitores nem sempre possuem estantes adequadas a formatos de lombada alta - é mais manuseável e torna a leitura mais dinâmica, sem permitir abarcar quase toda a acção ao virar de uma página ímpar.
Tenho publicado em formatos de álbum, mas as propostas que estou a fazer aos meus clientes (principalmente municípios e instituições) é do tamanho 18 x 26.
Finalmente, uma achega ao que já vi escrito nestes comentários. De facto (e de direito) o sentido mercantilista dos tradicionais livreiros está mais apurado nos gerentes das grandes superfícies; eles próprios aproveitam das divulgações e campanhas da televisão portuguesa, que visa apenas os "amigos" e "clientes" da escrita ficcionada, quando não os escritores funcionários da casa.
Há muitos "escritores" (futebolistas, cantores, participantes de big brothers, políticos, cozinheiros, pensadores mal paridos e até de ladrões de casaca), poprque se socorrem de revisores para a coisa sair melhor e os programas de computador a ajudar; porém, quanto ao desenho, a coisa é muitomais difícil e, por aí, por muito que suem, não vão lá.
Por isso, a BD ainda se considera de AUTOR, próprio e de cariz pessoal. Esta honra ninguém lhe tira.
A coisa só se resolve assim:
O nosso anfitrião, Geraldes Lino, devia ter um programa na televisão sobre banda desenhada. Em vez de lamúrias, mexam os cordelinhos para que isso aconteça. Depois, outro galo cantará.
Os leitores de BD estão a entrar no ciclo da extinção. Provavelmente, à beira do fim, haverá alguém que se lembre de levar um ou dois álbuns, para o ensino, como leitura obrigatória.
Até lá, assistiremos a esta exclusão economico-livreira e um total esquecimento dos meios de comunicação mais influentes nas mentalidades: a televisão.
Os leitores de banda desenhada são, nesta actualidade, aqueles que têm, na sua maioria, para cima de 50 anos (não existiam computadores, os títulos nas livrarias contavam-se pelos dedos, as revistas eram acessíveis e passavam despercebidas dentro das aulas e não havia a literatura "light" de bruxas, vampirosos e futebolistas "escritores"); há ainda os filhos desses de 50 ou mais anos, que aprenderam a gostar da BD por a verem em casa; há uns outros, mas poucos, que são admiradores da nona arte, coleccionam e possivelmente também desenham.
No entanto, reparem: se o espaço da BD ocidental vai reduzindo nas livrarias e "fnacs", em contrapartida aumenta o espaço para o formato de bolso dos manga japoneses, cuja leitura se faz às avessas (talvez porque os desenhadores "japs" e imitadores têm todos o padrão das figurinhas de olhos grandes, bocas largas e onomatopeias até dizer chega).
Há aqui uma questão: o formato da BD, em álbum tradicional, é o adequado aos dias de hoje? Sê-lo há o dos "comics" americanos? Ou será mais adequado o dos manga japoneses?.
Se quereis uma resposta minha, acho que o ideal é o formato do livro tradicional, a exemplo do que fez a Devir com a saga de Frank Miller. O formato de livro encaixa mais numa estante - e lembrem-se que, tal como os livreiros, os leitores nem sempre possuem estantes adequadas a formatos de lombada alta - é mais manuseável e torna a leitura mais dinâmica, sem permitir abarcar quase toda a acção ao virar de uma página ímpar.
Tenho publicado em formatos de álbum, mas as propostas que estou a fazer aos meus clientes (principalmente municípios e instituições) é do tamanho 18 x 26.
Finalmente, uma achega ao que já vi escrito nestes comentários. De facto (e de direito) o sentido mercantilista dos tradicionais livreiros está mais apurado nos gerentes das grandes superfícies; eles próprios aproveitam das divulgações e campanhas da televisão portuguesa, que visa apenas os "amigos" e "clientes" da escrita ficcionada, quando não os escritores funcionários da casa.
Há muitos "escritores" (futebolistas, cantores, participantes de big brothers, políticos, cozinheiros, pensadores mal paridos e até de ladrões de casaca), poprque se socorrem de revisores para a coisa sair melhor e os programas de computador a ajudar; porém, quanto ao desenho, a coisa é muitomais difícil e, por aí, por muito que suem, não vão lá.
