A sigla GNR pode eventualmente nada ter a ver com guardas republicanos, antes com músicos, mais concretamente com o Grupo Novo Rock, banda portuense nascida nos inícios da década de 80. E nela, Rui Reininho é o nome que sobressai, identificando o vocalista e escritor de "letras", ambas as vertentes em língua portuguesa, contrariando saudavelmente a habituação à linguagem anglo-saxónica.
Nuno Saraiva integrou-se no espírito - e até no ritmo - de várias das peças que integram este álbum misto de BD e Rock , e será por isso que "Dunas" surge em banda desenhada colorida a cyan, "Muçulmania" em sépia, "Corpos" em magenta, "Julieta Su&Sida" num arroxeado crepuscular.
A componente de banda desenhada inclui, além dos episódios antes citados, "Canil" e "Dois Sentidos", constituindo um álbum de BD de vinte e oito pranchas, estupendo trabalho gráfico de N.S. - também escritor do argumento, legendador das legendas, colorista das manchas de cores -, dedicado a uma banda marcante do Rock português, a comemorar, neste 2011, trinta anos de carreira.
(2º álbum da colecção "BD Pop-Rock Português", editado em Maio de 2011, por "A Bela e o Monstro, Edições Lda.).
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Nuno Saraiva
Síntese biobibliográfica
Nuno Jorge de Avelar Teixeira Saraiva é natural de Lisboa, onde nasceu a 27 de Agosto de 1969. Como habilitações literárias não tem nenhum curso completo, mas sim frequências, nos cursos de Design de Comunicação (IADE), de Design (3º ano na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa - FBAUL) e de Pintura (2º ano, também na FBUL).
Assinando habitualmente com o seu primeiro nome e último apelido, mas usando por vezes pseudónimos (SIR, Ketch, ou simplesmente N.S.), tem bandas desenhadas curtas reproduzidas nas revistas Jornal da BD, Selecções BD, LX Comics, Ai-Ai, estas especializadas em BD. Mas também há colaborações suas em revistas sem serem da especialidade, tais como Ego e Cosmopolitan, e bem assim noutro tipo de publicações, nomeadamente no jornal Combate, no mini-álbum "Transcomix", e na Agenda Cultural (edição da C.M. de Lisboa).
Já está publicado em vários álbuns, com início em 1989 através do título "Os Dias de Bartolomeu", a que se seguiu, em 1995, "Filosofia de Ponta" recolha da publicação que tinha sido feita ao ritmo de duas páginas no semanário Independente, em colaboração com o argumentista Júlio Pinto, com êxito suficiente para que lhe fossem dedicados mais dois álbuns, um em 1998, outro em 1999.
Antes dessas segundas edições, a partir de 1997, e de novo a fazer dupla com Júlio Pinto, Nuno Saraiva desenhou "Arnaldo o Pós-cataléptico" ainda para o citado semanário, obra que posteriormente (1999) foi recolhida em álbum.
Também com Júlio Pinto realizou a desconcertante série "A Guarda Abília", uma agente de polícia muito descontraída e radical, série que teve direito a álbum em 2000.
Neste mesmo ano viu passadas a álbum as "Aventuras Extra Ordinárias dum Falo Barato", que tinha concretizado a solo.
Após o falecimento de Júlio Pinto, em 2000, Saraiva passou a trabalhar com apoio de diferente argumentista - Paulo Patrício - para o semanário Expresso, entre 10 Janeiro 2004 e 6 Novembro 2004, no qual criaram a série "Escrita Fina", usando o habitual esquema de duas páginas a cores para cada episódio.
A solo mais uma vez, Nuno Saraiva lançou-se em 2006 (16 Set.) na tarefa de imaginar argumentos e desenhá-los semanalmente, cada um em duas pranchas coloridas - o que tem feito com talento, imaginação e bastante liberdade criativa - para a revista Tabu, suplemento do jornal Sol, na série intitulada "Na Terra como no Céu", a que pertence o episódio que ilustra o presente "post".
Nascido no bairro bem lisboeta da Mouraria (embora tenha vivido a infância em Almada, pelo que se considera almadense de alma e coração), N.S. colaborou nos dois números já editados pela associação "Animar a Mouraria" do jornal gratuito Rosa Maria, com a série " Vida em Rosa", com uma prancha a cores de meia página em cada número.
Tem participado em vários álbuns colectivos, designadamente "Noites de Vidro", "Amnistia Internacional em BD", "José Muñoz, Cidade, Jazz da Solidão", "Síndrome de Babel e outras estórias", "Para Além dos Olivais" e "Os Putos de Agora Não Sabem Nada do 25 de Abril".
Há colaborações suas em alguns fanzines: "Banda", Boletim do CPBD", "Esponjiforme", "Hips", "Ménage à Trois", este último produzido pelo trio formado por ele próprio, Jorge Mateus e Fernando Relvas.
Após a longa série "Na Terra Como no Céu", este autor ecléctico dedicou-se a um tema inesperado: a biografia do futebolista Eusébio transmitida por cromos - em quadradinhos auto-colantes - para colar na tradicional caderneta. Os cromos estão a ser distribuídos no semanário Sol desde Abril de 2012.
Presentemente, Nuno Saraiva acumula a sua actividade de ilustrador e autor de BD com a de professor de Banda Desenhada e Cartune Político no [Centro de Artes e Comunicação] Ar.Co.
Um panorama bastante completo da série que realizou para o semanário Sol, até 27 Janeiro de 2012, pode ser visto no homónimo blogue "Na Terra como no Céu", no endereço.
http://naterracomonoceu.blogspot.com/
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Os interessados em ver a postagem anterior, poderão fazê-lo se clicarem no item Música na BD, visível em rodapé
2 comentários:
Alguns desta colecção já tinham sido editados em 2008 (xutos, abrunhosa, josé cid, pop dell arte, etc) e este ano estão a sair com o JN e DN vários inéditos (curiosamente são vários da bandas do norte) e também alguns do anterior lançamento.
O blog do Pedro Cleto refere também os volumes de Da Weasel e Sérgio Godinho que também não estão nesta colecção.
Caro (desconhecido) adt.
Agradeço a sua visita a este blogue e também o seu comentário, de resto muito pertinente e demonstrativo de conhecer bem o assunto.
Se quiser visitar o "post" de Maio, 17, 2011 (primeiro do tema "Rock e BD"), verá que também mencionei o lançamento efectuado no 19º Festival BD da Amadora/2008.
São sempre bem-vindas as observações feitas por quem demonstra estar a falar do que sabe.
Saudações.
GL
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