Os fogos alastram na floresta e chegam à banda desenhada. Isto porque denunciar e atacar problemas sociais faz parte da BD de cariz interventivo, eminentemente adulta, contrariando preconceitos e ideias erróneas de quem, por ignorância contumaz, continua a olhar para esta arte como simples entretenimento infanto-juvenil, ou apenas destinada a adultos com a síndrome de Peter Pan.
Na banda desenhada A Ferro e Fogo (*), da autoria (desenho e argumento) de Raul Gardunha, está implícita uma acusação directa aos interesses económicos que se dissimulam por detrás de alguns dos incêndios de origem criminosa, uma calamidade que vai destruindo parte substancial das nossas florestas (cito: "de 23 de Julho a 10 de Agosto foram contados sete mil fogos, em mato e floresta (...) O pior dia do ano [deste 2010] foi no passado domingo, dia 8, com 501 ocorrências").
A Ferro e Fogo é, pela forma como ataca o problema, uma obra adulta, de crítica directa e assertiva, plasmada em estilo realista, através de desenho figurativo ligeiramente caricatural, num traço rápido e expressivo.
Na banda desenhada A Ferro e Fogo (*), da autoria (desenho e argumento) de Raul Gardunha, está implícita uma acusação directa aos interesses económicos que se dissimulam por detrás de alguns dos incêndios de origem criminosa, uma calamidade que vai destruindo parte substancial das nossas florestas (cito: "de 23 de Julho a 10 de Agosto foram contados sete mil fogos, em mato e floresta (...) O pior dia do ano [deste 2010] foi no passado domingo, dia 8, com 501 ocorrências").
A Ferro e Fogo é, pela forma como ataca o problema, uma obra adulta, de crítica directa e assertiva, plasmada em estilo realista, através de desenho figurativo ligeiramente caricatural, num traço rápido e expressivo.
Nota de rodapé (pergunta minha que, com certeza, irá provocar controvérsia nas traseiras do blogue - leia-se "caixa de comentários"):
Quando é que os incendiários serão castigados com penas pesadas de prisão efectiva, sujeitos a tratamento psiquiátrico, sempre que se prove serem pirómanos?
E já agora, no caso de reincidentes, será exigir demasiado que lhes seja aplicada pena máxima?
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"A posteriori"
Até hoje, 21 de Agosto, com grande espanto meu, não houve qualquer comentário a esta banda desenhada que actua como denúncia de um flagelo dos tempos actuais.
E no entanto,
"o norte e o centro do país continuam a arder e a Madeira perdeu a sua floresta milenar",
diz Catalina Pestana, na sua rubrica "Quem não tem cão caça com gato".
.
(in semanário Sol, 20 Agosto 2010),
no artigo intitulado "Lidar com o fogo".
Diz também ela, nesse artigo:
"(...) Os bombeiros e os populares, algures perto do Soajo, assistiram impotentes à visão de quatro energúmenos que ateavam fogo exactamente por detrás do que eles apagavam. O país assistiu em directo ao desespero de homens e mulheres ao verem passar um motociclista que, um quilómetro atrás, lançara um rolo incandescente para o mato. Ninguém o apanhou."
"Se o tivessem apanhado, seria presente a um meritíssimo juiz que lhe aplicaria o termo de identidade e residência, para poder atear mais fogos antes do fim da época."
"(...) Muitos dos ateadores de fogos, mandantes, ou débeis mentais comprados por 20 euros (para darem forma a vinganças mesquinhas ou a interesses imobiliários) devem rapidamente ser objecto de uma forma lesta e criativa de dissuasão (...)"
Faço minhas as palavras da articulista.
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Continuo com comentários incluídos "a posteriori", extraídos de jornais
in jornal Público, de 22 de Agosto:
"Em Portugal só se discute a floresta quando ela arde"
(título de artigo assinado por Manuel Carvalho, de que em seguida reproduzo um excerto)
.
"Um final de Julho e duas semanas do início de Agosto especialmente quentes e secas foram o suficiente para que o fogo voltasse a devorar importantes áreas da floresta portuguesa e para que o debate sobre o velho drama do Verão se incendiasse.
Como habitualmente, as responsabilidades pela destruição de mais de 70 mil hectares de povoamentos florestais e de matos até 15 de Agosto foram atribuídas aos suspeitos do costume: aos madeireiros, aos proprietários absentistas, aos criminosos de delito comum (..)"
