quinta-feira, janeiro 28, 2010
Festivais, Salões BD e afins - (Angoulême) - 37º Festival/2009 - Prémios
Cartaz do Festival
Imagem da BD independente
A nova Mangá (la nouvelle manga)
A Rússia estar presente com a sua Banda Desenhada e os seus autores, e assim, pela primeira vez, o público europeu ocidental poder tomar contacto - através de uma exposição - com a produção de um país que no mundo da BD é praticamente desconhecido, eis motivo fortemente apelativo para os bedéfilos franceses e de muitos outros países, portugueses incluídos (*), que durante uns curtos quatro dias (28 a 31 de Janeiro) vão estar em Angoulême, no seu 37º Festival International de Bande Dessinée.
Com efeito, até agora era impensável ver uma exposição de BD de autores russos, isto porque sendo esta arte tão popular na Europa Ocidental, nos Estados Unidos, e nos países da América do Sul - Brasil e Argentina, os principais neste continente -, praticamente não existia na União Soviética, "nos tempos da outra senhora".
Em tradução minha, mais ou menos literal, dizem os organizadores do importante evento francês a este respeito:
......................................
(...) Ao encontro duma comunidade de autores mal conhecida, portadores duma identidade colectiva em plena renovação. Desconhecida, ou quase, deste lado do continente europeu, a nova banda desenhada russa vem expor-se em Angoulême, contribuindo assim para um intercâmbio entre este Festival Internacional de Banda Desenhada e o seu homólogo de São Petersburgo, o festival russo Boomfest.
"(...) A entrada em cena da banda desenhada russa é uma estreia, sob todos os pontos de vista. Jamais autores de BD vindos da Rússia tinham viajado até Angoulême para aí expor as suas criações, e também nunca se tinha levantado o véu sobre o trabalho dos autores russos da geração actual.
Convém dizer que esta geração é emergente. Não há na Rússia um mercado concreto da BD, no sentido que é entendido na Europa Ocidental. Há um pouco de micro-edição e de "small press", de aparições esporádicas nos editores generalistas, e algumas janelas de visibilidade no momento dos festivais de S. Petersburgo e Moscovo, mas o espaço é limitado para os autores, que se esforçam, apesar disso, por mostrarem, seja sobre o suporte de papel, seja no da Internet, os seus universos coerentes e originais."
.....................................
Nesta mostra colectiva estarão presentes autores de que nunca antes se tinham visto obras em França (nem, se calhar, em nenhum outro país europeu), que têm os desconhecidos nomes de Edik Kathikin, Alexei Nikitin,Vika Lamozco, Polina Petrochina,Varvara Pomidor, Roma Sokolov, Oleg Tishenkov, Lena Uzhinova, todos eles a desenvolver um tema comum: "Nascido(a) na U.R.S.S."
Trata-se, enfim duma exposição obrigatória, digo eu, pela singularidade, novidade e ineditismo. Resta saber se também pela qualidade...
»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»
(*) Por falar em portugueses, este ano presentes em Angoulême: são bastantes, cada vez mais fazem peregrinação à "Meca" europeia da Banda Desenhada, e o sucesso de Rui Lacas, com a sua obra Merci Patron, que só foi editada em Portugal por ter sido primeiramente em França, graças ao contacto do jovem autor com uma editora independente (a Paquet), esse sucesso de Lacas, dizia eu, está a suscitar visível entusiasmo entre a nova geração da BD portuguesa.
Daí que, nesta edição, tenham viajado até à região de Charente uma série de autores - a maioria já com obra publicada em Portugal -, cujos nomes aqui ficam por ordem alfabética (para não ferir susceptibilidades):
Carlos Páscoa
Falcato
Filipe Andrade
Filipe Pina
Inês "Myuuhailurusu" Freitas
João Maio Pinto
João Tércio
Marcos Farrajota
Maria João Careto
Nuno Duarte
Nuno Leal "Untxura" (argumentista)
Paulo Monteiro
Pedro Ganchinho
Ricardo Cabral
Ricardo Martins
Rui Lacas
Susa Monteiro
São ao todo 17 autores portugueses, um recorde, que eu saiba.
