quinta-feira, setembro 29, 2005
Livros sobre BD - Os meus livros (I) - Roteiro Breve da BD em Portugal, por Carlos Pessoa
Os meus livros sobre BD (I)
Inicio aqui uma rubrica onde, a pouco e pouco - alternando com diversos outros assuntos - irei falando da vasta bibliografia que possuo, dando prioridade àqueles mais recentes que vou adquirindo (ou que me vão sendo oferecidos, como é o caso do referenciado neste "post").
Para começar, tem total cabimento registar o aparecimento nos escaparates dos CTT Correios de Portugal do livro Roteiro Breve da Banda Desenhada em Portugal. Portanto, em primeiro lugar nesta rubrica, aparece a mais recente peça da minha vasta colecção.
O "Roteiro..." é obra assinada pelo jornalista Carlos Pessoa, nome conhecido dos leitores do jornal "Público", em geral, e dos bedéfilos em particular, visto que a maioria dos artigos que aparecem sobre BD naquele diário têm a sua asinatura.
O livro, de muito boa apresentação e invulgar formato - quadrado, 24,5x24,5 cm -, apresenta-se com capa cartonada de cor amarela, ilustrada com a ampliação de imagem parcial da personagem Manecas, criação de Stuart Carvalhais.
Numa análise necessariamente breve, ocorre relevar a interessante paginação, a profusa e bem seleccionada ilustração dos temas. Cujo iniciante é, como não poderia deixar de ser, a homenagem ao acto fundador de Raphael Bordallo Pinheiro, arquitecto do primeiro importante edifício da BD portuguesa, ao realizar a obra editada em álbum em 1872 (o primeiro português, só ultrapassado, em precocidade, a nível mundial, pelos álbuns editados pelo professor e pintor suiço Rodolphe Töpffer), sob o histórico título Apontamentos de Raphael Bordallo Pinheiro sobre a Picaresca Viagem do Imperador do Rasilb pela Europa.
Em vertiginosa viagem visual pelo universo da nossa figuração narrativa, Pessoa lança olhares rápidos, mas sempre com textos claros e imagens representativas, sobre as carismáticas revistas e suplementos jornalísticos, desde o início até ao fim do século passado, citando e mostrando imagens de ABC-Zinho, Pim-Pam-Pum (suplemento do jornal O Século), Tic-Tac, O Senhor Doutor, Joaninha (suplemento da revista Modas e Bordados), O Papagaio (cujos derradeiros números foram publicados como suplemento da revista Flama), Diabrete, O Mosquito, Cavaleiro Andante, O Falcão, O Mundo de Aventuras, Titã, Camarada, Lusitas", "Fagulha", "Foguetão", "Zorro", "Jornal do Cuto", "Jacto", "Flecha 2000", "Jacaré", "Spirou", "Nau Catrineta" (suplemento do jornal Diário de Notícias), Quadradinhos (suplemento do jornal A Capital), Tintin, Visão, Lobo Mau, O Mosquito (5ª série), O Fungagá da Bicharada, Selecções BD. Nesta última fase, acho que também merecia aparecer o Jornal da BD (mas sou suspeito, porque coordenei nele o Suplemento BD).
Como se impunha, e seria imperdoável não o fazer, Carlos Pessoa alude aos anos 80, que considera "a travessia do deserto". Por lá passou o camelo que escreve estas linhas, coordenando no jornal Diário Popular o suplemento Tablóide (gostei de ver a reprodução de uma das suas páginas neste livro) com grafismo do título de Jorge Colombo, e a piada de ter sido lá que "nasceu" a personagem Jim del Monaco, criada pela dupla Louro & Simões.
Também os fanzines ocupam merecido espaço, desde o Argon (de 1972) passando por Aleph, Boletim do Clube Português de Banda Desenhada, O Estripador, Nemo, Banda, Nemo, Dossier Top Secret e Graphic, todos estes com direito a reprodução da capa, havendo uns tantos distinguidos com breves referências escritas, designadamente Estripador, O Ovo, Vinheta, Hic, O Estirador, Ruptura, Códradinhos, Ritmo, Protótipo, Eros (este é meu, obrigado pelo destaque), Facada Mortal (o primeiro fanzine editado por uma faneditora, Alice Geirinhas), BD & Roll, Hips e, como diz o autor, com carradas de razão, muitos outros. Por exemplo, o Shock (iniciado por Luiz Beira, continuado por Estrompa), um dos que merecia ter sido lembrado.
Tal como também o autor do livro diz, consciente das limitações da obra, essencialmente divulgatória,
"(...) ficam imediatamente à vista os limites deste livro, que não aspira a mais do que ser uma modesta obra de divulgação de alguns dos marcos deste meio de expressão (...)".
Mas, indubitavelmente, considerando como público alvo a grande maioria que desconhece os vectores fundamentais da História da Figuração Narrativa (popularmente designada, nos anos quarenta e cinquenta, mais precisamente até meados dos anos sessenta, por Histórias aos Quadradinhos), este bloguista, sempre aqui de plantão, considera que o jornalista Carlos Pessoa - doublé de especialista daquilo que modernamente se classifica, incluindo verbetes de dicionários, de Banda Desenhada - passou a ser uma personagem de referência na bibliografia especializada na matéria em causa, com mais este livro.
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2 comentários:
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