Por isso, a BD ainda se considera de AUTOR, próprio e de cariz pessoal. Esta honra ninguém lhe tira.
A coisa só se resolve assim:
O nosso anfitrião, Geraldes Lino, devia ter um programa na televisão sobre banda desenhada. Em vez de lamúrias, mexam os cordelinhos para que isso aconteça. Depois, outro galo cantará.
O formato ou o numero de paginas de um livro nunca me incomodou, nunca isso me faria hesitar em o comprar. Se há quem assim seja, lamento-o. Ou talvez não, porque tenho mais que fazer!
Um bom livro de BD é mais caro que um DVD, Mais ainda, dantes a Bd só tinha os romances, A TV E O cinema. Agora, ha mais os jogos de computador, a internet e os dvd.
Pior, estes ultimos são pirateaveis, logo são mais baratos!
José Abrantes
Não repetindo o que aqui foi dito, dar apenas mais um contributo.
Já repararam que na década de 90 do século passado ainda era possível encontrar BD (americana, das importações do Brasil ou suas traduções nacionais) em qualquer quiosque, tabacaria ou papelaria, e que agora, 10 a 20 anos passados, nem pensar em encontrar disso? Esse, para mim, é um dos grandes problemas. A não publicação de forma mais generalizada de BD por editoras portuguesas, associada a uma distribuição inadequada. Porque, concretamente, estamos limitados às capacidades da Asa, da Vitamina BD, ainda alguma coisa da Devir, Kingpin, entre outros.
E as próprias lojas especializadas encontram dificuldades....
A mim faz-me muita confusão existirem séries de televisão das quais os adolescentes até acompanham (Naruto, Liga da Justiça, etc e tal), mas depois sejam poucos os que vão à procura das BD's correspondentes. Até porque não há traduções para português ou uma distribuição correcta. Surgiu recentemente uma revista, MegaPower, que pretende juntar as modas da TV (em matéria de desenhos animados), com BD. Ainda não adquiri, não posso saber se estará uma ideia bem conseguida.
Quanto à ideia de um programa de TV sobre BD, e falando directamente para o Geraldes Lino, se puderes entra em contacto comigo, porque um canal de tv online (e infelizmente regional) me tem abordado para fazer um programa sobre BD e gostava de discutir contigo isso, para eu te apresentar os produtores do canal.
Já disseram quase tudo.
Os leitores de BD já podiam ser objecto de estudo dos arqueólogos.
A minha única consolação é a de não ter já dinheiro nem espaço para livros.
Parece impossível como o mundo actual e o Deus Cifrão mataram de forma tão eficiente essa fábrica de sonhos e de cultura que é a BD.
"Uma livraria não é um espaço cultural. É um local onde se vendem livros."
ora nem mais alvaro
bd que näo vende morre
se calhar ainda há outro problema; o fosso entre o comércio de bd e o novo publico dela...
com os criticos e divulgadores que faltam
Que a BD desapareça das livrarias não me causa qualquer espanto. O que me espanta é que as livrarias ainda não tenham desaparecido na sua totalidade.
As moribundas que ainda mantêm as portas abertas, têm à entrada uns expositores espaçosos com jornais e revistas, umas importadas (para dar estilo, duvido que dêem lucro), umas sobre carros, outras sobre jogos informáticos de mata e esfola, umas técnicas, umas com moças meio despidas, outras sobre combates de relvado e outros desportos, umas sobre telemóveis, portáteis e Gê pê ésses, mais umas sobre o que as senhoras podem ou não vestir na próxima estação e bastantes, bastantes, bastantes publicações de pornografia social.
Há também livrarias que já têm bar. Atrás do balcão encontram-se geralmente umas funcionárias idênticas em formato às moças que aparecem fotografadas nas revistas de gajas semi nuas para gajos ou nas revistas de gajas semi vestidas para senhoras.
Na zona infantil, geralmente com o chão forrado com uma alcatifa fofa, têm uns monitores a passarem DVDs com cantigas tão agradáveis e melodiosas como as músicas de Natal, bastantes jogos didáticos, brinquedos vários e ainda alguns livros, estes últimos paulatinamente a ocupar o espaço que era dedicado à BD.
Portanto, não me espanta nada que a BD desapareça das livrarias. O que me espanta é que as livrarias ainda não tenham sido todas engolidas por aquelas lojas que vendem Plasmas, G4s, esquentadores, ferros de engomar e sacos para aspiradores e arrumadas a um canto, ali atrás dos corredores dos DVDs.