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Mais um excerto de artigo de imprensa:
in quinzenário JL. Jornal de Letras, Artes e Ideias
nº 1041 - de 25 Agosto 2010
Rubrica "Ecologia"
Título do artigo: Três teses sobre Portugal a arder
Autor: Viriato Soromenho Marques
.
"(...) Num país onde o Estado existisse, há muito que se teria accionado o dispositivo da coacção e da repressão.
Quem não consegue perceber as responsabilidades da cidadania tem de ser tratado com a força repressiva da lei.
Quem não compreende a nobreza dos conceitos tem de perceber o significado do medo da justiça e da sanção.(...)"
(...) Quantos incendiários foram levados a tribunal? Quantos foram condenados? Qual a duração efectiva das penas?
Como muitos dos incendiários são gente tão perigosa quanto frágil, analfabetos reais ou funcionais, com graves problemas de alcoolismo, muitas vezes com visível deficiência mental, deveremos perguntar quais as medidas de acompanhamento que foram tomadas para tentar a sua eventual (e difícil) reintegração social, ou, pelo menos, a sua neutralização como perigo público durante a época estival? (...)"
"(...) Portugal arde e vai continuar a arder enquanto só tivermos metade da coragem necessária para enfrentar o problema."
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Continuo a citar excertos de notícias, já muito depois de ter escrito o texto no blogue.
Desta vez trata-se de artigo escrito por Amadeu Araújo, de Viseu, publicado no jornal Diário de Notícias hoje, 31 de Agosto:
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"(...) Os dados recentemente disponibilizados pelo EFFIS (Sistema Europeu de Fogos Florestais) confirmam o que para muitos já era claro: o ano de 2010 é dos piores na última década em termos de incêndios florestais. Segundo o EFFIS, em Agosto arderam 94016ha, ultrapassando todos os anos desta década, com excepção de 2003 e 2005. (...)
.
"(...) Os incêndios florestais deste ano têm tido também grande incidência nas áreas protegidas, proporcionalmente mais atingidas do que zonas que não têm especial interesse em termos ecológicos.
Só nos parques naturais da Peneda-Gerês e da serra da Estrela arderam neste mês de Agosto mais de 13.000 hectares, valor que já supera os registados em 2009.
Os dados do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) revelam que em Agosto quase 12% da área do Parque Natural da Peneda-Gerês, num total de 8162 hectares, ardeu.
Na Estrela são cinco mil hectares que correspondem a 5.52 por cento da área total. (...)"
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(*) Esta bd foi publicada originalmente no fanzine Gambuzine (nº1 - 2ª série - 2008), editado por Teresa Câmara Pestana.
(*) Esta bd foi publicada originalmente no fanzine Gambuzine (nº1 - 2ª série - 2008), editado por Teresa Câmara Pestana.
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A legendagem nas páginas do fanzine está suficientemente legível, e aqui também se poderá ler razoavelmente bem se os visitantes clicarem em cima das imagens, como é do conhecimento geral.
A legendagem nas páginas do fanzine está suficientemente legível, e aqui também se poderá ler razoavelmente bem se os visitantes clicarem em cima das imagens, como é do conhecimento geral.
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Caros amigos visitantes: caso estejam interessados em ver as postagens anteriores deste tema, bastar-lhes-á um simples clique na etiqueta indicada em rodapé "Curtas de BD (Autores portugueses)"
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2 comentários:
Prezado Geraldes. Não sei se estás lembrado de mim, Wilde Portella, autor do faroeste Chet, que agora está de volta. Queria te enviar a capa pra você ver e umas três páginas para você comentar.
Meu e-mail: wildeportella@globomail.com
atenciosamente:
Wilde Portella
Caro Wilde Portella
Claro que me lembro perfeitamente de ti - aliás lembro-me dos dois irmãos Portela, ambos autores de HQ - apesar de já se terem passado bastantes anos após nos termos conhecido pessoalmente aí no Brasil, mais precisamente em Recife, a tua terra.
Vejo que voltaste a trabalhar em banda desenhada, mais propriamente no herói Chet.
Terei muito gosto em ver a capa e as três pranchas de que falas.
Saudações cordiais.
GL
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