segunda-feira, abril 23, 2018

Balão da BD - Linguagem da BD








O nome erudito é filactera, mas é conhecido normalmente por balão, ou balão de fala, quando se trata de BD. A sua utilização pelos autores de banda desenhada é quase indispensável,  excepto no caso de bd muda ou seja, sem palavras, ou naquele tipo de figuração narrativa que usa apenas textos didascálicos sob as imagens (Príncipe Valente, por exemplo). 
Apesar de se tratar de um elemento gráfico que qualquer novel autor começa por usar logo que faz as suas primeiras narrativas desenhadas, nem sempre o seu uso é o mais correcto, em especial na colocação dentro da vinheta, considerando a posição das personagens.
Por exemplo, a vinheta reproduzida (*) no topo do post mostra um exemplo de incorrecção: o balão de fala colocado à direita deveria estar à esquerda, visto ser o início do diálogo, a fim de respeitar a ordem de leitura ocidental da esquerda para a direita. 
Vê-se que o desenhador (José Geraldo) se apercebeu da errada colocação dos intervenientes, estando posicionado à direita aquele que fala em primeiro lugar. A solução que arranjou foi cruzar os apêndices dos balões, de forma a que o leitor possa acompanhar o diálogo compreensivelmente, lendo em primeiro lugar o texto do balão colocado à esquerda mas cuja fala é emitida pelo interveniente que está à direita.
O erro inicial foi corrigido, mas uma coisa é certa: o resultado é inestético. Assim como inestéticos são aqueles enormes e agressivos apêndices dos balões.
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(*) Essa vinheta e restantes imagens reproduzidas pertencem à revista brasileira Vida Juvenil (nº 10, Outubro de 1949)       
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Os visitantes que tenham interesse em ver exemplos anteriores deste tema "Linguagem da BD" poderão fazê-lo clicando nesse item visível em rodapé

1 comentário:

JoseFreitas disse...

Hoje em dia esse problema é facilmente solucionado, já que os autores podem desenhar as pranchas e aplicar os balões depois, usando um programa de paginação, e experimentando os locais para colocarem o balão. Devem mesmo assim planear as suas pranchas e vinhetas para terem uma ideia de onde irão colocar os balões (para que eles não tenham de tapar parte importante do desenho). Aliás, uma vez feita a planificação inicial, quase compensa ao desenhador trabalhar os desenhos e mesmo as vinhetas independentemente umas das outras, e depois montar tudo no programa final.

Muitos desenhadores teimam em continuar a desenhar as vinhetas directamente em cima dos desenhos, com resultados desastrosos, às vezes, e difíceis de corrigir a posteriori.