O Álvaro acertou...
no umbigo, porra!
Ele utiliza o humor, mas a verdade, o panorama actual, está lá.
No tempo em que havia censura, a banda desenhada era censurada, amputada, vilipendiada. O desenho de uma mulher, se trouxesse umbigo à mostra, tapa!
Conforme o Álvaro disse, hoje mostram muito mais, e não na BD (pelo menos na BD que menos vende).
Concordo com o José Abrantes relativamente ao formato. Na minha estante possuo BD de todos os tamanhos e feitios - o que conta é a obra, independentemente da forma como se apresenta. Contudo, nós sabemos que as coisas já não são bem assim. O estigma da BD "para crianças" ainda prevalece; pior, quando sabemos que já nem as crianças são educadas para a sua leitura.
O José Abrantes, como editor, sabe que as coisas não estão fáceis. Há um ou outro jornal que alinha (eu fiz BD n'o Crime durante 5 anos), mas, como o José Abrantes sabe, pois lá colaborou, há mais calorice que resultados materiais. Era uma prancha por semana, incluindo pesquisa e textos, para além de ilustrações de casos ocorridos quase "sobre o acontecimento". A par disto, ainda ensarilhava o "conto da semana" para a revista "Maria", mais a profissão (de onde colhia o sustento) que levava a maior fatia. Mas publicava-se.
O João Figueiredo apanhou a ideia e deu um alvitre. Disponibilizou-se a encetar contactos para o Lino - perdoem, mas não vejo outro para andar com a coisa - organizar e apresentar na TV (sobretudo em sinal aberto e em horário compatível), de sorte que a BD tenha o seu espaço de divulgação. Se mesmo assim não resultar, prometo-vos que não vou baixar os braços e continuarei a desenhar e a escrever... ou vice-versa.
Expliquei-me mal. É numa televisão online, gratuita, disponivel a qualquer hora do dia. Já falei com o Lino e com o orgão de comunicação em causa. Agora está do lado deles.
Abraços
Poderiamos dizer que existe banda-desenhada nas livrarias generalistas?
Sinceramente prefiro que não haja a ver os livros colocados a um canto e mal tratados (como acontece na Bertrand muitas vezes).
No entanto, o problema da bd em Portugal vai muito mais longe. Depois da minha geração (nascidos em 70s), houve um grande período sem bd para os jovens, tal como eu tive as revistas da Abril - superheróis ou Disney.
O problema é falta de cultura de imagem Nacional ao todos os níveis, do Cinema, à Tv e à Bd.
No entanto, da maneira como vejo os jovens a deverar Manga, pode ser que este triste fado não esteja para tudo.
se os putos devoram e adoram mangá é lá com eles, com a idade deles tb näo tolerava que me dissessem o que devia gostar...(nem agora)
mangá trouxe muitos novos leitores para as outras bds...
há muita gente jovem a desenhar e a querer fazer, há,como já disse antes um fosso de mentalidades e mesmo que a bd seja a mesma,a forma de a ver é que mudou ...
os pretensos criticos, o amadora bd e alguns fans mais antiquados da bd é que ainda näo se aperceberam...
A Nono Império de Setúbal já fechou há praí 2 anos, ou quase, assim como a Dungeon Comics de Coimbra.
A Secção 9 (Aveiro) e a Central Comics (Porto) fecham no fim deste mês. (Embora das cinzas da Central Comics irá nascer uma loja dedicada ao merchandise onde irá vender BD embora não seja essa a sua principal vocação).
Mas todas elas ou quase todas as que ainda estão abertas, passam por dificuldades.
2009 foi um ano muito complicado para as livrarias de BD portuguesas e 2010 está a ser igual ou pior.
A manga foi quem mais quebrou, ao contrario do que o Santos Costa pensa. A Central Comics tem quebras de 35% de venda de BD desde Março de 2009, mas a Manga caiu seguramente mais de 60%, sendo a principal culpada pelo insucesso. A Naraneko, a unica livraria especializada em manga, também já confessou ter começado a cortar na manga. Por isso os espaços da Manga estão a diminuir e não a aumentar.