Fui ao festival, anualmente, entre 1982 e 2007 (em 2008 já não, podem ficar a saber o porquê da minha desmotivação no "post" de 28 Jan. 07, basta clicar no rodapé e vão ter a esse texto), e nunca lá vi tanta lusa gente. Ainda bem, sinal de que seja qual for a crise, económica ou pessoal, nada pode impedir uma viagem a Angoulême, quando se quer muito à BD.
«««««««««««««««««««««««««««««««««««««
L'Expo Louvre
Outro dos polos que atrairá com certeza o interesse dos milhares de bedéfilos (este ano fala-se em 200.000), visitantes do Festival de Angoulême, será a exposição onde quatro autores apresentam o seu ponto de vista sobre o Museu do Louvre.
Em 2009, a Banda Desenhada entrava pela primeira vez naquele Museu, visto que a célebre exposição "Bande Dessinée et Figuration Narrative" em 1967, na realidade esteve patente no "Musée des Arts Décoratifs/Palais du Louvre".
Citando o texto da organização do Festival, desta vez o Louvre deu carta branca â editora Futuropolis escolher os autores para esta exposição, que transitará depois para o Museu. A editora seleccionou obras dos seguintes autores:
Nicolas de Crécy, Marc-Antoine Mathieu, Eric Liberge e Bernard Yslaire.
............................................
Diz a organização que "Angoulême é também a ocasião para descobrir o melhor da banda desenhada alternativa internacional". Fabrice Neaud é um dos autores representativos dessa corrente, cujas bandas desenhadas deram azo a uma exposição monográfica que permitirá conhecer um emergente representante da autobiografia em banda desenhada" (fim de citação).
Aliás, Neaud também tem tido activa participação noutras áreas, visto que foi co-fundador da editora independente "Ego comme X", cujo projecto tem a ver exactamente com a BD autobiográfica..
.....................................
Mangá
A mangá estará presente em força num espaço actualmente chamado "Manga Building". Foi relativamente perto que, em 2007, esteve exposta a mostra "La Nouvelle Manga", sempre repleta de visitantes.
Desta vez haverá um tema central: "La Fabrication des Mangas", através de um espectáculo (costuma ser no sistema de projecções) e de conferências, geralmente feitas por editores e mangakas (autores de mangá), com traduções em vários idiomas (em Angoulême não se brinca...).
..........................................
Léonard e Tuniques Bleues
Duas séries que já tiveram popularidade em Portugal, no tempo da revista Tintin, terão também as respectivas exposições.
Menciono apenas alguns dos muitos motivos de interesse deste importante evento, omitindo, por exemplo, pormenores da componente comercial, onde estarão presentes as grandes editoras francesas, algumas espanholas e também italianas, com os seus autores exclusivos a autografarem álbuns, uma área onde se formam filas de muitas centenas de bedéfilos, dos 7 aos 77...
----------------------------------------
Vários festivais, salões e eventos afins foram anteriormente divulgados neste blogue. Para comparação ou qualquer outra finalidade, as respectivas postagens podem ser vistas com um simples clic na etiqueta inserida em rodapé
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
16 autores portugueses. Falta aí o nome da nossa mangaka favorita Inês "Myuuhailurusu", do Toupeira. :) Abraço
Viva,Véte
Já acrescentei o nome da mangaka Inês "Myuuhailurusu" Fretas. Agradeço-lhe a rectificação. A Inês não deve ter visitado o blogue e por isso não viu a minha involuntária omissão. Ainda bem, se não, ter-se-ia zangado comigo...
Já agora, o número total de participantes portugueses (que eu saiba) foram 17.
Abraço, Véte, e saudações bedéfilas.
GL
Aproveito para lhe perguntar, Véte: já foi alguma vez àquele festival? Tenho a impressão que não...
Presumo que desta vez não foi com os outros "toupeiras" pq não lhe deve ter sido possível, obviamente.
Os que foram já lhe devem ter contado, com grande entusiasmo, o nível daquele festival, "à grande e à francesa", como se costuma dizer (o Paulo Monteiro estava entusiasmadíssimo quando me telefonou à chegada).
Falta tb um nome mt importante na BD que pode representar o nosso País em qualquer parte do mundo
BRUNO SANTOS SILVA
Enviar um comentário