Eu já tive o prazer de apresentar um rubrica de BD inserido num programa jovem chamado Zona Interdita. Estive alguns meses na sua apresentação até que o programa foi de férias no verão e depois não teve uma nova temporada.
Poderão ver aqui alguns vídeos:
1º Programa - http://videos.sapo.pt/99D23dYpfSkl45zLjYVl
2º Programa - http://videos.sapo.pt/e0sgqtA5aNBQSkaPEGTY
Último Programa (1/2) - http://www.youtube.com/watch?v=OCnCAYE0Gow
Último Programa (2/2) - http://www.youtube.com/watch?v=zAcRAH62nFc&feature=related
Isto foi em 2009.
Este ano surgiu o programa "Orelhas de Spock" de Filipe Homem Fonseca e Nuno Duarte no Canal Q. É um programa sobre "cultura geek" onde falam muito sobre banda desenhada. Penso que o programa passa aos Domingos, mas como o canal é interactivo, podem ver a qualquer altura, basta carregar no botão vermelho do comando do Meo.
O Lino lançou o forum de discussão sobre um assunto que nos incomoda a todos. Por isso, a minha reentrada e a modesta colaboração(passe a imodéstia), principalmente no que tange a alimentar ideias, hipóteses e alvitres.
Não sei se sairá daqui a panaceia para o "mal"; também não é de uma hora para a outra que possamos inverter, poucos de nós,a tendência decrescente da apetência dos leitores de banda desenhada.
No entanto, é este o lugar ideal para o tentarmos, até porque o anfitrião é, quanto a mim, a pessoa mais interessada e conhecedora do meio. Não é coisa que se resolva de um dia para o outro, porque as cadelas apressadas parem os filhos cegos, mas o começo da bola de neve é sempre pequenino.
A crise está, pelo que me parece, no consumidor final, o que degenera o estrebuchar do comércio exclusivo e do desinteresse do comércio não exclusivo da BD.
Porém, se conseguíssemos organizar uma espécie de circuito "obrigatório" de consumo,à guisa de um "círculo de leitores" e a cooperação de editores que apostem forte neste segmento, talvez se resolvesse, em princípio, parte da situação.
O Lino podia ajudar nesta matéria, mas a sua ausência do forum, significa que quer ouvir e auscultar antes de ele próprio contribuir com possíveis soluções.
Esse "círculo" que atrás sugeri, podia - e devia -, conglomerar todo o universo de autores e apreciadores de banda desenhada, consubstanciado à aquisição das obras editadas (não todas, como é evidente)e a um registo das pessoas que se interessam por esta arte, independentemente de serem fazedores ou leitores.
Pode parecer uma utopia, mas é uma ideia peregrina. Haja quem a estude, a proponha e lhe dê viabilidade e sequência.
Não me queixo neste particular do escoamento das edições. Como já tive oportunidade de escrever, e o Lino sabe-o bem, as obras que executo têm mercado próprio: os municípios e as instituições. Têm tiragens altas, não seguem os vulgares trajectos do mercado livreiro e conhecem até mais do que uma edição. Quanto a trabalho, também não me vai faltando, graças a uma sequente e sustentável capacidade de propostas. Por isso, estou à vontade para, sem querer resolver casos pessoais, possa colocar a ideia atrás germinada.
Quanto ao trabalho do Hugo na Porto Canal, era do meu desconhecimento. Era bom que os autores de banda desenhada viessem aqui divulgar as suas obras e as suas acções.
Por fim, as minhas desculpas ao Lino por assombrar com comentários mais ou menos extensos a sua caixa de visitas, principalmente quando, por imperícia, os duplico, como aconteceu atrás.
Eu divulgo todas as minhas acções no meu portal www.centralcomics.com e quando posso envio notas de imprensa para os blogs e comunicação social que conheço. Se estes as usam para divulgar no seu espaço, já é com eles.
Com a minha vida agitada, infelizmente tenho de confessar que venho a este blogue poucas vezes por mês.
Este tópico em particular, só o soube porque o Lino ligou-me. :)
na minha opiniäo quem le bd está farto de levar com histórias recicladas,as pessoas querem é boas histórias,querem ser surpreendidas, querem novidade,e quem faz e quem le bd tem hábitos bedófilos adquiridos na juventude e tem imensa dificuldade em entrar em bds diferentes, mas se houver futuro na bd adulta será para as bds que rompem com os hábitos e tb com as limitacöes
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